A metodologia atualmente utilizada tem o 'Multiple Across Country Evaluation' (MACE) como base e resulta do trabalho de vários pesquisadores (Schaeffer 1994, Fikse e Banos 2000, Boichard et al. 1995, Sigurdsson e Banos 1995, Sigurdsson et al. 1996, Jairath et al. 1998, Sullivan 1999, Jorjani et al. 2002, Weigel e Banos 1997, Harris e Johnson 1998). Essa metodologia está em constante evolução e é muito flexível, absorvendo qualquer alteração que ocorra na metodologia de avaliação das várias características de tipo, produção de leite e saúde do úbere, nos 25 países que atualmente são membros do INTERBULL.
A única limitação real para a seleção internacional de touros é a interação entre genótipo e ambiente, porém, outras limitações são impostas artificialmente pelos diferentes sistemas utilizados na avaliação de touros em diferentes países (Lohuis e Dekkers 1998). O INTERBULL, utilizando as correlações genéticas entre os países como indicativos da magnitude da interação entre genótipo e ambiente e informações de parentes através de uma matriz construída a partir de informações de pedigree (Schaeffer 1994), converte as avaliações dos touros dos atuais 25 países membros para a escala de cada um desses países e retorna os resultados para todos os países-membros na sua respectiva escala.
Por exemplo, os Estados Unidos enviaram para o INTERBULL dados de produção de leite em 'PTA lbs' de aproximadamente 17000 touros holandeses e 1800 touros Jersey para a prova de Maio de 2003 e receberam resultados de mais de 70000 touros holandeses e 6000 touros Jersey provenientes dos 25 países membros, na sua escala (PTA lbs) e base genética. Dessa forma, produtores e técnicos nos EUA são capazes de comparar touros de todo o mundo e trabalhar com uma variedade muito maior de material genético, aumentando a intensidade de seleção. Da mesma forma, a Holanda enviou dados, em 'EBV kgs', de aproximadamente 6000 touros holandeses e 30 touros Jersey e recebeu resultados dos mesmos 70000 touros holandeses e 6000 touros Jersey, na sua escala (EBV kgs) e base genética.
A figura 1 mostra um esquema simplificado de geração de provas internacionais em dois países hipotéticos, onde as provas nacionais dos touros am através do MACE gerando as provas internacionais de todos os touros em cada um dos países. Podemos verificar também o efeito da interação entre genótipo e ambiente, pois alguns touros têm melhor performance em alguns países do que em outros, gerando alterações na ordem de classificação dos touros nos diferentes países.
Para que possamos entender como é gerada a prova internacional de um determinado touro em um determinado país, que não o seu país de origem, ou seja, em um país importador, precisamos estudar os pesos dados às diferentes fontes de informação a respeito desse touro. Diversas situações devem ser consideradas, o touro pode ter ou não filhas no país importador, pode ter ou não filhos no país de origem e/ou no país importador e pode ter ou não prova no país importador. Por exemplo, quando um touro tem apenas um filho no país de origem, 20 filhas no país importador e tem provas no país de origem e no país importador, a média das provas dos pais desse touro no país importador dominará sua prova internacional. Quando o número de filhas no país importador sobe para 100, a média dos pais e a prova do touro no país importador têm aproximadamente o mesmo peso. Quando o número de filhas ultraa 500, a prova do touro a a dominar. Se o touro tiver mais de cinco filhos e menos de 100 filhas, as informações dos filhos dominam a prova internacional. Com mais de 1000 filhas e com 10 filhos, a informação proveniente das filhas domina. Com 500 filhas e 10 filhos os pesos dados às informações provenientes dos filhos e das filhas é aproximadamente igual (Mrode e Swanson 1999).
Agora utilizaremos as características de saúde de úbere como exemplo para que possamos entender melhor outros aspectos das provas internacionais. Para essas características, as correlações genéticas entre diferentes países são altas (em média 0,85 para contagem de células somáticas, por exemplo). Entre os motivos que fazem essas correlações se afastarem de 1 estão a interação entre genótipo e ambiente, a maneira como as características de saúde de úbere são definidas nos diferentes países (Mark et al. 2002), erros de identificação (Banos et al. 2001) e ligações genéticas fracas entre alguns países (Klei e Weigel 1998); fatores estes que também influenciam as características de tipo e produção. Um estudo comparando o ganho genético obtido ao se utilizar apenas provas nacionais, com aquele obtido utilizando-se provas internacionais, para características de saúde de úbere (Mark et al. 2002), mostrou que o melhoramento é mais rápido quando se utiliza provas internacionais, principalmente devido a maior gama de touros disponíveis para seleção e a alta correlação genética entre os países membros para essas características.
Selecionar touros provenientes de vários países pode intensificar o progresso genético consideravelmente quando os países têm sistemas de produção similares (Banos e Smith 1991). A tarefa se torna mais difícil quando os países têm sistemas de produção, objetivos de seleção e condições climáticas diferentes e se torna mais complexa quando essa diversidade ocorre dentro do país, o que é o caso do Brasil. Várias ferramentas de seleção estão disponíveis e a melhor solução para cada situação deve vir do estudo cuidadoso dessas opções.
