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Engenharia de CIP na produtividade e redução da contaminação

Não basta apenas instalar uma Central CIP. É necessário entender quais são os requisitos dos equipamentos e linhas a serem limpos. Saiba detalhes, leia!

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Publicado em: - 3 minutos de leitura

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Alguns problemas nos laticínios parecem sem solução, sejam eles por causa de contaminação microbiológica, ou seja, por causa da execução de higienização com altos consumos de água ou produtos químicos.

Em muitos casos isso acontece porque existe uma enorme lacuna na formação dos profissionais responsáveis pelos projetos em laticínios. São aqueles responsáveis por escolher os equipamentos, por definir especificações, acompanhar execução, instalação e, posteriormente definir a rotina de manutenção.

Engenheiros mecânicos, eletricistas e técnicos afins que atuam no desenvolvimento de equipamentos e instalações, nunca estudaram microbiologia durante sua formação acadêmica. Do outro lado, microbiologistas, engenheiros de alimentos e técnicos em laticínios, pouco conhecem das ciências que garantem performance, funcionalidade, economia de energia e robustez com melhor custo-benefício.

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Este vácuo de conhecimentos e alinhamento entre os usuários e quem define o que será implementado, tem como consequência a criação de pontos difícil de limpeza. Estes focos iníveis podem estar em grandes espaços visíveis (tubulações suspensas e fiações, forros, pisos e ralos) ou invisíveis (conexões, vedações de trocadores, roscas de parafusos, molas, sensores, soldas não sanitárias).

A seguir ilustramos algumas situações de risco encontradas em laticínios.

Figura 1

Figura 2
Fonte: acervo pessoal.

 

Estes pontos onde biofilmes podem ser formados e sujidades serem acumuladas são a causa de contaminações que causam perdas diretas de produtos e impactam negativamente à marca, especialmente quando o consumidor e/ou cliente são diretamente afetados e há necessidade de recolhimento e exposição à mídia.  

Os custos para rastrear e mitigar o problema podem ser elevados: tempo de paradas de linha, desmontagem e troca de componentes, aumento de tempo de limpeza e/ou concentração de químicos de forma permanente, alocação de mão de obra adicional, intensificação de análises).

Grande parte da higienização dentro dos laticínios, se dá por Cleaning in Place (CIP), e acontece em circuito fechado e não facilmente inspecionável. Assim, as características de projeto das linhas devem ser adequadas para um processo eficaz e sem alguns erros mais comuns:

  • Dimensionamento de vazão de limpeza inadequada;
  • Problemas em soldas (irregularidades, descontinuidades, corrosão);
  • Pontos mortos devido à instalação inadequada de instrumentos ou derivações de linhas, que facilitam formação de biofilmes;
  • Projeto inadequados dos sprays de limpeza em tanques. A seleção de sprays de limpeza de tanques requer um posicionamento para evitar pontos de sombra e os sprays devem ter capacidade para higienização completa do tanque;
  • Agitadores que não permitem limpeza para remoção de resíduos.

 

A prevenção é realizada por meio do conhecimento e escolhas adequadas no momento da concepção e ao longo da vida útil dos equipamentos.

 

Para evitar tais erros, é necessário que uma equipe multidisciplinar tenha conhecimentos sólidos como:

  • Princípios de projeto sanitário;
  •  Fundamentos de higienização;
  • Tipos de limpeza CIP, COP e OPC;
  • Componentes de um sistema CIP: válvulas, bombas, instrumentação, trocadores de calor, placas de distribuição;
  • Escolha de spray para limpeza de tanques;
  • Receitas de CIP (fundamentos e escolha dos químicos);
  • Monitoramento de parâmetros de CIP;
  •  Requisitos de tubulações, conexões e órios.

 

A aquisição ou reforma de equipamentos, seja uma simples instalação de um filtro ou sensor ou a inativação de um terminal, deve que ser avaliada de forma transversal e multidisciplinar. Uma modificação pode aparentar ser simples operacionalmente, mas à longo prazo aumentar riscos sanitários e impactar a produtividade.

É urgente começar a construir pontes e estabelecer um nivelamento técnico entre os diversos setores, envolvendo equipes de manutenção, projeto, engenharia, produção, controle e garantia da qualidade e até mesmo, P&D.

Não basta apenas instalar uma Central CIP. É necessário entender quais são os requisitos dos equipamentos e linhas a serem limpos, para que sejam adequados e otimizados para esse novo processo para atingir os objetivos de melhor eficácia e produtividade.

