reduz o tempo em que os animais permanecem deitados e aumentam as interações agressivas entre os animais, podendo ser prejudicial para o sistema de produção." />

Superlotação influenciando o conforto de vacas leiteiras

Alocar até 20% a mais de vacas em relação ao número de baias disponíveis no <i>free-stall</i> tem sido prática adotada por diversos fazendeiros para melhorar o retorno sobre os investimentos. Entretanto, há evidências que a superlotação do <i>free-stall</i> reduz o tempo em que os animais permanecem deitados e aumentam as interações agressivas entre os animais, podendo ser prejudicial para o sistema de produção.

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O custo de implantação de um free-stall no Brasil pode chegar a US$ 1.200,00 por cabeça. Por isso, alocar até 20% a mais de vacas em relação ao número de baias disponíveis no free-stall tem sido prática adotada por diversos fazendeiros para melhorar o retorno sobre os investimentos. Entretanto, há evidências que a superlotação do free-stall reduz o tempo em que os animais permanecem deitados e aumentam as interações agressivas entre os animais, podendo ser prejudicial para o sistema de produção.

Vacas leiteiras estabuladas gastam cerca de 50 a 60% do seu tempo deitadas e são motivadas a manter-se desta maneira por 12 a 13 horas por dia. Além disso, a função fisiológica e a saúde são prejudicadas quando os animais estão privados da possibilidade de se deitar.

Animais com restrições de o a deitar-se têm aumentos nas concentrações de cortisol, reduzindo as respostas aos desafios de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) e reduzem as concentrações de hormônio de crescimento circulante quando comparados com vacas livres para deitar. A saúde dos cascos e a locomoção são igualmente comprometidas quando as vacas leiteiras gastam menos tempo deitadas.
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Estudo muito interessante realizado por Fregonesi e colaboradores em 2007, mostrou a influência da superpopulação em free-stall no comportamento animal. Os autores avaliaram o comportamento de 48 vacas durante 3 meses sob free-stall com diferentes lotações.

As vacas foram divididas em 4 grupos de 12 animais cada, sendo que a lotação (vacas/baia) nos grupos foi de 100, 109, 120, 133 e 150%, ou seja, variou de uma vaca por baia (100%), até 1,5 vacas por baia (150%).

Com o aumento na lotação do free-stall, houve diminuição no tempo que as vacas permaneciam deitadas (Tabela 1 e Figura 1), aumentou o tempo que os animais permaneciam de pé fora da baia e o número de deslocamentos, o que pode resultar em aumento nos problemas de casco dos animais.

Tabela 1. Média do tempo gasto para a posição deitada, de pé com as pernas da frente na baia, em pé fora da baia, tempo que permanecem deitadas após a ordenha e o número de deslocamentos dentro do free-stall.

Figura 1
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Figura 1. Variação diurna do tempo que o animal permanece deitado. As médias foram calculadas observando as 48 vacas a cada 10 minutos.

Figura 2


Além dos problemas que ocorrem quando o animal permanece muito tempo em pé, já citado no início do texto, há outra importante vantagem em o animal permanecer parte do dia deitado, que é o aumento do fluxo de sangue que se desloca para a glândula mamária.

Em uma vaca de pé circulam em torno de 2270 litros de sangue por hora para o úbere, já em uma vaca deitada circulam cerca de 3400 litros de sangue por hora para o úbere. Como conseqüência, há maior aporte de energia e nutrientes para produção de leite quando a vaca permanece deitada por algum período ao longo do dia.

Portanto, no momento de dimensionar um free-stall temos sim que maximizar o uso das instalações para se conseguir ter um sistema de produção eficiente, porém temos que garantir que haverá baias o suficiente para que todos os animais possam permanecer deitados tempo suficiente para maximizar a produção de leite e não vir a ter problemas de saúde devido ao excesso de tempo que permanece em pé por falta de baia.

