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Identificação de bovinos: métodos e impactos na gestão

Diferentes métodos de identificação bovina impactam o manejo, a saúde animal e a segurança alimentar, descubra a melhor estratégia para seu rebanho!

Publicado em: - 6 minutos de leitura

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A identificação de bovinos é fundamental para o controle zootécnico e sanitário de rebanhos, desempenhando um papel crucial na gestão de saúde animal e segurança alimentar.

Por meio de técnicas de identificação e registros eficientes, é possível acompanhar a origem e o histórico de movimentação dos animais, identificar a fonte de doenças e controlar surtos, garantir que cada animal receba o manejo sanitário adequado, como vacinas, vermifugações e tratamentos, evitando erros e omissões. Além disso, facilita a separação de animais recém-adquiridos ou suspeitos de doenças, minimizando o risco de transmissão para o restante do rebanho e possibilita a emissão de certificados sanitários para comercialização e exportação, atendendo às exigências de mercados que priorizam a saúde animal.

A identificação eficaz contribui para o manejo da propriedade, na prevenção e controle de doenças, para reduzir perdas econômicas e garantir a qualidade dos produtos de origem animal, protegendo tanto os produtores quanto os consumidores. A falta ou a ineficiência de identificação dos animais ainda é algo extremamente presente nos rebanhos brasileiros, o que dificulta o manejo no dia a dia das propriedades e a efetividade do trabalho dos diversos profissionais da área, como médicos veterinários e zootecnistas. Atualmente, há uma variedade de métodos para tal função, mas será que algum se apresenta mais eficiente ou adequado?

A seguir estão listados alguns dos métodos mais utilizados e sínteses de suas vantagens e desvantagens, com o objetivo de auxiliá-los a chegarem às suas próprias conclusões.

  • Tatuagem

Consiste na introdução de tinta na pele por meio de um dispositivo com agulhas que perfura a pele em um padrão específico (geralmente números ou letras). Método de fácil aplicação, de custo relativamente baixo, sem necessidade de tecnologia avançada, que perdura por toda a vida do animal, se realizado corretamente, além de ser aceita para rastreio em programas de saúde animal e controle de rebanhos.

Se comparada com outros métodos (como métodos eletrônicos), sua principal desvantagem é a dificuldade de leitura do código por ser tatuado na parte interna da orelha, principalmente em bovinos de pele escura, também exige uma maior contenção do animal e ainda, contém menos informações. Normalmente, é associada a outro método, com visualização mais evidente.

  • Brincos de identificação

Consiste na aplicação de brincos numerados ou com códigos, fixados nas orelhas dos animais, sendo um dos métodos mais utilizados, principalmente pela facilidade de aplicação e boa visibilidade. Os brincos podem conter várias informações, como número de identificação, rebanho, idade e até códigos QR para uso com dispositivos digitais. Entretanto, apresentam um relevante ponto negativo, a dificuldade na retenção dos brincos a longo prazo, acarretando na perda da identificação dos animais e na ocorrência de lacerações das orelhas. Além disso, sua cicatrização um pouco mais demorada aumenta as chances do desenvolvimento de miíases no local.

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Tais questões podem ser evitadas com a utilização de materiais de qualidade, adoção de procedimentos corretos durante e após a aplicação, considerando a cura da ferida e, associação com técnicas permanentes para garantir maior eficácia na permanência da identificação.

  • Marcação a fogo

Consiste em aplicar uma marca quente sobre a pele do animal, criando uma cicatriz permanente em locais visíveis como a anca ou coxa. Foi amplamente difundida pela facilidade de manejo, durabilidade e boa visualização, inclusive à distância, sendo útil para controle na propriedade e segurança contra roubo de animais. Porém, não é aconselhada considerando o bem-estar animal, já que é um método invasivo que causa dor e estresse ao animal, além da ferida poder se complicar com infecções ou outros problemas de pele. Consequentemente, a prática possui um maior risco de afetar a produção do animal, já que dor e estresse reduzem produção de leite e afetam o ganho de peso.

A marcação a fogo vem sendo substituída por métodos mais modernos e menos agressivos, especialmente em sistemas de produção que priorizam o bem-estar animal.

