em pó na União Européia. Como isso ocorreu quando os preços iniciavam ascensão, fica a dúvida se essa atitude é causa ou conseqüência dos novos preços. A União Européia - UE é responsável por cerca 1/3 do comércio internacional de lácteos. Vamos, então, "colocar uma lupa" sobre esse conglomerado econômico e procurar entender sua participação nesse movimento altista de preços." />

O efeito Europa no preço do leite

Enchentes na Argentina, secas na Oceania, preço do petróleo e crescimento da renda nos países subdesenvolvidos são motivos apresentados para a súbita elevação do preço do leite no mercado internacional. Isso é verdade, mas não a verdade inteira. Há analistas que citam a retirada dos subsídios do leite em pó na União Européia. Como isso ocorreu quando os preços iniciavam ascensão, fica a dúvida se essa atitude é causa ou conseqüência dos novos preços. A União Européia - UE é responsável por cerca 1/3 do comércio internacional de lácteos. Vamos, então, "colocar uma lupa" sobre esse conglomerado econômico e procurar entender sua participação nesse movimento altista de preços.

Publicado em: - 7 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 28
Ícone para curtir artigo 0

Enchentes na Argentina, secas na Oceania, preço do petróleo e crescimento da renda nos países subdesenvolvidos são motivos apresentados para a súbita elevação do preço do leite no mercado internacional. Isso é verdade, mas não a verdade inteira.

Há analistas que citam a retirada dos subsídios do leite em pó na União Européia. Como isso ocorreu quando os preços iniciavam ascensão, fica a dúvida se essa atitude é causa ou conseqüência dos novos preços. A União Européia - UE é responsável por cerca de 1/3 do comércio internacional de lácteos. Vamos, então, "colocar uma lupa" sobre esse Bloco econômico e procurar entender sua participação nesse movimento altista de preços.

Um pouquinho de história: mesmo os países europeus que ganharam a II Grande Guerra estavam destruídos quando a Guerra terminou. Como mecanismo de soerguimento, França, Bélgica, Holanda, Alemanha Ocidental e Luxemburgo, em 1958, am um acordo de livre-comércio em torno do carvão, então importante fonte energética. E, logo, fizeram o mesmo em torno de alimentos, com a idéia de assegurar que suas populações não ariam fome nunca mais. Para isso, criaram a Política Agrícola Comum que visava garantir estímulos fortes à produção de alimentos, daí o protecionismo. Portanto, na origem da UE está o setor agrícola.

Em 1973, a Irlanda, o Reino Unido e a Dinamarca entraram para o Bloco, criando a UE-09. Em 1981, a Grécia aderiu ao Bloco e, em 1986, aderiram Portugal e Espanha, criando a UE-12. Em 1995, a UE contava 15 países, com a entrada de mais três: Suécia, Finlândia e Áustria (UE-15). Mas, momento radical, mesmo, ocorreu em 2.004. No início daquele ano foram incorporados os seguintes países: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Malta e Chipre, formando a UE-25. Em 2.007, Romênia e Bulgária foram aceitas e a UE ou a ter 27 membros. Como o que queremos entender é o efeito da UE nos preços do leite, que começaram a subir em 2.006, então fiquemos com a UE - 25.
Continua depois da publicidade
Comecemos a análise pelo lado da oferta. A Tabela 1 mostra dados para UE-25, em 2.005, e uma simulação de como seria em 2.002, se já tivesse ocorrido a incorporação dos dez países. Entre 2.002 e 2.005 o rebanho de vacas caiu em 6,1%, enquanto que a produtividade por vaca cresceu 7,7%. O fato é que a produção caiu. Por outro lado, os novos países incorporados contribuíram para a redução do percentual de leite entregue aos laticínios. Se considerarmos somente os 15 países, o consumo na propriedade era de 5,1% do total produzido. Todavia, considerando-se os 25 países, o consumo cresceu para 8,3%.

Tabela 1. Indicadores selecionados sobre atividade leiteira na União Européia.

Figura 1

Fonte: Eurostat (2007)

Por outro lado, o Gráfico 1 demonstra que a entrada dos dez novos países não mudou substancialmente o "ranking" de produção na União Européia. Perceba que somente a Polônia se destacou, ocupando a sétima posição em 2005. Os demais nove países ficaram nas últimas colocações e responderam por menos de 2% da oferta do Bloco, cada um.

Gráfico 1. Participação Percentual de cada país na produção de leite. União Européia. 2005.

Figura 2

Clique no gráfico para ampliá-lo.

Fonte: Eurostat (2007), elaborado pelo autor.

Ainda analisando a oferta, dados relativos ao processamento são apresentados na Tabela 2. A produção de leite em Pó Desnatado caiu 23,1% em três anos. Muito, não? Pois algo similar aconteceu com leite em Pó Integral, Creme e outros, cuja produção caiu 23,2%. Já a produção de Manteiga e Queijo teve queda menor, de 7,1% e o Condensado de 7,3%.

Tabela 2. Processamento industrial de lácteos na União Européia (mil toneladas).

Figura 3

Fonte: Eurostat (2007)

Os dados até o presente demonstram que houve redução de oferta de derivados lácteos por parte da UE e que os dez novos países pouco acrescentaram em termos de produção para a UE-25. Vejamos, agora, se houve mudança na demanda. Para isso, é importante analisar inicialmente alguns indicadores econômicos gerais, cujos principais encontram-se na Tabela 3. Isso irá permitir entender a dinâmica da União Européia com a entrada de dez novos países.

Veja a comparação entre os quinze países que compunham a UE e os dez recém-incorporados. Praticamente não ocorre crescimento populacional. Na UE-15 a média de 0,3% ao ano e nos dez países a média é de -0,03 ao ano. A renda per capita na UE-15 é US$ 34,3 mil e nos dez países é de US$ 19,1 mil, ou pouco mais da metade. Já a inflação tem médias anuais baixas nos dois grupos escolhidos para comparação, ou seja, 2,3% na UE-15 e 3,5% nos dez novos, enquanto que o investimento é percentualmente maior no segundo grupo. No grupo UE-15, o destaque é a Irlanda com uma taxa de investimentos muito elevada, em patamares parecidos com os dez países novos.

Tabela 3. Indicadores de desempenho econômico da União Européia.

Figura 4

Fonte: The World Factbook - Central Intelligence Agency (2007)

Em síntese, a Tabela 3 informa é que houve uma incorporação de países com menor renda per capita, com população que não cresce e com ótimos indicadores de solidez econômica, pois a inflação é baixa e o investimento é maior que a parte rica da UE. Portanto, esses novos países têm condições de elevar o consumo de lácteos.

