Como é feito o leite em pó?

O leite em pó é um produto lácteo desidrato, obtido a partir do leite fluido. Saiba em detalhes as etapas de fabricação neste artigo. e e confira!

Publicado em: - Atualizado em: - 8 minutos de leitura

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A produção de lácteos desidratados deixou de ser novidade há bastante tempo. Aquela piada “Como faz leite em pó? Congela o leite e rala!”, embora ainda possa ser engraçada para alguns, já não faz mais tanto sucesso. A tecnologia já está bem difundida entre os profissionais do setor.

Isso não significa que seja simples, nem que o método de produção já esteja dominado. Pelo contrário, ainda existe um grande caminho a ser percorrido. Mesmo quando falamos de leite em pó, o derivado “mais fácil de secar”, ainda surgem dúvidas. Quando começamos a caminhar para o soro, compostos, concentrados proteicos e permeados, a complexidade só aumenta.

Nesse sentido, a demanda por profissionais especializados neste processo é crescente, não só em empresas que fabricam lácteos em pó, mas em diversos tipos de empresas que usam ingredientes lácteos em pó.

Neste artigo vamos conhecer um pouco mais a fundo como funciona uma planta de desidratação de leite.

 

O que é a secagem do leite?

A tecnologia está difundida, mas isso não quer dizer que todos saibam como funciona. A secagem é, em linhas gerais, a remoção de água de um alimento em sua quase totalidade.

A principal forma de secagem em lácteos hoje é a chamada “secagem por atomização” ou “spray-dry”, que consiste em pulverizar o leite na forma de pequenas gotículas em uma corrente de ar quente. O tamanho bem diminuto destas gotas em contato com um ar quente e seco causa a desidratação instantânea do leite.

Tudo isso ocorre rapidamente dentro de uma câmara de secagem. No topo temos o atomizador, responsável por aspergir o leite, e a entrada de ar quente (em média, 180 °C para leite em pó, mas varia de acordo com o produto). Na base da câmara, o leite já cai na forma de pó, pronto para ser envazado.

Além do método spray, temos outros tipos de secagem, como a evaporação em superfície ou a liofilização, mas que não possuem tanta aplicação na indústria, seja por praticidade ou pelos altos custos envolvidos.

 

Não é apenas a câmara! 

O que descrevi acima é o que chamamos secagem em único estágio. Nesta modalidade, o produto atinge a umidade desejada em, digamos, de uma vez só. A base da câmara serve apenas para coletar o pó produzido.

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Esta é a base de todo processo de secagem em spray, e por base, entenda a mais rústica e antiga, a primeira versão do processo. Com o ar do tempo, diversas melhorias foram sendo introduzidas, o que fez o número de peças aumentar, assim como a produtividade e a qualidade. Vamos por partes, a figura 1 abaixo ilustra um spray dryer. 

Figura 1. Ilustração spray dryer.

 

como é feito o leite em pó

Fonte: autor.

 

 

Atomizador

Este é o coração da câmara, aquele que dá nome ao processo. É aqui que se forma o spray, ou a névoa de leite, que vai ser desidratada em seguida. Existem basicamente dois tipos de atomizador, os de disco (um disco que gira a altas rotações, onde todo o leite que cai nele é espalhado para as periferias da câmara, na forma de gotículas) e os de bico de pressão (bicos estreitos onde o leite é forçado a ar devido as altas pressões de alimentação — funciona como um borrifador).

Os atomizadores de bico apresentam maior vantagem em relação à limpeza e manutenção, além de permitir maior controle das características do pó, pois além de ser mais fácil trocar apenas a ponta do bico, é possível direcionar o jato de leite dentro da câmara. As desvantagens são o custo mais elevado de implementação (principalmente devido à bomba de alta pressão na alimentação) e a necessidade de troca periódica dos bicos por desgaste natural.

