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Custos alimentares e custos não alimentares: gargalos e estratégias

Entenda como a relação entre custos alimentares e não alimentares afeta a rentabilidade das fazendas leiteiras e os caminhos para melhorar resultados.

Publicado por: vários autores

Publicado em: - 6 minutos de leitura

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É indiscutível a importância de gerenciar bem os custos de produção na atividade leiteira, como discutido intensamente nos últimos estudos divulgados pela parceria da Labor Rural e a Embrapa Gado de Leite aqui na MilkPoint. Neste sentido, é fundamental entender a composição dos custos de produção da propriedade, sejam eles custos com alimentação ou não, e sua relação com os demais indicadores técnicos e econômicos, especialmente sob o ponto de vista da rentabilidade do negócio.

Para esta avaliação, utilizou-se o banco de dados de centenas de fazendas, gerenciado pela Labor Rural, para o período de janeiro/2023 a dezembro/2023. Todos os dados econômicos foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de outubro de 2024. 

Para entender as relações dos componentes de custos e indicadores, realizou-se uma análise de quadrantes, que divide a amostra em quatro grupos em função da mediana de determinados indicadores. Neste caso, usamos os custos alimentares (R$/litro) no eixo X e os custos não alimentares (R$/litro) no eixo Y, que representa o custo operacional total descontado os custos com alimentação. Além disso, as fazendas também foram classificadas em função do resultado da rentabilidade, medida pela taxa de remuneração do capital com terra (%), e divididas em três estratos: 25% mais rentáveis, 50% intermediárias em rentabilidade e 25% menos rentáveis.

O quadrante 1 (Q1) contempla as propriedades com custos alimentares acima da mediana (R$ 1,36/litro) e com custos não alimentares também acima da mediana (R$ 0,84/litro). Neste quadrante, 64% das propriedades estão entre as menos rentáveis, 30% entre as intermediárias em rentabilidade e 6% entre as mais rentáveis.

No quadrante 2 (Q2), que são as fazendas com custos alimentares abaixo de R$ 1,36/litro, mas com custos não alimentares acima de R$ 0,84/litro, 23% das propriedades estão entre as menos rentáveis, 58% entre as intermediárias em rentabilidade e 19% entre as mais rentáveis.

O quadrante 3 (Q3) possui as propriedades com custos alimentares abaixo de R$ 1,36/litro e com custos não alimentares abaixo de R$ 0,84/litro. Neste quadrante, todas propriedades estão nos estratos de fazendas mais rentáveis (51% das fazendas) ou intermediárias em rentabilidade (49% das fazendas).

Por fim, no quadrante 4 (Q4), que são as fazendas com custos alimentares acima de R$ 1,36/litro, mas com custos não alimentares abaixo de R$ 0,84/litro, 15% das propriedades estão entre as menos rentáveis, 61% entre as intermediárias em rentabilidade e 24% entre as mais rentáveis. 

Neste estudo as fazendas do Q2 ou Q4, que são quadrantes bem heterogêneos quanto à distribuição dos estratos, foram desconsideradas da avaliação, que visa aprofundar o entendimento sobre o Q1 e Q3 - os quais somados representam cerca de 50% do banco de dados. A figura 1 demonstra graficamente as fazendas que serão avaliadas, em seus respectivos quadrantes e estratos de rentabilidade.

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Figura 1. Quadrantes de custos alimentares (R$/litro) e custos não alimentares (R$/litro), coloridos pelos estratos de rentabilidade (dados deflacionados para outubro de 2024).

Quadrantes de custos alimentares (R$/litro) e custos não alimentares (R$/litro), coloridos pelos estratos de rentabilidade (dados deflacionados para outubro de 2024).

 

A tabela 1 possui os resultados médios das fazendas menos rentáveis posicionadas no Q1, das fazendas intermediárias em rentabilidade também posicionadas no Q1, das fazendas intermediárias em rentabilidade posicionadas no Q3 e das fazendas mais rentáveis que estão posicionadas no Q3. Por meio da comparação estatística, representada pelas letras, percebe-se várias diferenças e semelhanças importantes, que serão discutidas na sequência.

Tabela 1. Indicadores técnicos e econômicos de produtores com baixa rentabilidade, por estrato de volume em MG, em 2023 (dados deflacionados para outubro de 2024).