Quando há crescimento de renda em países em desenvolvimento, cresce o consumo de leite. É necessário, então, verificar se esses novos países têm apresentado crescimento contínuo da renda. E o resultado apresentado na Tabela 4 é surpreendente. Entre 1999 e 2006 a Letônia, a Estônia e a Eslováquia cresceram a renda a taxas que lembram a China, nos últimos três anos. Para comparar, entre 1980 e 2006, ou em 27 anos, a economia do Brasil cresceu 73%. Já a Estônia e a Letônia cresceram mais de 94% em apenas oito anos... Os demais países listados também tiveram desempenhos muito favoráveis, acima do crescimento mundial. E mesmo a Irlanda, conhecida por sua pobreza, está ficando rapidamente rica.

Vale lembrar que estes países praticamente não têm crescimento da população, ao contrário do Brasil. Logo, quando a renda cresce, cresce em igual magnitude a renda per capita. Portanto, cresce vigorosamente o poder de consumo.

Tabela 4. Crescimento da Renda Nacional em países selecionados. 1999 e 2006 (em%).

Figura 5

Fonte: Eurostat. Cálculos do autor

Conhecendo o ado de pobreza desses dez novos países da UE e tomando conhecimento do crescimento veloz de suas rendas nacionais cabe, então, buscar informações sobre o consumo per capita de leite nesses países. Infelizmente, os dados oficiais disponíveis retratam somente os países que compõem a EU-15 e não os novos. Mas, é de se supor que tenha ocorrido forte crescimento do consumo no âmbito da nova UE, com as novas incorporações, pois, em 2004 os estoques comunitários de Manteiga da UE-25 era de 254,5 mil toneladas. Em 2005 os estoques caíram para 162,6 mil. Em 2006 caíram ainda mais, para 122,4 mil.

A situação foi mais radical para o Leite Desnatado. Em 2004 os estoques comunitários eram de 182 mil toneladas. Em 2005 caíram para 42,9 mil. Já em 2006, quando começa a ascensão dos preços internacionais, os estoques comunitários foram de, simplesmente, zero!

Vamos analisar uma última variável, ou seja, a atuação da União Européia no mercado externo. A Tabela 5 reproduz dados deste Bloco e o Restante do Mundo, entre os anos de 1999 e 2005. O volume de Leite em Pó Desnatado caiu entre 2003 e 2005. Mas, proporcionalmente, a queda foi menor na UE-25. Na série de dados de sete anos apresentada a UE-25 foi responsável, em média, por 20,8% das exportações mundiais. Todavia, em 2005 foi de 21,5%. Para Pó Integral a média foi de 32,0%, mas em 2005 foi 35,4%.

Também as exportações de Queijo foram relativamente maiores em 2005, quando se compara com o resto do Mundo. Naquele ano a UE-25 exportou 46,2% do total mundial, quando a média da série foi de 33,8%. Por fim, a participação mundial nas exportações de Condensado, em média, foi de 44,4%, enquanto que em 2005 foi de 55,7%.

Tabela 5. Exportações de Leite e Derivados em mil toneladas. 1999 - 2005.

Figura 6

Fonte: Eurostat (2007)

Em síntese, a entrada de mais dez países na União Européia não aumentou significativamente a oferta de leite naquele Bloco, mas o consumo de leite dentro do Bloco cresceu significativamente, pois a renda per capita do conjunto dos 25 países cresceu 54% em dez anos, fruto do expressivo crescimento econômico ocorrido nos países mais pobres, ou seja, os dez novos países. Portanto, a capacidade de consumir leite cresceu significativamente no Bloco.

Ademais, o processamento de leite caiu no Bloco nos últimos anos, embora a participação relativa do Bloco no mercado internacional tenha aumentado. Tudo isso levou a uma redução muito forte dos estoques comunitários a partir de 2004.

Além disso, é possível que esteja em curso uma reposição da União Européia no mercado internacional, ao reduzir a produção de Leite em Pó e ao se fixar na comercialização de produtos de maior valor agregado, como queijos. Se assim for, é possível que a retirada de subsídios para esta modalidade de leite tenha vindo para ficar, o que é bom para o Brasil, que tem competitividade na exportação de commodities.
QUER AR O CONTEÚDO? É GRATUITO!

Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.

Tenha o a conteúdos exclusivos gratuitamente!

Ícone para ver comentários 28
Ícone para curtir artigo 0

Material escrito por:

Paulo do Carmo Martins

Paulo do Carmo Martins

ar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

vivia
VIVIA

RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2012

Como essa relação se modificou com a crise do EURO? Será que o consumo percapita diminuiu?
Adriano Henrique do N. Rangel
ADRIANO HENRIQUE DO N. RANGEL

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PESQUISA/ENSINO

EM 21/09/2007

Prezado Paulo Martins,

Parabéns pelo excelente artigo. Espero que o reposicionamento da UE em direção a produtos de maior valor agregado venha contribuir de forma positiva para inserção de fato do Brasil no mercado global de derivados lácteos.
Marcelo de Souza Lima
MARCELO DE SOUZA LIMA

ITABERAÍ - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/09/2007

Belíssimo artigo prezado Paulo Martins,

Após a leitura cuidadosa e atenta de todos os comentários fica muito claro alguns pontos obscuros nessa cadeia produtiva, como você por várias vezes frisou.

De maneira globalizada interpreto informação como combustível para o planejamento estratégico da atividade. Espero que essa avalanche de excelentes informações compartilhadas façam o seu papel, também várias vezes citadas por você como objetivo do artigo: fazermos uma reflexão e tirarmos o melhor proveito do mercado.

Mesmo sabendo da selvageria que o mercado enfrenta pela busca da quantidade, ainda vejo a busca pela qualidade, pois, vários são os produtores que estão lançando mão de tanques e tecnologias que assegurem uma "certa qualidade", em busca de melhores preços, embora não seja o ideal, a semente está sendo plantada.

Espero que nas noites solitárias que irá enfrentar na árdua empleitada que está sob o seu comando, sobre uma beirada de tempo para você nos brinde com mais um tema para reflexão, que com muita certeza será muito bem vindo e, que as nossas cadeias produtivas saibam valorizá-los e melhorar o seu planejamento estratégico.

Um grande abraço.
ISRAEL BARRETO DOS SANTOS
ISRAEL BARRETO DOS SANTOS

IPIAÚ - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/09/2007

Parabéns pelo artigo. Pena que a grande maioria de dirigentes de Associações não levam aos associados discussões desta grandeza (esses dirigentes só enxergam muito perto).
wagner
WAGNER

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/09/2007

Você acredita que com a inseminação sexada pode surgir rapidamente quantidade maior de fêmeas, fazendo com que a produção de leite aumente e supere a demanda?

Wagner

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Wagner,

A velocidade de adoção de uma nova tecnologia está diretamente ligada à percepção que o produtor tem da relação benefício/custo. Quanto maior percepção do benefício e menor o custo, maior será a velocidade. No caso específico, desconheço a velocidade de adoção da tecnologia inseminação sexuada no universo dos produtores.