 

Fluidizador

Também conhecidos como fluid-bed, os fluidizadores ou leitos fluidizados são etapas de secagem complementares à câmara. A secagem continua sendo por meio da inserção de ar quente, porém em uma temperatura mais baixa (variando entre 90 e 60 °C). Há ainda mais duas diferenças bem importantes em relação à secagem que ocorre na câmara principal:

  • 1) É necessário que o produto já esteja em forma de , e não líquido, como ocorre no topo da câmara, e;
  • 2) O ar entra por baixo, em uma velocidade controlada, fazendo com que o pó levite na base do fluidizador, formando uma espécie de esteira pneumática, ou “cama” de pó. O nome fluidizador vem do aspecto visual do fenômeno, onde o pó parece um fluido, um rio agitado com suas correntezas.

 

É possível ainda dividir os fluidizadores em “estático” (fica na base da câmara, dentro da mesma, e atua como um segundo estágio da secagem na câmara) e “dinâmico” ou vibro-fluidizador (fica anexo à câmara, separado, muito útil para ajustes finos da umidade do pó).

As câmaras de secagem podem ter apenas um dos dois tipos de fluidizador, ou ambos, em linha, constituindo assim uma câmara de secagem em três estágiosA presença de fluidizadores permite melhor controle da umidade do pó e menor agressão às partículas, uma vez que a secagem não será feita de uma única vez, minimizando os efeitos de temperatura no pó.

Também é importante mencionar que o fluidizador dinâmico é essencial para a produção de pós instantâneos, não só pela influência na qualidade do pó, mas também por ser a etapa onde é adicionada a lecitina de soja, agente que permite a instantaneização.

 

Ciclones

Com certeza estes são os equipamentos mais fáceis de se identificar em uma planta de secagem. Os ciclones são cones finos e longos que ficam ao lado da câmara de secagem. Sua função é a separar o pó do ar.

Uma vez que as partículas de pó são muito leves, elas ficam suspensas no ar da câmara. Os ciclones são peças sem nenhuma parte elétrica ou mecânica, mas que pelo seu formato cuidadosamente calculado, fazem com que o pó seja recuperado do ar com base nas diferenças de densidade. O pó, mais denso, é depositado no fundo do ciclone enquanto o ar, leve, é direcionado para o topo, para a chaminé.

Outra forma de recuperar este pó é usando filtros de manga. Estes filtros seriam como filtros comuns no lugar do ciclone, onde o ar é forçado a ar, mas o pó ficaria retido. A principal vantagem deste sistema é a recuperação praticamente total do pó produzido, uma vez que os pós mais finos e leves são perdidos no ciclone.

Porém, há também desvantagens, no caso de se trabalhar com um pó muito adesivo e com alta tendência de empedramento, devido à obstrução dos poros do filtro. Vale ainda frisar que ciclones e filtros de manga não são etapas de secagem. Aqui o pó precisa estar totalmente seco, em condições de envase.

 

Periféricos

Existem ainda outras partes essenciais para o funcionamento de uma planta de secagem, simples, mas que devem ser mencionadas:

  • Ventilador: responsável pela introdução do ar na secagem;
  • Radiador ou aquecedor: equipamento onde o ar é aquecido antes de entrar na câmara. Uma planta pode ter vários ventiladores e aquecedores, pois cada estágio de secagem precisa ter um conjunto deste para funcionamento;
  • Filtros sanitários: qualquer entrada de ar precisa ter filtros para não entrarem insetos ou outros objetos estranhos dentro da câmara.
  • Exaustor: localizado na saída superior do ciclone e serve para retirar o ar da secagem. Inclusive, a quantidade de ar removida deve ser sempre maior que a entrada, mantendo assim um sistema em vácuo. Isso auxilia a manter o fluxo de ar estável dentro do equipamento.
  • Válvulas rotativas: na maioria das vezes, o pó é transportado dentro de uma planta por mecanismos pneumáticos, aproveitando as correntes de ar. Porém, em alguns pontos existem válvulas que coletam este pó e o transferem para outras linhas. É um ponto de atenção, pois pode ser foco tanto de empedramentos quanto de contaminações microbiológicas.
  • Peneira vibratória: antes do envase, todo o pó precisa ser direcionado para uma peneira, onde serão descartados pedaços de pó mais “empelotado”, assim como possíveis contaminações físicas que possam levar risco ao consumidor.

