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Terceirização da recria de novilhas: um caso de sucesso desde 1984

Uma alternativa para reduzir a mão de obra é terceirizar a criação das novilhas de reposição, além de ser uma estratégia em propriedades com limitação de áreas.

Publicado em: - 5 minutos de leitura

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A produção leiteira é uma atividade bastante complexa. Como se não bastasse dominar os processos da lavoura até a sala de ordenha, dentro do próprio rebanho, de acordo com cada categoria animal (bezerras, novilhas, vacas em lactação e vacas secas), existe uma diferença muito grande entre exigências nutricionais e manejos sanitários. 

Uma alternativa como forma de reduzir a mão de obra é terceirizar a criação das novilhas de reposição, assim as pessoas envolvidas concentram suas atividades diárias nas vacas em lactação. 

No entanto, a estratégia de terceirização vai além da redução da mão de obra. Alguns produtores adotam essa estratégia por possuir pouco espaço na propriedade, tanto para alocação das novilhas, quando se trata de sistemas extensivos, como de áreas para produção de alimentos para essa categoria. 

Como funciona a terceirização da criação das novilhas?

A terceirização da criação de novilhas pode acontecer de acordo com a necessidade do produtor de leite. Há produtores que optam por terceirizar apenas parte das novilhas de reposição ou então, a terceirização é feita para todos os animais dessa categoria

O animal geralmente é transferido para o recriador ainda jovem, recém-nascido ou já desaleitado. Alguns produtores, porém, escolhem comercializar em uma fase mais avançada que pode variar entre 2 e 12 meses de idade.

Comercialização da recém-nascida: quanto mais cedo o animal sai da propriedade produtora de leite, menor a mão de obra com os animais jovens, já que as bezerras recém-nascidas demandam uma série de cuidados iniciais. 

Já para o produtor responsável pela recria, adquirir o animal nos primeiros dias de vida apresenta alguns desafios, como ter adequada fonte para fornecimento de leite, que pode ser via sucedâneo lácteo, ou por meio do leite de vacas da propriedade com única e exclusiva finalidade de fornecer o alimento para as bezerras. 

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Comercialização após o desaleitamento: nessa estratégia o produtor de leite permanece com as bezerras recém-nascidas até o momento do desaleitamento. Dessa forma, todo o leite de transição das vacas pós-parto é destinado às bezerras, proporcionando mais imunidade e garantia de maior saúde desses animais para o recriador. 

Os próximos os

O recriador que adquiriu as bezerras recém-nascidas ou já desaleitadas, realizará toda a criação e manejo necessário das novilhas, desde a alimentação, vacinação e manejo reprodutivo

O manejo reprodutivo pode variar de acordo com a estratégia de cada fazenda de recria. A recomendação ideal é que as novilhas sejam inseminadas ou cobertas quando atingem entre 55 a 65% do peso adulto e o primeiro parto quando alcançam 80 a 85% do peso de uma vaca adulta, de acordo com a raça. Após a inseminação das novilhas, elas permanecem na fazenda até a idade próxima ao parto, quando são comercializadas para as propriedades leiteiras para iniciar a vida produtiva. 

A história da família Bechtold que atua na recria de novilhas desde 1984

A equipe do MilkPoint conversou com Alexandre Bechtold, Médico Veterinário e proprietário da Granja Bechtold, localizada na cidade de Rio do Oeste/SC que faz a recria de novilhas de raça Jersey para comercialização, desde 1984. 

Alexandre conta que a granja iniciou a atividade de recria de novilhas leiteiras após uma das maiores enchentes que assolaram a região do Alto Vale do Itajaí, em SC em 1983. Foi a partir de imagens de televisão transmitidas em rede nacional, por conta dessa catástrofe, que produtores do Estado de Minas Gerais (MG) viram a expressiva quantidade de bovinos da raça Jersey presente na região afetada pela enchente. 

Figura 1. Granja Bechtold, Rio do Oeste/SC.

Granja Bechtold, Rio do Oeste/SC.

Os produtores de MG que possuíam grande interesse na raça, se deslocaram até a região do Alto Vale do Itajaí, com a intenção de adquirir animais da raça Jersey. Foi onde encontraram o avô de Alexandre – Valdir Bechtold, que na época produzia leite, mas que detectou um grande potencial de iniciar a atividade de recria de novilhas na propriedade para comercializar para Minas Gerais.

Alexandre afirma que vê o negócio de recria de novilhas como uma oportunidade do setor leiteiro. Principalmente para as pessoas que desejam iniciar na atividade de produção de leite, mas não podem adquirir animais oriundos de leilões puros de origem (P.O), com preços normalmente muito altos. “Na nossa recria, fazemos a criação apenas de animais puros por avaliação (P.A), assim disponibilizamos novilhas com boa genética e com preço mais ível”, salienta o Médico Veterinário. 

No entanto, a atividade apresenta dificuldades, conforme explica Alexandre. “Acho que as principais dificuldades são a aquisição de bezerras com boa genética para fazer a recria mantendo a qualidade e ao mesmo tempo a quantidade de animais, além de conseguir fazer uma recria com baixo custo para ter animais com preço ível no mercado” afirma o proprietário da Granja. 

A propriedade possui alguns critérios para aquisição dos animais, principalmente em relação à raça, com avaliação de pelagem, cabeça, focinho e demais características da raça Jersey, com intuito de conseguir o registro P.A. Em relação a sanidade do rebanho, antes de adquirir novos animais para a propriedade, os exames de brucelose e tuberculose são realizados. 

Os animais chegam na propriedade com idade média de 10 meses a 1 ano e são comercializadas com aproximadamente 2 anos, com 4 a 6 meses de gestação. Para a reprodução, utiliza-se a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e posteriormente é realizado o ree em touros. As novilhas são inseminadas com aproximadamente 1,5 anos. 

Figura 2. Recria de novilhas para reposição, Granja Bechtold, Rio do Oeste/SC.

Recria de novilhas para reposição, Granja Bechtold, Rio do Oeste/SC.

A propriedade conta com aproximadamente 250 animais, mas Alexandre comenta “já teve anos que vendemos 1.000 animais em 1 ano, mas em geral são vendidos 600 animais ao ano e adquiridas novas novilhas na mesma quantidade. A comercialização normalmente é feita para fora do estado, com um dos maiores clientes o Estado do Paraná”. Em relação à mão de obra, Alexandre relata que conseguem istrar as atividades entre ele, seu pai - Antônio Bechtold - e um funcionário. 

A alimentação é principalmente com silagem de milho produzida na propriedade e uma quantidade adquirida externamente para suprir toda a demanda. Os animais não ficam confinados, mas praticamente toda a alimentação é no cocho, caracterizado como sistema de semi-confinamento. 

Como criador e proprietário do negócio, Alexandre afirma que a atividade dentro propriedade trouxe mais rentabilidade quando comparada com a produção de leite. Alexandre é um exemplo de sucessão familiar, com o negócio iniciado por seu avô e que atualmente Alexandre e seu pai istram a atividade na granja. 

Figura 3. Da esquerda para a direita, Valdir, Antônio e Alexandre Bechtold.

Granja Bechtold, Rio do Oeste/SC.

As informações e fotos foram cedidas por Alexandre Bechtold à equipe MilkPoint.

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Material escrito por:

Fernanda Antunes

Fernanda Antunes

Engenheira Agrônoma pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/CAV.

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