Paulo Martins
Edmundo Trein
EDMUNDO TREIN

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2007

Gostaria de parabenizá-lo pelo brilhante artigo publicado.

Gostaria de saber também se as nossas indústrias têm capacidade instalada e qualidade para aproveitar este espaço aberto pela UE nos mercados mundias de leite.
Claudio Valenti
CLAUDIO VALENTI

MONTEVIDEO - MONTEVIDEO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 24/08/2007

Estimado Dr. Paulo Martins

Soy uruguayo, y mi portugués es muy pobre por esto le estribo en español, sepa disculparme.

Antes que nada quiero felicitarlo por el análisis que realiza en el artículo.

Mi pregunta se centra en saber en que se basa UD para suponer que la estrategia de la UE se dirigirá más hacia la predicción de queso que de leche en polvo?

Mi duda surge ya que estoy trabajando en la ejecución de un proyecto aquí en Uruguay para producir suero en polvo, del análisis que realicé la relación en los últimos años entre el precio de la leche en polvo y los del queso pasó de 0,85 (2002) a 1,25. Este hecho, como industrial me está dando una pauta clara de que hacer con la leche que recibo, hoy la tonelada de Queso Cheddar esta a 5.000 U$S y la tonelada de Leche en Polvo a 5.300, o sea estamos en una relación de 1,06?

De ser así como UD dice, la situación coyuntural actual que ha motivado una caída de aproximadamente un 12% el precio del Suero en Polvo, debido al aumento de la producción de queso pata estoquear para el invierno, que se da al finalizar la zafra lechera europea..no es tan coyuntural como a m me parece?

Desde ya le agradezco su opinión y nuevamente lo felicito por su análisis que expuso en este artículo.

Atte.,

Claudio Valenti.

<b>Resposta do autor:</b>

Estimado Senhor Claudio,

Minha hipótese que a UE reduzirá sua participação no mercado de leite em pó e manterá ou crescerá no mercado de queijos está baseada nos seguintes pressupostos:

a) A produção de leite em pó caiu na UE a partir de 2004;

b) A produção de queijos não caiu;

c) Leite em pó é commodity, ou seja, mercado com poucas barreiras à entrada de novos competidores;

d) Queijo é mercado mais sofisticado, que exige maior sofisticação de quem o participa, quer seja no processamento, na distribuição e até mesmo na manutenção e expansão de novos mercados;

e) O preço do leite em pó não se manterá indefinidamente nos patamares atuais (todavia, não voltará aos patamares antigos) e continuará a ser mercado concorrencial.

A UE é competitiva na produção de queijos e não é competitiva na produção de leite em pó. Considerando-se a premissa que as restrições tarifárias tenderão a se reduzir a partir de 2013, é de se supor que, a partir de agora, a UE esteja procurando se reposicionar no mercado.

Obrigado por sua participação,

Paulo Martins
Luiz Fernando de Mattos Pimenta
LUIZ FERNANDO DE MATTOS PIMENTA

GOIÂNIA - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/08/2007

Seu artigo é muito bom para nos ajudar a pensar na lógica da globalização, onde os mercados se interagem mesmo que, às vezes, de forma indireta.

Você acha que os atores da cadeia - produtores, grandes e pequenos laticínios - estão investindo melhor em qualidade do leite, pensando na maior participação do Brasil no mercado externo?

Percebo um movimento dos compradores (laticínios) e dos vendedores (produtores e intermediários) com práticas de canibalismo, dando moratória à qualidade... até que os preços retornem a patamares menos conjunturais, o que não deverá demorar.

Comportamentos oportunistas não constroem cadeias produtivas sólidas no longo prazo (que é o que parece ser nossa oportunidade nos lácteos).

Luiz Pimenta - Pesquisador

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Dr. Luiz,

O mercado de leite ainda continua comprador. Portanto, estamos na fase de istrar escassez. Num ambiente desses a busca é de quantidade e não de qualidade. Todavia, o segmento lácteo caminha a os largos, ao meu juizo, para se consolidar sob a ótica de cadeia produtiva. Comportamentos oportunistas sempre existirão, tanto por parte do produtor, quanto da indústria. Mas, acredito, são bem menores que há 12 anos, quando iniciamos o pagamento de preços diferenciados por quantidade. E serão nos próximos anos.

Obrigado por seu comentário,

Paulo Martins
adriano lobo sahium
ADRIANO LOBO SAHIUM

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/08/2007

Depois que comecei a ler os comentários e análises sobre o mercado nacional e internacional, fiquei mais motivado para continuar a minha atividades na produção de leite. Além do mais tendo as informações atualizadas do MilkPoint e os comentários e explicações sempre com muita sabedoria do sr. Paulo do Carmo Martins. Só tenho a agradecer a vocês.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Adriano,

Obrigado pelo estímulo.

Paulo Martins
Alceu Storck
ALCEU STORCK

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2007

O preço no mercado internacional efetivamente subiu no segundo semestre do ano ado e somente no meio desse ano que o consumidor sentiu efetivamente a elevação de preços. Isso ocorreu porque sempre há um espaço de tempo para que a elevação de preços seja tranmitida ao longo da cadeia.

Estamos em economia aberta, ou seja, é possível importar e exportar lácteos. Como somos pequenos em termos de participação no mercado internacional, somos tomadores de preços.

Vamos supor que:

a) o preço internacional continue elevado (não necessariamente no mesmo patamar, mas elevado);

b) o consumidor brasileiro vete os preços elevados de leite (ou seja, reduza o consumo);

c) a oferta de leite cresça no Brasil, a partir de agora.

Se as três hipóteses se confirmarem, o que parece provável, o preço tenderá a cair no mercado brasileiro, mas somente em parte e por um período, pois as empresas brasileiras terão estímulo a exportarem um possível excedente, aos preços do mercado internacional, voltando a equilibrar o mercado interno.

Portanto, acredito que continuaremos a ter, no mercado interno, preços muito influenciados pelo mercado internacional.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Storck,

Concordo integralmente com sua análise.

Paulo Martins
Plácido Borges Campos
PLÁCIDO BORGES CAMPOS

CÁSSIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2007

A oportunidade de todos os produtores de ter conhecimento rápido do que ocorre no mercado de leite tem feito diferença na organização da classe, e pessoas como o Sr. estão contribuindo, e pode muito mais. Agradeço por isto.

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Plácido,

Muito obrigado pelo estímulo.

Paulo Martins
Marius Cornélis Bronkhorst
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2007

Parabéns pelo artigo publicado, nossas espectativas continuam boas para as próximas safras.

<b>Resposta do autor:</b>

Marius, obrigado.

Paulo Martins
Alcides Piantola
ALCIDES PIANTOLA

CONCEIÇÃO DE MACABU - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/08/2007

Brilhantes e elucidativos, tanto seu artigo como suas respostas. A propósito:

- Como explicar que o produtor recebeu nos últimos meses cerca de 20 centavos de acréscimo enquanto o consumidor está pagando mais caro R$ 1,5?

