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Resposta financeira à manipulação do teor de sólidos no leite

Resposta financeira à manipulação do teor de sólidos no leite

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A introdução do pagamento por sólidos por grandes compradores de leite no país pode transformar a vaca leiteira brasileira em produtora de alimento. Este fato, desde que implantado de uma maneira financeiramente justa, pode representar uma mudança de rumos nas áreas de melhoramento e nutrição de gado leiteiro no país. Nutrição e genética são certamente as duas alternativas mais promissoras para atuar sobre a composição do leite em proteína e gordura.
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Para simular o potencial de resposta financeira à atuação sobre a composição do leite foram utilizados os dados publicados no recente sistema de valorização da qualidade implantado em Janeiro de 2005 pela Nestlé, clique aqui para ler o artigo na íntegra divulgado no site da Nestlé (PDF - 2,01MB). Para estas simulações, foi assumido que a remuneração por qualidade seria adicionada a um leite com valor básico de R$ 0,64/litro. Este valor básico seria a soma do preço base, do adicional de mercado, do adicional por distância e do adicional por volume, parâmetros cuja remuneração é determinada pela empresa independentemente da qualidade do leite produzido. Foi assumido também que a contagem de célula somática (CCS) do rebanho seria 500 mil células/ml, já que 23,5% dos fornecedores da Nestlé apresentam CCS maior que 500 mil, categoria que engloba a maior frequência de produtores. Este valor de CCS reduz a remuneração por litro em R$ 0,01. Também foi assumido um valor de UFC de 400 mil unidades formadoras de colônia/ml, o que resulta em adicional nulo decorrente deste parâmetro de qualidade. Dentre os fornecedores da Nestlé em 2004, 44,6% apresentaram UFC acima de 400 mil.

Para simular o impacto de se aumentar o teor de gordura e proteína, a partir da situação acima descrita, alguns dados foram considerados. Dentre os fornecedores da Nestlé em 2004, 80,46% apresentaram teor de proteína no leite entre 3,1% e 3,4% (Figura 1) e o teor médio de proteína, balanceado para a proporção de produtores em cada categoria de teor protéico, foi 3,25%. Para o teor de gordura, 73,49% dos produtores produziram leite com teor variando de 3,4% a 3,9%, sendo a média balanceada equivalente a 3,66%. O preço deste leite médio com 3,25% de proteína e 3,66% de gordura seria R$ 0,6559.

Figura 1: Distribuição do volume de leite recebido pela Nestlé em 2004 por categoria de teor de proteína e de gordura.



Assumindo um valor constante de teor de gordura de 3,66%, aumento no teor de proteína de 3,1% para 3,4%, os valores mínimo e máximo para a maior inclusão de produtores na amostragem, elevaria a remuneração por litro produzido em R$ 0,0248 (Figura 2). Também assumindo constância no valor 3,25%, equivalente ao teor médio de proteína nesta amostra de produtores, elevação no teor de gordura de 3,4% para 3,9% elevaria a remuneração por litro em R$ 0,0137. Assumindo constância no volume de leite produzido por dia, se tornar um produtor de leite com alto teor protéico parece ser financeiramente mais interessante do que se tornar um produtor de leite com alto teor de gordura.

Figura 2: Resposta financeira decorrente do sistema de valorização da qualidade da Nestlé a aumento no teor de proteína no leite de 3,1% para 3,4% e no teor de gordura de 3,4% para 3,9%. Assume constância de 3,25% no teor protéico com variação no teor de gordura e constância de 3,66% no teor de gordura com variação no teor protéico






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Material escrito por:

Marcos Neves Pereira

Marcos Neves Pereira

Professor Titular da UFLA (Lavras, MG)

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Para simular o potencial de resposta financeira à atuação sobre a composição do leite foram utilizados os dados publicados no recente sistema de valorização da qualidade implantado em Janeiro de 2005 pela Nestlé, clique aqui para ler o artigo na íntegra divulgado no site da Nestlé (PDF - 2,01MB). Para estas simulações, foi assumido que a remuneração por qualidade seria adicionada a um leite com valor básico de R$ 0,64/litro. Este valor básico seria a soma do preço base, do adicional de mercado, do adicional por distância e do adicional por volume, parâmetros cuja remuneração é determinada pela empresa independentemente da qualidade do leite produzido. Foi assumido também que a contagem de célula somática (CCS) do rebanho seria 500 mil células/ml, já que 23,5% dos fornecedores da Nestlé apresentam CCS maior que 500 mil, categoria que engloba a maior frequência de produtores. Este valor de CCS reduz a remuneração por litro em R$ 0,01. Também foi assumido um valor de UFC de 400 mil unidades formadoras de colônia/ml, o que resulta em adicional nulo decorrente deste parâmetro de qualidade. Dentre os fornecedores da Nestlé em 2004, 44,6% apresentaram UFC acima de 400 mil.

Para simular o impacto de se aumentar o teor de gordura e proteína, a partir da situação acima descrita, alguns dados foram considerados. Dentre os fornecedores da Nestlé em 2004, 80,46% apresentaram teor de proteína no leite entre 3,1% e 3,4% (Figura 1) e o teor médio de proteína, balanceado para a proporção de produtores em cada categoria de teor protéico, foi 3,25%. Para o teor de gordura, 73,49% dos produtores produziram leite com teor variando de 3,4% a 3,9%, sendo a média balanceada equivalente a 3,66%. O preço deste leite médio com 3,25% de proteína e 3,66% de gordura seria R$ 0,6559.

Figura 1: Distribuição do volume de leite recebido pela Nestlé em 2004 por categoria de teor de proteína e de gordura.



Assumindo um valor constante de teor de gordura de 3,66%, aumento no teor de proteína de 3,1% para 3,4%, os valores mínimo e máximo para a maior inclusão de produtores na amostragem, elevaria a remuneração por litro produzido em R$ 0,0248 (Figura 2). Também assumindo constância no valor 3,25%, equivalente ao teor médio de proteína nesta amostra de produtores, elevação no teor de gordura de 3,4% para 3,9% elevaria a remuneração por litro em R$ 0,0137. Assumindo constância no volume de leite produzido por dia, se tornar um produtor de leite com alto teor protéico parece ser financeiramente mais interessante do que se tornar um produtor de leite com alto teor de gordura.

Figura 2: Resposta financeira decorrente do sistema de valorização da qualidade da Nestlé a aumento no teor de proteína no leite de 3,1% para 3,4% e no teor de gordura de 3,4% para 3,9%. Assume constância de 3,25% no teor protéico com variação no teor de gordura e constância de 3,66% no teor de gordura com variação no teor protéico






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