De acordo com a Circana (Empresa de análise de dados dos EUA), 56% das pessoas que tomam um medicamento GLP-1 – normalmente prescrito para pacientes com diabetes tipo 2 para melhorar o controle do açúcar no sangue – usam o medicamento para perda de peso. Esse número provavelmente aumentaria à medida que a cobertura e a ibilidade do medicamento melhorassem, estima a empresa de inteligência de mercado.
No Brasil, o Ozempic (nome comercial e que hoje já possui outros similares no mercado) se popularizou recentemente após o medicamento aprovado para o tratamento do diabetes tipo 2, ter tido vários relatos de usuários que associaram o uso do remédio à perda de peso. O medicamento possui a semaglutida, uma forma sintética do hormônio GLP-1, que promove a saciedade, como princípio ativo.
A Morgan Stanley Research (Instituto de pesquisas) prevê que 7% da população dos EUA estará aceitando GPL-1 até 2035. Uma pesquisa realizada pela empresa em 2024 esclarece as mudanças no comportamento do consumidor de alimentos que ocorrem quando uma pessoa começa a tomar medicamentos antiobesidade.
Os resultados mostram que 59% desses indivíduos bebem mais água sem gás, 66% consomem menos refrigerante e álcool e 38% aumentam sua ingestão de bebidas proteicas. Além disso, 93% desses consumidores item ter reduzido o tamanho das porções, indicando uma mudança significativa nas tendências da dieta do consumidor.
Os laticínios estão entre as categorias que foram menos afetadas – de acordo com a pesquisa, 57% dos entrevistados declararam que estão consumindo aproximadamente a mesma quantidade de laticínios que consumiam antes de começar a tomar a medicação – em comparação com 28% comendo menos e 15% consumindo mais.
Os consumidores de GLP-1 reduzem os gastos com alimentos e bebidas nos primeiros três meses de uso, mas retornam ao nível inicial no final do primeiro ano, descobriu a Circana, com os gastos com "proteínas gordurosas" sendo afetados.
Em termos de departamento, a maior mudança está no corredor de congelados – onde os gastos caíram 3 pontos em relação à linha de base. Enquanto isso, os gastos nos departamentos de produtos gourmet no primeiro ano aumentaram.
Então, o que as marcas de laticínios devem saber para se adaptar a essa tendência crescente de mercado?
Sally Lyons Wyatt, vice-presidente executiva global e consultora-chefe de insights de bens de consumo e serviços de alimentação da Circana, esclarece alguns pontos sobre o assunto.
"A parte dos laticínios que está muito bem posicionada para auxiliar os consumidores em sua jornada GLP-1 é o iogurte. Segundo ela, os benefícios funcionais desse produto, como alto teor de proteínas, presença de prebióticos e probióticos e a variedade de opções com pouco ou nenhum açúcar, têm forte apelo junto a esse público.
Outros produtos lácteos com benefícios funcionais também apresentam um bom desempenho, embora ainda não o suficiente para impulsionar um crescimento expressivo entre os consumidores que utilizam medicamentos para perda de peso baseados em GLP-1.
Diante desse cenário, a grande oportunidade para o setor está na educação do consumidor sobre os diversos benefícios dos laticínios. Esse processo pode ser conduzido por meio de mídias sociais, embalagens informativas, promoções e outras estratégias de comunicação.
Wyatt também ressalta que, para os consumidores que seguem uma jornada de perda de peso com GLP-1, a ingestão adequada de proteínas é um fator chave. Ela observa que, atualmente, os consumidores estão mais informados devido ao amplo o a conteúdos especializados e, por isso, valorizam produtos que atendam às suas necessidades nutricionais.
A indústria de laticínios, portanto, tem um papel importante a desempenhar na orientação desses consumidores, fornecendo informações sobre como seus produtos podem contribuir para o bem-estar e a perda de peso.
Quando questionada sobre as perspectivas para bebidas lácteas funcionais e alimentos básicos, como kefir e queijo cottage, entre os usuários de GLP-1 em 2025, Wyatt destaca que a principal vantagem do kefir está no seu processo de fermentação, que oferece benefícios para a saúde intestinal. Já o queijo cottage, além de atender às necessidades proteicas dos consumidores, tem se beneficiado do crescimento das redes sociais, que impulsionaram suas vendas por meio de receitas criativas que demonstram sua versatilidade.
Por outro lado, algumas barreiras ainda dificultam a expansão da categoria de laticínios funcionais entre esse público. Segundo Wyatt, o sabor e a textura do kefir e do queijo cottage podem não agradar a todos os consumidores. Assim, a inovação será essencial para aprimorar esses produtos, garantindo que seus benefícios sejam entregues de forma mais atrativa e ível.
As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.