- Como a produção pode aumentar se o rebanho levaria anos para ser reposto?

- Supondo que o preço internacional venha a cair, bem como o consumo, a oferta se mantenha ou aumente com novos investimentos, é possível uma manutenção dos atuais patamares através da redução das margens dos intermediarios?

Uma sua visita e palestra em nossa região seria muito bem vinda.

Um forte abraço.

Alcides
Macaé-RJ

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Alcides,

Obrigado pela sua correspondência.

Uma cadeia produtiva é uma cadeia de agregação de valor. Cada etapa do processo faz com que o preço do produto fique mais elevado. Portanto, uma análise correta parece-me que não é comparar o acréscimo monetário, mas o percentual de acréscimo para cada segmento.

Paulo Martins
Eduardo Côrtes
EDUARDO CÔRTES

CARATINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/08/2007

Parabéns pelo artigo. Precisamos mais de análises bem embasadas tecnicamente com a do Sr., e menos de discursos e artigos eloquentes, mas sem substância.

Sei que o Sr. é muito ocupado, mas além do artigo sobre a China, acredito que uma análise sobre a produção americana e canadense poderira trazer também mais luz para a compreensão desse mercado.

Muito mais que a China, o mercado norte-americano hoje produz e consome leite e derivados. Mais uma vez, parabéns pelo artigo e pela iniciativa.

Eduardo Côrtes - Rio de Janeiro

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Eduardo,

Os EUA tenderão a ser mais importantes no mercado de lácteo que são hoje.

Fica anotada a sugestao para proximos artigos. Obrigado por responder a este artigo.

Paulo
LEONARDO CHEIB
LEONARDO CHEIB

GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/08/2007

Parabéns pela análise.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Leonardo,

Agradeço o seu comentário.

Paulo Martins
Helvecio Oliveira
HELVECIO OLIVEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/08/2007

Dr. Paulo, parabéns pelo artigo.

Dados de Shiva (1999), apontam que a produção européia ocupa sete vezes sua área, no terceiro mundo (dizem que em breve teremos também uma subespécie), na produção de grãos para manutenção dos seus sistemas de produção confinados.

Isso merece reflexão, pois como se criou a União Européia, em breve, serão criados pólos produtores segundo potencialidades naturais.

É mais fácil importar leite em pó que que trazer os grãos para produzir em casa. Outro ponto é que pragmatismo tem limite, a Europa está envelhecendo, a rapaziada rica tem aversão ao esterco de vaca.

A China está aprendendo a consumir leite e o México começa também a importar. Assim, acredito no Brasil e também Argentina (com sua enorme potencialidade) como as bolas da vez, com produções de leite a pasto tecnificadas, até que as Áfricas e as Índias acordem.

Seu artigo é de um posicionamento concreto, e com números (coisa que devemos ter como exemplo). A Embrapa está em boas mãos, peço que olhem com mais carinho para a Zona da Mata, que vê seu leite morrer a cada dia em um clima abençoado por Deus.

Mais uma vez parabéns.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Dr. Helvécio,

Muito oportuno seu comentário.

Paulo
Rogerio Eduardo de Souza Junior
ROGERIO EDUARDO DE SOUZA JUNIOR

OS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 15/08/2007

Como aluno do último ano de Medicina Veterinária (PUC Minas/Betim), venho parabenizá-lo pelo brilhante artigo, muito bem elaborado, pois dentro da universidade não temos aulas sobre mercado, como foi dada pelo senhor através deste artigo.

Gostaria de ler um artigo sobre o mercado lácteo chinês.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Rogério,

Prometo artigo sobre a China. Mas, vai demorar um pouco, em função da minha sobrecarga de trabalho derivada do cargo que atualmente ocupo na Embrapa, que me deixa com pouco tempo disponível para esta finalidade.

Obrigado por seus comentários.

Paulo Martins
Antonio Vilela Candal
ANTONIO VILELA CANDAL

JACAREÍ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/08/2007

Caro Paulo Martins;

Muito bom.

O que era "feeling", já vinculados e comentados na Televisão e Jornais, agora toma embassamento apropriado.

Antonio Vilela CANDAL
ABCBRH - Presidente

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Dr. Candal,

Agradeço sua iniciativa de reproduzir o artigo para um público tão seleto formado pela Associação que o senhore preside.

Paulo Martins
Renato S. Machado Pompéu-Mg
RENATO S. MACHADO POMPÉU-MG

POMPÉU - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/08/2007

Como sempre os artigos do professor levam uma nova luz a assuntos que geram polêmica mas sem embasamanto cientifico. Muito se falou que estes novos países supririam a demanda da UE e com incentivos seriam imbatríveis.

Gostaria de fazer uma pergunta ao senhor, fugindo do assunto do artigo, o que o senhor acha deste recente aumento no preço do leite? Corrija meu raciocínio se for incorreto. Para nós, produtores, a existe percepção que somente agora o preço do leite atingiu patamares que remunerem a produção e permita investimento.

Mas me preocupa que a causa a alta do preço seja o preço internacional do produto. Nós não exportamos nem 10% do volume produzido, isto nos põe na mão do mercado interno. Se a dona de casa achar que o leite e os produtos lácteos são vilões pode reduzir o consumo e uma redução pequena em quase 200 milhões de habitantes pode fazer sobrar produto nos laticínios.

Li que já estão detectando redução de 20% no consumo e já aumentamos 4,6% a captação, esta conta não fecha. O que o senhor acha disto?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Renato,

O preço no mercado internacional efetivamente subiu no segundo semestre do ano ado e somente no meio desse ano que o consumidor sentiu efetivamente a elevação de preços. Isso ocorreu porque sempre há um espaço de tempo para que a elevação de preços seja tranmitida ao longo da cadeia.

Estamos em economia aberta, ou seja, é possível importar e exportar lácteos. Como somos pequenos em termos de participação no mercado internacional, somos tomadores de preços.

Vamos supor que:

a) o preço internacional continue elevado (não necessariamente no mesmo patamar, mas elevado);

b) o consumidor brasileiro vete os preços elevados de leite (ou seja, reduza o consumo);

c) a oferta de leite cresça no Brasil, a partir de agora.

Se as três hipóteses se confirmarem, o que parece provável, o preço tenderá a cair no mercado brasileiro, mas somente em parte e por um período, pois as empresas brasileiras terão estímulo a exportarem um possível excedente, aos preços do mercado internacional, voltando a equilibrar o mercado interno.

Portanto, acredito que continuaremos a ter, no mercado interno, preços muito influenciados pelo mercado internacional.

Paulo Martins
nilton catandi
NILTON CATANDI

RIO CLARO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2007

Nem vou dizer que achei um ótimo artigo, porque
achei que foi uma excelente aula. Parabéns.

