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Leite de égua na alimentação humana

O leite de égua é uma opção para populações mais carentes, ou em situações em que prevaleça a espécie nos sistemas de criação. Saiba mais sobre o assunto!

Publicado por: vários autores

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Desde o nascimento os seres humanos necessitam de nutrientes essenciais e por isso precisam do leite materno para formação e desenvolvimento do sistema imunológico (KONG et al., 2021).  Os leites materno, de vaca e cabra podem estimular de diferentes maneiras o crescimento de certas bactérias no intestino, modificando a microbiota intestinal, o que pode afetar positivamente a função fisiológica da microbiota (LIU et al., 2021).

O consumo de leite e produtos lácteos está correlacionado com a diminuição de câncer colorretal, além de que, o consumo de leite desnatado está associado a uma diminuição do risco de câncer colorretal, se restringido ao cólon (BARRUBÉS et al., 2019). A ingestão também está relacionada a um menor risco de acidente vascular cerebral (GOEDE et al., 2016).

Nesse sentido, pensando no consumo do leite de diferentes espécies como alternativa para incremento de valor financeiro, e principalmente nutricional, o leite de égua é uma opção para populações mais carentes, ou em situações em que prevaleça a espécie nos sistemas de criação.

Dessa forma, o leite de égua possui em sua composição 6,5% de lactose, 1,8% de proteínas sendo a globulina e albumina as mais abrangentes, 1,0% de gorduras e valor energético de 440 kcal por kg (SANTOS et al., 2005).

O leite equino apresenta importantes características nutricionais e terapêuticas (MARCONI & PANFILI, 1998). Sua utilização se dá principalmente pela semelhança com o leite humano, em relação ao baixo conteúdo de nitrogênio, baixa relação caseína/proteínas do soro e elevado teor de lactose (REIS, 2006). Além do mais, a alta concentração de ácidos graxos poli-insaturados juntamente com o baixo nível de colesterol possibilita seu uso na alimentação humana (KÜCÜKCETIN et al., 2003).

As características apresentadas pelo leite equino podem suprir as demandas nutricionais de recém-nascidos, assim como de pessoas alérgicas a proteína do leite bovino, sendo assim um produto importante para a saúde humana (MORAIS, 2017).

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Embora seu consumo não seja comum entre os brasileiros, o leite de égua tem diversas propriedades benéficas para quem o consome. As propriedades nutricionais, antibacterianas e antioxidantes do leite de égua o torna um ingrediente atraente não só para o consumo humano, mas também no desenvolvimento de produtos para o cuidado com a pele e para o tratamento complementar de doenças dermatológicas (FOEKEL et al., 2009).

O produto derivado do leite de égua mais conhecido mundialmente é o Kumis que é produzido pela fermentação do leite cru não pasteurizado. O menor teor de caseína torna o leite de égua impróprio para a produção de queijos. Além disso, seria necessário um grande volume de leite para a produção de 1 kg de queijo.

Apesar da necessidade de mais estudos sobre as propriedades do leite de égua, e sobre a sua composição nutricional, é possível concluir que, o leite de égua possui uma riqueza nutricional enorme, que o torna muito favorável ao consumo por seres humanos. Embora possua um menor valor energético em relação ao leite de vaca, possui grande semelhança ao leite humano (MALACARNE et al., 2002).

 

Referências

BARRUBÉS, L. et al. Association between dairy product consumption and colorectal cancer risk in adults: a systematic review and meta-analysis of epidemiologic studies. Advances in Nutrition, v. 10, n. suppl 2, p. S190-S211, 2019.

FOEKEL, C. et al. Dietetic effects of oral intervention with mare's milk on the Severity Scoring of Atopic Dermatitis, on faecal microbiota and on immunological parameters in patients with atopic dermatitis. International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 60, n. sup7, p. 41-52, 2009.

GOEDE, J. et al. Dairy consumption and risk of stroke: a systematic review and updated dose–response meta-analysis of prospective cohort studies. Journal of the American Heart Association, v. 5, n. 5, p. e002787, 2016.

KONG, W. S. et al. Long-chain saturated fatty acids in breast milk are associated with the pathogenesis of atopic dermatitis via induction of inflammatory ILC3s. Scientific Reports, v. 11, n. 1, p. 1-22, 2021.

KÜCÜKCETIN, A.; YAYGINA, H.; HINRICHS, J.; KULOZIK, U. 2003.Adaptation of bovine milk towards mares’ milk composition by means of membrane technology for koumiss manufacture. International Dairy Journal v.13, n.12, p.945-951.

