Embrapa Gado de Leite se renova para enfrentar os novos desafios do setor
A cadeia produtiva do leite no Brasil a por grandes mudanças. Em quatro anos, deixamos de ser importadores de lácteos para nos tornar exportadores. Apesar do volume exportado ser pequeno, já escolhemos o rumo que devemos tomar. No entanto, a atividade leiteira no país ainda é um negócio sensível.
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Tempos de crise devem ser encarados como uma pausa para reflexão. É o momento de analisar as vulnerabilidades, identificar as potencialidades e buscar as soluções... esta é a tarefa da pesquisa agropecuária. É diante desta conjuntura que assumi, pela segunda vez, a direção da Embrapa Gado de Leite, focando na busca por alternativas eficientes para a gestão da Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I).
Dar mais conexidade as diversas ações de pesquisa em bovinocultura de leite existentes no Brasil é uma dessas alternativas. Muitas instituições públicas e privadas estão envolvidas nessa área. A própria Embrapa possui diversas unidades que pesquisam leite. Precisamos buscar a convergência dessas ações, juntando esforços, otimizando recursos e multiplicando resultados.
Durante algum tempo, disse que a pesquisa em bovinocultura no Brasil gerou tecnologias capazes de quadruplicar a produção nacional. Hoje, é preciso mais do que isso. Além de buscar tecnologias para produzir mais e melhor, devemos apresentar respostas para questões que, no ado, não eram tão prementes quanto agora. A preservação ambiental, o aquecimento global, a segurança alimentar e a qualidade do leite são algumas dessas questões.
Para alcançar esses objetivos, estamos repensando a estrutura de pesquisa da Embrapa Gado de Leite, introduzindo inovações gerenciais para adequá-la às demandas do mercado. Criamos, no primeiro mês à frente da instituição, os Núcleos do Conhecimento: Produção Animal; Recursos Forrageiros e Meio Ambiente; Agronegócio do Leite e Saúde Animal e Qualidade do Leite. Esses Núcleos tem como principal objetivo formar grupos multidisciplinares e interinstitucionais para fortalecer as discussões técnico-científicas e proporcionar um clima favorável para a elaboração de projetos de PD&I.
Paralelo a isso, vamos recuperar a estrutura física da Embrapa Gado de Leite. Com recursos do PAC-Embrapa, estamos modernizando os laboratórios e reformando as edificações da sede da empresa e dos campos experimentais. Entre as inovações que propomos está a criação de uma estrutura de pesquisa para avaliar os impactos da atividade leiteira no meio ambiente.
Tão importante quanto gerar novas tecnologias é fazê-las chegar ao produtor. Para isso teremos o Núcleo de Treinamento, Transferência de Tecnologia, Inovação e Capacitação (Nuttec). O Nuttec irá promover a transferência de tecnologias e conhecimentos para o produtor rural. Buscaremos aprender com experiências de sucesso. O Nuttec irá contar com a experiência de pesquisadores recém-aposentados da Embrapa, liberando o corpo técnico da instituição para que se dediquem exclusivamente à pesquisa.
Edificar caminhos sólidos para a pesquisa da Embrapa Gado de Leite é um grande desafio, mas temos a certeza de poder contar com a parceria de instituições sérias como o MilkPoint. Sabemos que o leite é um produto imprescindível para a humanidade. A pesquisa da Embrapa não medirá esforços para transformar o Brasil num grande produtor e exportador de lácteos.
Material escrito por:

Duarte Vilela
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BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 20/02/2009

JAMBEIRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 13/02/2009
Atenciosamente, Franco.
BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 02/02/2009

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA LATICÍNIOS
EM 30/01/2009
Saudações e sucessos!

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE
EM 27/01/2009
Sugiro que o PAC-EMBRAPA também contemple a implementação de projetos de gestão de sistemas demonstrativos orientados para a produção com objetivos da máxima agregação de renda, em que a busca pelos ganhos de produtividade estará sempre subordinada ao incremento da lucratividade, safra a safra.
Um bom exemplo, mas a meu ver ainda um pouco tímido, é o citado projeto Balde Cheio, que sem dúvida alguma precisaria ter um sistema demonstrativo oficial, gerido safra a safra na própria Embrapa Sudeste em São Carlos, ou, talvez mehor ainda no CNPGL em Coronel Pacheco.
Além disso, também seria extremamente útil acrescentar, ainda que sob regime cooperativo, a implantação de unidades, bem dimensionadas do ponto de vista do mix de produtos e o aos mercados regionais próximos, para processamento do leite e transformação em derivados como um possível vetor para a agregação de valor nesses sistemas demonstrativos de produção com renda máxima.

