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Análise de eficiência e rentabilidade em Compost Barns

Entenda como produtores de leite podem avaliar sua eficiência usando índices comparativos. Veja como benchmarks ajudam a melhorar a gestão e a rentabilidade.

Publicado por: vários autores

Publicado em: - 4 minutos de leitura

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Muitas informações sobre o desempenho técnico e econômico dos produtores de leite são obtidas de forma prática, sem usar métodos científicos rigorosos. Isso pode levar a interpretações erradas. 

Comparar produtores usando vários indicadores é um desafio porque cada produtor pode se destacar em um aspecto, mas não em outro, dificultando uma conclusão clara. Além disso, quanto maior o número de produtores analisados, mais difícil fica compará-los sem um índice que junte vários indicadores em um só número.

Para superar esse desafio, são usados métodos que criam um índice único. Um dos métodos mais comuns é o de programação matemática, que gera um indicador chamado “eficiência técnica ou econômica relativa”. Esse indicador reúne diversos resultados individuais em um único valor, chamado de relativo porque compara cada produtor com os demais da mesma amostra, mostrando quem é mais eficiente em relação aos seus pares.

Neste trabalho este método foi aplicado a uma amostra de 98 propriedades leiteiras do sistema Compost Barn (CB), do banco de dados gerenciado pelo Departamento de Inteligência da Labor Rural, referente ao ano de 2023. Os dados econômicos foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços.

Usando esse método, é possível identificar quais produtores são mais eficientes na geração de renda. No caso, analisamos a “Renda bruta do leite (R$/ano)”, que é o valor da produção anual multiplicado pelo preço médio do leite, e a “Renda bruta da atividade (R$/ano)”, que inclui, além da renda do leite, outras fontes de receita, como a venda de animais e mudanças no estoque ao longo do ano.

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Essa eficiência é avaliada considerando os insumos e recursos usados, como o “Custo operacional total da atividade (R$/ano)”, que inclui os custos diretos, a mão de obra da família e a depreciação dos equipamentos. Também são considerados o “Estoque de terra utilizada (hectares)”, que é a área dedicada à atividade, e o “Estoque de animais utilizados (cabeças)”, que representa o total de animais envolvidos na produção.

Os produtores mais eficientes são chamados de benchmarks e recebem o “índice de eficiência na geração de renda bruta (%)” igual a 100%. 

Os demais produtores são comparados apenas com aqueles que têm condições parecidas. Por exemplo: imagine a fazenda B e a fazenda C. Se a fazenda B percebe que a fazenda C produz mais usando os mesmos recursos, a fazenda C vira a referência para a fazenda B. A eficiência da fazenda B será então calculada mostrando o quanto ela está perto ou longe da fazenda C.

A Tabela 1 mostra as variáveis utilizadas nas análises, médias, desvio-padrão e coeficiente de variação (%).

Tabela 1. Estatísticas descritivas das variáveis utilizadas para análise (n =98).

Made with Flourish

Fonte: Embrapa/Labor Rural (dados do estudo).

Na Tabela 2, os produtores mais eficientes alcançaram 100% no “índice de eficiência na geração de renda bruta (%)”. Por exemplo: se um produtor eficiente gera R$100 mil, ele está usando plenamente seus recursos. Já os produtores ineficientes ficaram, em média, com 79,98% de eficiência. Isso significa que, se tivessem a mesma estrutura, estariam gerando cerca de R$79.980, ou seja, quase 20% a menos. A média de toda a amostra, considerando os eficientes e os ineficientes, foi de 83,65%. No total, 80 produtores não conseguiram maximizar seus resultados, ficando abaixo dos 100% de eficiência.

Tabela 2. Índice de eficiência na geração de renda bruta (%) de Compost Barn (n=98).

Made with Flourish

Fonte: Embrapa/Labor Rural (dados do estudo).

Como o preço do leite é dado pelo mercado e não pode ser controlado pelos produtores, a única forma de melhorar o resultado é ser mais eficiente dentro da fazenda. Mas como saber se estão ou não sendo eficientes? Se comparando com outros produtores que tenham condições parecidas.

Ao descobrir sua posição no grupo, com base na análise, o produtor ineficiente pode buscar quem é sua referência — o benchmark — e conhecer as práticas que ele adota, tentando se aproximar desse padrão, conforme mostrado na Tabela 3. Os resultados dos produtores de referência servem como guia para quem quer melhorar a gestão.

Na Tabela 3, os produtores eficientes (benchmarks) foram comparados com os que tinham eficiência abaixo de 100%. Na média, os benchmarks apresentaram melhores resultados técnicos e econômicos. Isso mostra que o índice de eficiência serve para avaliar o desempenho dos produtores, juntando vários indicadores zootécnicos e econômicos em um único número, o que facilita muito a gestão da propriedade
Tabela 3. Comparação do desempenho técnico e econômico entre benchmarks e demais produtores.

Made with Flourish


Fonte: Embrapa/Labor Rural (dados do estudo). Letras diferentes na mesma linha indicam resultados estatisticamente diferentes a 10% de significância.

Como conclusão, recomenda-se que os gestores de Compost Barn e produtores de leite, em geral, busquem sempre comparar seu desempenho produtivo e econômico com o de outros produtores, utilizando análises consistentes. Isso ajuda a evitar perdas de renda e até prejuízos. 