<b>Resposta do autor:</b>

Obrigado, Sr. Nilton.

Paulo Martins
Qual a sua dúvida hoje? O efeito Europa no preço do leite | MilkPoint

O efeito Europa no preço do leite

Enchentes na Argentina, secas na Oceania, preço do petróleo e crescimento da renda nos países subdesenvolvidos são motivos apresentados para a súbita elevação do preço do leite no mercado internacional. Isso é verdade, mas não a verdade inteira. Há analistas que citam a retirada dos subsídios do leite em pó na União Européia. Como isso ocorreu quando os preços iniciavam ascensão, fica a dúvida se essa atitude é causa ou conseqüência dos novos preços. A União Européia - UE é responsável por cerca 1/3 do comércio internacional de lácteos. Vamos, então, "colocar uma lupa" sobre esse conglomerado econômico e procurar entender sua participação nesse movimento altista de preços.

Publicado em: - 7 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 28
Ícone para curtir artigo 0

Enchentes na Argentina, secas na Oceania, preço do petróleo e crescimento da renda nos países subdesenvolvidos são motivos apresentados para a súbita elevação do preço do leite no mercado internacional. Isso é verdade, mas não a verdade inteira.

Há analistas que citam a retirada dos subsídios do leite em pó na União Européia. Como isso ocorreu quando os preços iniciavam ascensão, fica a dúvida se essa atitude é causa ou conseqüência dos novos preços. A União Européia - UE é responsável por cerca de 1/3 do comércio internacional de lácteos. Vamos, então, "colocar uma lupa" sobre esse Bloco econômico e procurar entender sua participação nesse movimento altista de preços.

Um pouquinho de história: mesmo os países europeus que ganharam a II Grande Guerra estavam destruídos quando a Guerra terminou. Como mecanismo de soerguimento, França, Bélgica, Holanda, Alemanha Ocidental e Luxemburgo, em 1958, am um acordo de livre-comércio em torno do carvão, então importante fonte energética. E, logo, fizeram o mesmo em torno de alimentos, com a idéia de assegurar que suas populações não ariam fome nunca mais. Para isso, criaram a Política Agrícola Comum que visava garantir estímulos fortes à produção de alimentos, daí o protecionismo. Portanto, na origem da UE está o setor agrícola.

Em 1973, a Irlanda, o Reino Unido e a Dinamarca entraram para o Bloco, criando a UE-09. Em 1981, a Grécia aderiu ao Bloco e, em 1986, aderiram Portugal e Espanha, criando a UE-12. Em 1995, a UE contava 15 países, com a entrada de mais três: Suécia, Finlândia e Áustria (UE-15). Mas, momento radical, mesmo, ocorreu em 2.004. No início daquele ano foram incorporados os seguintes países: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Malta e Chipre, formando a UE-25. Em 2.007, Romênia e Bulgária foram aceitas e a UE ou a ter 27 membros. Como o que queremos entender é o efeito da UE nos preços do leite, que começaram a subir em 2.006, então fiquemos com a UE - 25.
Continua depois da publicidade
Comecemos a análise pelo lado da oferta. A Tabela 1 mostra dados para UE-25, em 2.005, e uma simulação de como seria em 2.002, se já tivesse ocorrido a incorporação dos dez países. Entre 2.002 e 2.005 o rebanho de vacas caiu em 6,1%, enquanto que a produtividade por vaca cresceu 7,7%. O fato é que a produção caiu. Por outro lado, os novos países incorporados contribuíram para a redução do percentual de leite entregue aos laticínios. Se considerarmos somente os 15 países, o consumo na propriedade era de 5,1% do total produzido. Todavia, considerando-se os 25 países, o consumo cresceu para 8,3%.

Tabela 1. Indicadores selecionados sobre atividade leiteira na União Européia.

Figura 1

Fonte: Eurostat (2007)

Por outro lado, o Gráfico 1 demonstra que a entrada dos dez novos países não mudou substancialmente o "ranking" de produção na União Européia. Perceba que somente a Polônia se destacou, ocupando a sétima posição em 2005. Os demais nove países ficaram nas últimas colocações e responderam por menos de 2% da oferta do Bloco, cada um.

Gráfico 1. Participação Percentual de cada país na produção de leite. União Européia. 2005.

Figura 2

Clique no gráfico para ampliá-lo.

Fonte: Eurostat (2007), elaborado pelo autor.

Ainda analisando a oferta, dados relativos ao processamento são apresentados na Tabela 2. A produção de leite em Pó Desnatado caiu 23,1% em três anos. Muito, não? Pois algo similar aconteceu com leite em Pó Integral, Creme e outros, cuja produção caiu 23,2%. Já a produção de Manteiga e Queijo teve queda menor, de 7,1% e o Condensado de 7,3%.

Tabela 2. Processamento industrial de lácteos na União Européia (mil toneladas).

Figura 3

Fonte: Eurostat (2007)

Os dados até o presente demonstram que houve redução de oferta de derivados lácteos por parte da UE e que os dez novos países pouco acrescentaram em termos de produção para a UE-25. Vejamos, agora, se houve mudança na demanda. Para isso, é importante analisar inicialmente alguns indicadores econômicos gerais, cujos principais encontram-se na Tabela 3. Isso irá permitir entender a dinâmica da União Européia com a entrada de dez novos países.

Veja a comparação entre os quinze países que compunham a UE e os dez recém-incorporados. Praticamente não ocorre crescimento populacional. Na UE-15 a média de 0,3% ao ano e nos dez países a média é de -0,03 ao ano. A renda per capita na UE-15 é US$ 34,3 mil e nos dez países é de US$ 19,1 mil, ou pouco mais da metade. Já a inflação tem médias anuais baixas nos dois grupos escolhidos para comparação, ou seja, 2,3% na UE-15 e 3,5% nos dez novos, enquanto que o investimento é percentualmente maior no segundo grupo. No grupo UE-15, o destaque é a Irlanda com uma taxa de investimentos muito elevada, em patamares parecidos com os dez países novos.

Tabela 3. Indicadores de desempenho econômico da União Européia.

Figura 4

Fonte: The World Factbook - Central Intelligence Agency (2007)

Em síntese, a Tabela 3 informa é que houve uma incorporação de países com menor renda per capita, com população que não cresce e com ótimos indicadores de solidez econômica, pois a inflação é baixa e o investimento é maior que a parte rica da UE. Portanto, esses novos países têm condições de elevar o consumo de lácteos.

Quando há crescimento de renda em países em desenvolvimento, cresce o consumo de leite. É necessário, então, verificar se esses novos países têm apresentado crescimento contínuo da renda. E o resultado apresentado na Tabela 4 é surpreendente. Entre 1999 e 2006 a Letônia, a Estônia e a Eslováquia cresceram a renda a taxas que lembram a China, nos últimos três anos. Para comparar, entre 1980 e 2006, ou em 27 anos, a economia do Brasil cresceu 73%. Já a Estônia e a Letônia cresceram mais de 94% em apenas oito anos... Os demais países listados também tiveram desempenhos muito favoráveis, acima do crescimento mundial. E mesmo a Irlanda, conhecida por sua pobreza, está ficando rapidamente rica.

