Esta doença de caráter cutâneo ou dermatite ulcerativa, comumente afeta os bovinos ao redor do mundo. A estefanofilariose também é conhecida como úlcera de verão ou úlcera de lactação, sendo caracterizada como uma lesão ulcerada com crostas e que geralmente ocorre na porção cranial do úbere (Imagem).
A doença é causada por nematódeos (vermes) do gênero Stephanofilaria spp. e podem ser transmitidos por moscas principalmente nos períodos quentes e chuvosos do ano. Isto explica a origem da denominação “úlcera de verão”. As lesões podem iniciar-se com cerca de 1cm de diâmetro e evoluindo ao ar do tempo para nódulos e crostas.
Imagem – (A) Lesão ulcerada cranial ao úbere em primípara holandesa. (B) Ampliação da imagem para visualização da lesão ulcerada.
Neste caso, essa primípara da raça holandesa apresentou lesão ulcerativa cranial ao úbere, sendo diagnosticada com estefanofilariose. Para confirmação do diagnóstico, o ideal seria a realização de raspados de pele para observação e avaliação microscópica. Porém, isto não é aplicável rotineiramente em fazendas leiteiras. Com isso, o diagnóstico normalmente é baseado na avaliação de características da lesão, como: ulceração, crostas e localização. Podendo ser correlacionadas com fatores da propriedade, como ausência de controle de moscas.
Além do desconforto aos animais, estas lesões podem causar coceira e secreções purulentas e fétidas que atraem moscas, agravando ainda mais o caso. As moscas também podem causar miíase na ferida e caso não recebam o tratamento adequado, estas lesões podem permanecer por longo período.
Como citado anteriormente, estas lesões normalmente são observadas nos quartos craniais do úbere. E apesar de parecer algo simples e rotineiro que não traga prejuízos a produção animal, o desconforto pode gerar estresse e reduzir o consumo de alimento e produção de leite. E ainda, pode haver o acúmulo excessivo de sujidades ao redor da lesão, sendo possível desencadear casos de mastite.
Existem poucas informações relacionadas as possibilidades de tratamento considerando eficácia, dosagem, tempo de uso e recuperação do animal. Uma pesquisa realizada por Miyakawa em 2010, descreve algumas opções de tratamento como aplicação tópica de organofosforados (triclorfon 6% e coumafós 2%) e istração única de ivermectina ou levamisol via parenteral. Deve-se atentar para o uso contínuo de medicamentos sistêmicos, que podem causar a presença de alguns resíduos no leite dos animais tratados.
Assim, a escolha do tratamento e tempo de recuperação dos animais podem ser influenciadas pelo tamanho da lesão e outras características dos animais. A orientação de um Médico Veterinário é imprescindível para estabelecer a conduta clínica adequada com as vacas acometidas.
Com isso, a limpeza das instalações e controle de moscas se torna fundamental na prevenção da estefanofilariose e diversas outras doenças. Portanto, o estabelecimento de um plano de controle efetivo de moscas nas propriedades impacta diretamente na prevenção da disseminação de doenças, prezando pela saúde e produção de leite das vacas.
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REFERENCIAL
MIYAKAWA, V. I.; REIS, A. C. F.; LISBÔA, J. A. N. Stephanofilariasis in cattle. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.31, n.2, p.479-486. 2010.