 

Leia também:

 

 

*Foto do artigo: por Delso Nicola

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Material escrito por:

Carla Lima Gomes

Carla Lima Gomes

Mestre em Eng. de Alimentos. Desenvolveu projetos de linhas de sistemas de processamento em laticínios e outras indústrias. Trabalhou em soluções de higienização e resolveu problemas de Biofilmes em diversos segmentos.

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Juliane Dias Gonçalves

Juliane Dias Gonçalves

Eng. de alimentos. Instrutora autorizada do curso de projeto sanitário oficial EHEDG. Foi auditora de certificação FSSC 22000 e BRCGS Food. Sócia da Flavor Food e palestrante. Fundadora da Associação Food Safety Brazil.

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Alguns problemas nos laticínios parecem sem solução, sejam eles por causa de contaminação microbiológica, ou seja, por causa da execução de higienização com altos consumos de água ou produtos químicos.

Em muitos casos isso acontece porque existe uma enorme lacuna na formação dos profissionais responsáveis pelos projetos em laticínios. São aqueles responsáveis por escolher os equipamentos, por definir especificações, acompanhar execução, instalação e, posteriormente definir a rotina de manutenção.

Engenheiros mecânicos, eletricistas e técnicos afins que atuam no desenvolvimento de equipamentos e instalações, nunca estudaram microbiologia durante sua formação acadêmica. Do outro lado, microbiologistas, engenheiros de alimentos e técnicos em laticínios, pouco conhecem das ciências que garantem performance, funcionalidade, economia de energia e robustez com melhor custo-benefício.

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A seguir ilustramos algumas situações de risco encontradas em laticínios.

Figura 1

Figura 2
Fonte: acervo pessoal.

 

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Os custos para rastrear e mitigar o problema podem ser elevados: tempo de paradas de linha, desmontagem e troca de componentes, aumento de tempo de limpeza e/ou concentração de químicos de forma permanente, alocação de mão de obra adicional, intensificação de análises).

Grande parte da higienização dentro dos laticínios, se dá por Cleaning in Place (CIP), e acontece em circuito fechado e não facilmente inspecionável. Assim, as características de projeto das linhas devem ser adequadas para um processo eficaz e sem alguns erros mais comuns:

  • Dimensionamento de vazão de limpeza inadequada;
  • Problemas em soldas (irregularidades, descontinuidades, corrosão);
  • Pontos mortos devido à instalação inadequada de instrumentos ou derivações de linhas, que facilitam formação de biofilmes;
  • Projeto inadequados dos sprays de limpeza em tanques. A seleção de sprays de limpeza de tanques requer um posicionamento para evitar pontos de sombra e os sprays devem ter capacidade para higienização completa do tanque;
  • Agitadores que não permitem limpeza para remoção de resíduos.

 

A prevenção é realizada por meio do conhecimento e escolhas adequadas no momento da concepção e ao longo da vida útil dos equipamentos.

 

Para evitar tais erros, é necessário que uma equipe multidisciplinar tenha conhecimentos sólidos como:

  • Princípios de projeto sanitário;
  •  Fundamentos de higienização;
  • Tipos de limpeza CIP, COP e OPC;
  • Componentes de um sistema CIP: válvulas, bombas, instrumentação, trocadores de calor, placas de distribuição;
  • Escolha de spray para limpeza de tanques;
  • Receitas de CIP (fundamentos e escolha dos químicos);
  • Monitoramento de parâmetros de CIP;
  •  Requisitos de tubulações, conexões e órios.

 

A aquisição ou reforma de equipamentos, seja uma simples instalação de um filtro ou sensor ou a inativação de um terminal, deve que ser avaliada de forma transversal e multidisciplinar. Uma modificação pode aparentar ser simples operacionalmente, mas à longo prazo aumentar riscos sanitários e impactar a produtividade.

É urgente começar a construir pontes e estabelecer um nivelamento técnico entre os diversos setores, envolvendo equipes de manutenção, projeto, engenharia, produção, controle e garantia da qualidade e até mesmo, P&D.

Não basta apenas instalar uma Central CIP. É necessário entender quais são os requisitos dos equipamentos e linhas a serem limpos, para que sejam adequados e otimizados para esse novo processo para atingir os objetivos de melhor eficácia e produtividade.

 

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Eng. de alimentos. Instrutora autorizada do curso de projeto sanitário oficial EHEDG. Foi auditora de certificação FSSC 22000 e BRCGS Food. Sócia da Flavor Food e palestrante. Fundadora da Associação Food Safety Brazil.

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