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO
EM 24/01/2009
Fiquei satisfeito em saber que os olhos estão se abrindo para a necessidade do ree do conhecimento via extensão. Aproveito para parabeniza-lo pelo posto e desejar sucesso em suas convicções.
Forte abraço, Helvécio.

ÁGUAS DA PRATA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 21/01/2009
Desejo-lhe sucesso neste novo desafio e fico feliz que você já tenha identificado como ponto importante a transferência de conhecimento aos produtores. A meu ver, este é o objetivo final e a vocação natural de um centro de pesquisa.
Cordialmente. C Guedes
<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Carlos Guedes,
Obrigado pela manifestação de apoio.
Cordialmente,
Duarte Vilela
Chefe geral da Embrapa Gado de Leite

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 21/01/2009
<b>Resposta do autor:</b>:
Prezado Robledo,
Na resposta aos comentários do senhor Paulo Fernando, cito algumas ações que a Embrapa Gado de Leite está desenvolvendo em minha gestão para melhorar os trabalhos de transferência de tecnologias e conhecimentos gerados pela pesquisas.
Há muito o que se fazer. De fato, o programa Balde Cheio é uma das ações de sucesso realizadas pela Embrapa Pecuária Sudeste e pode nos servir como referência.
Obrigado pelos comentários.
Cordialmente,
Duarte Vilela
Chefe geral da Embrapa Gado de Leite

SÃO LUÍS DE MONTES BELOS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 21/01/2009
A Embrapa, empresa que mostra uma grande preocupação com o homem do campo, e tanto tem levado desenvolvimento às propriedades rurais brasileiras, deve crescer cada dia mais e torço para que entidades como essa cresçam cada dia mais e com foco no produtor que ,"aos poucos", está tomando conhecimento de que a tecnologia é algo imprescindivel a sua atividade leiteira.
Muito obrigado!
<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Danilo,
Manifestações como a do senhor nos faz sentir orgulhosos por trabalharmos para a pesquisa agropecuária nacional.
Agradeço, sinceramente, os seus comentários.
Cordialmente,
Duarte Vilela
Chefe geral da Embrapa Gado de Leite

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 20/01/2009
Como o Sr. reconhece, "tão importante quanto gerar tecnologia é faze-la chegar ao produtor". Morei por 3 anos em Rosário, na Argentina, e conheci a pecuária de leite dos nossos vizinhos do sul. Considero que os argentinos estão muito a nossa frente na pecuária de leite, não só em função da topografia ou qualidade de sua terras. Para mim, a maior diferença reside na extensão e transferência de conhecimento que lá está a cargo da mesma entidade que faz a pesquisa, no caso o INTA.
Aqui, como infelizmente, pelo menos aqui no RJ, as EMATER não funcionam, a EMBRAPA desenvolve pesquisa com ótimos resultados internos que raramente são postos em prática pelos produtores. Prova disso é o atraso da pecuária da Zona da Mata mineira, que tão próxima à EMBRAPA Gado de Leite, não consegue se desenvolver. Uma analogia: como a EMBRAER que nasceu da massa crítica de conhecimento aeronáutico gerado pelo ITA, a pecuária de leite da Zona da Mata mineira deveria ter se desenvolvido com a proximidade da EMBRAPA, o que não ocorreu.
Acho que pode estar faltando fazer a tecnologia chegar ao produtor. Por que a EMBRAPA não assume a responsabilidade da extensão?
Abraço. Paulo Fernando.
<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Paulo Fernando Andrade Correa da Silva,
Sinto-me honrado pelos seus comentários ao meu artigo. O senhor está correto, a extensão rural, em alguns estados, a por problemas. Mas a questão da pecuária de leite na Zona da Mata de Minas Gerais vai além dos problemas relativos à extensão rural. Não obstante esta região sediar instituições de referência nacional no setor de ensino e pesquisa, como a Embrapa Gado de Leite, a Universidade Federal de Viçosa e o ILCT/Epamig, da vigorosa agropecuária de outrora, restou apenas uma leve sombra.
A topografia e o custo da terra, aliado à falta de investimento no setor, são entraves ao pleno desenvolvimento da agropecuária na Zona da Mata de Minas Gerais e de alguns municípios fluminenses. A pecuária de leite migra o oeste dos Estados e do País, onde os custos da terra e da produção são menores, como o Centro-Oeste e Norte (principalmente Rondônia), além dos Estados da Região Sul do País.
A Embrapa Gado de Leite acompanha com atenção esse movimento e tem desenvolvido tecnologias que buscam estimular a produtividade nessas regiões.
Mas a instituição também foca suas ações no desenvolvimento da pecuária de leite na Zona da Mata Mineira e no Rio de Janeiro . Realizamos há anos em Juiz de Fora o "Minas Leite", levando informações da pesquisa agropecuária aos produtores e técnicos da extensão rural pública e privada. O mesmo é feito em vários municípios do Rio com o "Rio Sul - Leite" e o "Rio Serrano - Leite". Ainda em Minas Gerais, temos ações de treinamento de multiplicadores em Muriaé, Governador Valadares, Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha.
Reconhecemos e executamos com afinco o nosso papel de transferir as tecnologias geradas em nossos laboratórios e campos experimentais. Mas também temos limitações de recursos humanos nesta área. Não podemos abrir mão da pesquisa agropecuária. Nossos pesquisadores têm como principal objetivo a pesquisa. Deslocar pesquisadores para fazer extensão rural é desfalcar laboratórios e campos experimentais, deixando de cumprir nossa missão.
Criamos o Núcleo de Treinamento, Transferência de Tecnologias e Capacitação (Nuttec), que citei no artigo, como formar de preencher a lacuna que existe na transferência de tecnologias para o produtor. Mas há problemas esturantes em algumas regiões como a falta de indústrias que remunerem adequadamente o leite. Ainda assim, precisamos unir esforços com outras instituições. Por fim, vejo que o senhor pertence a uma Associação de Produtores. Será um prazer tê-lo com parceiro em nossas empreitas.
Cordialmente,
Duarte Vilela
Chefe geral da Embrapa Gado de Leite