Vale lembrar que estes países praticamente não têm crescimento da população, ao contrário do Brasil. Logo, quando a renda cresce, cresce em igual magnitude a renda per capita. Portanto, cresce vigorosamente o poder de consumo.

Tabela 4. Crescimento da Renda Nacional em países selecionados. 1999 e 2006 (em%).

Figura 5

Fonte: Eurostat. Cálculos do autor

Conhecendo o ado de pobreza desses dez novos países da UE e tomando conhecimento do crescimento veloz de suas rendas nacionais cabe, então, buscar informações sobre o consumo per capita de leite nesses países. Infelizmente, os dados oficiais disponíveis retratam somente os países que compõem a EU-15 e não os novos. Mas, é de se supor que tenha ocorrido forte crescimento do consumo no âmbito da nova UE, com as novas incorporações, pois, em 2004 os estoques comunitários de Manteiga da UE-25 era de 254,5 mil toneladas. Em 2005 os estoques caíram para 162,6 mil. Em 2006 caíram ainda mais, para 122,4 mil.

A situação foi mais radical para o Leite Desnatado. Em 2004 os estoques comunitários eram de 182 mil toneladas. Em 2005 caíram para 42,9 mil. Já em 2006, quando começa a ascensão dos preços internacionais, os estoques comunitários foram de, simplesmente, zero!

Vamos analisar uma última variável, ou seja, a atuação da União Européia no mercado externo. A Tabela 5 reproduz dados deste Bloco e o Restante do Mundo, entre os anos de 1999 e 2005. O volume de Leite em Pó Desnatado caiu entre 2003 e 2005. Mas, proporcionalmente, a queda foi menor na UE-25. Na série de dados de sete anos apresentada a UE-25 foi responsável, em média, por 20,8% das exportações mundiais. Todavia, em 2005 foi de 21,5%. Para Pó Integral a média foi de 32,0%, mas em 2005 foi 35,4%.

Também as exportações de Queijo foram relativamente maiores em 2005, quando se compara com o resto do Mundo. Naquele ano a UE-25 exportou 46,2% do total mundial, quando a média da série foi de 33,8%. Por fim, a participação mundial nas exportações de Condensado, em média, foi de 44,4%, enquanto que em 2005 foi de 55,7%.

Tabela 5. Exportações de Leite e Derivados em mil toneladas. 1999 - 2005.

Figura 6

Fonte: Eurostat (2007)

Em síntese, a entrada de mais dez países na União Européia não aumentou significativamente a oferta de leite naquele Bloco, mas o consumo de leite dentro do Bloco cresceu significativamente, pois a renda per capita do conjunto dos 25 países cresceu 54% em dez anos, fruto do expressivo crescimento econômico ocorrido nos países mais pobres, ou seja, os dez novos países. Portanto, a capacidade de consumir leite cresceu significativamente no Bloco.

Ademais, o processamento de leite caiu no Bloco nos últimos anos, embora a participação relativa do Bloco no mercado internacional tenha aumentado. Tudo isso levou a uma redução muito forte dos estoques comunitários a partir de 2004.

Além disso, é possível que esteja em curso uma reposição da União Européia no mercado internacional, ao reduzir a produção de Leite em Pó e ao se fixar na comercialização de produtos de maior valor agregado, como queijos. Se assim for, é possível que a retirada de subsídios para esta modalidade de leite tenha vindo para ficar, o que é bom para o Brasil, que tem competitividade na exportação de commodities.
QUER AR O CONTEÚDO? É GRATUITO!

Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.

Tenha o a conteúdos exclusivos gratuitamente!

Ícone para ver comentários 28
Ícone para curtir artigo 0

Material escrito por:

Paulo do Carmo Martins

Paulo do Carmo Martins

ar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

vivia
VIVIA

RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2012

Como essa relação se modificou com a crise do EURO? Será que o consumo percapita diminuiu?
Adriano Henrique do N. Rangel
ADRIANO HENRIQUE DO N. RANGEL

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PESQUISA/ENSINO

EM 21/09/2007

Prezado Paulo Martins,

Parabéns pelo excelente artigo. Espero que o reposicionamento da UE em direção a produtos de maior valor agregado venha contribuir de forma positiva para inserção de fato do Brasil no mercado global de derivados lácteos.
Marcelo de Souza Lima
MARCELO DE SOUZA LIMA

ITABERAÍ - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/09/2007

Belíssimo artigo prezado Paulo Martins,

Após a leitura cuidadosa e atenta de todos os comentários fica muito claro alguns pontos obscuros nessa cadeia produtiva, como você por várias vezes frisou.

De maneira globalizada interpreto informação como combustível para o planejamento estratégico da atividade. Espero que essa avalanche de excelentes informações compartilhadas façam o seu papel, também várias vezes citadas por você como objetivo do artigo: fazermos uma reflexão e tirarmos o melhor proveito do mercado.

Mesmo sabendo da selvageria que o mercado enfrenta pela busca da quantidade, ainda vejo a busca pela qualidade, pois, vários são os produtores que estão lançando mão de tanques e tecnologias que assegurem uma "certa qualidade", em busca de melhores preços, embora não seja o ideal, a semente está sendo plantada.

Espero que nas noites solitárias que irá enfrentar na árdua empleitada que está sob o seu comando, sobre uma beirada de tempo para você nos brinde com mais um tema para reflexão, que com muita certeza será muito bem vindo e, que as nossas cadeias produtivas saibam valorizá-los e melhorar o seu planejamento estratégico.

Um grande abraço.
ISRAEL BARRETO DOS SANTOS
ISRAEL BARRETO DOS SANTOS

IPIAÚ - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/09/2007

Parabéns pelo artigo. Pena que a grande maioria de dirigentes de Associações não levam aos associados discussões desta grandeza (esses dirigentes só enxergam muito perto).
wagner
WAGNER

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/09/2007

Você acredita que com a inseminação sexada pode surgir rapidamente quantidade maior de fêmeas, fazendo com que a produção de leite aumente e supere a demanda?

Wagner

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Wagner,

A velocidade de adoção de uma nova tecnologia está diretamente ligada à percepção que o produtor tem da relação benefício/custo. Quanto maior percepção do benefício e menor o custo, maior será a velocidade. No caso específico, desconheço a velocidade de adoção da tecnologia inseminação sexuada no universo dos produtores.

Paulo Martins
Edmundo Trein
EDMUNDO TREIN

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/08/2007

Gostaria de parabenizá-lo pelo brilhante artigo publicado.

