Estudo da Embrapa mapeou as regiões de maior concentração espacial de produção de leite do Brasil. Considerando municípios que produziram em 2023 mais que 50 litros de leite/ dia por quilômetro quadrado de área territorial e áreas municipais contíguas com produção de pelo menos 200 mil litros/ dia é possível identificar estas regiões que são nomeadas como as 15 bacias leiteiras do país (Figura 1).
Figura 1 - Bacias leiteiras brasileiras.
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
Esta metodologia desenvolvida pela Embrapa permite mapear com precisão as áreas de maior dinamismo da pecuária de leite brasileira. O total destas 15 bacias leiteiras produziu 57,1 milhões de litros/ dia ou 58,9% de produção brasileira em 2023 em uma área que ocupa apenas 5,1% do território nacional.
Além disso, são nestas áreas que a produção de leite cresceu no país nos últimos cinco anos (2018 a 2023), em um volume equivalente a 5,1 milhões de litros/ dia. Nas demais regiões, que representam 94,9% do território nacional, houve um declínio de 1,1 milhão de litros/ dia no mesmo período. Ainda que a produção de leite esteja de uma certa maneira presente em todo o território nacional, ela só cresce em uma fração diminuta do território, que são as 15 bacias leiteiras aqui identificadas.
Estas 15 bacias também são campeãs em produtividade no país: 3.574 litros/ vaca no ano de 2023 contra 2.259 litros/ vaca/ ano na média do Brasil como um todo.
As bacias leiteiras brasileiras
A Bacia do Sul se destaca pela maior produção de leite no país em 2023. Foram 22,2 milhões de litros, seguida pela Bacia do Sudeste, 16,7 milhões de litros e pela Bacia do Nordeste, com 5,6 milhões de litros/ dia. A produção também é expressiva na Bacia de Goiás, 3,9 milhões de litros/ dia.
Figura 2 - Bacia Leiteira do Sul
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
No entanto, o maior acréscimo de produção observado entre 2018 e 2023 aconteceu na Bacia do Nordeste, com um aumento de 1,9 milhões de litros/ dia em apenas 5 anos.
Na segunda posição vem a Bacia do Sudeste, com aumento de 0,9 milhão de litros/ dia.
Figura 3 - Bacia do Nordeste
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
A maior produtividade por animal é observada na Bacia do Leste Paranaense. Nesta área, cada vaca produziu, em média, 6.285 litros/ ano em 2023. Na Bacia do Sudeste Paranaense esta produtividade alcançou 5.511 litros/ ano e na Bacia do Sul, 4.289 litros.
Figura 4 - Bacia do Leste Paranaense
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
Também na Bacia do Leste Paranaense foi observada a maior variação de produtividade em 5 anos: de 4.909 litros para 6.285. litros/ vaca/ ano entre 2018 e 2023, um incremento de 1.376 litros/vaca. A Bacia do Triângulo Mineiro também registrou expressivo aumento da produtividade neste período: 1.113 litros/ vaca/ ano, impulsionada por migração de inúmeras fazendas para sistemas confinados.
Esta análise espacial, que auxilia na compreensão da evolução recente e da realidade da produção leiteira do país, fornece um recorte interessante e original sobre a dinâmica do setor no Brasil. São explicitadas diferenças entre regiões que a abordagem tradicional, entre unidades da federação ou mesmo mesorregiões, não contempla.
Além disso, esse estudo mostra um retrato desafiador da realidade leiteira nacional, cuja compreensão é crucial para se traçarem estratégias para o desenvolvimento setorial, investimentos produtivos e da indústria de laticínios. É possível também identificar as áreas mais dinâmicas e com maior adoção de tecnologia, que apresentam crescimento destacado se comparado com a média nacional.