Diarréia é uma doença que pode ser evitada ao se adotar boas práticas de manejo, apesar de ser a causa mais comum de morte de bezerros novos. A maioria dos casos de diarréias fatais ocorre nas primeiras duas semanas de vida. Com o crescimento dos bezerros, diminui-se a susceptibilidade dos mesmos a doenças infecciosas, porém esta ainda persiste até 3 a 4 meses de idade.
Diarréias muitas vezes podem ser classificadas como nutricionais (por excesso de fornecimento de leite, sucedâneos de leite ou por mudança brusca na composição de leite) ou infecciosa (Tabela 1). Porém, esta distinção pode ser um pouco arbitrária, já que problemas nutricionais podem predispor o bezerro a infecções. Escherichia coli é o principal organismo envolvido na diarréia que ocorre durante os primeiros dias após o nascimento (diarréia neonatal).
Tabela 1: Principais microorganismos que causam diarréia.

Sinais clínicos
Diarréia é a excreção de fezes que contém quantidades excessivas de água. As fezes de bezerros com diarréia podem conter de 5 a 10 vezes mais água que o normal. Além de líquida, vários tipos de diarréia podem resultar na produção de fezes com odor fétido, sem cor normal de fezes (amarelada ou esbranquiçada) ou que contém muco e sangue. Com a progressão da doença, outros sinais vão se tornando mais evidentes. Os sinais clínicos seguintes estão listados em ordem de severidade:
- perda de interesse por alimento (baixo apetite)
- fezes líquidas
- sinais de desidratação (olhos fundos, pelo eriçado, turgor cutâneo retardado, etc.)
- extremidades frias (hipotermia)
- levanta lentamente e com dificuldade ou incapacidade de se levantar (prostração)
Diagnóstico precoce
Chamar a atenção para fatores de risco ajuda na detecção precoce da diarréia. A chance de desenvolvimento de doença clínica e morte diminuem muito quando o diagnóstico vem acompanhado por medidas adequadas para minimizar o impacto da diarréia.
Normalmente, animais jovens e em particular bezerros novos, apresentam bom apetite. O primeiro sinal de que o bezerro está adoecendo pode ser percebido no momento do fornecimento do alimento. Um bezerro que não está com fome, possivelmente tem algo de errado acontecendo com ele. Observação criteriosa de certos sinais permite que o produtor perceba o aparecimento da diarréia um dia antes que ela realmente ocorra. Os seguintes sinais indicam um possível aparecimento de diarréia:
- Focinho seco.
- Muco grosso excretado pelas narinas.
- Falta de apetite (recusa beber leite).
- Prostração e temperatura retal alta (>39.3°C).
Quando um bezerro mostra algum desses sinais, parte de seu leite pode ser retirado como medida preventiva. A diarréia pode não ser totalmente evitada, mas, o bezerro pode se recuperar mais rapidamente.
Prevenção
Práticas de manejo
Assim como a maioria das doenças de bezerros, imunidade iva adequada e remoção de fatores predisponentes são as duas medidas principais para se evitar a diarréia. Verificar se as práticas recomendadas de manejo estão entrando em vigor, além de dar atenção aos detalhes da criação, são atitudes que eliminam os fatores de risco e reduzem consideravelmente a incidência de diarréia e morte de bezerros.

Vacinas
Vacinas para linhagens específicas de E. coli estão disponíveis no mercado. A maneira mais efetiva de usar estas vacinas é pela inoculação de vacas prenhes, para que a resistência à bactéria possa ser transferida através de imunoglobulinas pelo colostro. O sistema imune de um bezerro, não responde bem a vacinação até 6 a 8 semanas de idade.
A vacinação de vacas em lactação tem sido amplamente adotada em rebanhos leiteiros. Existem numerosas linhagens de E. coli que causam diarréia, assim, a introdução de uma linhagem nova ou diferente de E. coli (por exemplo, com a compra de um bezerro infectado) pode resultar em novos episódios da doença.
No próximo artigo serão apresentados alguns métodos e técnicas de manejo que auxiliarão o tratamento de animais com diarréia neonatal.