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Produzir alimentos para o rebanho é um desafio, mas a silagem, grande aliada do produtor, torna possível a alimentação dos animais em períodos prolongados de estiagem, quando não se tem forrageiras de qualidade. O principal cuidado na silagem é acertar o ponto de colheita. Mas, mesmo com planejamento, podem ocorrer problemas na logística, condições climáticas e armazenamento que podem atrasar a colheita e o grão pode ar do ponto. O que fazer nesse caso?
Uma opção muito vantajosa é a silagem de grão reidratado, que é feita com grãos secos e independe da janela de colheita. Esse tipo de silagem permite que o produtor se planeje para realizar compras dos grãos em períodos estratégicos de mercado, a preços competitivos, aumentando a margem da propriedade.
O que é a silagem de grão reidratado?
A silagem de grão reidratado, como o nome indica, é a adição de água aos grãos. Ela consiste em pegar grãos (com baixa umidade), tanto de milho quanto de sorgo, depois de já seco ou até mesmo armazenados, triturar e reidratá-los com água antes da ensilagem. “A meta é que ele tenha 58 até 65% de matéria seca”, informa o médico veterinário, nutricionista animal e colunista de campo MilkPoint, Pedro Luppi.
A moagem dos grãos pode ser feita de várias formas. Segundo Pedro, “as fazendas trituram o grão em moinhos tocados pelo trator, moinho já existente na fazenda ou até mesmo compram o milho já moído, jogam no vagão e misturam com água, depois vai compactando”.
Normalmente, para aumentar a digestibilidade, os grãos são triturados em moagem fina, no ponto de fubá. Em caso de moagens um pouco mais grossas é preciso aumentar o tempo de estocagem para garantir o processo fermentativo e a digestibilidade da silagem.
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Na hidratação, é preciso estar atento para que ela seja realizada de forma homogênea para garantir uma massa úmida em que todos os grãos triturados realmente foram reidratados. O recomendado é que para cada 1000 kg de fubá, adicione-se 350 litros de água (35%). Ela pode ser aplicada através de mangueiras adaptadas no triturador ou por aspersores.
Ponto da umidade do sorgo. Fonte: Pedro Luppi.
Além da moagem e da hidratação, é muito importante o uso de inoculantes, eles serão responsáveis por auxiliar o processo fermentativo da silagem, a estabilidade após a abertura do silo e também impedir que microrganismos deterioradores estraguem a qualidade da silagem. Assim como a água, é importante ser aplicado uniformemente.
Como armazenar silagem de grão reidratado?
Para o correto armazenamento da silagem de grão reidratado, assim como na silagem tradicional, realizar a compactação de forma correta e constante é essencial. O tempo de enchimento do silo deve ser o mais rápido possível, de um a dois dias. Imediatamente após o enchimento, é preciso vedar o silo com lonas próprias (dupla face) e se possível com barreira de oxigênio.
Após, no mínimo 30 dias (60 dias para o sorgo), já é possível abrir o silo e fornecer aos animais. Para reduzir a exposição ao ar e consequentemente as perdas pós-abertura do silo, é preciso retirar diariamente uma fatia de, no mínimo, 15 cm de espessura.
Quais as vantagens do grão reidratado?
A silagem de grão reidratado é uma tecnologia de conservação de grão moído e uma forma barata de armazenamento do produtor. Além disso ela possui diversas vantagens, como:
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Melhor gerenciamento de custos: a silagem de grão reidratado permite a compra dos grãos em qualquer época, podendo o produtor comprar em períodos estratégicos quando os grãos apresentarem preços mais competitivos. “O produtor compra de forma estratégica e isso faz ele ter o grão no mesmo preço até o ano seguinte, ou seja, ele tem uma previsibilidade de custo num dos componentes mais caros da alimentação, o amido.”, complementa Pedro.
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Maior digestibilidade: no Brasil, milho e sorgo são do tipo duros, logo o amido é menos digestivo. Ao realizar o processo da ensilagem do grão reidratado, promovemos a fermentação do grão e consequentemente aumentamos sua digestibilidade preservando efetivamente proteínas, energia e minerais. Reduzindo a perda de amido nas fezes.
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Facilidade e rapidez no processamento: a reidratação é um processo simples e eficiente que pode ser realizado na fazenda, sem a necessidade de equipamentos sofisticados, tornando-o ível para produtores de diversos tamanhos.
Quanto às desvantagens, o veterinário disse que na prática se for feito da forma correta quase não se tem. “Da forma que eu vejo, não há desvantagem, só quando a fazenda quer usar o grão reidratado como fonte exclusiva de amido. Como a silagem de grão reidratado é muito digestível, se a dieta não estiver adequada pode atrapalhar a produtividade.”
Por isso é importante o acompanhamento de um técnico para fazer as adequações necessárias para a inclusão da silagem de grão reidratado na dieta dos animais.
Eu posso usar silagem de grão reidratado em minha fazenda?
Desde que tenha um técnico para fazer a inclusão correta na dieta dos animais e orientação correta no processo de produção do alimento, toda e qualquer propriedade pode utilizar a silagem de grão reidratado.
Pedro Luppi atende diversas fazendas e relata que pequenos, médios e grandes propriedades já fazem a silagem de grão reidratado. Um de seus produtores, com cerca de 25 animais, já realizou o processo, veja no vídeo abaixo.
O veterinário relatou que “em Goiás o uso do sorgo reidratado iniciou há 4 anos e todos os produtores adeptos gostaram. Primeiro, o sorgo é comumente negociado por um preço melhor que o milho, e o processo da ensilagem do grão reidratado torna a digestibilidade do sorgo semelhante a do milho. Então é uma forma econômica de aumentar a produção.”
Quando o produtor tem uma silagem de qualidade ruim e precisa incluir amido, é preciso complementar com um amido de alta digestibilidade e boa qualidade, e aí entra a silagem de grão reidratado.
É importante relembrar que para uma silagem de grão reidratado de qualidade é fundamental uma correta execução dos processos, correta reidratação, inoculação, compactação e manejo após a abertura do silo. Além disso, o auxílio de um técnico capacitado irá garantir os bons resultados e a melhora na produtividade com a inclusão correta da silagem na dieta.
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