LIU, Y.; CAI, J.; ZHANG, F. Functional comparison of breast milk, cow milk and goat milk based on changes in the intestinal flora of mice. Lebensmittel-Wissenschaft & Technologie, p. 111976, 2021.

MALACARNE, M. et al. Protein and fat composition of mare's milk: some nutritional remarks with reference to human and cow's milk. International Dairy Journal, v. 12, n. 11, p. 869-877, 2002.

MARCONI, E.; PANFILI, G. 1998.Chemical composition and nutritional properties of commercial products of mare milk powder. Journal of Food Composition and Analysis v.11, p. 178-187.

MORAIS, L. A. 2017. Qualidade do leite de éguas da raça quarto de milha. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Rio Verde.

REIS, A. P. 2006. Qualidade físico-química e contagens de células somáticas e bacteriana total no leite de éguas da raça mangalarga marchador. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal). Universidade de Goiás, Goiânia.

SANTOS, E. M. et al. Lactação em éguas da raça mangalarga marchador: produção e composição do leite e ganho de peso dos potros lactentes. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 2, p. 627-634, 2005.

*Fonte da foto do artigo: Freepik

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Material escrito por:

Charllys Richellyher da Silva

Charllys Richellyher da Silva

Biólogo pelo Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde - Rio Verde, GO.

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Chrystiaine Helena Campos de Matos

Chrystiaine Helena Campos de Matos

Licenciada em Química pelo IF Sudeste de Minas Gerais - Barbacena, MG, Mestranda em Agroquímica pelo IF Goiano - Campus Rio Verde, GO.

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CRISTIELE DAYANE CARDOSO DOS SANTOS

CRISTIELE DAYANE CARDOSO DOS SANTOS

Médica Veterinária pela Uniceplac - Gama, DF, Mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano - Campus Rio Verde, GO.

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Felipe Pereira Cunha

Felipe Pereira Cunha

Graduado em Agronomia pelo Centro Universitário de Mineiros - Unifimes, Mineiros, GO, Mestrando em Zootecnia pelo IF Goiano - Campus Rio Verde, GO.

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José Ricardo Capanema

José Ricardo Capanema

Licenciado em Ciências Biológicas pela UEMG - Mestrando em Zootecnia pelo IFGoiano - Campus Rio Verde GO.

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Givanildo de Oliveira Santos

Givanildo de Oliveira Santos

Educador Físico e Mestre em Tecnologia de Alimentos pelo Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde

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Marco Antônio Pereira da Silva

Marco Antônio Pereira da Silva

Doutor em Ciência Animal pela Universidade Federal de Goiás, Professor do IF Goiano - Campus Rio Verde, GO

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Ricardo Aparecido Santos
RICARDO APARECIDO SANTOS

CAIAPÔNIA - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 13/11/2021

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Desde o nascimento os seres humanos necessitam de nutrientes essenciais e por isso precisam do leite materno para formação e desenvolvimento do sistema imunológico (KONG et al., 2021).  Os leites materno, de vaca e cabra podem estimular de diferentes maneiras o crescimento de certas bactérias no intestino, modificando a microbiota intestinal, o que pode afetar positivamente a função fisiológica da microbiota (LIU et al., 2021).

O consumo de leite e produtos lácteos está correlacionado com a diminuição de câncer colorretal, além de que, o consumo de leite desnatado está associado a uma diminuição do risco de câncer colorretal, se restringido ao cólon (BARRUBÉS et al., 2019). A ingestão também está relacionada a um menor risco de acidente vascular cerebral (GOEDE et al., 2016).

Nesse sentido, pensando no consumo do leite de diferentes espécies como alternativa para incremento de valor financeiro, e principalmente nutricional, o leite de égua é uma opção para populações mais carentes, ou em situações em que prevaleça a espécie nos sistemas de criação.

Dessa forma, o leite de égua possui em sua composição 6,5% de lactose, 1,8% de proteínas sendo a globulina e albumina as mais abrangentes, 1,0% de gorduras e valor energético de 440 kcal por kg (SANTOS et al., 2005).

O leite equino apresenta importantes características nutricionais e terapêuticas (MARCONI & PANFILI, 1998). Sua utilização se dá principalmente pela semelhança com o leite humano, em relação ao baixo conteúdo de nitrogênio, baixa relação caseína/proteínas do soro e elevado teor de lactose (REIS, 2006). Além do mais, a alta concentração de ácidos graxos poli-insaturados juntamente com o baixo nível de colesterol possibilita seu uso na alimentação humana (KÜCÜKCETIN et al., 2003).

