A decisão sobre qual sêmen utilizar hoje moldará o rebanho nos próximos anos, e uma escolha equivocada pode impactar o futuro do seu negócio. O planejamento genético é um o importante para direcionar a produção de leite da fazenda a médio e longo prazo.
A genética tem efeito cumulativo, o que significa que uma estratégia genética bem estruturada permite que o produtor tenha uma evolução genética maior e mais rápida dentro do seu rebanho. Por outro lado, a utilização de um touro de qualidade inferior pode não apenas produzir indivíduos ruins, mas também perpetuar essas características indesejáveis nas futuras gerações.
Estruturar e implementar um planejamento genético eficaz pode ser desafiador, mas é essencial para garantir o sucesso. Para isso, é preciso definir claramente os objetivos, saber onde se quer chegar, conhecer o rebanho atual, buscar ajuda especializada e, sobretudo, ser consistente na execução do plano.
Segundo a doutora e professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Ricarda Maria dos Santos, o primeiro desafio na implementação de um plano genético é projetar o futuro e visualizar como você gostaria que sua atividade estivesse em 5, 10 anos em termos de produção, instalações, tamanho do rebanho, manejo e mercado.
“A vaca do futuro é construída hoje. Saber em quais instalações esses animais irão viver, qual será a produção de leite diária desejada, quais serão as instalações de ordenha e qual a disponibilidade de comida para esses animais são informações importantes para a construção da vaca ideal que será construída para cada rebanho.”, explica Ricarda.
O segundo desafio é avaliar o estado atual do rebanho geneticamente, identificando pontos fortes e fracos que possam ser trabalhados e melhorados para as próximas gerações. O terceiro e maior desafio é a consistência.
Ricarda observa que, “muitos produtores mudam de opinião ao longo de um mesmo ano. Alguns começam a fazer o que o seu vizinho está fazendo, usam o “touro” da moda, em momentos de crise na atividade deixam de seguir o plano e de investir na genética. Mas cada fazenda e rebanho tem suas particularidades, por isso é importante ter um plano, ter o foco e segui-lo, medindo sempre como está sendo a evolução e realizar ajustes caso sejam necessários.”
Retorno econômico
O custo de produzir e criar um animal geneticamente inferior é o mesmo de um animal geneticamente superior, mas o retorno econômico que o animal geneticamente superior proporcionará é significativamente maior. A genética pode ajudar a produzir animais mais produtivos, que permanecerão no rebanho por mais tempo, produzindo leite sem precisarem de grandes intervenções em termos de saúde e reprodução.
Além das características ligadas à produção de leite e sólidos, é possível selecionar animais mais saudáveis e longevos, que terão uma reprodução mais eficiente. A genética também pode melhorar a conformação dos animais, reduzindo a necessidade de descarte devido a problemas como, por exemplo, a má conformação do úbere.
A atividade leiteira tem evoluído rapidamente em termos de manejo e instalações. À medida que melhoramos as condições em que as vacas vivem, a genética pode se expressar de forma mais plena, tornando mais visível e tangível para o produtor o retorno do investimento em melhoramento genético.
Como alcançar sucesso no planejamento genético?
Para Ricarda,o sucesso no planejamento genético começa com a clareza dos objetivos futuros dentro da atividade e com o apoio de um consultor especializado. “É muito importante buscar ajuda especializada em genética. O consultor em genética ajudará a identificar o perfil genético do rebanho atual e a desenvolver um plano genético para o futuro em conjunto com o produtor. Hoje, a disponibilidade de ferramentas e touros é muito grande, e muitas vezes o produtor fica perdido sobre o que fazer e como utilizar. Muitos ficam envolvidos no operacional do dia a dia da fazenda e não possuem o tempo e o conhecimento específico para elaborar um plano e estratégia genética. A ajuda especializada diminui muito a chance de tomada de decisões erradas.”
Outro ponto importante é decidir quais ferramentas podem e serão utilizadas dentro do processo de cada propriedade como programas de acasalamento, sêmen sexado, embriões, genética de corte em vacas de leite.
O sucesso no planejamento genético exige uma combinação de visão de longo prazo, conhecimento do rebanho, auxílio especializado e, acima de tudo, consistência. O investimento em genética não deve ser visto como um custo, mas como uma estratégia essencial para o futuro da fazenda.
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