  • Marcação a frio

É uma técnica de identificação em bovinos que utiliza nitrogênio líquido ou gelo seco para resfriar uma marca, que ao ser aplicada sobre a pele do animal provoca uma despigmentação clara e visível no local , sendo utilizada como alternativa para a marcação a fogo, pois possui qualidades semelhantes como a durabilidade. Se comparada à marcação a fogo, a maior vantagem é ser menos dolorosa e agressiva para o animal. A marca se torna clara, destacando-se em animais de pelagem escura facilitando a identificação a distância, mas tem visualização mais limitada em animais de pelagem clara.

Requer equipamentos específicos, elevando o custo e sendo menos prático em algumas regiões, além de a técnica requerer cuidado e precisão para não danificar excessivamente o tecido e gerar marcas deformadas.

  • Métodos eletrônicos

Possuem utilização um pouco mais restrita devido aos custos de implementação e necessidade de uma mão de obra mais especializada para o seu monitoramento, mas já estão presentes em diversas propriedades leiteiras no Brasil. Além da identificação dos animais, fornecem diversos outros tipos de informação, proporcionando um maior controle e precisão em diversos âmbitos, incluindo a identificação de cio e o monitoramento do estado de saúde dos animais. Atualmente, estão presentes no mercado em diferentes formas:

  1. Brincos: possuem um chip RFID (Radio Frequency Identification) que permite leitura a distância;
  2. Microchips subcutâneos: implantados sob a pele do animal, são permanentes e têm baixo risco de perda;
  3. Colares com sensores: além da identificação, monitoram a atividade e o comportamento do animal, oferecendo dados adicionais de saúde, detectando doenças precocemente.

Os colares com sensores são um grande avanço para a bovinocultura. Permitem coletar uma ampla variedade de dados úteis para o manejo, monitoramento e bem-estar animal. Com o uso deles se torna fácil monitorar o movimento, permitindo avaliar o comportamento e identificar padrões, como tempo em pastagem e caminhadas, além de sinais de cio em fêmeas e a qualidade do descanso e do sono. Também é possível mensurar o consumo de alimentos através da contabilização do tempo de mastigação e ruminação, oferecendo dados sobre a saúde digestiva; monitora a saúde geral, detectando febres ou outras condições que possam indicar doenças e, fornece dados de localização em tempo real, útil para controle em áreas de pastagem extensiva.

Por fim, vale ressaltar que todos os métodos possuem seus pontos positivos e negativos, cabendo a cada um analisá-los para identificar a melhor alternativa para a sua realidade, mesmo que envolva a associação de métodos. No entanto, é importante esclarecer que as boas práticas na implementação de qualquer uma das metodologias citadas é imprescindível para a garantia de sua eficácia e do bem-estar dos animais. E ainda, se torna necessário capacitar profissionais confiáveis antes de iniciar os procedimentos de identificação de seus animais.

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Autores:

Ana Clara Souza Resende de Aguiar - Discente do curso de Medicina Veterinária e Membro LiBovis-UFRRJ

Mylena Santana Coelho - Discente do curso de Medicina Veterinária e Membro LiBovis-UFRRJ

Ana Paula Lopes Marques - Orientadora

Referências:

AMARAL, T. B.; SOUZA, V. F. Identificação animal como estratégia de defesa sanitária. 2015. Disponível em: . o em: 20 jul. 2024.

BELLO, R.W. et al. Image-based individual cow recognition using body patterns. International Journal of Advanced Computer Science and Applications, 2020.

LEMES, B. C. et al. Metodologia e manejo reprodutivo aplicado em bovinos leiteiros. Revista Agroveterinária do Sul de Minas. 2022.

PIRES, P.P. et al. Identificadores Eletrônicos em Bovinos: Uma Nova Ferramenta para o Gerenciamento de Rebanhos de Corte. Comunicado Técnico, n.97. Embrapa Gado de Corte, 2006.

RIBAS, M. N. et al. Pecuária de Precisão: Uso de tecnologias para apoio à tomada de decisão. 2017. Disponível em: o em: 21 set. 2024.

SCHMIDEK, Anita; DURÁN, Hugo; PARANHOS DA COSTA, Mateus J.R. Boas Práticas de Manejo, Identificação. Jaboticabal: Funep, 2009. Disponível em: . o em: 19 jul. 2024.

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Material escrito por:

LiBovis - UFRRJ

LiBovis - UFRRJ

A Liga de Bovinos, LiBovis, é um grupo de estudos constituído por alunos de graduação em Medicina Veterinária e áreas afins da UFRRJ. Tem como objetivos estudar, compreender e defender os interesses da bovinocultura contribuindo para sua valorização.

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