Referências:

FREGONESI, J.A.; TUCKER, C.B.; WEARY, D.M. Overstocking Reduces Lying Time in Dairy Cows. Journal of Dairy Science, v.90, p.3349-3354, 2007.
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Rafaela Carareto Polycarpo

Rafaela Carareto Polycarpo

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Filipe de Oliveira Cota
FILIPE DE OLIVEIRA COTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/05/2012

Prezada Rafaela, primeiramente parabens pelo artigo. Estava precisando de um material sobre dimensionamento de um free-stall, tem como você me enviar o material? Muito obrigado.
email: filipeocota@hotmail.com
BERNARD RUDIGER TREPP CARRASCO
BERNARD RUDIGER TREPP CARRASCO

SANTA CRUZ DE LA SIERRA - SANTA CRUZ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/05/2009

Rafaela:
Primeiramente, parabens pelos artigos publicados. Qual o tempo de adaptacao ou de treinamento necessario para os animais em sistema de baias (free stall)? Moro na Bolivia e tenho inagurado um pequeno modulo de 32 camas, e muitas deitam no corredor. As que deitam nas camas nao parecem ter problemas de dimensionamento, entram e deitam confortavelmente. As medidas 1,2 x 2,4, cama de areia, distancia ao "neck rail" de 1,85 e altura deste de 1,2 e com "brisket board" 10 cm á frente da linha do neck. A relacao de camas x vaca é hoje de 32/31.

Obrigado
Jorge Alberto Fonseca Figueira
JORGE ALBERTO FONSECA FIGUEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/12/2008

Prezada Rafaela Carareto.

Parabens pelo artigo. Enquanto mais estudamos, mais vemos que pouco sabemos.

Estou dimensionando um curral para ordenha de vacas e estou interessado no material que você se propos a enviar para Elídia Zotelli dos Santos.

Entrarei também em contato com o NUPEA, conforme sua indicação na resposta feita para Luiz José Pereira.

Atenciosamente

Jorge Alberto
Rafaela Carareto Polycarpo
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 19/12/2008

Prezada Elídia Zotelli Dos Santos,
para dimensionamento de um free-stall, diferentemente do que ocorre com um confinamento de gado de corte, não se utiliza uma medida de vacas por metro quadrado. O que se estabelece, são as medidas e quantidades das camas, tamanho de cochos e bebedouros e largura de corredores. Te encaminho por e mail um material de dimensionamento de free-satll que poderá te ajudar.
Obrigada
Elídia Zotelli Dos Santos
ELÍDIA ZOTELLI DOS SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 17/12/2008

Olá parabéns pelo artigo,
Diantes destes pontos apresentados, qual o minimo de m2 por animal em condições favoráveis em free stall.

Att,
Valdir Chiogna Junior
VALDIR CHIOGNA JUNIOR

RIO VERDE - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/12/2008

Parabéns pelo artigo Rafaela.
Como comentario, outro grande problema em alguns free-stall no Brasil, que inclusive aponto como principal, é a grande disparidade de tamanho das vacas no nosso rebanho, o que causa dificuldade de dimensionamento das baias, então os animais maiores deitam nos corredores ou não deitam porque a cama fica desconfortavel (quando o fazem ficam com parte do corpo sobre o concreto) e os animais menores acabam sujando a cama com fezes porque a baia é grande para eles, gerando outro problema no sistema, aumentando mão de obra e mastites. E os produtores acabam culpando o proprio sistema (confinamento) pelo resultados ruins, sem perceber que a estrutura do seu rebanho e a má adequação do free-stall são os gargalos do sistema.

Obrigado!
Rafaela Carareto Polycarpo
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 01/12/2008

Prezado Luis José Pereira,
Sugiro que o senhor entre em contato com a equipe do Nupea (núcleo de pesquisa em ambiência da ESALQ/USP). O site é: http://www.nupea.esalq.usp.br/
e o e-mail: nupea@esalq.usp.br
Obrigada.
luis jose pereira
LUIS JOSE PEREIRA

QUIXELÃ - CEARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/11/2008

Boa noite Rafaela. Você pode me ajudar numa construçao do sistema free-stall, com uma planta do galpão, com as medidas das baias, cochos, porteiras, bebedouros, altura da construção? Obrigado, luis.
Qual a sua dúvida hoje?