Indicadores técnicos e econômicos de produtores com baixa rentabilidade, por estrato de volume em MG, em 2023 (dados deflacionados para outubro de 2024).
Fonte: Labor Rural/Embrapa Gado de Leite. Letras diferentes na mesma linha da tabela indicam diferenças significativas a 10% pelo teste de Tukey.

 

Quadrante 3: custos alimentares e não alimentares equilibrados

Já no Q3, o desafio das fazendas intermediárias em rentabilidade é diferente. Veja que, em média, essas fazendas já possuem custos equilibrados, tanto quanto as fazendas mais rentáveis do mesmo quadrante, mas algumas semelhanças com as fazendas menos rentáveis do Q1 impedem a melhoria da rentabilidade. O principal ponto, é que a produção e produtividade das vacas é mais baixa, ou seja, essas fazendas precisam obter ganho em escala, que é o sinônimo de aumentar a produção e produtividade com eficiência. Vale ressaltar que não basta aumentar a produção a qualquer custo, pois pode ser desastroso e prejudicar seus custos médios.

Este resultado inferior de produção e produtividade das vacas faz com que a eficiência do uso da terra e a eficiência do uso dos recursos como um todo sejam tão baixas quanto das fazendas menos rentáveis do Q1. Além disso, em termos de estrutura de rebanho essas fazendas também são semelhantes às fazendas inferiores do Q1, sendo um ponto de atenção. O preço do leite dessas fazendas intermediárias do Q3 é mais baixo e semelhante ao das fazendas inferiores do Q1, mas as fazendas intermediárias conseguem uma margem líquida praticamente 200% superior, visto seus custos mais equilibrados. Isso reforça o que falamos insistentemente: o preço do leite é importante, mas não é o principal definidor do sucesso da atividade leiteira. 

Quadrante 1: custos alimentares e não alimentares desequilibrados

As fazendas do Q1, que mesmo com custos alimentares e não alimentares desequilibrados, conseguem se posicionar entre as intermediárias em rentabilidade, possuem algumas características que chamam atenção. Veja que em termos de custos de produção, embora estejam no mesmo quadrante, possuem custos melhores do que as fazendas menos rentáveis do quadrante. Um dos motivos para isso é que essas fazendas intermediárias possuem produção e produtividade das vacas superior, semelhante ao resultado das fazendas mais rentáveis que estão no Q3. Além disso, essas fazendas também possuem estrutura de rebanho melhores, também semelhante às fazendas mais rentáveis do Q3.

Estes fatores citados acima colaboram para que essas fazendas sejam mais eficientes no uso da terra e mais eficientes no uso do estoque de capital como um todo, que inclusive possuem resultados semelhantes aos das fazendas mais rentáveis do Q3. Estes pontos, atrelado ao maior preço do leite recebido por essas fazendas, possivelmente atrelado às bonificações de volume, fazem com que essas fazendas operem com margem positiva. Esse conjunto de fatores fazem com que essas fazendas, em média, consigam ser viáveis economicamente, mas não são atrativas economicamente, visto a baixa rentabilidade.

Visto que essas fazendas intermediárias posicionadas no Q1 possuem algumas semelhanças com as melhores fazendas do Q3, é nítido que possuem potencial para serem economicamente viáveis, mas precisam melhorar seus custos alimentares (por meio da realização de compras estratégicas, avaliar a viabilidade de uso de alimentos alternativos, reduzir eventuais desperdícios e perdas de alimentos, dentre outros fatores) e também seus custos não alimentares (avaliar de maquinário, rever processos para evitar desperdícios de tempo da mão de obra, não superdimensionar investimentos que irão aumentar desproporcionalmente a depreciação, dentre outros fatores).

Veja que as fazendas intermediárias do Q1 possuem custos alimentares unitários 22% maior que o das fazendas mais rentáveis do Q3, enquanto a diferença nos custos não alimentares é de 40%. É importante entender essa diferença mais acentuada em custos não alimentares, que em geral são diluídos pelo ganho em escala de produção, mesmo aqueles considerados custos operacionais efetivos.