 

Pontos importantes

Não cheguei a mencionar que o leite é previamente concentrado antes de ser submetido à secagem porque, embora esta seja a prática, é plenamente possível secar o leite fluido, assim como é possível secar água na câmara.

As consequências disso são uma redução drástica da produtividade e menor qualidade do pó produzido, mas não descaracteriza o produto. Porém, é sempre recomendada a secagem do leite concentrado em evaporadores à vácuo.

Finalizando o artigo, é interessante reforçar que o princípio de remoção de água com o ar e está mais relacionado com a capacidade do ar de absorver água quando quente do que com o calor em si. Em outras palavras, aquecer o ar o torna mais seco, portanto, mais capaz de desidratar o leite.

Ou seja, a umidade relativa do ar importa. Algumas plantas trabalham com desumidificadores de ar, permitindo uma maior produtividade ou mesmo trabalhar com temperaturas mais baixas, o que é desejável em certos produtos

Da mesma forma que durante o processo, a umidade e temperatura são fundamentais para manter as características do produto durante sua vida de prateleira. É importante que o ambiente do envase tenha estes parâmetros controlados, assim como é desejável o uso de embalagens herméticas e com barreira a vapor de água.

O excesso de umidade e calor leva a alterações indesejáveis no pó, como o empedramento, alterações de cor, rancificação. Em resumo, uma deterioração geral.

E aí, gostou deste conteúdo? Já sabia sobre cada um destes equipamentos que compõem uma planta de secagem? Comente aqui abaixo. Quem sabe não trago a parte II para este artigo, abordando as inovações na área de secagem ou defeitos e suas soluções?

 

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Material escrito por:

Paulo Henrique Rodrigues Júnior

Paulo Henrique Rodrigues Júnior

Bacharel em Laticínios e Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV. Atuo no setor de P&D e Processos na indústria desde 2015. Consultor e Fundador do Blog "Proelementar".

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Celia Regina Nun
CELIA REGINA NUN

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 09/05/2022

Por favor e como fica a preservação das proteínas e nutrientes ?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Não há prejuízo nutricional no processo de secagem de leite. Embora as temperaturas do ar sejam elevadas, o pó não fica tão quente. O calor é apenas para ajudar a remover a água.
Um bom exemplo são aquelas fórmulas infantis, ou os Wheys para atletas. Estes produtos precisam ser nutritivos, e são feitos a partir do mesmo processo de secagem.
Fabiana Maria Felix da Silva Conceição
FABIANA MARIA FELIX DA SILVA CONCEIÇÃO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 08/05/2022

Olá Paulo!
Gostei muito de sua explicação, sanou minhas dúvidas na produção de leite em pó, eu achava que ava por etapas também químicas, tornando esse leite com mais aditivos prejudiciais à saúde. Então ao leite é adicionado a lecitina de soja para que se torne instantâneo.
O que me deixou preocupada foram as etapas em que o produto final pode sofrer contaminação microbiológica.
Esta contaminação uma vez que acontece ela pode chegar ao consumidor?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado pela pergunta Fabiana.
Pois é, geralmente temos receio das coisas que não conhecemos, por isso é importante ter artigos como este, para esclarecer que não existe nenhuma adição ou etapa química.
No leite instantâneo é preciso adicionar lecitina, que ajuda muito na diluição, mas é um ingrediente natural extraído da soja, sem prejuízos à saúde.
No caso de contaminação, toda a linha que expliquei aqui em cima é fechada. Infelizmente não dá pra ver muito pó em uma planta assim, não há contato direto do ar de fora com o produto. Se são seguidos todos os procedimentos de limpeza antes de cada produção, é muito difícil haver uma contaminação.
Luciano China
EM RESPOSTA A PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR LUCIANO CHINA

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE

EM 01/05/2023

Boa Tarde, Paulo... Primeiramente, obrigado pelo artigo.

