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Ronaldo!

A Embrapa Gado de Leite sempre recebe visitas internacionais de interessados em conhecer as nossas tecnologias de baixo custo. Saiba mais, e.

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A Embrapa Gado de Leite sempre recebe visitas internacionais de interessados em conhecer as nossas tecnologias de baixo custo. Em 2005, foram de onze nacionalidades. Nestes casos, trocamos presentes singelos com os visitantes. Este ano recebi um...Quilo de café queniano! Pobreza, heim!?

Em junho estive em Vera Cruz, cidade do litoral sul mexicano. Lá estive em evento internacional promovido pela importante Confederação Nacional de Gado, que comemorava 70 anos de existência e contou com o Presidente Fox na abertura dos trabalhos. Fui proferir palestra sobre as diferenças de políticas de apoio à produção de leite nos EUA, União Européia, Austrália, Nova Zelândia, Uruguai, Argentina e Brasil. O convidado, justiça seja feita, era o Ex-Ministro Alysson Paulinelli, que não pôde comparecer e me convidou para estar em seu lugar. Pois bem: lá os organizadores do evento me presentearam com um...Quilo de café mexicano! Estranho, não? Sem querer ofender, é como mineiro ganhar queijo paraense...
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Em maio, estive na China. Numa bela cafeteria de Guangzhou há um rico cardápio de cafés originários de diferentes partes do mundo: Vietnã, Costa Rica, Equador, Itália, Alemanha...O mais caro é o da Colômbia. Não constava do cardápio, mas pedi café do Brasil. A garçonete disse que não havia! Diante de minha surpresa, o gerente se juntou a nós e me informou que não sabia que o Brasil produzia café. O único produto que ele conhecia e muito irava era o...Ronaldo! Em Pequim e Xangai, o que nos faz ser bem recebidos por populares é o... Ronaldo!

Em Xangai, participei da SIAL - a feira de alimentos mais importante do mundo, que tinha café da China, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Etiópia, Índia, Jamaica, México, Panamá, Quênia, Venezuela e Vietnã. Também lá estavam o churrasco e produtos lácteos uruguaios, os vinhos, azeites e produtos lácteos argentinos e chilenos, a tequila mexicana. E do Brasil?

Os EUA ofertavam carnes de boi e frango, lácteos, vinho e laranja. Já a Europa, ocupou a metade de um dos dois pavilhões da feira. Todos os países presentes, com propaganda voltada pela valorização de produtos regionais, com certificação de origem e produtos orgânicos.

Os fatos relatados despertam nosso sentimento de desdém para com estes pobres países desesperados. Alguns vivem problemas sérios de saturação de mercado - não podem expandir a demanda interna, pois a população é velha, está em decréscimo e já é bem alimentada. Outros vivem o problema de ter população reduzida. Resultado: precisam sair se oferecendo por aí...Bom é o Brasil, que tem mercado grande e com potencial para crescer. Portanto, por quê se aventurar em outros mercados?

Ocorre que, nos últimos 3 anos, em todos os países citados, a renda cresceu mais que no Brasil. Todos, sem exceção. Ao contrário do Brasil, eles descobriram que é fundamental conhecer os diferentes mercados e se adaptar a eles, oferecendo o que eles querem comprar e não o que queremos vender. Somos competitivos na produção e ricos em possibilidades e alternativas. Mas, somos pobres, a partir daí. Não somos vendedores, o mundo é que é comprador dos nossos produtos.

A partir de agora, já.que há restrições a lácteos em viagens internacionais, o visitante estrangeiro que aqui vier irá ganhar um quilo de café e uma camisa semelhante ao do...Ronaldo!

(Obs: no próximo artigo darei continuidade ao anterior, quando irei procurar relatar as principais posições do Prof. Michael Cook sobre cooperativismo. Em tempos de Copa do Mundo, é impossível resistir a falar do...Ronaldo!)

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RENATO BOMFIM FREITAS
RENATO BOMFIM FREITAS

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/07/2006

Caro Paulo,

Parabéns pelo artigo, é muito esclarecedor e também muito triste, quantas viagens, quantos milhões gastos com as comitivas, jatinho novo, jatos anteriores, viagens, viagens... O Brasil precisa mostrar, planejar, dar conhecimento, facilitar vendas, ocupar espaço e ser mais agressivo em seus negócios.

