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O que devo saber sobre o neonato bovino

Sabe-se que o objetivo de criar uma bezerra vai além de reposição de rebanho e a pergunta que devemos nos fazer, por onde começar?

Publicado em: - 6 minutos de leitura

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Quando penso em o que o que é criar bem uma bezerra, logo vem em minha mente: produzir uma novilha de qualidade, com saúde, tamanho, condição corporal e sistema imunológico competente, para que ela entre em lactação e expresse seu potencial genético. Criar uma bezerra de forma econômica e eficiente durante sua fase pré desmame. Muitas palavras, porém, que ditam uma boa criação. Para que isso aconteça, precisamos traçar metas e práticas de manejo de facilitem o objetivo, ou seja, fazer o básico bem-feito. A regra é essa!

Sabe-se que o objetivo de criar uma bezerra vai além de reposição de rebanho, mas envolve melhoramento genético e investimento futuro da propriedade e a pergunta que devemos nos fazer, por onde começar?

Geralmente os olhos brilham quando nasce uma fêmea, e a partir dai começamos a tão afamada criação de bezerras. Visto isso, estamos já atrasados pensando em por onde começar. A criação de bezerras inicia já no momento da inseminação da vaca e da novilha. A escolha adequada do sêmen a ser utilizado impacta tanto quanto um manejo mal iniciado nos primeiros dias de vida.

Atualmente estamos trabalhando em rebanhos cada vez mais jovens, lutando pela precocidade reprodutivas das nossas novilhas e em muitos casos o objetivo é apenas diagnóstico de gestação positivo. Atente-se à touros com prova de facilidade parto em novilhas e em vacas com mais de três lactações.

Uma novilha nulípara esta em processo de crescimento, formação e adaptação, e um dos motivos pelos quais novilhas não tem “arrancada” na primeira lactação é o parto, parto auxiliado quando gestou um bezerro muito grande, ou geneticamente emprenhou de um animal com predisposição de dificuldade de parto, o mesmo ocorre com vacas com mais de três lactações. Se podemos minimizar esse efeito, que seja feito.

Quando falamos de vacas em lactação não podemos esquecer sua secagem, e porque ela é tão importante? A secagem proporciona um descanso para glândula mamaria e preparação para formação de colostro, ou seja, interrompemos a lactação 60 dias antes da data prevista do parto e em seguida o organismo se prepara para a colostrogenese (iniciada 30 dias antes da data prevista do parto).

O período seco envolve uma seria de acontecimentos, inclusive a preparação para o momento do parto o qual requer uma demanda grande de energia e mobilização de cálcio. Visto isso a dieta da vaca também deve ser respeitada (dieta aniônica), pois pode prejudicar o desencadeamento do parto pela falta de energia e força para o mesmo e uma possível distocia.

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E já que falamos da colostrogenese, vale ressaltar que o período de secagem da vaca, é o momento ideal para vacinação, melhorando e enriquecendo a qualidade do colostro, uma vez que a placenta não permite agem de anticorpos da vaca para a bezerra, tornando a dependente da colostragem no tempo, quantidade e qualidade adequados.

Atualmente se fala muito nos efeitos epigenéticos que afetam até três gerações. Vacas que sofrem por exemplo de estresse calórico no período seco, diminuem a nutrição intrauterina de suas crias e posteriormente nascem bezerros menores e carreiam esse efeito até a desmama e primeira lactação, pois serão animais menores e automaticamente com pouca massa corporal portanto produzem menos leite. E falando em estresse, quando um organismo esta sob o efeito de estresse, os níveis de cortisol sanguíneo encontra-se extremamente altos.

Os efeitos do alto nível de cortisol na vaca é a antecipação do parto e menor nutrição da cria. Já na bezerra devido os níveis altos de cortisol, pois também se encontram em estresse, após o nascimento apresentam dificuldade de mamar o colostro e realizar sua adaptação neonatal.

Visto estes pontos abordados antes do nascimento da bezerra, o que precisamos saber sobre o neonato bovino? Primeiramente entendendo o processo fisiológico da bezerra durante o parto e imediatamente após o nascimento. Durante o parto a bezerra assume suas funções vitais como: adaptação respiratória, metabólica, térmica e nutricional.