Como dito constantemente pela Labor Rural, “os custos de produção são como impressões digitais, ou seja, cada fazenda tem o seu”. Além disso, é importante ressaltar que o sucesso econômico de qualquer negócio está alicerçado no tripé “preço de venda + custos de produção equilibrados + escala de produção adequada”. Por isso, é fundamental que o produtor compreenda os eventuais gargalos da sua operação e, junto com uma boa assistência técnica, gerencial e sustentável, trace estratégias rumo a uma maior atratividade econômica para o seu negócio. 

 

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Autores:

Andreza de Fátima Martins – Analista de Dados da Labor Rural

Christiano Nascif – Diretor da Labor Rural

Giovani da Costa Caetano – Coordenador de Inteligência de Dados da Labor Rural

Glauco Rodrigues Carvalho – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

William Heleno Mariano – Analista de Dados da Labor Rural

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Material escrito por:

Glauco Rodrigues Carvalho

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Andreza de Fátima Martins

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Giovani da Costa Caetano

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William Heleno Mariano

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HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA
HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2025

Obrigado pelo artigo. Esse tipo de artigo sempre nos traz boas referências para avaliações de desempenho de sistemas de produção, para elaboração de projetos de melhorias nos sistemas e até mesmo para elaborar novos projetos.

Gostaria de perguntar para conferir se meu entendimento estaria correto:

CUSTOS ALIMENTARES (R$/l), seriam os gastos totais de alimentação do sistema de produção (todas as categorias animais) divididos pela produção total da produção de leite no período? Confere?

Seria interessante começarmos a estratificar ao menos os custos alimentares das vacas em lactação do custo alimentar das outras categorias animais.

Mais uma vez, grato pela análise.
William Heleno Mariano
WILLIAM HELENO MARIANO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2025

Henrique, boa tarde!

Obrigado pelo retorno! Ficamos satisfeitos em estar sempre contribuindo.

Exatamente, seriam todos os custos com alimentação, de todos alimentos, de todas as categorias dentro de um ano, dividido pela produção anual de leite.

Sobre a sugestão de começarmos a estratificar a avaliação para custos com alimentação das vacas em lactação em relação a outras categorias, sem dúvidas é importante, visto a importância desta parte dos custos alimentares no custo com alimentação como um todo, além de conseguir entender gargalos relacionados à estrutura de rebanho. Muitas vezes o custo alimentar pode estar elevado não devido ao custo das vacas em lactação, mas sim das demais categorias. Em breve teremos análises deste tipo.
Qual a sua dúvida hoje?

Custos alimentares e custos não alimentares: gargalos e estratégias

Entenda como a relação entre custos alimentares e não alimentares afeta a rentabilidade das fazendas leiteiras e os caminhos para melhorar resultados.

Publicado por: vários autores

Publicado em: - 6 minutos de leitura

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É indiscutível a importância de gerenciar bem os custos de produção na atividade leiteira, como discutido intensamente nos últimos estudos divulgados pela parceria da Labor Rural e a Embrapa Gado de Leite aqui na MilkPoint. Neste sentido, é fundamental entender a composição dos custos de produção da propriedade, sejam eles custos com alimentação ou não, e sua relação com os demais indicadores técnicos e econômicos, especialmente sob o ponto de vista da rentabilidade do negócio.

Para esta avaliação, utilizou-se o banco de dados de centenas de fazendas, gerenciado pela Labor Rural, para o período de janeiro/2023 a dezembro/2023. Todos os dados econômicos foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de outubro de 2024. 

Para entender as relações dos componentes de custos e indicadores, realizou-se uma análise de quadrantes, que divide a amostra em quatro grupos em função da mediana de determinados indicadores. Neste caso, usamos os custos alimentares (R$/litro) no eixo X e os custos não alimentares (R$/litro) no eixo Y, que representa o custo operacional total descontado os custos com alimentação. Além disso, as fazendas também foram classificadas em função do resultado da rentabilidade, medida pela taxa de remuneração do capital com terra (%), e divididas em três estratos: 25% mais rentáveis, 50% intermediárias em rentabilidade e 25% menos rentáveis.

O quadrante 1 (Q1) contempla as propriedades com custos alimentares acima da mediana (R$ 1,36/litro) e com custos não alimentares também acima da mediana (R$ 0,84/litro). Neste quadrante, 64% das propriedades estão entre as menos rentáveis, 30% entre as intermediárias em rentabilidade e 6% entre as mais rentáveis.