Fiquei curioso... a Lecitina de Soja é um emulsificante, certo?
No Leite em pó instantâneo, na hora em que vamos "preparar" ("reidratar" para beber), ela ajuda então a homogeinizar a gordura do leite à água adicionada, para não ficar aqueles "grânulos", é isso?

O leite em pó desnatado precisaria da Lecitina de Soja então?

Alérgicos/intolerantes à Soja podem ter algum prejuíso, ou a quantidade é "desprezível"?

PS.
Só curiosidade mesmo... não sou alérgico à nada, prefiro o leite em pó à qualquer outro leite (porque consigo dosar a "fuidez", e prefiro mais espesso/encorpado, adicionando menos água que a maioria das pessoas), e só compro o "instantâneo" justamente por isso (pra ajudar a dilur o leite "mais grosso" que prefiro), rsrsrs...
André Luiz Viana Cardoso
ANDRÉ LUIZ VIANA CARDOSO

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - ESTUDANTE

EM 07/05/2022

QUAL É O MENOS PIOR ? O DE CAIXINHA, OU EM PÓ ? OU MELHOR, QUAL O MENOS NOCIVO À SAÚDE HUMANA ?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado pela pergunta, André.
Nenhum dos dois produtos citados é nocivo à saúde, a não ser que a pessoa seja alérgica ao leite.
Não existe pior ou melhor, ambos são leite, fonte importante de cálcio e proteínas de alto valor biológico. Depende da preferência de cada pessoa, ou do uso no dia-a-dia.
Celia Regina Nun
CELIA REGINA NUN

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 07/05/2022

E as características nutricionais ?
Com tanto processado é saudável?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado pela pergunta Célia Regina.

As características nutricionais do leite em pó são equivalentes às do leite integral.
Todo o processamento aqui é apenas para a remoção da água, mantendo os demais componentes o mais intactos quanto possível. É um produto saudável e seguro.
Hilário
HILÁRIO

BARUERI - SÃO PAULO

EM 08/05/2022

Parabéns, boa matéria, trabalho a 1 ano na fabricação de Spray dry,
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado Hilário.
Você trabalha fabricando equipamentos, é isso? São de escala industrial ou piloto?
Ciro de Oliveira Leite
CIRO DE OLIVEIRA LEITE

SÃO SEBASTIÃO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 06/05/2022

Muito interessante o tema, como consumidor assíduo de leite em pó, achei o máximo, parabéns!
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado Ciro.
Erica Dos Santos
ERICA DOS SANTOS

EM 05/05/2022

Parabéns!
Obrigada por rear seu conhecimento.
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado Érica.
Elder Marcelo Duarte
ELDER MARCELO DUARTE

SÃO CARLOS - SÃO PAULO

EM 27/04/2022

Paulo, Parabéns pelo texto. Bastante didático e esclarecedor.
Pergunto: Qual o volume mínimo de leite viável para se instalar uma planta de secagem atualmente ?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/04/2022

Obrigado Elder, pela leitura e pela contribuição com sua pergunta.

Não tenho visto muitas plantas com capacidade menor do que 350.000 litros/dia (43 ton pó/dia). Avalio uma tendência é de plantas cada vez maiores. Não que este seja o número mínimo definitivo, pois existem vários tamanhos de planta, o que impacta bastante no valor do investimento, e por tabela, na viabilidade. Isso claro, válido para leite. Soro e outros produtos, a conta muda um pouco.

Acho bem importante ao fazer esta avaliação, ter uma adequação entre volume disponível e capacidade instalada. Uma secagem com capacidade muito mais leite do que a fábrica recebe, por exemplo, vai acabar ficando parada alguns dias no mês, e isso têm um custo elevado que deve ser colocado na ponta do lápis.
Qual a sua dúvida hoje?
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Como é feito o leite em pó?