Um abraço,

Renato Freitas
Guilherme Leite Lopes
GUILHERME LEITE LOPES

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - TRADER

EM 23/06/2006

A Embrapa é uma ilha de excelência dentro das atividades públicas. A coleta de informações estratégicas são fundamentais para definir um programa agropecuário, mesmo sabendo que o vinho gaúcho é vendido como californiano nos EUA e o café brasileiro, como colombiano mundo afora.



Fico, entretanto, preocupado quando a diplomacia do Quênia tomar conhecimento que está sendo divulgado pela internet que o presente de seu país à Embrapa foi considerado "pobreza". Acho melhor ganhar um quilo de café do que uma Land Rover.



<b>Resposta do autor:</b>



Prezado Senhor Guilherme,



Obrigado por brindar esta coluna com a sua leitura. Obrigado também pelo reconhecimento público que faz ao trabalho da Embrapa.



O presente artigo teve o propósito de refletir sobre o quanto nós, brasileiros, temos pouco nos dedicado a valorizar os nossos bens e as nossas riquezas. E mais, o quão pouco nos preocupamos com uma efetiva inserção no mercado internacional. Caso a Embaixada daquele país irmão venha a ler o artigo, certamente entenderão que a expressão citada não se refere a um julgamento de valor nosso, com propósito pejorativo, mas a um artifício literário para levar o leitor ao ponto central do texto, que é expresso ao seu final. Por favor, releia o texto, e veja que nenhum dos vários países citados o foram com propósito depreciativo.



Aproveito para fazer um registro importante: a pesquisadora queniana nos visitou, em caráter pessoal, a convite desta Unidade de Pesquisa, na condição de consultora. Portanto, veio em função de reconhecermos que temos muito a aprender com ela e com aquele povo.



Paulo Martins
Eduardo Aguiar de Almeida
EDUARDO AGUIAR DE ALMEIDA

SALVADOR - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/06/2006

"Pobreza, hein?" - não entendi. Pobreza de quem? Realmente não entendi.

<b>Resposta do autor</b>

Prezado Sr. Eduardo,

A utilização da expressão "pobreza, hein?" teve o propósito literário de "esquentar" o texto. É um recurso literário para estimular a leitura dos demais parágrafos. Veja que, também no segundo parágrafo, utilizo recurso semelhante. Mas, não lancei mão desse recurso de modo aleatório.

Nós, brasileiros, não temos a tradição de presentear estrangeiros com um quilo de café. Será que é porque damos pouco valor a um nobre produto? Na Europa, é comum professores universitários terem como lanche uma banana e comê-la solenemente. Quando uma professora recentemente ofereceu meia banana a um amigo meu, professor brasileiro, ele se espantou e, ao me relatar o episódio, utilizou a expressão "pobreza, hein?", como forma de demonstrar a diferença de valores, ou seja, nós não valorizamos café (a ponto de vê-lo como um belo presente), nem a banana (a ponto de convidar um parceiro para dividi-la conosco, como refeição).

Paulo Martins
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Em junho estive em Vera Cruz, cidade do litoral sul mexicano. Lá estive em evento internacional promovido pela importante Confederação Nacional de Gado, que comemorava 70 anos de existência e contou com o Presidente Fox na abertura dos trabalhos. Fui proferir palestra sobre as diferenças de políticas de apoio à produção de leite nos EUA, União Européia, Austrália, Nova Zelândia, Uruguai, Argentina e Brasil. O convidado, justiça seja feita, era o Ex-Ministro Alysson Paulinelli, que não pôde comparecer e me convidou para estar em seu lugar. Pois bem: lá os organizadores do evento me presentearam com um...Quilo de café mexicano! Estranho, não? Sem querer ofender, é como mineiro ganhar queijo paraense...
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Em Xangai, participei da SIAL - a feira de alimentos mais importante do mundo, que tinha café da China, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Etiópia, Índia, Jamaica, México, Panamá, Quênia, Venezuela e Vietnã. Também lá estavam o churrasco e produtos lácteos uruguaios, os vinhos, azeites e produtos lácteos argentinos e chilenos, a tequila mexicana. E do Brasil?