No quadrante 2 (Q2), que são as fazendas com custos alimentares abaixo de R$ 1,36/litro, mas com custos não alimentares acima de R$ 0,84/litro, 23% das propriedades estão entre as menos rentáveis, 58% entre as intermediárias em rentabilidade e 19% entre as mais rentáveis.

O quadrante 3 (Q3) possui as propriedades com custos alimentares abaixo de R$ 1,36/litro e com custos não alimentares abaixo de R$ 0,84/litro. Neste quadrante, todas propriedades estão nos estratos de fazendas mais rentáveis (51% das fazendas) ou intermediárias em rentabilidade (49% das fazendas).

Por fim, no quadrante 4 (Q4), que são as fazendas com custos alimentares acima de R$ 1,36/litro, mas com custos não alimentares abaixo de R$ 0,84/litro, 15% das propriedades estão entre as menos rentáveis, 61% entre as intermediárias em rentabilidade e 24% entre as mais rentáveis. 

Neste estudo as fazendas do Q2 ou Q4, que são quadrantes bem heterogêneos quanto à distribuição dos estratos, foram desconsideradas da avaliação, que visa aprofundar o entendimento sobre o Q1 e Q3 - os quais somados representam cerca de 50% do banco de dados. A figura 1 demonstra graficamente as fazendas que serão avaliadas, em seus respectivos quadrantes e estratos de rentabilidade.

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Figura 1. Quadrantes de custos alimentares (R$/litro) e custos não alimentares (R$/litro), coloridos pelos estratos de rentabilidade (dados deflacionados para outubro de 2024).

Quadrantes de custos alimentares (R$/litro) e custos não alimentares (R$/litro), coloridos pelos estratos de rentabilidade (dados deflacionados para outubro de 2024).

 

A tabela 1 possui os resultados médios das fazendas menos rentáveis posicionadas no Q1, das fazendas intermediárias em rentabilidade também posicionadas no Q1, das fazendas intermediárias em rentabilidade posicionadas no Q3 e das fazendas mais rentáveis que estão posicionadas no Q3. Por meio da comparação estatística, representada pelas letras, percebe-se várias diferenças e semelhanças importantes, que serão discutidas na sequência.

Tabela 1. Indicadores técnicos e econômicos de produtores com baixa rentabilidade, por estrato de volume em MG, em 2023 (dados deflacionados para outubro de 2024).

Indicadores técnicos e econômicos de produtores com baixa rentabilidade, por estrato de volume em MG, em 2023 (dados deflacionados para outubro de 2024).
Fonte: Labor Rural/Embrapa Gado de Leite. Letras diferentes na mesma linha da tabela indicam diferenças significativas a 10% pelo teste de Tukey.

 

Quadrante 3: custos alimentares e não alimentares equilibrados

Já no Q3, o desafio das fazendas intermediárias em rentabilidade é diferente. Veja que, em média, essas fazendas já possuem custos equilibrados, tanto quanto as fazendas mais rentáveis do mesmo quadrante, mas algumas semelhanças com as fazendas menos rentáveis do Q1 impedem a melhoria da rentabilidade. O principal ponto, é que a produção e produtividade das vacas é mais baixa, ou seja, essas fazendas precisam obter ganho em escala, que é o sinônimo de aumentar a produção e produtividade com eficiência. Vale ressaltar que não basta aumentar a produção a qualquer custo, pois pode ser desastroso e prejudicar seus custos médios.

Este resultado inferior de produção e produtividade das vacas faz com que a eficiência do uso da terra e a eficiência do uso dos recursos como um todo sejam tão baixas quanto das fazendas menos rentáveis do Q1. Além disso, em termos de estrutura de rebanho essas fazendas também são semelhantes às fazendas inferiores do Q1, sendo um ponto de atenção. O preço do leite dessas fazendas intermediárias do Q3 é mais baixo e semelhante ao das fazendas inferiores do Q1, mas as fazendas intermediárias conseguem uma margem líquida praticamente 200% superior, visto seus custos mais equilibrados. Isso reforça o que falamos insistentemente: o preço do leite é importante, mas não é o principal definidor do sucesso da atividade leiteira. 