O leite em pó é um produto lácteo desidrato, obtido a partir do leite fluido. Saiba em detalhes as etapas de fabricação neste artigo. e e confira!

Publicado em: - Atualizado em: - 8 minutos de leitura

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A produção de lácteos desidratados deixou de ser novidade há bastante tempo. Aquela piada “Como faz leite em pó? Congela o leite e rala!”, embora ainda possa ser engraçada para alguns, já não faz mais tanto sucesso. A tecnologia já está bem difundida entre os profissionais do setor.

Isso não significa que seja simples, nem que o método de produção já esteja dominado. Pelo contrário, ainda existe um grande caminho a ser percorrido. Mesmo quando falamos de leite em pó, o derivado “mais fácil de secar”, ainda surgem dúvidas. Quando começamos a caminhar para o soro, compostos, concentrados proteicos e permeados, a complexidade só aumenta.

Nesse sentido, a demanda por profissionais especializados neste processo é crescente, não só em empresas que fabricam lácteos em pó, mas em diversos tipos de empresas que usam ingredientes lácteos em pó.

Neste artigo vamos conhecer um pouco mais a fundo como funciona uma planta de desidratação de leite.

 

O que é a secagem do leite?

A tecnologia está difundida, mas isso não quer dizer que todos saibam como funciona. A secagem é, em linhas gerais, a remoção de água de um alimento em sua quase totalidade.

A principal forma de secagem em lácteos hoje é a chamada “secagem por atomização” ou “spray-dry”, que consiste em pulverizar o leite na forma de pequenas gotículas em uma corrente de ar quente. O tamanho bem diminuto destas gotas em contato com um ar quente e seco causa a desidratação instantânea do leite.

Tudo isso ocorre rapidamente dentro de uma câmara de secagem. No topo temos o atomizador, responsável por aspergir o leite, e a entrada de ar quente (em média, 180 °C para leite em pó, mas varia de acordo com o produto). Na base da câmara, o leite já cai na forma de pó, pronto para ser envazado.

Além do método spray, temos outros tipos de secagem, como a evaporação em superfície ou a liofilização, mas que não possuem tanta aplicação na indústria, seja por praticidade ou pelos altos custos envolvidos.

 

Não é apenas a câmara! 

O que descrevi acima é o que chamamos secagem em único estágio. Nesta modalidade, o produto atinge a umidade desejada em, digamos, de uma vez só. A base da câmara serve apenas para coletar o pó produzido.

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Esta é a base de todo processo de secagem em spray, e por base, entenda a mais rústica e antiga, a primeira versão do processo. Com o ar do tempo, diversas melhorias foram sendo introduzidas, o que fez o número de peças aumentar, assim como a produtividade e a qualidade. Vamos por partes, a figura 1 abaixo ilustra um spray dryer. 

Figura 1. Ilustração spray dryer.

 

como é feito o leite em pó

Fonte: autor.

 

 

Atomizador

Este é o coração da câmara, aquele que dá nome ao processo. É aqui que se forma o spray, ou a névoa de leite, que vai ser desidratada em seguida. Existem basicamente dois tipos de atomizador, os de disco (um disco que gira a altas rotações, onde todo o leite que cai nele é espalhado para as periferias da câmara, na forma de gotículas) e os de bico de pressão (bicos estreitos onde o leite é forçado a ar devido as altas pressões de alimentação — funciona como um borrifador).

Os atomizadores de bico apresentam maior vantagem em relação à limpeza e manutenção, além de permitir maior controle das características do pó, pois além de ser mais fácil trocar apenas a ponta do bico, é possível direcionar o jato de leite dentro da câmara. As desvantagens são o custo mais elevado de implementação (principalmente devido à bomba de alta pressão na alimentação) e a necessidade de troca periódica dos bicos por desgaste natural.

