Por Pedro Gustavo Loesia Lima
Doutorando em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá - UEM
Dr. Ferenc Istvan Bánkuti e Dr. Julio Cesar Damasceno
Professores da Universidade Estadual de Maringá - UEM
O Brasil é um grande produtor de leite. Entretanto, a produtividade das vacas é baixa, estimada em 1.963 litros de leite/ano. Em 2017 foram produzidos mais de 30 bilhões de litros de leite no Brasil, posicionando o país como o terceiro maior produtor mundial (IBGE, 2018).
Na produção de grãos, o Brasil também se destaca como um dos maiores produtores mundiais. A produção brasileira de milho e soja foi respectivamente de 80 e 115 milhões de toneladas na safra 2017/18 (SEAB, 2018).
Estudos têm demonstrado que a utilização de grãos na alimentação de vacas leiteiras pode trazer incrementos de produtividade por animal e por área. Desta forma, esperava-se grande sinergia entre essas duas cadeias produtivas, fato este nem sempre observado nos sistemas de produção de leite no Brasil.
Na tentativa de entender melhor a baixa oferta de grãos para vacas em lactação, alguns fatores têm sido considerados. O primeiro fator é o padrão genético dos animais em produção. Produtores de leite que possuem rebanhos mais homogêneos, composto por animais com maior aptidão leiteira, tendem a utilizar maior quantidade de grãos na dieta de vacas em lactação. A maior quantidade de grãos é justificada pelo potencial de resposta desses animais.
O segundo fator que pode explicar a maior oferta de grãos para vacas em lactação é a relação do produtor rural com a indústria compradora de leite. Produtores de leite que possuem menor capacidade de negociação do valor do leite com a indústria, seja por critérios de qualidade ou volume de produção, tendem a ofertar menor quantidade de concentrado para as vacas em lactação. O baixo poder de negociação parece desestimular investimentos no sistema produtivo, tanto para melhoria da qualidade do leite, quanto para aumento do volume de produção.
O terceiro fator é a gestão do sistema produtivo. Produtores que fazem a gestão de custos e o controle zootécnico do rebanho, tais como, anotações sobre a incidência de cio e cobertura das vacas, controle leiteiro entre outros, tendem a ofertar maior quantidade de grãos para as vacas em lactação. Neste caso, por fazerem eficiente controle de custos, percebem que os investimentos financeiros necessários para maior oferta de grãos para as vacas em lactação, resultam em melhores retornos econômicos.
Desta forma, investimentos em genética, estabelecimento de boa relação com o comprador de leite e eficiente controle de custos, podem ser fatores que explicam o maior uso de concentrado para vacas em lactação. Tais condições são quase sempre encontradas em produtores mais especializados na produção de leite e que utilizam tecnologias mais atuais de controle e produção.
Referências bibliográficas
IBGE. 2018. Instituto brasileiro de geografia e estatística - Produção da Pecuária Municipal 2017 45:1–9.
SEAB. 2018. Secretaria de Estado Da Agricultura e Do Abastecimento. Accessed. http://www.agricultura.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=137.