As características apresentadas pelo leite equino podem suprir as demandas nutricionais de recém-nascidos, assim como de pessoas alérgicas a proteína do leite bovino, sendo assim um produto importante para a saúde humana (MORAIS, 2017).

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Embora seu consumo não seja comum entre os brasileiros, o leite de égua tem diversas propriedades benéficas para quem o consome. As propriedades nutricionais, antibacterianas e antioxidantes do leite de égua o torna um ingrediente atraente não só para o consumo humano, mas também no desenvolvimento de produtos para o cuidado com a pele e para o tratamento complementar de doenças dermatológicas (FOEKEL et al., 2009).

O produto derivado do leite de égua mais conhecido mundialmente é o Kumis que é produzido pela fermentação do leite cru não pasteurizado. O menor teor de caseína torna o leite de égua impróprio para a produção de queijos. Além disso, seria necessário um grande volume de leite para a produção de 1 kg de queijo.

Apesar da necessidade de mais estudos sobre as propriedades do leite de égua, e sobre a sua composição nutricional, é possível concluir que, o leite de égua possui uma riqueza nutricional enorme, que o torna muito favorável ao consumo por seres humanos. Embora possua um menor valor energético em relação ao leite de vaca, possui grande semelhança ao leite humano (MALACARNE et al., 2002).

 

Referências

BARRUBÉS, L. et al. Association between dairy product consumption and colorectal cancer risk in adults: a systematic review and meta-analysis of epidemiologic studies. Advances in Nutrition, v. 10, n. suppl 2, p. S190-S211, 2019.

FOEKEL, C. et al. Dietetic effects of oral intervention with mare's milk on the Severity Scoring of Atopic Dermatitis, on faecal microbiota and on immunological parameters in patients with atopic dermatitis. International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 60, n. sup7, p. 41-52, 2009.

GOEDE, J. et al. Dairy consumption and risk of stroke: a systematic review and updated dose–response meta-analysis of prospective cohort studies. Journal of the American Heart Association, v. 5, n. 5, p. e002787, 2016.

KONG, W. S. et al. Long-chain saturated fatty acids in breast milk are associated with the pathogenesis of atopic dermatitis via induction of inflammatory ILC3s. Scientific Reports, v. 11, n. 1, p. 1-22, 2021.

KÜCÜKCETIN, A.; YAYGINA, H.; HINRICHS, J.; KULOZIK, U. 2003.Adaptation of bovine milk towards mares’ milk composition by means of membrane technology for koumiss manufacture. International Dairy Journal v.13, n.12, p.945-951.

LIU, Y.; CAI, J.; ZHANG, F. Functional comparison of breast milk, cow milk and goat milk based on changes in the intestinal flora of mice. Lebensmittel-Wissenschaft & Technologie, p. 111976, 2021.

MALACARNE, M. et al. Protein and fat composition of mare's milk: some nutritional remarks with reference to human and cow's milk. International Dairy Journal, v. 12, n. 11, p. 869-877, 2002.

MARCONI, E.; PANFILI, G. 1998.Chemical composition and nutritional properties of commercial products of mare milk powder. Journal of Food Composition and Analysis v.11, p. 178-187.

MORAIS, L. A. 2017. Qualidade do leite de éguas da raça quarto de milha. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Rio Verde.

REIS, A. P. 2006. Qualidade físico-química e contagens de células somáticas e bacteriana total no leite de éguas da raça mangalarga marchador. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal). Universidade de Goiás, Goiânia.

SANTOS, E. M. et al. Lactação em éguas da raça mangalarga marchador: produção e composição do leite e ganho de peso dos potros lactentes. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 2, p. 627-634, 2005.

*Fonte da foto do artigo: Freepik

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Charllys Richellyher da Silva

Charllys Richellyher da Silva

Biólogo pelo Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde - Rio Verde, GO.

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Licenciada em Química pelo IF Sudeste de Minas Gerais - Barbacena, MG, Mestranda em Agroquímica pelo IF Goiano - Campus Rio Verde, GO.

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Graduado em Agronomia pelo Centro Universitário de Mineiros - Unifimes, Mineiros, GO, Mestrando em Zootecnia pelo IF Goiano - Campus Rio Verde, GO.

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Licenciado em Ciências Biológicas pela UEMG - Mestrando em Zootecnia pelo IFGoiano - Campus Rio Verde GO.

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EM 13/11/2021

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