Superlotação influenciando o conforto de vacas leiteiras

Alocar até 20% a mais de vacas em relação ao número de baias disponíveis no <i>free-stall</i> tem sido prática adotada por diversos fazendeiros para melhorar o retorno sobre os investimentos. Entretanto, há evidências que a superlotação do <i>free-stall</i> reduz o tempo em que os animais permanecem deitados e aumentam as interações agressivas entre os animais, podendo ser prejudicial para o sistema de produção.

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O custo de implantação de um free-stall no Brasil pode chegar a US$ 1.200,00 por cabeça. Por isso, alocar até 20% a mais de vacas em relação ao número de baias disponíveis no free-stall tem sido prática adotada por diversos fazendeiros para melhorar o retorno sobre os investimentos. Entretanto, há evidências que a superlotação do free-stall reduz o tempo em que os animais permanecem deitados e aumentam as interações agressivas entre os animais, podendo ser prejudicial para o sistema de produção.

Vacas leiteiras estabuladas gastam cerca de 50 a 60% do seu tempo deitadas e são motivadas a manter-se desta maneira por 12 a 13 horas por dia. Além disso, a função fisiológica e a saúde são prejudicadas quando os animais estão privados da possibilidade de se deitar.

Animais com restrições de o a deitar-se têm aumentos nas concentrações de cortisol, reduzindo as respostas aos desafios de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) e reduzem as concentrações de hormônio de crescimento circulante quando comparados com vacas livres para deitar. A saúde dos cascos e a locomoção são igualmente comprometidas quando as vacas leiteiras gastam menos tempo deitadas.
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Estudo muito interessante realizado por Fregonesi e colaboradores em 2007, mostrou a influência da superpopulação em free-stall no comportamento animal. Os autores avaliaram o comportamento de 48 vacas durante 3 meses sob free-stall com diferentes lotações.

As vacas foram divididas em 4 grupos de 12 animais cada, sendo que a lotação (vacas/baia) nos grupos foi de 100, 109, 120, 133 e 150%, ou seja, variou de uma vaca por baia (100%), até 1,5 vacas por baia (150%).

Com o aumento na lotação do free-stall, houve diminuição no tempo que as vacas permaneciam deitadas (Tabela 1 e Figura 1), aumentou o tempo que os animais permaneciam de pé fora da baia e o número de deslocamentos, o que pode resultar em aumento nos problemas de casco dos animais.

Tabela 1. Média do tempo gasto para a posição deitada, de pé com as pernas da frente na baia, em pé fora da baia, tempo que permanecem deitadas após a ordenha e o número de deslocamentos dentro do free-stall.

Figura 1
Clique na imagem para ampliá-la.

Figura 1. Variação diurna do tempo que o animal permanece deitado. As médias foram calculadas observando as 48 vacas a cada 10 minutos.

Figura 2


Além dos problemas que ocorrem quando o animal permanece muito tempo em pé, já citado no início do texto, há outra importante vantagem em o animal permanecer parte do dia deitado, que é o aumento do fluxo de sangue que se desloca para a glândula mamária.

Em uma vaca de pé circulam em torno de 2270 litros de sangue por hora para o úbere, já em uma vaca deitada circulam cerca de 3400 litros de sangue por hora para o úbere. Como conseqüência, há maior aporte de energia e nutrientes para produção de leite quando a vaca permanece deitada por algum período ao longo do dia.

Portanto, no momento de dimensionar um free-stall temos sim que maximizar o uso das instalações para se conseguir ter um sistema de produção eficiente, porém temos que garantir que haverá baias o suficiente para que todos os animais possam permanecer deitados tempo suficiente para maximizar a produção de leite e não vir a ter problemas de saúde devido ao excesso de tempo que permanece em pé por falta de baia.

