Aflatoxinas são subprodutos tóxicos do crescimento de algumas espécies de fungos do gênero Aspergillus. O desenvolvimento destes fungos é favorecido por condições de stress nas plantas quando ainda no campo. Períodos de seca, durante a formação dos grãos, por exemplo, favorecem o desenvolvimento dos fungos, que, por sua vez, produzem toxinas.
É importante saber que mesmo alimentos sem a presença aparente de fungos podem conter toxinas, já que uma vez produzidas elas ficam "armazenadas" no alimento, mesmo após um eventual desaparecimento dos fungos.
Os grãos e seus subprodutos são as fontes mais comuns de aflatoxinas. A silagem de milho também pode ser uma fonte, já que o processo de ensilagem também não destrói as toxinas já existentes no material de origem.
Aflatoxicose é o nome genérico dado à "doença" causada pelo consumo de aflatoxinas. Existem diversos tipos de aflatoxinas; as quatro mais comuns são a B1, B2, G1 e G2. Estas toxinas são metabolizadas nos ruminantes pelo fígado e excretadas pela bile. A aflatoxina B1 é a mais potente. Ela aumenta os requerimentos protéicos dos animais e é um agente causador de câncer.
Quando quantidades significativas de aflatoxina B1 são consumidas por animais lactentes, o metabólito M1 aparece no leite dentro de um período de 12 horas. Estas aflatoxinas M1 são capazes de causar aflatoxicoses nos consumidores deste leite. O leite portanto deve ser livre de aflatoxinas. As pesquisas sugerem que a M1 não é tão carcinogênica ou mutagênica quanto a B1, mas ela parece ser tão tóxica quanto seu composto de origem.
Animais jovens de todas as espécies são mais susceptíveis aos efeitos das aflatoxinas que os adultos. Por sua vez, animais em crescimento e prenhes são menos susceptíveis que animais jovens, mas mais susceptíveis que animais maduros.
Os principais sinais de aflatoxicose crônica são: refugo de alimentos, taxa de crescimento reduzida, baixa produção de leite a baixa eficiência de produção. Somado a isto, os animais ficam irrequietos, perdem peso, têm pelo arrepiado e leves diarréias podem ocorrer. Também anemia associada a vermelhidão e hemorragia subcutânea são sintomas de aflatoxicose. A doença também pode afetar a eficiência reprodutiva, o que inclui cios anormais (muito freqüentes ou muito espaçados) e abortos. Outros sintomas incluem baixa imunidade, maior predisposição a outras doenças e prolapso retal. Em gado leiteiro, os metabólitos da aflatoxina (M1) aparecem no leite antes da ocorrência de qualquer destes sintomas.
A determinação de aflatoxinas em tecidos animais depende da espécie, do nível de aflatoxina na ração e da duração do fornecimento do alimento contaminado. A necropsia de animais acometidos de aflatoxicoses usualmente demonstra o fígado pálido, amarelo ou laranja. Fibrose hepática e edema da bexiga também podem ser observados.
O diagnóstico de aflatoxicoses em gado leiteiro pode ser feito pela análise do leite. Em animais não lactentes este diagnóstico é dificultado em função da variação nos sinais clínicos, patologia, e possível presença de outras doenças devido à supressão do sistema imunológico. A presença de mais de uma toxina também pode ser um fator complicante. Nestes casos, o normal é procurar analisar os alimentos para a presença da toxina. Existem valores de referencia para cada espécie, a partir dos quais a contaminação dos alimentos pode causar injúrias para a saúde e resultar na contaminação do leite. Para gado leiteiro, ite-se que a presença de até 20 ppb (partes por bilhão) de aflatoxina nos grãos não implica em maiores cuidados. A partir deste nível, providências precisam ser tomadas.
A total prevenção da aflatoxicose só é possível pelo fornecimento de alimentos livres de toxina. A prevenção da contaminação por aflatoxina requer o contínuo monitoramento através de análises (que custam caro). Sendo assim, alguns cuidados básicos ajudam a evitar o problema.
1) Compre os alimentos de empresas ou pessoas de reputação no mercado, preferencialmente com experiência na prevenção de toxinas e que façam o monitoramento dos alimentos comercializados. Para alguns alimentos, o Ministério da Agricultura impõe limites para a presença de aflatoxinas, e, portanto, as partidas comercializadas devem ser monitoradas.
2) Não compre alimentos de baixa qualidade. Um preço mais baixo pode se tornar na compra mais cara que um produtor de leite pode fazer, se o alimento tiver aflatoxina.
3) Armazene alimentos secos e em condições adequadas, evitando o contato com umidade (que favorece o desenvolvimento de fungos).
4) Desenvolva e pratique um programa sistemático de inspeção e limpeza de cochos, silos e armazéns, caminhões e carretas de transporte, misturadores de ração ou qualquer outro equipamento onde possa haver aderência ou empedramento de alimentos.
5) Minimize o acúmulo de poeira em nas áreas onde os alimentos são processados.
6) Elimine qualquer goteira ou vazamento nos armazéns.
7) Implemente programas de controle de insetos e roedores nas áreas de armazenamento.
A aflatoxicose é tipicamente um problema do rebanho, e não de alguns indivíduos. Havendo suspeita analise a ração imediatamente. Elimine a fonte de contaminação de uma só vez se a toxina estiver presente. Se isto não for possível (quando em silagens, por exemplo), aumente o nível de proteína e vitaminas A, D, E e K na ração, pois a toxina torna as vitaminas indisponíveis e afeta a síntese protéica. Maneje corretamente os animais para aliviar o estresse, reduzindo o risco de infecções secundárias. Trate imediatamente infecções secundárias.
Comentário do autor: a aflatoxicose pode provocar sérios prejuízos a rebanhos leiteiros. Mesmo em baixos níveis, ela pode se tornar crônica, com efeitos irreversíveis em órgãos importantes como o fígado.
Fonte: Sudweeks, E.M. and Ellen R. Jordan. Aflatoxicosis in Dairy Cattle. Texas Agricultural Extension Service.
Aflatoxinas em dietas de gado leiteiro
Aflatoxinas são subprodutos tóxicos do crescimento de algumas espécies de fungos do gênero Aspergillus.
Publicado em: - 4 minutos de leitura
Material escrito por:

José Roberto Peres
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CRISTALINA - GOIÁS
EM 12/05/2021