Probiótico em alimento ou em suplemento?

Qual seria o melhor tipo de veículo para uma cepa probiótica: um produto alimentício ou um suplemento farmacêutico? e e confira!

Publicado por: e

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 2

Sabemos que as cepas probióticas (microrganismos benéficos que colonizam o trato intestinal do hospedeiro) são reconhecidos pela comunidade científica por promoverem saúde e bem-estar quando consumidos regularmente. Isso se aplica tanto aos humanos, como para animais de criação ou mesmo de companhia.

Contudo, muitos fatores devem ser considerados especialmente visando a manutenção da sobrevivência destas culturas durante a vida de prateleira dos produtos e sua resistência à digestão. Com isso, qual seria o melhor tipo de veículo para uma cepa probiótica: um produto alimentício ou um suplemento farmacêutico?

Tentando responder essa pergunta nosso grupo de pesquisa publicou recentemente artigo que fez uma avaliação crítica da veiculação de Lactobacillus rhamnosus GG em alimentos e suplementos (nas publicações mais recentes pode ser encontrado nome de Lacticaseibacillus rhamnosus GG, conforme reclassificação do gênero por Zheng e colaboradores, 2020).

Nosso artigo (Xavier-Santos e colaboradores 2022) realizou uma busca bibliográfica em três bases de dados científicos (PubMed, Web of Science e SciELO) para recuperar estudos publicados em inglês ou espanhol que istraram L. rhamnosus GG na dieta de lactentes e crianças.

Dentre os principais achados destacamos promoção de saúde das crianças que receberam a cepa probiótica, na prevenção de: diarreia e gastroenterite aguda, desnutrição, alergia à proteína do leite e doenças respiratórias (Saxelin e colaboradores 2005; Tytgat e colaboradores, 2021; Hill e colaboradores 2017; Kamal e colaboradores 2018; Nyanzi e colaboradores 2021; Segers & Lebeer, 2014).

Continua depois da publicidade

Além disso, a dose diária variou de 105 a 1012 UFC/dose de L. rhamnosus GG e a duração da intervenção variou de 1 a mais de 6 meses. Vale ressaltar que quando esse probiótico foi incorporado em produtos alimentícios como leite e bebidas fermentadas, o efeito benéfico à saúde esteve presente em 57,1% dos ensaios clínicos.

Paralelamente, quando a mesma cepa foi veiculada em suplementos, os benefícios à saúde foram observados em 46,7% dos estudos analisados. Isso nos leva a crer que o efeito promotor a saúde da cepa probiótica GG pode ser equivalente em ambos os veículos (alimento ou suplemento).

Desta forma, podemos concluir que consumo de alimentos contendo probióticos pode ser tão efetivo quando os suplementos, com a vantagem de terem preços mais íveis. Leites fermentados continuam sendo o carro-chefe dos alimentos funcionais contendo cepas com “status” de probióticas e esses ativos, agregam valor ao produto e saúde para o consumidor.

 

 

Referências 

Hill, D., Ross, R. P., Arendt, E., & Stanton, C. (2017). Microbiology of yogurt and bioyogurts containing probiotics and prebiotics. In N. P. Shah (Ed.), Yoghurt in health and disease prevention. London: Academic Press. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-805134-4.00004-3. 

Kamal, R. M., Alnakip, M. E., Abd El Aal, S. F., & Bayoumi, M. A. (2018). Bio-controlling capability of probiotic strain Lactobacillus rhamnosus against some common foodborne pathogens in yoghurt. International Dairy Journal, 85, 1–7. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2018.04.007

Nyanzi, R., Jooste, P. J., & Buys, E. M. (2021). Invited review: Probiotic yogurt quality criteria, regulatory framework, clinical evidence, and analytical aspects. Journal of Dairy Science, 104, 1–19. https://doi.org/10.3168/jds.2020-19116 

Saxelin, M., Tynkkynen, S., Mattila-Sandholm, T., & de Vos, W. M. (2005). Probiotic and other functional microbes: From markets to mechanisms. Current Opinion in Biotechnology, 16(2), 204-211. https://doi.org/10.1016/j.copbio.2005.02.003