Quadrante 1: custos alimentares e não alimentares desequilibrados

As fazendas do Q1, que mesmo com custos alimentares e não alimentares desequilibrados, conseguem se posicionar entre as intermediárias em rentabilidade, possuem algumas características que chamam atenção. Veja que em termos de custos de produção, embora estejam no mesmo quadrante, possuem custos melhores do que as fazendas menos rentáveis do quadrante. Um dos motivos para isso é que essas fazendas intermediárias possuem produção e produtividade das vacas superior, semelhante ao resultado das fazendas mais rentáveis que estão no Q3. Além disso, essas fazendas também possuem estrutura de rebanho melhores, também semelhante às fazendas mais rentáveis do Q3.

Estes fatores citados acima colaboram para que essas fazendas sejam mais eficientes no uso da terra e mais eficientes no uso do estoque de capital como um todo, que inclusive possuem resultados semelhantes aos das fazendas mais rentáveis do Q3. Estes pontos, atrelado ao maior preço do leite recebido por essas fazendas, possivelmente atrelado às bonificações de volume, fazem com que essas fazendas operem com margem positiva. Esse conjunto de fatores fazem com que essas fazendas, em média, consigam ser viáveis economicamente, mas não são atrativas economicamente, visto a baixa rentabilidade.

Visto que essas fazendas intermediárias posicionadas no Q1 possuem algumas semelhanças com as melhores fazendas do Q3, é nítido que possuem potencial para serem economicamente viáveis, mas precisam melhorar seus custos alimentares (por meio da realização de compras estratégicas, avaliar a viabilidade de uso de alimentos alternativos, reduzir eventuais desperdícios e perdas de alimentos, dentre outros fatores) e também seus custos não alimentares (avaliar de maquinário, rever processos para evitar desperdícios de tempo da mão de obra, não superdimensionar investimentos que irão aumentar desproporcionalmente a depreciação, dentre outros fatores).

Veja que as fazendas intermediárias do Q1 possuem custos alimentares unitários 22% maior que o das fazendas mais rentáveis do Q3, enquanto a diferença nos custos não alimentares é de 40%. É importante entender essa diferença mais acentuada em custos não alimentares, que em geral são diluídos pelo ganho em escala de produção, mesmo aqueles considerados custos operacionais efetivos.

Como dito constantemente pela Labor Rural, “os custos de produção são como impressões digitais, ou seja, cada fazenda tem o seu”. Além disso, é importante ressaltar que o sucesso econômico de qualquer negócio está alicerçado no tripé “preço de venda + custos de produção equilibrados + escala de produção adequada”. Por isso, é fundamental que o produtor compreenda os eventuais gargalos da sua operação e, junto com uma boa assistência técnica, gerencial e sustentável, trace estratégias rumo a uma maior atratividade econômica para o seu negócio. 

 

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Autores:

Andreza de Fátima Martins – Analista de Dados da Labor Rural

Christiano Nascif – Diretor da Labor Rural

Giovani da Costa Caetano – Coordenador de Inteligência de Dados da Labor Rural

Glauco Rodrigues Carvalho – Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

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EM 09/01/2025

Obrigado pelo artigo. Esse tipo de artigo sempre nos traz boas referências para avaliações de desempenho de sistemas de produção, para elaboração de projetos de melhorias nos sistemas e até mesmo para elaborar novos projetos.

Gostaria de perguntar para conferir se meu entendimento estaria correto:

CUSTOS ALIMENTARES (R$/l), seriam os gastos totais de alimentação do sistema de produção (todas as categorias animais) divididos pela produção total da produção de leite no período? Confere?

Seria interessante começarmos a estratificar ao menos os custos alimentares das vacas em lactação do custo alimentar das outras categorias animais.

Mais uma vez, grato pela análise.
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Henrique, boa tarde!

Obrigado pelo retorno! Ficamos satisfeitos em estar sempre contribuindo.

Exatamente, seriam todos os custos com alimentação, de todos alimentos, de todas as categorias dentro de um ano, dividido pela produção anual de leite.

Sobre a sugestão de começarmos a estratificar a avaliação para custos com alimentação das vacas em lactação em relação a outras categorias, sem dúvidas é importante, visto a importância desta parte dos custos alimentares no custo com alimentação como um todo, além de conseguir entender gargalos relacionados à estrutura de rebanho. Muitas vezes o custo alimentar pode estar elevado não devido ao custo das vacas em lactação, mas sim das demais categorias. Em breve teremos análises deste tipo.
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