 

Fluidizador

Também conhecidos como fluid-bed, os fluidizadores ou leitos fluidizados são etapas de secagem complementares à câmara. A secagem continua sendo por meio da inserção de ar quente, porém em uma temperatura mais baixa (variando entre 90 e 60 °C). Há ainda mais duas diferenças bem importantes em relação à secagem que ocorre na câmara principal:

  • 1) É necessário que o produto já esteja em forma de , e não líquido, como ocorre no topo da câmara, e;
  • 2) O ar entra por baixo, em uma velocidade controlada, fazendo com que o pó levite na base do fluidizador, formando uma espécie de esteira pneumática, ou “cama” de pó. O nome fluidizador vem do aspecto visual do fenômeno, onde o pó parece um fluido, um rio agitado com suas correntezas.

 

É possível ainda dividir os fluidizadores em “estático” (fica na base da câmara, dentro da mesma, e atua como um segundo estágio da secagem na câmara) e “dinâmico” ou vibro-fluidizador (fica anexo à câmara, separado, muito útil para ajustes finos da umidade do pó).

As câmaras de secagem podem ter apenas um dos dois tipos de fluidizador, ou ambos, em linha, constituindo assim uma câmara de secagem em três estágiosA presença de fluidizadores permite melhor controle da umidade do pó e menor agressão às partículas, uma vez que a secagem não será feita de uma única vez, minimizando os efeitos de temperatura no pó.

Também é importante mencionar que o fluidizador dinâmico é essencial para a produção de pós instantâneos, não só pela influência na qualidade do pó, mas também por ser a etapa onde é adicionada a lecitina de soja, agente que permite a instantaneização.

 

Ciclones

Com certeza estes são os equipamentos mais fáceis de se identificar em uma planta de secagem. Os ciclones são cones finos e longos que ficam ao lado da câmara de secagem. Sua função é a separar o pó do ar.

Uma vez que as partículas de pó são muito leves, elas ficam suspensas no ar da câmara. Os ciclones são peças sem nenhuma parte elétrica ou mecânica, mas que pelo seu formato cuidadosamente calculado, fazem com que o pó seja recuperado do ar com base nas diferenças de densidade. O pó, mais denso, é depositado no fundo do ciclone enquanto o ar, leve, é direcionado para o topo, para a chaminé.

Outra forma de recuperar este pó é usando filtros de manga. Estes filtros seriam como filtros comuns no lugar do ciclone, onde o ar é forçado a ar, mas o pó ficaria retido. A principal vantagem deste sistema é a recuperação praticamente total do pó produzido, uma vez que os pós mais finos e leves são perdidos no ciclone.

Porém, há também desvantagens, no caso de se trabalhar com um pó muito adesivo e com alta tendência de empedramento, devido à obstrução dos poros do filtro. Vale ainda frisar que ciclones e filtros de manga não são etapas de secagem. Aqui o pó precisa estar totalmente seco, em condições de envase.

 

Periféricos

Existem ainda outras partes essenciais para o funcionamento de uma planta de secagem, simples, mas que devem ser mencionadas:

  • Ventilador: responsável pela introdução do ar na secagem;
  • Radiador ou aquecedor: equipamento onde o ar é aquecido antes de entrar na câmara. Uma planta pode ter vários ventiladores e aquecedores, pois cada estágio de secagem precisa ter um conjunto deste para funcionamento;
  • Filtros sanitários: qualquer entrada de ar precisa ter filtros para não entrarem insetos ou outros objetos estranhos dentro da câmara.
  • Exaustor: localizado na saída superior do ciclone e serve para retirar o ar da secagem. Inclusive, a quantidade de ar removida deve ser sempre maior que a entrada, mantendo assim um sistema em vácuo. Isso auxilia a manter o fluxo de ar estável dentro do equipamento.
  • Válvulas rotativas: na maioria das vezes, o pó é transportado dentro de uma planta por mecanismos pneumáticos, aproveitando as correntes de ar. Porém, em alguns pontos existem válvulas que coletam este pó e o transferem para outras linhas. É um ponto de atenção, pois pode ser foco tanto de empedramentos quanto de contaminações microbiológicas.
  • Peneira vibratória: antes do envase, todo o pó precisa ser direcionado para uma peneira, onde serão descartados pedaços de pó mais “empelotado”, assim como possíveis contaminações físicas que possam levar risco ao consumidor.