Os EUA ofertavam carnes de boi e frango, lácteos, vinho e laranja. Já a Europa, ocupou a metade de um dos dois pavilhões da feira. Todos os países presentes, com propaganda voltada pela valorização de produtos regionais, com certificação de origem e produtos orgânicos.

Os fatos relatados despertam nosso sentimento de desdém para com estes pobres países desesperados. Alguns vivem problemas sérios de saturação de mercado - não podem expandir a demanda interna, pois a população é velha, está em decréscimo e já é bem alimentada. Outros vivem o problema de ter população reduzida. Resultado: precisam sair se oferecendo por aí...Bom é o Brasil, que tem mercado grande e com potencial para crescer. Portanto, por quê se aventurar em outros mercados?

Ocorre que, nos últimos 3 anos, em todos os países citados, a renda cresceu mais que no Brasil. Todos, sem exceção. Ao contrário do Brasil, eles descobriram que é fundamental conhecer os diferentes mercados e se adaptar a eles, oferecendo o que eles querem comprar e não o que queremos vender. Somos competitivos na produção e ricos em possibilidades e alternativas. Mas, somos pobres, a partir daí. Não somos vendedores, o mundo é que é comprador dos nossos produtos.

A partir de agora, já.que há restrições a lácteos em viagens internacionais, o visitante estrangeiro que aqui vier irá ganhar um quilo de café e uma camisa semelhante ao do...Ronaldo!

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RENATO BOMFIM FREITAS
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EM 16/07/2006

Caro Paulo,

Parabéns pelo artigo, é muito esclarecedor e também muito triste, quantas viagens, quantos milhões gastos com as comitivas, jatinho novo, jatos anteriores, viagens, viagens... O Brasil precisa mostrar, planejar, dar conhecimento, facilitar vendas, ocupar espaço e ser mais agressivo em seus negócios.

Um abraço,

Renato Freitas
Guilherme Leite Lopes
GUILHERME LEITE LOPES

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A Embrapa é uma ilha de excelência dentro das atividades públicas. A coleta de informações estratégicas são fundamentais para definir um programa agropecuário, mesmo sabendo que o vinho gaúcho é vendido como californiano nos EUA e o café brasileiro, como colombiano mundo afora.



Fico, entretanto, preocupado quando a diplomacia do Quênia tomar conhecimento que está sendo divulgado pela internet que o presente de seu país à Embrapa foi considerado "pobreza". Acho melhor ganhar um quilo de café do que uma Land Rover.



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Obrigado por brindar esta coluna com a sua leitura. Obrigado também pelo reconhecimento público que faz ao trabalho da Embrapa.



O presente artigo teve o propósito de refletir sobre o quanto nós, brasileiros, temos pouco nos dedicado a valorizar os nossos bens e as nossas riquezas. E mais, o quão pouco nos preocupamos com uma efetiva inserção no mercado internacional. Caso a Embaixada daquele país irmão venha a ler o artigo, certamente entenderão que a expressão citada não se refere a um julgamento de valor nosso, com propósito pejorativo, mas a um artifício literário para levar o leitor ao ponto central do texto, que é expresso ao seu final. Por favor, releia o texto, e veja que nenhum dos vários países citados o foram com propósito depreciativo.



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EDUARDO AGUIAR DE ALMEIDA

SALVADOR - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/06/2006

"Pobreza, hein?" - não entendi. Pobreza de quem? Realmente não entendi.

<b>Resposta do autor</b>

Prezado Sr. Eduardo,

A utilização da expressão "pobreza, hein?" teve o propósito literário de "esquentar" o texto. É um recurso literário para estimular a leitura dos demais parágrafos. Veja que, também no segundo parágrafo, utilizo recurso semelhante. Mas, não lancei mão desse recurso de modo aleatório.

Nós, brasileiros, não temos a tradição de presentear estrangeiros com um quilo de café. Será que é porque damos pouco valor a um nobre produto? Na Europa, é comum professores universitários terem como lanche uma banana e comê-la solenemente. Quando uma professora recentemente ofereceu meia banana a um amigo meu, professor brasileiro, ele se espantou e, ao me relatar o episódio, utilizou a expressão "pobreza, hein?", como forma de demonstrar a diferença de valores, ou seja, nós não valorizamos café (a ponto de vê-lo como um belo presente), nem a banana (a ponto de convidar um parceiro para dividi-la conosco, como refeição).

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