O ataque de doenças pode inviabilizar a lavoura de sorgo. A podridão vermelha do colmo, causada por Fusarium moniliforme, é uma doença que afeta a absorção de água e nutrientes e que pode ser diagnosticada pela morte prematura das plantas, que podem ou não tombar. Internamente, os tecidos nas regiões afetadas adquirem coloração avermelhada uniforme. Pode ocorrer podridão das sementes e da raiz, além da morte de plântulas.
A podridão vermelha do colmo foi observada em uma lavoura de sorgo da Embrapa Pecuária Sudeste em dezembro de 2008 (Figuras 1 e 2). Os sintomas visíveis no campo eram manchas superficiais avermelhadas no caule e podridões em raízes, observadas após a retirada da planta inteira (Figuras 3 e 4).


Para identificar a causa da doença, algumas plantas foram coletadas e levadas ao Laboratório de Genética Molecular (LAGEM) do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos - Campus Araras. As lesões do colo e das raízes das plantas foram isoladas e colocadas em placas específicas para o desenvolvimento de culturas. Após o desenvolvimento do patógeno nas placas, o material foi coletado e analisado em microscópio óptico (Figuras 5 e 6). Os isolados de raízes apresentaram o mesmo agente causal em todas as placas (Fusarium), enquanto os isolados de colo apresentaram resultados diversos e insatisfatórios. Este resultado indica que a doença era resultado do apodrecimento precoce das raízes do sorgo e que as lesões do colo, que eram superficiais e não apresentaram constância no patógeno encontrado, eram causadas por fungos oportunistas que se aproveitaram do enfraquecimento causado pelo Fusarium nas raízes.

O Fusarium moniliforme apresenta baixa especificidade em relação ao hospedeiro (ou seja, ataca vários tipos de plantas), o que dificulta seu controle por meio do uso de variedades resistentes. Este fungo sobrevive no solo, em restos de culturas e em plantas hospedeiras, é disseminado por transporte de materiais infectados (sementes), água (enxurradas) e movimentação do solo (aração e gradagem). A infecção do patógeno é direta, através da raiz, por aberturas naturais ou ferimentos.
O principal método de controle da podridão vermelha do colmo é o tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos do grupo dos Triazóis que apresentem ação por, pelo menos, 45 dias. O tratamento de sementes de milho e sorgo com fungicidas é feito, em muitos casos, pelas próprias empresas de sementes. É importante, portanto, se certificar de que este tenha sido feito de forma adequada. A adoção de boas práticas culturais (ex.: densidade de plantio; espaçamento e adubação adequados) também contribui para o controle da doença.
Agradecimentos: Os autores agradecem ao Prof. Dr. Alfredo Seiti Urashima, do Laboratório de Genética Molecular (LAGEM) do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos - Campus Araras, pelo auxílio para o isolamento e identificação do patógeno.