Renata de Oliveira Souza Dias
A retenção de placenta é caracterizada quando a vaca não consegue expulsar as membranas embrionárias em até 24 horas após o parto. Geralmente, a retenção ocorre quando fatores associados ao estresse, fatores imunológicos e nutricionais impedem a separação entre as carúnculas e os cotilédones.
A ocorrência de distocias no parto, partos gemelares e hipocalcemia clínica e subclínica são fatores que sabidamente elevam a incidência da retenção de placenta, a qual ocasiona grandes perdas no desempenho reprodutivo da vaca durante a lactação, determinando altos custos para o produtor de leite.
Em uma pesquisa realizada na Universidade de Cornell, USA, os dados mostram os valores envolvidos com a retenção de placenta em fazendas leiteiras. A retenção ocorre em cerca de 11 a 18% dos partos, uma incidência média de 15%. Em geral, em apenas 1% dos casos a retenção ocasiona a morte do animal acometido; entretanto, um outro trabalho de pesquisa realizado com 29 rebanhos leiteiros na Califórnia, USA, a taxa de mortalidade foi de 1,5% dos animais, índice este extremamente elevado quando consideramos mortes relacionadas apenas com a retenção de placenta.
Um outro aspecto a ser ressaltado se refere à utilização de drogas para a indução do parto. A indução através do uso de corticosteróides ou prostaglandinas eleva a incidência de retenção placentária para aproximadamente 75%.
Devido ao acometimento da retenção de placenta no início da lactação, algumas vacas não alcançam os níveis de produção de leite economicamente esperados, sendo, por isso, descartadas. A taxa de descarte ocasionado pela baixa produção de leite em animais já acometidos pela retenção placentária é de 6%. Em apenas 10% dos casos os animais acometidos são examinados por veterinários; nos demais casos, é seguido o protocolo padrão de tratamento da fazenda. Os custos com antibióticos para tratar os animais acometidos com a retenção de placenta são altos, sendo que em média 75% dos casos são tratados com antibioticoterapia sistêmica. Devido ao tratamento, o leite é descartado geralmente por 7 dias, dependendo da base terapêutica da droga utilizada. Os custos desse leite descartado também devem ser computados nos cálculos econômicos da doença. Mas, um detalhe não pode ser esquecido: caso o animal não estivesse doente sua produção seria maior, e, por isso, deve-se estimar a perda na redução da produção de leite. Os pesquisadores sugerem que um total de 250 litros de leite são perdidos devido a retenção de placenta, somando-se neste cálculo o leite descartado e o leite não produzido devido ao estado do animal acometido.
A mão-de-obra utilizada para avaliação diária dos animais e aplicação dos medicamentos foi também computada nos custos, sendo detectado que foram gastos cerca de 10 minutos diários durante 4 dias em cada caso.
Finalmente, deve-se considerar o efeito negativo sobre o desempenho reprodutivo do animal. O atraso na concepção após os casos de retenção de placenta é cerca de 15 dias.
Montando um quadro com os índices esperados, os índices obtidos, as perdas esperadas e as perdas obtidas pode-se visualizar qual o impacto da retenção de placenta em cada rebanho leiteiro. Além da significativa importância do levantamento dos dados, esta prática força o produtor de leite e o técnico a inserir na rotina da fazenda o monitoramento dos dados, tornando a atividade cada vez mais empresarial e possibilitando a tomada de decisões em cima de números reais.
fonte: Charles Guard Ambulatory & Production Medicine Clinic, Veterinary College,Cornell University, Ithaca, NY - USA
Retenção de Placenta: índices e custos
A retenção de placenta é caracterizada quando a vaca não consegue expulsar as membranas embrionárias em até 24 horas após o parto.
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