ESALQLab
Eng. Agr. Willian Santos
Qualidade e Conservação de Forragens (QCF)
Dep. Zootecnia – ESALQ/USP
Responder essa questão não era uma tarefa fácil há alguns anos. A determinação de amido era realizada por meio de métodos químicos que demandam reagentes, tempo e mão de obra altamente capacitada. Consequência? Resultados demorados, caros e pouca informação disponível acerca do teor desse importante carboidrato e fonte de energia.
Porém, graças ao avanço tecnológico dos métodos analíticos, em especial ao infravermelho (ou NIRS), hoje é muito mais fácil e barato aferir o teor de amido nas silagens. O NIRS permite a determinação de dezenas de parâmetros (dentre eles o amido), em menos de 48h, com uma boa exatidão e com custo extremamente baixo comparado com o método químico.
Com o NIRS o o à informação sobre o teor de amido se popularizou e hoje é considerada de extrema importância para se avaliar a qualidade da silagem e a sua participação na dieta dos animais, seja de leite ou corte.
Mas voltando a pergunta inicial. Qual deveria ser o teor de amido das nossas silagens? Podemos responder de duas formas. Vamos a primeira delas.
Assumindo as premissas de concentração de amido na planta e no grão, o teor médio de amido estimado/esperado foi de 28%. Cabe ressaltar aqui, que são dados provenientes de 18 híbridos avaliados nas três regiões e de forma experimental (controlado), ou seja, dados muito precisos e confiáveis. A proporção de grãos em relação a MS total foi de 39%. Esse é o mesmo valor médio observado num amplo estudo que vem sendo conduzido pelo Prof. Thiago Bernardes de UFLA (Lavras/MG). Os dados preliminares do primeiro ano de avaliação apontam valor médio de 38,9% de grãos na MS total. São dados muito robustos, com 42 híbridos cultivados em 45 áreas diferentes nos estados do PR, MG, SP e GO. Ou seja, o teor de amido calculado para esse grupo também seria algo ao redor de 28%. Estudo conduzido pelo grupo de estudos do Prof. Michael Neumann (2013), também aponta para resultados entre 34 e 44%, com valores médios de 39%, estudo esse realizado no Estado do PR.
A outra forma de respondermos à questão inicial, seria a aferição direta do teor de amido nas silagens. Vamos compartilhar os resultados médios observados pela ESALQLab a partir de um grande número de amostras provenientes principalmente dos estados do PR, SP, MG e GO. Os teores foram determinados por meio do NIRS, devidamente validado seguindo as diretrizes da ISO 12.099 (os resultados do equipamento são comparados e validados com os resultados do método químico, considerado de referência). Os resultados até o momento apontam um valor médio de 26%, com um desvio padrão de 3. Ou seja, de cada 100 amostras analisadas, 66 delas apresentam um teor de amido entre 23 e 29%. Acima de 30% de amido, temos cerca de 15% das amostras analisadas. Os dados observados laboratorialmente pela ESALQLab, são bem próximos às estimativas realizadas com base na proporção de grãos na MS.
Mas seria possível silagens de planta inteira (com corte ao redor de 20 cm) apresentarem teores próximos a 40% de amido? Sim, é possível, mas teríamos de ter proporções de grãos acima de 55%, algo que não foi observado nos estudos apresentados. Teor de 40% de amido é exceção e não regra, pelo menos aqui no Brasil.
Fontes:
1- Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem APTA/IAC/ESALQ - www.zeamays.com.br
2- Prof. Dr. Thiago Bernardes – DZO-UFLA (Comunicação pessoal)
3- Lauer et al 2014 - Predicting Corn Grain Yield Using Silage Starch Content and Crop Adjuster Methods
4- Lynch et al 2012 - Yield, quality and ensilage characteristics of whole-crop maize and of the cob and stover components: harvest date and hybrid effects
5- Souza, Michel Pereira de. 2013 - Avaliação de híbridos de milho transgênicos e convencionais para silagem.