Segers, M. E., & Lebeer, S. (2014). Towards a better understanding of Lactobacillus rhamnosus GG - host interactions. Microbial Cell Factories, 13(1), 1–16. https://doi.org/10.1186/1475-2859-13-S1-S7

Tytgat, H. L. P., Rasinkangas, P., Ritari, J., Reunanen, J., Aalvink, S., Lin, C.-w., Palva, A., Douillard, F. P., de Vos, W. M. (2021). Selection and characterization of a SpaCBA pilus-secreting food-grade derivative of Lacticaseibacillus rhamnosus GG. Applied Microbiology and Biotechnology, 105(3), 1123–1131. https://doi.org/10.1007/s00253-020-11051-7

Xavier-Santos, D., Scharlack, N. K., Pena, F. L., Antunes, A. E. C. (2022). Effects of Lacticaseibacillus rhamnosus GG supplementation, via food and non-food matrices, on children’s health promotion: A scoping review. Food Research International, 158, 111518. https://doi.org/10.1016/j.foodres.2022.111518

Zheng, J., Wittouck, S., Salvetti, E., et al. (2020). A taxonomic note on the genus Lactobacillus: Description of 23 novel genera, emended description of the genus Lactobacillus Beijerinck 1901, and union of Lactobacillaceae and Leuconostocaceae. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, 70(4), 2782–2858. https://doi.org/10.1099/ijsem.0.004107

 

*Fonte da foto do artigo: Freepik

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 2

Material escrito por:

Douglas Xavier-Santos

Douglas Xavier-Santos

ar todos os materiais
Adriane Elisabete Antunes de Moraes

Adriane Elisabete Antunes de Moraes

Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas-FCA/UNICAMP. Graduação em Nutrição (UFPEL), Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial (FAEM/UFPEL), Doutorado em Alimentos e Nutrição (FEA/UNICAMP), Pós Doutorado no TECNOLAT/ITAL.

ar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?

Probiótico em alimento ou em suplemento?

Qual seria o melhor tipo de veículo para uma cepa probiótica: um produto alimentício ou um suplemento farmacêutico? e e confira!

Publicado por: e

Publicado em: - 3 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 2

Sabemos que as cepas probióticas (microrganismos benéficos que colonizam o trato intestinal do hospedeiro) são reconhecidos pela comunidade científica por promoverem saúde e bem-estar quando consumidos regularmente. Isso se aplica tanto aos humanos, como para animais de criação ou mesmo de companhia.

Contudo, muitos fatores devem ser considerados especialmente visando a manutenção da sobrevivência destas culturas durante a vida de prateleira dos produtos e sua resistência à digestão. Com isso, qual seria o melhor tipo de veículo para uma cepa probiótica: um produto alimentício ou um suplemento farmacêutico?

Tentando responder essa pergunta nosso grupo de pesquisa publicou recentemente artigo que fez uma avaliação crítica da veiculação de Lactobacillus rhamnosus GG em alimentos e suplementos (nas publicações mais recentes pode ser encontrado nome de Lacticaseibacillus rhamnosus GG, conforme reclassificação do gênero por Zheng e colaboradores, 2020).

Nosso artigo (Xavier-Santos e colaboradores 2022) realizou uma busca bibliográfica em três bases de dados científicos (PubMed, Web of Science e SciELO) para recuperar estudos publicados em inglês ou espanhol que istraram L. rhamnosus GG na dieta de lactentes e crianças.

Dentre os principais achados destacamos promoção de saúde das crianças que receberam a cepa probiótica, na prevenção de: diarreia e gastroenterite aguda, desnutrição, alergia à proteína do leite e doenças respiratórias (Saxelin e colaboradores 2005; Tytgat e colaboradores, 2021; Hill e colaboradores 2017; Kamal e colaboradores 2018; Nyanzi e colaboradores 2021; Segers & Lebeer, 2014).

