A utilização de sêmen a fresco, refrigerado ou congelado, apresenta como característica o fato de requerer um maior volume de trabalho quando comparada à monta natural, e é necessário a detecção do estro das ovelhas a serem inseminadas, a colheita, avaliação e manipulação do sêmen e o ato com contenção individualizada das ovelhas.
Fresco
Quando a inseminação é feita após a coleta, o espaço de tempo entre a coleta e a inseminação deve ser o menor possível. Em geral, quando a inseminação é feita com sêmen fresco, não devemos conservá-lo mais de ½ hora fora do organismo. O fato de a inseminação não ser feita após a coleta, determina uma série de operações destinadas a conservar a integridade do sêmen, a fim de que os espermatozóides possam alcançar o óvulo com potencia de fecundação.
Refrigerado
É necessário lançar mão de artifícios para deter a motilidade dos espermatozóides, determinante do esgotamento. Para isso, são usadas substâncias nutritivas e termorreguladoras, efetivando o equilíbrio ácido-basíco sobre a cápsula lipóide, com ação protetora e nutritiva.
É de extrema importância que o processo de resfriamento do sêmen para conservação, se faça gradualmente, em escalas de 5 em 5ºC, com permanência mínima de 15 minutos em cada escala. A temperatura mantida para conservação varia de acordo com o tempo de conservação, entre:
0ºC a 5ºC - 48 horas;
0ºC a 15ºC - 6 horas;
0ºC a 10ºC - 6 a 10 horas;
0ºC a 2ºC - mais de 48 horas
Congelamento por criopreservação
Os princípios e técnicas a serem utilizadas na criopresevação do sêmen ovino se equivalem as dos demais ruminantes domésticos. Cada espécie possui composição seminal distinta, havendo ainda peculiaridades quanto à composição e sensibilidade das membranas espermáticas ao processo de criopreservação.
A congelação e a descongelação do sêmen determinam marcadas alterações na estrutura da membrana, redução do transporte espermático e sua viabilidade no sistema genital das ovelhas. Após a descongelação, o percentual de membranas íntegras fica reduzido em 70% e foi encontrada uma correlação positiva entre este percentual de membranas íntegras imediatamente após a descongelação e a motilidade após 8 horas de incubação a 37°C.
Outros autores consideram que somente 10 a 20% das células espermáticas continuam competentes para a fecundação, após a descongelação. Isto tem sido sustentado através de experimentos comparativos, utilizando inseminações com sêmen fresco e congelado.
Os crioprotetores podem ser classificados em intracelulares, constituídos de moléculas pequenas requerendo maior concentração e extracelulares, constituídos de moléculas grandes e que requerem uma menor concentração para que protejam as células contra as crioinjúrias. O glicerol, o DMSO (dimetil sufóxido). O l .2-propanodiol e o etileno glicol, são intracelulares. Os extracelulares são constituídos de grandes moléculas de açúcar como a sacarose, rafinose, proteínas e liproteínas contidas no leite, gema de ovo e soro sangüíneo.
Conclui-se que o sêmen ovino pode ser congelado utilizando como crioprotetor o etileno glicol, que quando utilizado na concentração de 0,5M proporciona motilidade e vigor semelhantes a do glicerol, porém com uma melhor proteção acrossomática.
O transporte do sêmen
O sêmen do carneiro devidamente conservado, pode ser usado até 3 dias após a coleta. Os resultados não são constantes, havendo casos de pouca fertilidade, apesar de apresentar o sêmen boa motilidade. Para o envio de sêmen a grande distancia, são necessários cuidados especiais, a fim de que as condições de conservação não sejam alteradas. Usa-se para fim, sêmen diluído e proveniente de reprodutores de fertilidade comprovada, apresentando números elevado de espermatozóides, bem como as outras condições determinantes da boa qualidade.
A temperatura deve ser mantida entre 0 e 5 ºC. Esta se obtém colocando o sêmen dentro de um tubo de ensaio esterilizado, envolto em algodão ou papel e colocado dentro de um outro tubo de diâmetro maior, devidamente arrolhado. Para o transporte, são usadas garrafas térmicas com boca larga. Nestas operações o sêmen deve ser manipulado com o máximo de cuidado. Tanto os diluentes como os francos devem estar na mesma temperatura do sêmen. Em geral, faz-se o resfriamento no refrigerador, ando posteriormente para a garrafa térmica devidamente preparada.
Já no congelamento utiliza-se o botijão que é um recipiente térmico com isolamento a vácuo, destinado à conservação do sêmen, sendo que para tanto ele deve receber Nitrogênio líquido, que conserva as doses de sêmen congeladas a uma temperatura de -196ºC (cento e noventa e seis graus centígrados negativos) por tempo indeterminado, desde que se mantenha um determinado nível mínimo, abastecendo-o periodicamente.
O botijão deve ser manipulado com o máximo cuidado para evitar danos que possam resultar em prejuízos. Para diminuir os riscos com o botijão, é aconselhável a construção de uma caixa de madeira para seu acondicionamento. O botijão não pode sofrer choques (batidas), nem movimentos muito bruscos, além de tombar derramando todo o seu conteúdo. O nitrogênio líquido evapora constantemente, devendo o inseminador estar atento para evitar perda de sêmen por falta de nitrogênio não devendo ficar com nível inferior a 15 cm.

A- Tampa protetora B- Apoio da tampa C- Estrutura de alumínio D- Pescoço em isolante E- trava da tampa F- Canecas identificadas G- Sistema quimico para retenção do vácuo H- Apoio das canecas J- Super Isolamento a vácuo
Assim, torna-se possível, com estas operações, o transporte de sêmen para fazendas separadas por grandes distâncias.
Bibliografia
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