Analisar o comportamento animal é crucial para definir os caminhos da sua produção. Notar algo fora do padrão, antecipar problemas e até evitá-los, tudo isso pode ser percebido através do comportamento animal.
Comportamento animal e a interação com humanos
A interação humano-animal é essencial para o bem-estar porque impacta as emoções dos animais. Foi descrito que a frequência e o tipo de interações humano-vaca podem alterar profundamente o relacionamento.
As vacas têm a capacidade de reconhecer as pessoas. Atitudes negativas por parte das pessoas podem resultar em estresse, medo ou dor.
Para medir este tipo de interações podemos utilizar alguns indicadores como a "distância de fuga" que corresponde à distância máxima de aproximação de uma pessoa à vaca sem que esta mude de posição, bem como os indicadores do tratamento às vacas durante pastoreio e durante a ordenha.
Expressão do comportamento animal positivo
Existem três aspectos do comportamento social dos animais que afetam seu bem-estar: Comportamentos afiliativos, relações hierárquicas e agressividade.
Os comportamentos sociais positivos ou afiliativos que os animais manifestam naturalmente em grupos são interações sociais que contribuem para manter a coesão e o bom funcionamento do rebanho. Entre os comportamentos afiliativos mais conhecidos estão o aliciamento social, a brincadeira e a proximidade com outro membro do rebanho.
A ciência mostrou que o hormônio oxitocina é um mediador desse tipo de comportamento positivo, promovendo a expressão desses comportamentos e amortecendo a resposta ao estresse.
Cada fazenda deve promover condições para que os animais expressem um comportamento social positivo.
Comportamento animal durante a ordenha
Na hora da ordenha, as vacas devem se sentir seguras e confortáveis.
Importante observar e avaliar o comportamento dos animais durante a ordenha. Verifique sinais como: movimentos excessivos, coices, contenção inadequada do animal, mugindo, urinando ou defecando excessivamente durante a ordenha.
A presença de qualquer um desses comportamentos na área de ordenha são indicadores de que os animais podem estar sentindo desconforto e a causa desses comportamentos deve ser revisada.
Comportamento social de vacas leiteiras em sistemas convencionais
As vacas leiteiras são animais de comportamento social "gregário", que possuem uma estrutura social hierárquica e em sistemas convencionais se deslocam em grupos, como na ordenha.
O "comportamento natural de rastreamento" do gado pode ser explorado para facilitar seus movimentos.
Além disso, isso quer dizer, por exemplo, que é mais fácil tratar uma vaca se ela tiver outra ao seu lado, portanto, o isolamento dos animais deve ser evitado, a menos que seja estritamente necessário e sempre mantendo contato visual com o restante do rebanho.
Comportamento social de vacas leiteiras em sistemas robóticos
A avaliação do comportamento como indicador de bem-estar pode ajudar a conhecer como os animais estão lidando com seu ambiente e sua condição fisiológica.
Em sistemas com ordenha robotizada, o comportamento das vacas tende a ser mais "assíncrono", pois há maior "voluntariedade" por parte de cada animal, o que difere em parte quando comparamos a um sistema com ordenha convencional, onde as vacas saem a sala de ordenha em grupos resultando num comportamento subsequente "sincronizado" para alimentação, bebida e descanso, neste caso podemos observar um aumento dos comportamentos de dominância/ dominado devido à maior competição pelos mesmos recursos ao mesmo tempo.
Comportamento social de vacas leiteiras em sistemas a pasto
A caminhada diária das vacas para a sala de ordenha é um procedimento de rotina, que na maioria dos casos acontece 2 ou 3 vezes ao dia. As vacas devem andar no seu ritmo, sem serem apressadas em nenhum momento.
O o normal de uma vaca é quando ela pisa com um membro posterior onde pisou com o membro anterior do mesmo lado. O trote voluntário durante a condução é aceito, porém o trote forçado por uma pessoa não é.
Do ponto de vista comportamental, um grupo de vacas que está sendo tocado por uma pessoa tende a formar "fileira única" enquanto se move em uma velocidade adequada, se o rebanho for tocado de forma inadequada, elas caminharão de forma "amontoada" com o risco de perder o o normal ao caminhar, predispondo a problemas nos cascos e aumentando a probabilidade de acidentes.
Comportamento das vacas em trabalho de parto
O comportamento é um dos pilares a serem avaliados quando se trata de entender o estado de bem-estar que um animal pode ter em um determinado momento.
Mudanças no comportamento social, em repouso ou na hora da alimentação nos darão informações úteis para saber o que está acontecendo com o animal.
O parto é um processo natural que envolve mudanças no comportamento, como sinais de inquietação, diminuição do consumo de ração, redução da ruminação, mudanças frequentes de postura, a vaca olha para sua parte traseira e aumenta o comportamento exploratório, além de levantar e arquear a cauda, ??e em um estágio mais avançado a vaca permanece deitada em decúbito lateral ou em posição de repouso.
Conhecer esses comportamentos nos permite identificar se o parto esta evoluindo normal ou se está sendo difícil (distocia), o que indicará se é necessário auxiliar a vaca.
Após o parto, a vaca deve começar a lamber o bezerro. O treinamento constante é recomendado para que o pessoal da fazenda conheça o comportamento no momento do parto e, assim, tenha um sistema de supervisão e assistência que permitam partos seguros.