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Como atrair e motivar talentos na cadeia leiteira em tempos de cultura digital

Como o setor leiteiro pode atrair e reter jovens talentos? Equilíbrio entre tecnologia, propósito, flexibilidade e inovação é chave para inspirar as novas gerações. Confira!

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Publicado em: - 3 minutos de leitura

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O setor leiteiro tem enfrentado uma dupla transformação. De um lado, o desafio de reter talentos em um mundo cada vez mais digital e urbano. De outro: a pressão do consumidor por alimentos mais “naturais” com menos aditivos, conservantes e ingredientes artificiais,  movimento conhecido como back to the origins. Diante disso, como tornar a cadeia do leite — que ainda exige forte presença física — atraente para os profissionais das novas gerações?

1. Entendendo o novo perfil de talento

Estudos apontam que jovens profissionais (especialmente da geração Z e millennials) valorizam cada vez mais:

  • Propósito e impacto social do trabalho (Deloitte, 2023); ou seja, quero trabalhar onde faça sentido para meus valores e onde eu faça a diferença no mundo. Sim, o pensamento é nobre e grandioso.

  • Flexibilidade, mesmo em setores tradicionais (McKinsey, 2022); lembre-se que estamos na era do Uber, com um carro e uma CNH você pode fazer dinheiro onde e por quanto tempo quiser,  sem chefe.

  • Ambientes colaborativos e inovadores; Isto é, o ganho de trabalhar não é apenas o salário no final do mês, é sentir que sua alma não ficou na empresa quando você foi embora.

  • Desenvolvimento constante de habilidades; De novo, o ganho não é apenas salario pelo tempo.

A cadeia leiteira, historicamente associada a rotinas rígidas, trabalhos manuais e ambientes rurais, precisa urgentemente reposicionar sua proposta de valor para competir com outras indústrias mais “digitais”.

2. Humanizar e digitalizar: um equilíbrio necessário

Embora ordenhas, inspeções de qualidade e operações logísticas demandem presença física, há oportunidades claras para incorporar tecnologias e práticas que ampliem a atratividade do setor:

  • Uso de tecnologias digitais no campo: sensores, internet das coisas (IoT), softwares de gestão de rebanhos e rastreabilidade permitem que o trabalho no campo se aproxime do perfil tech-savvy desejado por jovens profissionais (Embrapa, 2021). Em síntese,  sentir que faço parte de uma empresa operando em 2025 e não em 1960.

  • Flexibilização de papéis: setores istrativos, comerciais e de qualidade podem implementar práticas híbridas com dias de home office, sem comprometer a operação. Hierarquias rígidas e quadradas não ganham essa geração, definitivamente.

  • Gestão por propósito: destacar como a produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis impacta positivamente a sociedade aumenta o engajamento de equipes, segundo pesquisa do Instituto Gallup (2022).

3. Motivação por meio de valores contemporâneos

Outro fator de retenção está no alinhamento dos valores da empresa com os de seus profissionais. A demanda crescente por produtos com menos aditivos químicos e maior transparência na composição traz oportunidades estratégicas para a cadeia leiteira:

  • Empresas que investem em produtos clean label (rótulos limpos, com poucos ingredientes e mais naturais) não apenas respondem à demanda do consumidor, mas se tornam mais atrativas para profissionais que buscam propósito e inovação (Mintel, 2023).

  • Promover internamente esse posicionamento — por meio de treinamentos, campanhas e storytelling — ajuda a engajar talentos em torno de uma missão clara: oferecer alimentos mais saudáveis, seguros e sustentáveis.

4. Cooperativas como centros de inovação e inclusão

As cooperativas, com sua capilaridade e forte presença regional, podem liderar o movimento de transformação cultural, pois a proposta mais igualitária e socialmente correta dialoga completamente com as propostas dessa geração.

  • Criando programas de mentoria intergeracional, conectando profissionais experientes com jovens talentos.

  • Estimulando a educação contínua, em parceria com universidades, startups e hubs de inovação.

  • Desenvolvendo lideranças locais com foco em inovação, diversidade e sustentabilidade.

5. Comunicação e reputação: pilares para atrair talentos

Investir em marca empregadora (“employer branding”) é estratégico para o setor:

  • Mostrar o impacto real da cadeia leiteira no bem-estar nutricional das pessoas;

  • Comunicar a incorporação de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG);

  • Valorizar histórias reais de transformação de pessoas e comunidades por meio do leite.