Referências:

FREGONESI, J.A.; TUCKER, C.B.; WEARY, D.M. Overstocking Reduces Lying Time in Dairy Cows. Journal of Dairy Science, v.90, p.3349-3354, 2007.
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Rafaela Carareto Polycarpo

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Profa. Dra. Universidade de Brasília - UnB

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Filipe de Oliveira Cota
FILIPE DE OLIVEIRA COTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/05/2012

Prezada Rafaela, primeiramente parabens pelo artigo. Estava precisando de um material sobre dimensionamento de um free-stall, tem como você me enviar o material? Muito obrigado.
email: filipeocota@hotmail.com
BERNARD RUDIGER TREPP CARRASCO
BERNARD RUDIGER TREPP CARRASCO

SANTA CRUZ DE LA SIERRA - SANTA CRUZ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/05/2009

Rafaela:
Primeiramente, parabens pelos artigos publicados. Qual o tempo de adaptacao ou de treinamento necessario para os animais em sistema de baias (free stall)? Moro na Bolivia e tenho inagurado um pequeno modulo de 32 camas, e muitas deitam no corredor. As que deitam nas camas nao parecem ter problemas de dimensionamento, entram e deitam confortavelmente. As medidas 1,2 x 2,4, cama de areia, distancia ao "neck rail" de 1,85 e altura deste de 1,2 e com "brisket board" 10 cm á frente da linha do neck. A relacao de camas x vaca é hoje de 32/31.

Obrigado
Jorge Alberto Fonseca Figueira
JORGE ALBERTO FONSECA FIGUEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/12/2008

Prezada Rafaela Carareto.

Parabens pelo artigo. Enquanto mais estudamos, mais vemos que pouco sabemos.

Estou dimensionando um curral para ordenha de vacas e estou interessado no material que você se propos a enviar para Elídia Zotelli dos Santos.

Entrarei também em contato com o NUPEA, conforme sua indicação na resposta feita para Luiz José Pereira.

Atenciosamente

Jorge Alberto
Rafaela Carareto Polycarpo
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 19/12/2008

Prezada Elídia Zotelli Dos Santos,
para dimensionamento de um free-stall, diferentemente do que ocorre com um confinamento de gado de corte, não se utiliza uma medida de vacas por metro quadrado. O que se estabelece, são as medidas e quantidades das camas, tamanho de cochos e bebedouros e largura de corredores. Te encaminho por e mail um material de dimensionamento de free-satll que poderá te ajudar.
Obrigada
Elídia Zotelli Dos Santos
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SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 17/12/2008

Olá parabéns pelo artigo,
Diantes destes pontos apresentados, qual o minimo de m2 por animal em condições favoráveis em free stall.

Att,
Valdir Chiogna Junior
VALDIR CHIOGNA JUNIOR

RIO VERDE - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/12/2008

Parabéns pelo artigo Rafaela.
Como comentario, outro grande problema em alguns free-stall no Brasil, que inclusive aponto como principal, é a grande disparidade de tamanho das vacas no nosso rebanho, o que causa dificuldade de dimensionamento das baias, então os animais maiores deitam nos corredores ou não deitam porque a cama fica desconfortavel (quando o fazem ficam com parte do corpo sobre o concreto) e os animais menores acabam sujando a cama com fezes porque a baia é grande para eles, gerando outro problema no sistema, aumentando mão de obra e mastites. E os produtores acabam culpando o proprio sistema (confinamento) pelo resultados ruins, sem perceber que a estrutura do seu rebanho e a má adequação do free-stall são os gargalos do sistema.

Obrigado!
Rafaela Carareto Polycarpo
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 01/12/2008

Prezado Luis José Pereira,
Sugiro que o senhor entre em contato com a equipe do Nupea (núcleo de pesquisa em ambiência da ESALQ/USP). O site é: http://www.nupea.esalq.usp.br/
e o e-mail: nupea@esalq.usp.br
Obrigada.
luis jose pereira
LUIS JOSE PEREIRA

QUIXELÃ - CEARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/11/2008

Boa noite Rafaela. Você pode me ajudar numa construçao do sistema free-stall, com uma planta do galpão, com as medidas das baias, cochos, porteiras, bebedouros, altura da construção? Obrigado, luis.
Qual a sua dúvida hoje?