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER
EM 20/01/2009
Por que não um preço que venha remunerar o produtor e mais ível aos consumidores? Precisamos encurtar este caminho. Melhor dizendo, a Embrapa já nos ensinou a produzir, precisamos que nos ensine e/ou ajude a comercializar. O leite e seus derivados, produtos perecíveis que demandam refrigeração em seus deslocamentos e na conservação/armazenagem, não podem ficar viajando de norte a sul, de leste a oeste, porque estes custos com transporte/enérgia só fazem onerar os mesmos, o que impede boa parte de nossas classes consumidoras, colocarem os mesmos em seus carrinhos no supermercados.
<b>Resposta do autor:</b>
Prezado senhor Vicente Rômulo Carvalho,
O portfólio de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Gado de Leite contempla 64 projetos com mais de 180 ações de pesquisa. No artigo em pauta, retratei-me apenas a algumas ações realizadas por nós. Meio ambiente e aquecimento global são sem dúvida temas importantes para a pesquisa agropecuária. Num futuro não muito distante, seremos cobrados pela comunidade internacional por uma produção limpa e sustentável do ponto de vista ambiental. O meio ambiente será uma forte barreira não-tarifária. O mercado exigirá que os países exportadores produzam mais e melhor, preservando os recursos naturais. Com pesquisas nesta área estaremos à frente de muitos concorrentes.
Custo de produção e remuneração da atividade, temas abordados pelo senhor, são de grande importância e recorrentes. A cada ciclo de crescimento (18 a 24 meses) a baixa remuneração do produtor entra em pauta. Isto é um retrato da falta de políticas públicas estruturantes com resultados de longo prazo, blindando o setor nos momentos de crise.
Para que isso ocorra, os diferentes segmentos do setor precisam conversar mais. E se entender. De duas décadas para cá, houve grande avanço no relacionamento produtor/indústria. As câmaras setoriais tiveram papel importante nisto. Mas o mesmo não aconteceu no relacionamento entre os demais elos da cadeia produtiva e o varejo.
Quanto a agregação de valor ao produto, estou de acordo com sua preocupação. A Embrapa Gado de Leite possui linhas de pesquisa neste sentido: produção de leite em sistemas orgânicos; estudos com alimentos nutracêuticos; busca de alternativas na alimentação de bovinos para diminuir custos e produzir leite com menor teor de gorduras saturadas, entre outros. Tais trabalhos visão agregar valor ao sistema/produto, reduzindo o custo de produção e remunerando melhor a atividade.
Embora não seja a pauta deste debate virtual, não podemos nos esquecer dos sistemas pouco sustentáveis que existem no Brasil. Vemos muitos deles por aí baseados em estruturas de gestão inadequadas à realidade do país. Basta a sombra de uma crise para que suas ineficiências aflorem.
Por fim, colocamo-nos ao seu dispor para maiores detalhes e aproveitamos a oportunidade para convidar-lhe a conhecer os trabalhos da Embrapa Gado de Leite.