Canais como redes sociais, vídeos curtos e experiências de imersão são poderosas ferramentas para atrair jovens profissionais com perfil digital. Lembre-se leitor que em levantamento feito pela GLASSDOOR, 85% dos candidatos desistem de aplicar a vagas em empresas com notas inferiores a 3,5. Interessante não?

Conclusão: mais que atrair, é preciso inspirar

Para manter sua competitividade no futuro, a cadeia leiteira deve ir além da remuneração. É preciso inspirar talentos com propósito, tecnologia, inovação e uma cultura organizacional alinhada aos valores contemporâneos. A busca por alimentos mais naturais não é apenas uma tendência de consumo, mas um caminho para renovar e fortalecer a relação entre profissionais e o setor.

Referências bibliográficas

Deloitte. Global Gen Z & Millennial Survey. 2023.

McKinsey & Company. The Great Attrition is making hiring harder. 2022.

Gallup. State of the Global Workplace. 2022.

Mintel. Clean Label 2023 Global Trends Report.

Embrapa. Tecnologias digitais na produção agropecuária. 2021.

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Braulio Paixão

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Hayla Fernandes

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Colunista MilkPoint. Falo sobre como o leite deveria estar no século 21. @leiteforadacaixa e @vacafelizoficial.

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Antonio Bovolento Jr.
ANTONIO BOVOLENTO JR.

SOROCABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/06/2025

Peço licença pra citar duas afirmações que o Miguel Cavalcanti fez na live sobre gestão de pessoas junto com o Marcelo Pereira de Carvalho no mês ado:

(sobre o "apagão" de mão-de-obra no campo)
"Você não tem um problema de mão-de-obra, você não tem um problema de contratação. Você tem um problema de liderança."

(sobre trabalhar com propósito)
"Orgulho de pertencer, sentir que faz parte, que trabalha em algo que é maior que você, sentir que está num lugar que te dá futuro"

Não dá mais (se é que algum dia deu...) pra fazer gestão de pessoas no estilo "senhor de engenho". Como eu ouvi de um produtor há algum tempo, a abordagem de recursos humanos tem que dar mais atenção à palavra "humanos" do que à palavra "recurso".

A parte complicada dessa transformação é que ela envolve (e é envolvida) por uma transformação cultural mais profunda, para a qual muita gente ainda mostra muita resistência.
Qual a sua dúvida hoje?

Como atrair e motivar talentos na cadeia leiteira em tempos de cultura digital

Como o setor leiteiro pode atrair e reter jovens talentos? Equilíbrio entre tecnologia, propósito, flexibilidade e inovação é chave para inspirar as novas gerações. Confira!

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O setor leiteiro tem enfrentado uma dupla transformação. De um lado, o desafio de reter talentos em um mundo cada vez mais digital e urbano. De outro: a pressão do consumidor por alimentos mais “naturais” com menos aditivos, conservantes e ingredientes artificiais,  movimento conhecido como back to the origins. Diante disso, como tornar a cadeia do leite — que ainda exige forte presença física — atraente para os profissionais das novas gerações?

1. Entendendo o novo perfil de talento

Estudos apontam que jovens profissionais (especialmente da geração Z e millennials) valorizam cada vez mais:

  • Propósito e impacto social do trabalho (Deloitte, 2023); ou seja, quero trabalhar onde faça sentido para meus valores e onde eu faça a diferença no mundo. Sim, o pensamento é nobre e grandioso.

  • Flexibilidade, mesmo em setores tradicionais (McKinsey, 2022); lembre-se que estamos na era do Uber, com um carro e uma CNH você pode fazer dinheiro onde e por quanto tempo quiser,  sem chefe.

  • Ambientes colaborativos e inovadores; Isto é, o ganho de trabalhar não é apenas o salário no final do mês, é sentir que sua alma não ficou na empresa quando você foi embora.

  • Desenvolvimento constante de habilidades; De novo, o ganho não é apenas salario pelo tempo.

A cadeia leiteira, historicamente associada a rotinas rígidas, trabalhos manuais e ambientes rurais, precisa urgentemente reposicionar sua proposta de valor para competir com outras indústrias mais “digitais”.