Quando a bezerra encontra se preparada fisiologicamente para nascer, ainda na vida intrauterina entra no quadro de estresse fetal e libera cortisol que chega até a grande circulação sanguínea da mãe e então ocorre o desencadeamento do parto. Durante a gestação o lado direito do coração do feto não é ativo e o pulmão está submerso de líquido amniótico e seus pneumócitos (células do pulmão) são imaturas e o pulmão não tem capacidade de expansão.

Sabendo tudo isso, o que seria então adaptação neonatal? quando ocorre essa adaptação? quando que o lado direito do coração se torna ativo, quando que os pneumócitos maturam e quando ocorre expansão pulmonar? Exatamente durante o nascimento.

O estresse fetal, aumenta a pressão sanguínea consequentemente aumenta frequência cardíaca e temos a ativação do lado direito do coração, pois o coração está bombeando mais sangue e mais rápido durante o parto. Enquanto e durante isso, já houve rompimento do saco amniótico e o feto está sendo expulso, o líquido em que o pulmão estava submerso está se esvaziando (ocorrendo síntese e ação do surfactante).

Durante a agem do bezerro pelo canal do parto a pressão exercida sob o tórax da bezerra permite a entrada de ar e expansão pulmonar (já que as vias aéreas superiores já estão desobstruídas – focinho e cabeça fora do canal do parto).

A respiração pulmonar inicia então, por estímulo reflexo do canal do parto durante a agem pela pelve, portanto todos os neonatos sofrem uma hipoxemia fetal fisiológica – baixo nível de oxigênio no sangue. A imaturidade hipotalâmica gera dificuldade em regular sua temperatura, visto que a bezerra nasce completamente molhada, saindo de uma temperatura de 38,5ºC a 39ºC para temperatura ambiente completamente variável. Devido todas essas modificações, os bezerros nascem com acidose metabólica.

O que devemos considerar sobre os neonatos: nascem sob altos níveis de cortisol (sentem dor), são letárgicos devido a acidose metabólica e hipoxemia fetal, apresentam falha em estimular seus músculos para produzir calor (tremor muscular normal – serve para movimentação da musculatura para gerar calor) – têm hipotermia nas primeiras horas de vida (essa hipotermia não significa que todos apresentam temperatura baixa, mas que oscila sua temperatura corporal), nascem com baixa reserva de energia.

O escore de vigor neonatal ou vigorosidade serve como parâmetro para sabermos se em alguma das adaptações neonatal houve falha. O escore se baseia no exame e observação de: aparência visual, iniciação dos movimentos, resposta geral: reflexos, oxigenação: cor das mucosas e frequência cardíaca e respiratória.

vigor nas bezerras

Sempre falo que a natureza é tudo muito perfeita, veja: os bovinos são considerados animais de fuga, por tanto mesmo que seus filhotes nasçam letárgicos e com todas essas adaptações a serem resolvidas, sua mãe o auxilia em absolutamente tudo.

O ato de nascer já gera estímulos para que sua respiração e expansão pulmonar ocorra, após o nascimento a primeira coisa que uma vaca com extinto materno faz é lamber a cria, a lambedura serve para desobstruir as vias aéreas superiores (melhora respiração), serve como massagem cardíaca para acelerar ainda mais sua frequência cardíaca, e para secar o bezerro já que não regula sua temperatura corporal. Em três minutos após o nascimento os bezerros já levantam a cabeça, em cinco minutos estão em decúbito esternal (mais fácil respirar), em até vinte minutos tentam ficar em pé e em uma hora estão em pé para mamar o colostro.

Escore de vitalidade

E quando acontece uma distocia (dificuldade em progredir o parto) o que acontece com a adaptação neonatal? Tudo se prolonga, a hipoxemia prolongada pode se tornar uma asfixia neonatal (teremos bezerro angustiado e com falta de oxigênio no cérebro - bezerro, os níveis de cortisol no sangue permanecem altos por aproximadamente até 6 horas após o parto (bezerro sente dor por mais tempo), reflexo de sucção alterado (dificuldade para mamar), ingestão exagerada de líquido, pois precisava nascer e ficou mais tempo in útero portanto tem dificuldade respiratória e a hipotermia prolongada.