Gostaria de saber também se as nossas indústrias têm capacidade instalada e qualidade para aproveitar este espaço aberto pela UE nos mercados mundias de leite.
Claudio Valenti
CLAUDIO VALENTI

MONTEVIDEO - MONTEVIDEO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 24/08/2007

Estimado Dr. Paulo Martins

Soy uruguayo, y mi portugués es muy pobre por esto le estribo en español, sepa disculparme.

Antes que nada quiero felicitarlo por el análisis que realiza en el artículo.

Mi pregunta se centra en saber en que se basa UD para suponer que la estrategia de la UE se dirigirá más hacia la predicción de queso que de leche en polvo?

Mi duda surge ya que estoy trabajando en la ejecución de un proyecto aquí en Uruguay para producir suero en polvo, del análisis que realicé la relación en los últimos años entre el precio de la leche en polvo y los del queso pasó de 0,85 (2002) a 1,25. Este hecho, como industrial me está dando una pauta clara de que hacer con la leche que recibo, hoy la tonelada de Queso Cheddar esta a 5.000 U$S y la tonelada de Leche en Polvo a 5.300, o sea estamos en una relación de 1,06?

De ser así como UD dice, la situación coyuntural actual que ha motivado una caída de aproximadamente un 12% el precio del Suero en Polvo, debido al aumento de la producción de queso pata estoquear para el invierno, que se da al finalizar la zafra lechera europea..no es tan coyuntural como a m me parece?

Desde ya le agradezco su opinión y nuevamente lo felicito por su análisis que expuso en este artículo.

Atte.,

Claudio Valenti.

<b>Resposta do autor:</b>

Estimado Senhor Claudio,

Minha hipótese que a UE reduzirá sua participação no mercado de leite em pó e manterá ou crescerá no mercado de queijos está baseada nos seguintes pressupostos:

a) A produção de leite em pó caiu na UE a partir de 2004;

b) A produção de queijos não caiu;

c) Leite em pó é commodity, ou seja, mercado com poucas barreiras à entrada de novos competidores;

d) Queijo é mercado mais sofisticado, que exige maior sofisticação de quem o participa, quer seja no processamento, na distribuição e até mesmo na manutenção e expansão de novos mercados;

e) O preço do leite em pó não se manterá indefinidamente nos patamares atuais (todavia, não voltará aos patamares antigos) e continuará a ser mercado concorrencial.

A UE é competitiva na produção de queijos e não é competitiva na produção de leite em pó. Considerando-se a premissa que as restrições tarifárias tenderão a se reduzir a partir de 2013, é de se supor que, a partir de agora, a UE esteja procurando se reposicionar no mercado.

Obrigado por sua participação,

Paulo Martins
Luiz Fernando de Mattos Pimenta
LUIZ FERNANDO DE MATTOS PIMENTA

GOIÂNIA - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/08/2007

Seu artigo é muito bom para nos ajudar a pensar na lógica da globalização, onde os mercados se interagem mesmo que, às vezes, de forma indireta.

Você acha que os atores da cadeia - produtores, grandes e pequenos laticínios - estão investindo melhor em qualidade do leite, pensando na maior participação do Brasil no mercado externo?

Percebo um movimento dos compradores (laticínios) e dos vendedores (produtores e intermediários) com práticas de canibalismo, dando moratória à qualidade... até que os preços retornem a patamares menos conjunturais, o que não deverá demorar.

Comportamentos oportunistas não constroem cadeias produtivas sólidas no longo prazo (que é o que parece ser nossa oportunidade nos lácteos).

Luiz Pimenta - Pesquisador

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Dr. Luiz,

O mercado de leite ainda continua comprador. Portanto, estamos na fase de istrar escassez. Num ambiente desses a busca é de quantidade e não de qualidade. Todavia, o segmento lácteo caminha a os largos, ao meu juizo, para se consolidar sob a ótica de cadeia produtiva. Comportamentos oportunistas sempre existirão, tanto por parte do produtor, quanto da indústria. Mas, acredito, são bem menores que há 12 anos, quando iniciamos o pagamento de preços diferenciados por quantidade. E serão nos próximos anos.

Obrigado por seu comentário,

Paulo Martins
adriano lobo sahium
ADRIANO LOBO SAHIUM

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/08/2007

Depois que comecei a ler os comentários e análises sobre o mercado nacional e internacional, fiquei mais motivado para continuar a minha atividades na produção de leite. Além do mais tendo as informações atualizadas do MilkPoint e os comentários e explicações sempre com muita sabedoria do sr. Paulo do Carmo Martins. Só tenho a agradecer a vocês.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Adriano,

Obrigado pelo estímulo.

Paulo Martins
Alceu Storck
ALCEU STORCK

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2007

O preço no mercado internacional efetivamente subiu no segundo semestre do ano ado e somente no meio desse ano que o consumidor sentiu efetivamente a elevação de preços. Isso ocorreu porque sempre há um espaço de tempo para que a elevação de preços seja tranmitida ao longo da cadeia.

Estamos em economia aberta, ou seja, é possível importar e exportar lácteos. Como somos pequenos em termos de participação no mercado internacional, somos tomadores de preços.

Vamos supor que:

a) o preço internacional continue elevado (não necessariamente no mesmo patamar, mas elevado);

b) o consumidor brasileiro vete os preços elevados de leite (ou seja, reduza o consumo);

c) a oferta de leite cresça no Brasil, a partir de agora.

Se as três hipóteses se confirmarem, o que parece provável, o preço tenderá a cair no mercado brasileiro, mas somente em parte e por um período, pois as empresas brasileiras terão estímulo a exportarem um possível excedente, aos preços do mercado internacional, voltando a equilibrar o mercado interno.

Portanto, acredito que continuaremos a ter, no mercado interno, preços muito influenciados pelo mercado internacional.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Storck,

Concordo integralmente com sua análise.

Paulo Martins
Plácido Borges Campos
PLÁCIDO BORGES CAMPOS

CÁSSIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2007

A oportunidade de todos os produtores de ter conhecimento rápido do que ocorre no mercado de leite tem feito diferença na organização da classe, e pessoas como o Sr. estão contribuindo, e pode muito mais. Agradeço por isto.

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Plácido,

Muito obrigado pelo estímulo.

Paulo Martins
Marius Cornélis Bronkhorst
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2007

Parabéns pelo artigo publicado, nossas espectativas continuam boas para as próximas safras.

<b>Resposta do autor:</b>

Marius, obrigado.

Paulo Martins
Alcides Piantola
ALCIDES PIANTOLA

CONCEIÇÃO DE MACABU - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/08/2007

Brilhantes e elucidativos, tanto seu artigo como suas respostas. A propósito:

- Como explicar que o produtor recebeu nos últimos meses cerca de 20 centavos de acréscimo enquanto o consumidor está pagando mais caro R$ 1,5?