 

Pontos importantes

Não cheguei a mencionar que o leite é previamente concentrado antes de ser submetido à secagem porque, embora esta seja a prática, é plenamente possível secar o leite fluido, assim como é possível secar água na câmara.

As consequências disso são uma redução drástica da produtividade e menor qualidade do pó produzido, mas não descaracteriza o produto. Porém, é sempre recomendada a secagem do leite concentrado em evaporadores à vácuo.

Finalizando o artigo, é interessante reforçar que o princípio de remoção de água com o ar e está mais relacionado com a capacidade do ar de absorver água quando quente do que com o calor em si. Em outras palavras, aquecer o ar o torna mais seco, portanto, mais capaz de desidratar o leite.

Ou seja, a umidade relativa do ar importa. Algumas plantas trabalham com desumidificadores de ar, permitindo uma maior produtividade ou mesmo trabalhar com temperaturas mais baixas, o que é desejável em certos produtos

Da mesma forma que durante o processo, a umidade e temperatura são fundamentais para manter as características do produto durante sua vida de prateleira. É importante que o ambiente do envase tenha estes parâmetros controlados, assim como é desejável o uso de embalagens herméticas e com barreira a vapor de água.

O excesso de umidade e calor leva a alterações indesejáveis no pó, como o empedramento, alterações de cor, rancificação. Em resumo, uma deterioração geral.

E aí, gostou deste conteúdo? Já sabia sobre cada um destes equipamentos que compõem uma planta de secagem? Comente aqui abaixo. Quem sabe não trago a parte II para este artigo, abordando as inovações na área de secagem ou defeitos e suas soluções?

 

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Bacharel em Laticínios e Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV. Atuo no setor de P&D e Processos na indústria desde 2015. Consultor e Fundador do Blog "Proelementar".

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Celia Regina Nun
CELIA REGINA NUN

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 09/05/2022

Por favor e como fica a preservação das proteínas e nutrientes ?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Não há prejuízo nutricional no processo de secagem de leite. Embora as temperaturas do ar sejam elevadas, o pó não fica tão quente. O calor é apenas para ajudar a remover a água.
Um bom exemplo são aquelas fórmulas infantis, ou os Wheys para atletas. Estes produtos precisam ser nutritivos, e são feitos a partir do mesmo processo de secagem.
Fabiana Maria Felix da Silva Conceição
FABIANA MARIA FELIX DA SILVA CONCEIÇÃO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 08/05/2022

Olá Paulo!
Gostei muito de sua explicação, sanou minhas dúvidas na produção de leite em pó, eu achava que ava por etapas também químicas, tornando esse leite com mais aditivos prejudiciais à saúde. Então ao leite é adicionado a lecitina de soja para que se torne instantâneo.
O que me deixou preocupada foram as etapas em que o produto final pode sofrer contaminação microbiológica.
Esta contaminação uma vez que acontece ela pode chegar ao consumidor?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado pela pergunta Fabiana.
Pois é, geralmente temos receio das coisas que não conhecemos, por isso é importante ter artigos como este, para esclarecer que não existe nenhuma adição ou etapa química.
No leite instantâneo é preciso adicionar lecitina, que ajuda muito na diluição, mas é um ingrediente natural extraído da soja, sem prejuízos à saúde.
No caso de contaminação, toda a linha que expliquei aqui em cima é fechada. Infelizmente não dá pra ver muito pó em uma planta assim, não há contato direto do ar de fora com o produto. Se são seguidos todos os procedimentos de limpeza antes de cada produção, é muito difícil haver uma contaminação.
Luciano China
EM RESPOSTA A PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR LUCIANO CHINA

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE

EM 01/05/2023

Boa Tarde, Paulo... Primeiramente, obrigado pelo artigo.

