O sucesso do programa de criação de novilhas pode ser avaliado através do crescimento pelo monitoramento de peso e altura de bezerras e novilhas e sua comparação com a média da raça para cada grupo específico de idade. Medir e pesar novilhas permite a comparação do animal com o padrão da raça ou com animais da mesma raça em grupos contemporâneos, podendo indicar problemas no programa de criação. No caso de animais cruzados, embora não haja padronização de peso e tamanho corporal de acordo com o grau de sangue do animal, este monitoramento também funciona como ferramenta importante de avaliação do programa de criação.
O peso do animal é de fundamental importância no manejo uma vez que muitas das decisões de manejo são influenciadas por este parâmetro. O peso corporal (PC) do animal pode ser obtido por balanças mecânicas ou eletrônicas (Figura 1), ou estimado pelo uso de fita de pesagem (Figura 1), graduada em centímetros, que correlaciona o perímetro torácico com o PC, de acordo com o porte do animal, com acurácia de 5 a 7% do peso corporal. Para correta mensuração, deve-se certificar que o animal esteja em pé e com a cabeça voltada para frente, e a fita deve circundar o corpo do animal, logo atrás das pernas dianteiras, mas não muito apertada ao corpo do mesmo. A medida de altura na cernelha também deve ser realizada com o animal com a cabeça voltada para frente e para cima, sendo que este deve estar em pé numa superfície plana para que a medida não seja alterada. O animal deve ser medido no ponto mais alto da cernelha.

Figura 1. Pesagem e medidas de perímetro torácico de animais de reposição
A avaliação do crescimento de bezerras e novilhas é crucial para ajustes no manejo de criação. Os animais devem apresentar taxas de ganho de peso adequadas para cada fase de crescimento. O gráfico abaixo mostra taxas de ganho de peso tradicionalmente recomendadas para 3 fases de crescimento de animais de reposição. Estas taxas podem ser facilmente conseguidas nos sistemas de produção do Brasil, embora ainda seja um desafio para a maior parte dos produtores. De maneira geral, recomenda-se que bezerros em aleitamento tenham 100% de aumento em seu peso vivo no período de aleitamento. Isso quer dizer que os animais devem dobrar seu peso ao nascer até o desaleitamento. Com o manejo tradicionalmente recomendado de fornecimento de 4L de leite por dia, esta meta não é facilmente alcançada. Hoje, frente ao preço do leite, oferta de leite descarte ou ainda preço de sucedâneos de boa qualidade, e as vantagens da aceleração do crescimento de bezerras, muitos produtores vem aumentando os volumes de dieta líquida fornecida. Isso tem resultado em maiores taxas de ganho de peso, mas uma maior preocupação com o manejo ao desaleitamento uma vez que este depende do consumo de concentrado, o qual é reduzido com o aumento no fornecimento de dieta líquida.

Gráfico 1. Taxas de ganho de peso para as diferentes fases do crescimento de animais de reposição.
Na fase que antecede a puberdade das novilhas é interessante que as taxas de crescimento sejam controladas, uma vez que altos ganhos de peso nesta fase podem comprometer a produção de leite futura destes animais. Vários trabalhos de pesquisa mostram efeitos negativos no desenvolvimento da glândula mamária e na produção de leite na primeira lactação, quando novilhas apresentam taxas de ganho de peso acima de 700-800 g/d. Alguns trabalhos já mostraram que ajustes na formulação de dietas para estes animais, aumentando a relação entre proteína e energia podem reduzir este efeito, mas as maiores produções de leite são sempre observadas quando os animais ganharam por volta de 800g/d durante este período. O aumento nas taxas de ganho nesta fase teria como objetivo a entrada na puberdade em idades mais jovens e, portanto, a entrada destes animais no sistema produtivo também mais precocemente. No entanto, além de poder resultar em prejuízos no potencial de produção, nem sempre o investimento em nutrição para isso é economicamente viável ou compensador. Já na fase seguinte, as taxas de ganho podem ser aumentadas sem grandes problemas, desde que o animal não chegue ao parto com condição de escore corporal acima de 3,5-3,75 (na escala de 1 a 5). É importante lembrar que a produção de leite está altamente correlacionada ao peso do animal ao parto, obviamente até um peso máximo, quando partos distócicos e distúrbios metabólicos am a ser mais freqüentes.
O escore de condição corporal é uma ferramenta adicional que pode ser utilizada para avaliar o manejo e a nutrição do programa de avaliação de novilhas (Figura 2). O escore de condição corporal é uma maneira de avaliação de reservas subcutâneas de tecido adiposo e muscular de animais. Dentre as limitações na avaliação do escore corporal de novilhas inclui-se o fato de que é uma avaliação visual e, portanto subjetiva. Assim, é importante que o observador, ou observadores, sejam sempre os mesmos, reduzindo a probabilidade de erros de avaliação. Além disso, o comprimento dos pêlos do animal (mais problemáticos em região de clima frio) e a dificuldade na aproximação da novilha para melhor observação da gordura nas costelas e na inserção da cauda também podem ser considerados como fatores limitantes.
Bezerros jovens são naturalmente magros (2,0 a 2,5, numa escala de 1 a 5) mas sua condição de escore corporal deve aumentar para 3,0 por volta da idade de inseminação. O escore de condição corporal de 3,5 a 3,7 é considerado normal para novilhas parindo entre 22-24 meses. Esse escore permite a avaliação do armazenamento de moderada quantidade de gordura corporal, que será utilizada no início da lactação quando o animal estiver em balanço energético negativo.

Figura 2. Padrões de Escore de condição corporal (ECC) para novilhas de reposição da raça Holandesa.
A Tabela 1 traz algumas recomendações de peso de acordo com a idade de animais de diferentes portes.
Tabela 1. Sugestões de desenvolvimento ponderal para fêmeas de reposição de raças grandes, pequenas e de animais mestiços Holandês-Zebu.

Considerações Práticas
1. O acompanhamento do crescimento dos animais de reposição é importante para a avaliação do sucesso do manejo nutricional e sanitário.
2. O peso vivo dos animais é utilizado como ferramenta para decisões no manejo como, por exemplo, a inseminação.
3. As pesagens devem ser feitas freqüentemente. Se possível, os animais devem ser pesados mensalmente. O ganho de peso deve ser calculado de acordo com a diferença no peso no período, e os animais devem ser avaliados e remanejados de acordo com peso e altura em lotes de crescimento.
4. O peso ao desaleitamento, as taxas de ganho de peso durante o período pré-púbere e o peso ao parto são fatores importantes para avaliação do programa de crescimento.
5. Além do peso vivo, outras medidas auxiliam na avaliação do crescimento como o perímetro torácico, a altura na cernelha e o escore de condição corporal.