- Como a produção pode aumentar se o rebanho levaria anos para ser reposto?

- Supondo que o preço internacional venha a cair, bem como o consumo, a oferta se mantenha ou aumente com novos investimentos, é possível uma manutenção dos atuais patamares através da redução das margens dos intermediarios?

Uma sua visita e palestra em nossa região seria muito bem vinda.

Um forte abraço.

Alcides
Macaé-RJ

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Alcides,

Obrigado pela sua correspondência.

Uma cadeia produtiva é uma cadeia de agregação de valor. Cada etapa do processo faz com que o preço do produto fique mais elevado. Portanto, uma análise correta parece-me que não é comparar o acréscimo monetário, mas o percentual de acréscimo para cada segmento.

Paulo Martins
Eduardo Côrtes
EDUARDO CÔRTES

CARATINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/08/2007

Parabéns pelo artigo. Precisamos mais de análises bem embasadas tecnicamente com a do Sr., e menos de discursos e artigos eloquentes, mas sem substância.

Sei que o Sr. é muito ocupado, mas além do artigo sobre a China, acredito que uma análise sobre a produção americana e canadense poderira trazer também mais luz para a compreensão desse mercado.

Muito mais que a China, o mercado norte-americano hoje produz e consome leite e derivados. Mais uma vez, parabéns pelo artigo e pela iniciativa.

Eduardo Côrtes - Rio de Janeiro

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Eduardo,

Os EUA tenderão a ser mais importantes no mercado de lácteo que são hoje.

Fica anotada a sugestao para proximos artigos. Obrigado por responder a este artigo.

Paulo
LEONARDO CHEIB
LEONARDO CHEIB

GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/08/2007

Parabéns pela análise.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Leonardo,

Agradeço o seu comentário.

Paulo Martins
Helvecio Oliveira
HELVECIO OLIVEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/08/2007

Dr. Paulo, parabéns pelo artigo.

Dados de Shiva (1999), apontam que a produção européia ocupa sete vezes sua área, no terceiro mundo (dizem que em breve teremos também uma subespécie), na produção de grãos para manutenção dos seus sistemas de produção confinados.

Isso merece reflexão, pois como se criou a União Européia, em breve, serão criados pólos produtores segundo potencialidades naturais.

É mais fácil importar leite em pó que que trazer os grãos para produzir em casa. Outro ponto é que pragmatismo tem limite, a Europa está envelhecendo, a rapaziada rica tem aversão ao esterco de vaca.

A China está aprendendo a consumir leite e o México começa também a importar. Assim, acredito no Brasil e também Argentina (com sua enorme potencialidade) como as bolas da vez, com produções de leite a pasto tecnificadas, até que as Áfricas e as Índias acordem.

Seu artigo é de um posicionamento concreto, e com números (coisa que devemos ter como exemplo). A Embrapa está em boas mãos, peço que olhem com mais carinho para a Zona da Mata, que vê seu leite morrer a cada dia em um clima abençoado por Deus.

Mais uma vez parabéns.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Dr. Helvécio,

Muito oportuno seu comentário.

Paulo
Rogerio Eduardo de Souza Junior
ROGERIO EDUARDO DE SOUZA JUNIOR

OS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 15/08/2007

Como aluno do último ano de Medicina Veterinária (PUC Minas/Betim), venho parabenizá-lo pelo brilhante artigo, muito bem elaborado, pois dentro da universidade não temos aulas sobre mercado, como foi dada pelo senhor através deste artigo.

Gostaria de ler um artigo sobre o mercado lácteo chinês.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Rogério,

Prometo artigo sobre a China. Mas, vai demorar um pouco, em função da minha sobrecarga de trabalho derivada do cargo que atualmente ocupo na Embrapa, que me deixa com pouco tempo disponível para esta finalidade.

Obrigado por seus comentários.

Paulo Martins
Antonio Vilela Candal
ANTONIO VILELA CANDAL

JACAREÍ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/08/2007

Caro Paulo Martins;

Muito bom.

O que era "feeling", já vinculados e comentados na Televisão e Jornais, agora toma embassamento apropriado.

Antonio Vilela CANDAL
ABCBRH - Presidente

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Dr. Candal,

Agradeço sua iniciativa de reproduzir o artigo para um público tão seleto formado pela Associação que o senhore preside.

Paulo Martins
Renato S. Machado Pompéu-Mg
RENATO S. MACHADO POMPÉU-MG

POMPÉU - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/08/2007

Como sempre os artigos do professor levam uma nova luz a assuntos que geram polêmica mas sem embasamanto cientifico. Muito se falou que estes novos países supririam a demanda da UE e com incentivos seriam imbatríveis.

Gostaria de fazer uma pergunta ao senhor, fugindo do assunto do artigo, o que o senhor acha deste recente aumento no preço do leite? Corrija meu raciocínio se for incorreto. Para nós, produtores, a existe percepção que somente agora o preço do leite atingiu patamares que remunerem a produção e permita investimento.

Mas me preocupa que a causa a alta do preço seja o preço internacional do produto. Nós não exportamos nem 10% do volume produzido, isto nos põe na mão do mercado interno. Se a dona de casa achar que o leite e os produtos lácteos são vilões pode reduzir o consumo e uma redução pequena em quase 200 milhões de habitantes pode fazer sobrar produto nos laticínios.

Li que já estão detectando redução de 20% no consumo e já aumentamos 4,6% a captação, esta conta não fecha. O que o senhor acha disto?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Renato,

O preço no mercado internacional efetivamente subiu no segundo semestre do ano ado e somente no meio desse ano que o consumidor sentiu efetivamente a elevação de preços. Isso ocorreu porque sempre há um espaço de tempo para que a elevação de preços seja tranmitida ao longo da cadeia.

Estamos em economia aberta, ou seja, é possível importar e exportar lácteos. Como somos pequenos em termos de participação no mercado internacional, somos tomadores de preços.

Vamos supor que:

a) o preço internacional continue elevado (não necessariamente no mesmo patamar, mas elevado);

b) o consumidor brasileiro vete os preços elevados de leite (ou seja, reduza o consumo);

c) a oferta de leite cresça no Brasil, a partir de agora.

Se as três hipóteses se confirmarem, o que parece provável, o preço tenderá a cair no mercado brasileiro, mas somente em parte e por um período, pois as empresas brasileiras terão estímulo a exportarem um possível excedente, aos preços do mercado internacional, voltando a equilibrar o mercado interno.

Portanto, acredito que continuaremos a ter, no mercado interno, preços muito influenciados pelo mercado internacional.

Paulo Martins
nilton catandi
NILTON CATANDI

RIO CLARO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2007

Nem vou dizer que achei um ótimo artigo, porque
achei que foi uma excelente aula. Parabéns.

<b>Resposta do autor:</b>

Obrigado, Sr. Nilton.

Paulo Martins
Qual a sua dúvida hoje?