 

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Material escrito por:

Maria Andreza Arving Moroz

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Quando penso em o que o que é criar bem uma bezerra, logo vem em minha mente: produzir uma novilha de qualidade, com saúde, tamanho, condição corporal e sistema imunológico competente, para que ela entre em lactação e expresse seu potencial genético. Criar uma bezerra de forma econômica e eficiente durante sua fase pré desmame. Muitas palavras, porém, que ditam uma boa criação. Para que isso aconteça, precisamos traçar metas e práticas de manejo de facilitem o objetivo, ou seja, fazer o básico bem-feito. A regra é essa!

Sabe-se que o objetivo de criar uma bezerra vai além de reposição de rebanho, mas envolve melhoramento genético e investimento futuro da propriedade e a pergunta que devemos nos fazer, por onde começar?

Geralmente os olhos brilham quando nasce uma fêmea, e a partir dai começamos a tão afamada criação de bezerras. Visto isso, estamos já atrasados pensando em por onde começar. A criação de bezerras inicia já no momento da inseminação da vaca e da novilha. A escolha adequada do sêmen a ser utilizado impacta tanto quanto um manejo mal iniciado nos primeiros dias de vida.

Atualmente estamos trabalhando em rebanhos cada vez mais jovens, lutando pela precocidade reprodutivas das nossas novilhas e em muitos casos o objetivo é apenas diagnóstico de gestação positivo. Atente-se à touros com prova de facilidade parto em novilhas e em vacas com mais de três lactações.

Uma novilha nulípara esta em processo de crescimento, formação e adaptação, e um dos motivos pelos quais novilhas não tem “arrancada” na primeira lactação é o parto, parto auxiliado quando gestou um bezerro muito grande, ou geneticamente emprenhou de um animal com predisposição de dificuldade de parto, o mesmo ocorre com vacas com mais de três lactações. Se podemos minimizar esse efeito, que seja feito.

Quando falamos de vacas em lactação não podemos esquecer sua secagem, e porque ela é tão importante? A secagem proporciona um descanso para glândula mamaria e preparação para formação de colostro, ou seja, interrompemos a lactação 60 dias antes da data prevista do parto e em seguida o organismo se prepara para a colostrogenese (iniciada 30 dias antes da data prevista do parto).

O período seco envolve uma seria de acontecimentos, inclusive a preparação para o momento do parto o qual requer uma demanda grande de energia e mobilização de cálcio. Visto isso a dieta da vaca também deve ser respeitada (dieta aniônica), pois pode prejudicar o desencadeamento do parto pela falta de energia e força para o mesmo e uma possível distocia.

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E já que falamos da colostrogenese, vale ressaltar que o período de secagem da vaca, é o momento ideal para vacinação, melhorando e enriquecendo a qualidade do colostro, uma vez que a placenta não permite agem de anticorpos da vaca para a bezerra, tornando a dependente da colostragem no tempo, quantidade e qualidade adequados.

Atualmente se fala muito nos efeitos epigenéticos que afetam até três gerações. Vacas que sofrem por exemplo de estresse calórico no período seco, diminuem a nutrição intrauterina de suas crias e posteriormente nascem bezerros menores e carreiam esse efeito até a desmama e primeira lactação, pois serão animais menores e automaticamente com pouca massa corporal portanto produzem menos leite. E falando em estresse, quando um organismo esta sob o efeito de estresse, os níveis de cortisol sanguíneo encontra-se extremamente altos.

Os efeitos do alto nível de cortisol na vaca é a antecipação do parto e menor nutrição da cria. Já na bezerra devido os níveis altos de cortisol, pois também se encontram em estresse, após o nascimento apresentam dificuldade de mamar o colostro e realizar sua adaptação neonatal.

Visto estes pontos abordados antes do nascimento da bezerra, o que precisamos saber sobre o neonato bovino? Primeiramente entendendo o processo fisiológico da bezerra durante o parto e imediatamente após o nascimento. Durante o parto a bezerra assume suas funções vitais como: adaptação respiratória, metabólica, térmica e nutricional.