Visitar produtores mais eficientes, trocar informações sobre como utilizam seus recursos e aprender com suas práticas é fundamental. Cooperativas, associações, laticínios e serviços de assistência técnica podem facilitar esse intercâmbio, pois têm o aos dados dos produtores. Sempre que possível, essas análises devem ser feitas com frequência, afinal, esperar um ano para corrigir falhas pode ser tempo demais e comprometer a eficiência da produção.

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Material escrito por:

Jose Luiz Bellini Leite

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Glauco Rodrigues Carvalho

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William Heleno Mariano

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Comparar produtores usando vários indicadores é um desafio porque cada produtor pode se destacar em um aspecto, mas não em outro, dificultando uma conclusão clara. Além disso, quanto maior o número de produtores analisados, mais difícil fica compará-los sem um índice que junte vários indicadores em um só número.

Para superar esse desafio, são usados métodos que criam um índice único. Um dos métodos mais comuns é o de programação matemática, que gera um indicador chamado “eficiência técnica ou econômica relativa”. Esse indicador reúne diversos resultados individuais em um único valor, chamado de relativo porque compara cada produtor com os demais da mesma amostra, mostrando quem é mais eficiente em relação aos seus pares.

Neste trabalho este método foi aplicado a uma amostra de 98 propriedades leiteiras do sistema Compost Barn (CB), do banco de dados gerenciado pelo Departamento de Inteligência da Labor Rural, referente ao ano de 2023. Os dados econômicos foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços.

Usando esse método, é possível identificar quais produtores são mais eficientes na geração de renda. No caso, analisamos a “Renda bruta do leite (R$/ano)”, que é o valor da produção anual multiplicado pelo preço médio do leite, e a “Renda bruta da atividade (R$/ano)”, que inclui, além da renda do leite, outras fontes de receita, como a venda de animais e mudanças no estoque ao longo do ano.

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Os produtores mais eficientes são chamados de benchmarks e recebem o “índice de eficiência na geração de renda bruta (%)” igual a 100%. 

Os demais produtores são comparados apenas com aqueles que têm condições parecidas. Por exemplo: imagine a fazenda B e a fazenda C. Se a fazenda B percebe que a fazenda C produz mais usando os mesmos recursos, a fazenda C vira a referência para a fazenda B. A eficiência da fazenda B será então calculada mostrando o quanto ela está perto ou longe da fazenda C.

A Tabela 1 mostra as variáveis utilizadas nas análises, médias, desvio-padrão e coeficiente de variação (%).

Tabela 1. Estatísticas descritivas das variáveis utilizadas para análise (n =98).

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Fonte: Embrapa/Labor Rural (dados do estudo).

Na Tabela 2, os produtores mais eficientes alcançaram 100% no “índice de eficiência na geração de renda bruta (%)”. Por exemplo: se um produtor eficiente gera R$100 mil, ele está usando plenamente seus recursos. Já os produtores ineficientes ficaram, em média, com 79,98% de eficiência. Isso significa que, se tivessem a mesma estrutura, estariam gerando cerca de R$79.980, ou seja, quase 20% a menos. A média de toda a amostra, considerando os eficientes e os ineficientes, foi de 83,65%. No total, 80 produtores não conseguiram maximizar seus resultados, ficando abaixo dos 100% de eficiência.

Tabela 2. Índice de eficiência na geração de renda bruta (%) de Compost Barn (n=98).

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Fonte: Embrapa/Labor Rural (dados do estudo).

Como o preço do leite é dado pelo mercado e não pode ser controlado pelos produtores, a única forma de melhorar o resultado é ser mais eficiente dentro da fazenda. Mas como saber se estão ou não sendo eficientes? Se comparando com outros produtores que tenham condições parecidas.

Ao descobrir sua posição no grupo, com base na análise, o produtor ineficiente pode buscar quem é sua referência — o benchmark — e conhecer as práticas que ele adota, tentando se aproximar desse padrão, conforme mostrado na Tabela 3. Os resultados dos produtores de referência servem como guia para quem quer melhorar a gestão.

Na Tabela 3, os produtores eficientes (benchmarks) foram comparados com os que tinham eficiência abaixo de 100%. Na média, os benchmarks apresentaram melhores resultados técnicos e econômicos. Isso mostra que o índice de eficiência serve para avaliar o desempenho dos produtores, juntando vários indicadores zootécnicos e econômicos em um único número, o que facilita muito a gestão da propriedade
Tabela 3. Comparação do desempenho técnico e econômico entre benchmarks e demais produtores.

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Fonte: Embrapa/Labor Rural (dados do estudo). Letras diferentes na mesma linha indicam resultados estatisticamente diferentes a 10% de significância.

Como conclusão, recomenda-se que os gestores de Compost Barn e produtores de leite, em geral, busquem sempre comparar seu desempenho produtivo e econômico com o de outros produtores, utilizando análises consistentes. Isso ajuda a evitar perdas de renda e até prejuízos. 

Visitar produtores mais eficientes, trocar informações sobre como utilizam seus recursos e aprender com suas práticas é fundamental. Cooperativas, associações, laticínios e serviços de assistência técnica podem facilitar esse intercâmbio, pois têm o aos dados dos produtores. Sempre que possível, essas análises devem ser feitas com frequência, afinal, esperar um ano para corrigir falhas pode ser tempo demais e comprometer a eficiência da produção.

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