Continua depois da publicidade

Além disso, a dose diária variou de 105 a 1012 UFC/dose de L. rhamnosus GG e a duração da intervenção variou de 1 a mais de 6 meses. Vale ressaltar que quando esse probiótico foi incorporado em produtos alimentícios como leite e bebidas fermentadas, o efeito benéfico à saúde esteve presente em 57,1% dos ensaios clínicos.

Paralelamente, quando a mesma cepa foi veiculada em suplementos, os benefícios à saúde foram observados em 46,7% dos estudos analisados. Isso nos leva a crer que o efeito promotor a saúde da cepa probiótica GG pode ser equivalente em ambos os veículos (alimento ou suplemento).

Desta forma, podemos concluir que consumo de alimentos contendo probióticos pode ser tão efetivo quando os suplementos, com a vantagem de terem preços mais íveis. Leites fermentados continuam sendo o carro-chefe dos alimentos funcionais contendo cepas com “status” de probióticas e esses ativos, agregam valor ao produto e saúde para o consumidor.

 

 

Referências 

Hill, D., Ross, R. P., Arendt, E., & Stanton, C. (2017). Microbiology of yogurt and bioyogurts containing probiotics and prebiotics. In N. P. Shah (Ed.), Yoghurt in health and disease prevention. London: Academic Press. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-805134-4.00004-3. 

Kamal, R. M., Alnakip, M. E., Abd El Aal, S. F., & Bayoumi, M. A. (2018). Bio-controlling capability of probiotic strain Lactobacillus rhamnosus against some common foodborne pathogens in yoghurt. International Dairy Journal, 85, 1–7. https://doi.org/10.1016/j.idairyj.2018.04.007

Nyanzi, R., Jooste, P. J., & Buys, E. M. (2021). Invited review: Probiotic yogurt quality criteria, regulatory framework, clinical evidence, and analytical aspects. Journal of Dairy Science, 104, 1–19. https://doi.org/10.3168/jds.2020-19116 

Saxelin, M., Tynkkynen, S., Mattila-Sandholm, T., & de Vos, W. M. (2005). Probiotic and other functional microbes: From markets to mechanisms. Current Opinion in Biotechnology, 16(2), 204-211. https://doi.org/10.1016/j.copbio.2005.02.003

Segers, M. E., & Lebeer, S. (2014). Towards a better understanding of Lactobacillus rhamnosus GG - host interactions. Microbial Cell Factories, 13(1), 1–16. https://doi.org/10.1186/1475-2859-13-S1-S7

Tytgat, H. L. P., Rasinkangas, P., Ritari, J., Reunanen, J., Aalvink, S., Lin, C.-w., Palva, A., Douillard, F. P., de Vos, W. M. (2021). Selection and characterization of a SpaCBA pilus-secreting food-grade derivative of Lacticaseibacillus rhamnosus GG. Applied Microbiology and Biotechnology, 105(3), 1123–1131. https://doi.org/10.1007/s00253-020-11051-7

Xavier-Santos, D., Scharlack, N. K., Pena, F. L., Antunes, A. E. C. (2022). Effects of Lacticaseibacillus rhamnosus GG supplementation, via food and non-food matrices, on children’s health promotion: A scoping review. Food Research International, 158, 111518. https://doi.org/10.1016/j.foodres.2022.111518

Zheng, J., Wittouck, S., Salvetti, E., et al. (2020). A taxonomic note on the genus Lactobacillus: Description of 23 novel genera, emended description of the genus Lactobacillus Beijerinck 1901, and union of Lactobacillaceae and Leuconostocaceae. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, 70(4), 2782–2858. https://doi.org/10.1099/ijsem.0.004107

 

*Fonte da foto do artigo: Freepik

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 2

Material escrito por:

Douglas Xavier-Santos

Douglas Xavier-Santos

ar todos os materiais
Adriane Elisabete Antunes de Moraes

Adriane Elisabete Antunes de Moraes

Docente da Faculdade de Ciências Aplicadas-FCA/UNICAMP. Graduação em Nutrição (UFPEL), Mestrado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial (FAEM/UFPEL), Doutorado em Alimentos e Nutrição (FEA/UNICAMP), Pós Doutorado no TECNOLAT/ITAL.

ar todos os materiais

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?