Quando a bezerra encontra se preparada fisiologicamente para nascer, ainda na vida intrauterina entra no quadro de estresse fetal e libera cortisol que chega até a grande circulação sanguínea da mãe e então ocorre o desencadeamento do parto. Durante a gestação o lado direito do coração do feto não é ativo e o pulmão está submerso de líquido amniótico e seus pneumócitos (células do pulmão) são imaturas e o pulmão não tem capacidade de expansão.

Sabendo tudo isso, o que seria então adaptação neonatal? quando ocorre essa adaptação? quando que o lado direito do coração se torna ativo, quando que os pneumócitos maturam e quando ocorre expansão pulmonar? Exatamente durante o nascimento.

O estresse fetal, aumenta a pressão sanguínea consequentemente aumenta frequência cardíaca e temos a ativação do lado direito do coração, pois o coração está bombeando mais sangue e mais rápido durante o parto. Enquanto e durante isso, já houve rompimento do saco amniótico e o feto está sendo expulso, o líquido em que o pulmão estava submerso está se esvaziando (ocorrendo síntese e ação do surfactante).

Durante a agem do bezerro pelo canal do parto a pressão exercida sob o tórax da bezerra permite a entrada de ar e expansão pulmonar (já que as vias aéreas superiores já estão desobstruídas – focinho e cabeça fora do canal do parto).

A respiração pulmonar inicia então, por estímulo reflexo do canal do parto durante a agem pela pelve, portanto todos os neonatos sofrem uma hipoxemia fetal fisiológica – baixo nível de oxigênio no sangue. A imaturidade hipotalâmica gera dificuldade em regular sua temperatura, visto que a bezerra nasce completamente molhada, saindo de uma temperatura de 38,5ºC a 39ºC para temperatura ambiente completamente variável. Devido todas essas modificações, os bezerros nascem com acidose metabólica.

O que devemos considerar sobre os neonatos: nascem sob altos níveis de cortisol (sentem dor), são letárgicos devido a acidose metabólica e hipoxemia fetal, apresentam falha em estimular seus músculos para produzir calor (tremor muscular normal – serve para movimentação da musculatura para gerar calor) – têm hipotermia nas primeiras horas de vida (essa hipotermia não significa que todos apresentam temperatura baixa, mas que oscila sua temperatura corporal), nascem com baixa reserva de energia.

O escore de vigor neonatal ou vigorosidade serve como parâmetro para sabermos se em alguma das adaptações neonatal houve falha. O escore se baseia no exame e observação de: aparência visual, iniciação dos movimentos, resposta geral: reflexos, oxigenação: cor das mucosas e frequência cardíaca e respiratória.

vigor nas bezerras

Sempre falo que a natureza é tudo muito perfeita, veja: os bovinos são considerados animais de fuga, por tanto mesmo que seus filhotes nasçam letárgicos e com todas essas adaptações a serem resolvidas, sua mãe o auxilia em absolutamente tudo.

O ato de nascer já gera estímulos para que sua respiração e expansão pulmonar ocorra, após o nascimento a primeira coisa que uma vaca com extinto materno faz é lamber a cria, a lambedura serve para desobstruir as vias aéreas superiores (melhora respiração), serve como massagem cardíaca para acelerar ainda mais sua frequência cardíaca, e para secar o bezerro já que não regula sua temperatura corporal. Em três minutos após o nascimento os bezerros já levantam a cabeça, em cinco minutos estão em decúbito esternal (mais fácil respirar), em até vinte minutos tentam ficar em pé e em uma hora estão em pé para mamar o colostro.

Escore de vitalidade

E quando acontece uma distocia (dificuldade em progredir o parto) o que acontece com a adaptação neonatal? Tudo se prolonga, a hipoxemia prolongada pode se tornar uma asfixia neonatal (teremos bezerro angustiado e com falta de oxigênio no cérebro - bezerro, os níveis de cortisol no sangue permanecem altos por aproximadamente até 6 horas após o parto (bezerro sente dor por mais tempo), reflexo de sucção alterado (dificuldade para mamar), ingestão exagerada de líquido, pois precisava nascer e ficou mais tempo in útero portanto tem dificuldade respiratória e a hipotermia prolongada.

 

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Material escrito por:

Maria Andreza Arving Moroz

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