2. Humanizar e digitalizar: um equilíbrio necessário

Embora ordenhas, inspeções de qualidade e operações logísticas demandem presença física, há oportunidades claras para incorporar tecnologias e práticas que ampliem a atratividade do setor:

  • Uso de tecnologias digitais no campo: sensores, internet das coisas (IoT), softwares de gestão de rebanhos e rastreabilidade permitem que o trabalho no campo se aproxime do perfil tech-savvy desejado por jovens profissionais (Embrapa, 2021). Em síntese,  sentir que faço parte de uma empresa operando em 2025 e não em 1960.

  • Flexibilização de papéis: setores istrativos, comerciais e de qualidade podem implementar práticas híbridas com dias de home office, sem comprometer a operação. Hierarquias rígidas e quadradas não ganham essa geração, definitivamente.

  • Gestão por propósito: destacar como a produção de alimentos mais saudáveis e sustentáveis impacta positivamente a sociedade aumenta o engajamento de equipes, segundo pesquisa do Instituto Gallup (2022).

3. Motivação por meio de valores contemporâneos

Outro fator de retenção está no alinhamento dos valores da empresa com os de seus profissionais. A demanda crescente por produtos com menos aditivos químicos e maior transparência na composição traz oportunidades estratégicas para a cadeia leiteira:

  • Empresas que investem em produtos clean label (rótulos limpos, com poucos ingredientes e mais naturais) não apenas respondem à demanda do consumidor, mas se tornam mais atrativas para profissionais que buscam propósito e inovação (Mintel, 2023).

  • Promover internamente esse posicionamento — por meio de treinamentos, campanhas e storytelling — ajuda a engajar talentos em torno de uma missão clara: oferecer alimentos mais saudáveis, seguros e sustentáveis.

4. Cooperativas como centros de inovação e inclusão

As cooperativas, com sua capilaridade e forte presença regional, podem liderar o movimento de transformação cultural, pois a proposta mais igualitária e socialmente correta dialoga completamente com as propostas dessa geração.

  • Criando programas de mentoria intergeracional, conectando profissionais experientes com jovens talentos.

  • Estimulando a educação contínua, em parceria com universidades, startups e hubs de inovação.

  • Desenvolvendo lideranças locais com foco em inovação, diversidade e sustentabilidade.

5. Comunicação e reputação: pilares para atrair talentos

Investir em marca empregadora (“employer branding”) é estratégico para o setor:

  • Mostrar o impacto real da cadeia leiteira no bem-estar nutricional das pessoas;

  • Comunicar a incorporação de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG);

  • Valorizar histórias reais de transformação de pessoas e comunidades por meio do leite.

Canais como redes sociais, vídeos curtos e experiências de imersão são poderosas ferramentas para atrair jovens profissionais com perfil digital. Lembre-se leitor que em levantamento feito pela GLASSDOOR, 85% dos candidatos desistem de aplicar a vagas em empresas com notas inferiores a 3,5. Interessante não?

Conclusão: mais que atrair, é preciso inspirar

Para manter sua competitividade no futuro, a cadeia leiteira deve ir além da remuneração. É preciso inspirar talentos com propósito, tecnologia, inovação e uma cultura organizacional alinhada aos valores contemporâneos. A busca por alimentos mais naturais não é apenas uma tendência de consumo, mas um caminho para renovar e fortalecer a relação entre profissionais e o setor.

Referências bibliográficas

Deloitte. Global Gen Z & Millennial Survey. 2023.

McKinsey & Company. The Great Attrition is making hiring harder. 2022.

Gallup. State of the Global Workplace. 2022.

Mintel. Clean Label 2023 Global Trends Report.

Embrapa. Tecnologias digitais na produção agropecuária. 2021.

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EM 04/06/2025

Peço licença pra citar duas afirmações que o Miguel Cavalcanti fez na live sobre gestão de pessoas junto com o Marcelo Pereira de Carvalho no mês ado:

(sobre o "apagão" de mão-de-obra no campo)
"Você não tem um problema de mão-de-obra, você não tem um problema de contratação. Você tem um problema de liderança."

(sobre trabalhar com propósito)
"Orgulho de pertencer, sentir que faz parte, que trabalha em algo que é maior que você, sentir que está num lugar que te dá futuro"

Não dá mais (se é que algum dia deu...) pra fazer gestão de pessoas no estilo "senhor de engenho". Como eu ouvi de um produtor há algum tempo, a abordagem de recursos humanos tem que dar mais atenção à palavra "humanos" do que à palavra "recurso".

A parte complicada dessa transformação é que ela envolve (e é envolvida) por uma transformação cultural mais profunda, para a qual muita gente ainda mostra muita resistência.
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