Atualmente, os sanitizantes químicos mais utilizados em superfícies de equipamentos e utensílios nas indústrias alimentícias brasileiras são os que possuem princípios ativos dos grupos: quaternários de amônio (Ex: cloreto de alquildimetilbenzil amônio); compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo (Ex: hipoclorito de sódio e de cálcio); compostos orgânicos liberadores de cloro ativo (Ex: dicloroisocianurato de sódio); peróxido orgânico (ácido peracético); peróxido inorgânico (peróxido de hidrogênio); iodo e seus derivados.
No entanto, com a crescente idéia de incorporar em procedimentos de higienização sanitizantes com menor toxicidade para o consumidor, houve o surgimento de novas linhas de pesquisa sobre o efeito antibiofilme de óleos essenciais com foco para o uso em indústrias de alimentos, visando sanar o problema de resistência às alternativas convencionais.
O que são óleos essenciais?
São compostos naturais voláteis e complexos, caracterizados por forte odor e formados pelas plantas aromáticas como metabólitos secundários. São líquidos, límpidos e raramente coloridos (amarelados).
São solúveis em lipídeos e solventes orgânicos, apresentando densidade, geralmente, menor que a da água. Podem ser sintetizados por todos os órgãos vegetais, como brotos, flores, folhas, caules, galhos, sementes, frutos, raízes, cascas. Esses compostos têm sido amplamente utilizados, em função de suas propriedades já observadas na natureza, como atividades antibacteriana, antifúngica e inseticida.
Como é a interação: óleos essenciais X microrganismos?
Devido a propriedade lipofílica dos óleos essenciais, eles são capazes de ar pela parede celular e se acumular na membrana citoplasmática bacteriana, causando aumento da permeabilidade por danificar a estrutura de diferentes camadas de polissacarídeos, ácidos graxos e fosfolipídeos, desestabilização da força próton motriz (FPM), fluxo de elétrons, transporte ativo e coagulação do conteúdo da célula.
De quais plantas esses óleos são extraídos?
Podem ser extraídos de diversas plantas, como os dos gêneros Cymbopogon (Citronela, Capim-limão), Cinnamomum (Canela) e da espécie Satureja thymbra.
Há muita diferença entre a aplicação do óleo essencial e dos sanitizantes tradicionais?
De uma maneira geral, a utilização de soluções contendo óleos essenciais ou seus constituintes para sanitização de superfícies não irá alterar significativamente a rotina usual de higienização das indústrias de alimentos. Binômios como tempo de contato e temperatura devem ser ajustados para que o agente antibacteriano (óleo essencial ou constituinte) seja aplicado na menor concentração possível. Concentrações baixas e efetivas de óleos essenciais ou constituintes serão facilmente removidas após o procedimento de higiene e não irão causar problemas de odores residuais.
Apesar do pouco uso desse tipo de “sanitizante natural”, principalmente aqui no Brasil, estudos demonstram que há a possibilidade potencial de uso destes óleos como agentes antimicrobianos. Porém, a forma de utilização (extratos brutos ou óleos essenciais) ainda merece atenção especial e estudos mais aprofundados que visam estabelecer economicamente o uso e a melhor forma de preparo de cada derivado vegetal se fazem necessários. Também, devem estabelecer os parâmetros de toxicidade de acordo com a concentração e à exposição a longo prazo.