Fiquei curioso... a Lecitina de Soja é um emulsificante, certo?
No Leite em pó instantâneo, na hora em que vamos "preparar" ("reidratar" para beber), ela ajuda então a homogeinizar a gordura do leite à água adicionada, para não ficar aqueles "grânulos", é isso?

O leite em pó desnatado precisaria da Lecitina de Soja então?

Alérgicos/intolerantes à Soja podem ter algum prejuíso, ou a quantidade é "desprezível"?

PS.
Só curiosidade mesmo... não sou alérgico à nada, prefiro o leite em pó à qualquer outro leite (porque consigo dosar a "fuidez", e prefiro mais espesso/encorpado, adicionando menos água que a maioria das pessoas), e só compro o "instantâneo" justamente por isso (pra ajudar a dilur o leite "mais grosso" que prefiro), rsrsrs...
André Luiz Viana Cardoso
ANDRÉ LUIZ VIANA CARDOSO

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - ESTUDANTE

EM 07/05/2022

QUAL É O MENOS PIOR ? O DE CAIXINHA, OU EM PÓ ? OU MELHOR, QUAL O MENOS NOCIVO À SAÚDE HUMANA ?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado pela pergunta, André.
Nenhum dos dois produtos citados é nocivo à saúde, a não ser que a pessoa seja alérgica ao leite.
Não existe pior ou melhor, ambos são leite, fonte importante de cálcio e proteínas de alto valor biológico. Depende da preferência de cada pessoa, ou do uso no dia-a-dia.
Celia Regina Nun
CELIA REGINA NUN

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 07/05/2022

E as características nutricionais ?
Com tanto processado é saudável?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado pela pergunta Célia Regina.

As características nutricionais do leite em pó são equivalentes às do leite integral.
Todo o processamento aqui é apenas para a remoção da água, mantendo os demais componentes o mais intactos quanto possível. É um produto saudável e seguro.
Hilário
HILÁRIO

BARUERI - SÃO PAULO

EM 08/05/2022

Parabéns, boa matéria, trabalho a 1 ano na fabricação de Spray dry,
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado Hilário.
Você trabalha fabricando equipamentos, é isso? São de escala industrial ou piloto?
Ciro de Oliveira Leite
CIRO DE OLIVEIRA LEITE

SÃO SEBASTIÃO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 06/05/2022

Muito interessante o tema, como consumidor assíduo de leite em pó, achei o máximo, parabéns!
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado Ciro.
Erica Dos Santos
ERICA DOS SANTOS

EM 05/05/2022

Parabéns!
Obrigada por rear seu conhecimento.
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 09/05/2022

Obrigado Érica.
Elder Marcelo Duarte
ELDER MARCELO DUARTE

SÃO CARLOS - SÃO PAULO

EM 27/04/2022

Paulo, Parabéns pelo texto. Bastante didático e esclarecedor.
Pergunto: Qual o volume mínimo de leite viável para se instalar uma planta de secagem atualmente ?
Paulo Henrique Rodrigues Júnior
PAULO HENRIQUE RODRIGUES JÚNIOR

TREZE TÍLIAS - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/04/2022

Obrigado Elder, pela leitura e pela contribuição com sua pergunta.

Não tenho visto muitas plantas com capacidade menor do que 350.000 litros/dia (43 ton pó/dia). Avalio uma tendência é de plantas cada vez maiores. Não que este seja o número mínimo definitivo, pois existem vários tamanhos de planta, o que impacta bastante no valor do investimento, e por tabela, na viabilidade. Isso claro, válido para leite. Soro e outros produtos, a conta muda um pouco.

Acho bem importante ao fazer esta avaliação, ter uma adequação entre volume disponível e capacidade instalada. Uma secagem com capacidade muito mais leite do que a fábrica recebe, por exemplo, vai acabar ficando parada alguns dias no mês, e isso têm um custo elevado que deve ser colocado na ponta do lápis.
Qual a sua dúvida hoje?