A Febre Aftosa preocupa autoridades e técnicos em todo o mundo como um fator limitante para a produção pecuária. No Brasil, o início de sua ocorrência se deu no ano de 1896 e, a seguir, a doença foi comprovada em forma crescente em vários locais do país.
Em 1919, o Ministério da Agricultura instituiu o código de Política Sanitária Animal com as primeiras medidas profiláticas contra a Febre Aftosa. Em 1963 o governo instituiu a "Campanha contra a Febre Aftosa C.C.F.A." quando foi constituída uma equipe técnica encarregada de promover a coordenar a implantação de medidas sanitárias e extensão rural. Na década de 90, o Brasil começou a usufruir dos bons resultados de todos os esforços ados com o reconhecimento internacional de alguns estados do Sul e Sudeste do País como livres da doença através da vacinação.
Os últimos acontecimentos com focos da doença em diversas regiões do mundo, tais como a Inglaterra, França, Holanda, Colômbia e o Uruguai constituem uma ameaça para o todo o rebanho brasileiro.
O que é Aftosa?
A Aftosa é uma doença infecto-contagiosa (altamente contagiosa) ocasionada por vírus que ataca animais biungulados e se caracteriza por produzir lesões vesiculares e quadro febril. É tipicamente uma doença de rebanho.
Existem sete tipos de vírus que podem causar a Aftosa: O, A, C, SAT.1, SAT.2, SAT.3 E Ásia 1. Cada tipo de vírus possui vários sub-tipos. Os sintomas de cada tipo de vírus são iguais, sendo que apenas o exame laboratorial pode diferenciá-los. O vírus responsável pelo surto atual é altamente virulento e é chamado de pan-Asiático tipo O .
A transmissão ocorre do animal doente ao animal susceptível, sendo que 99% da contaminação ocorre pela boca. Os animais podem eliminar o vírus 7 dias antes de manifestarem a doença. A transmissão pode ocorrer por veículos, alimentos, ração, feno, água e ar.
É uma doença endêmica na América do Sul, África e Europa Central. A Austrália, Nova Zelândia e México são países livres da doença.
Os animais susceptíveis são os bovinos, bubalinos, suínos, caprinos, ovinos, animais de zoológico e selvagens. Dentre os fatores que influenciam a susceptibilidade, pode-se destacar: locais com grande número de animais suscetíveis, movimentação desordenada de animais, animais na faixa etária desprotegida (ainda sem vacinação e sem imunidade materna).
O primeiro sinal clínico da doença é a Febre, seguido de tristeza, "mascação" e baba filamentosa. Posteriormente, pode-se observar lesão no epitélio lingual e mucosa oral, lesão vesicular no espaço interdigital, vesículas no teto e ainda pode-se encontrar uma cardiopatia chamada de Coração Tigrado. O curso febril dura cerca de 1 semana e a convalescência dura cerca de 2 semanas.
A Aftosa raramente mata o animal, exceto nos casos de animais muito novos. Na maioria das vezes, ela ocasiona mortes indiretas ocasionadas por infecções bacterianas secundárias. Os efeitos mais sérios da Aftosa estão a perda de peso, redução da produção de leite, aborto, infertilidade, mastite, problemas no casco. Não há tratamento.
O vírus é eliminado amplamente pelas secreções e excreções. É obrigatório a notificação e a realização de exame laboratorial nos casos de suspeita da doença. No caso de animais com lesão, enviar parte do epitélio lingual; caso os animais não tenham lesão, enviar o soro sangüíneo.
O vírus causador da Aftosa é muito resistente no meio-ambiente. Resiste dois anos no leite em pó e em carnes congeladas também. A pasteurização não elimina o vírus. Entretanto, o vírus não resiste a pH extremos. No pós-mortem, por exemplo, o ácido láctico produzido na carcaça reduz o pH a níveis desfavoráveis para o vírus da Aftosa.
O método de controle nas áreas afetadas é o abate dos animais infectados e dos animais que foram expostos à infecção. Tal método é utilizado devido à alta contaminação da doença e de seus efeitos devastadores à economia do país afetado.
Com o triste retorno de surtos desta doença precisamos relembrar o que é, o que causa e como poderemos controlar o problema. Este artigo tem o objetivo de trazer os conceitos básicos sobre o tema, para que todos possam ser informados de sua importância para a pecuária brasileira. No próximo artigo, serão abordadas as medidas de Biosegurança relativas à Aftosa que devem ser instituídas em cada propriedade.
Fonte: MilkPoint