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NRC 2021: carboidratos para vacas leiteiras

Os carboidratos compõem a maior parte da alimentação de vacas leiteiras, sendo responsáveis por 60 a 70% da energia da dieta. Saiba as atualizações do NRC!

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - Atualizado em: - 3 minutos de leitura

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Os carboidratos compõem a maior parte da alimentação de vacas leiteiras, sendo responsáveis por 60 a 70% da energia da dieta.

No rúmen, os carboidratos têm funções essenciais, destacando-se:

  1. Produção de ácidos graxos de cadeia curta (principal fonte de energia para o ruminante); 
  2. Substrato para o crescimento de microrganismos, gerando proteína microbiana (excelente fonte de aminoácidos para a produção de proteína do leite); 
  3. Níveis adequados de fibra, com adequado tamanho de partícula são essenciais para garantir a saúde ruminal.

O NRC (2001) separava os carboidratos em insolúveis em detergente neutro (FDN; composta por celulose, hemicelulose e lignina), FDN de forragem, FDA (celulose e lignina) e carboidratos não fibrosos (CNF; compostos por amido, pectina e sacarose).

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No entanto, o uso de CNF não é mais recomendado para a formulação de dietas, já que amido, pectina e sacarose possuem diferentes digestibilidades e padrões fermentativos. Sendo assim, o novo NRC (2021) apresenta uma grande evolução. Carboidratos fibrosos continuam caracterizados da mesma forma, mas a entidade nutricional CNF foi substituída por carboidratos solúveis em detergente neutro (NDSC), que são divididos em amido, carboidratos solúveis em água (CSA, sacarose por exemplo) e fibra solúvel em detergente neutro (FSDN, por exemplo pectina).

O conceito de matéria orgânica residual (MOR = matéria seca – cinzas – proteína bruta – FDN – ácidos graxos – amido – CSA – FSDN – ácidos orgânicos – glicerol), que representa compostos que dificilmente são analisados, foi criado. Adicionalmente, o comitê do novo modelo recomenda que a digestibilidade da FDN no trato total (alterável no modelo) seja medida em 48 horas in vitro.

A separação do amido como um nutriente isolado já é praticada há vários anos por nutricionistas, mas a grande quantidade de artigos que relataram o teor de amido da dieta e foram publicados na literatura permitiu que o comitê do NRC (2021) melhorasse diversas equações de predição do modelo (síntese de proteína microbiana, por exemplo).

É importante considerar também a digestibilidade do amido no trato total (alterável pelo usuário no software), uma vez que essa é afetada pelo tipo de grão, vitreosidade, endosperma e processamento. De modo geral, grãos mais farináceos e processados digerem mais, o que leva a uma maior eficiência alimentar dos animais.

A caracterização correta dos carboidratos é essencial para a formulação de dietas, porque cada carboidrato afetará de forma distinta o metabolismo ruminal e pós-absortivo da vaca.

Carboidratos solúveis em água e fibra solúvel em detergente neutro degradam muito rapidamente no rúmen, uma vez que são rapidamente utilizados pelos microrganismos. Por outro lado, a digestibilidade ruminal do amido é extremamente variável (30 a 90%), sendo afetada pelos mesmos fatores que alteram a digestibilidade no trato total mencionados acima. A baixa digestão de amido no rúmen, até um certo nível, pode ser compensada pela digestão de amido no intestino delgado, já que o animal possui enzimas pancreáticas e de mucosa intestinal específicas para a digestão deste carboidrato.

O mesmo não ocorre com os carboidratos fibrosos, que serão aproveitados somente se forem fermentados no rúmen (proteína microbiana também é aproveitada, já que ocorre antes do local de absorção) ou no intestino grosso (proteína microbiana é perdida nas fezes).

Em conclusão, as alterações adotadas pelo NRC (2021) darão e para as futuras pesquisas em carboidratos, além de melhorar a capacidade da formulação de dietas para vacas leiteiras em condições de fazenda utilizando o software, uma vez que caracterizam muito melhor os carboidratos e trazem várias equações de predição (que usam o fracionamento de carboidratos) melhoradas.

Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.

Autores

Gleiciele Mendes de Souza - Universidade Federal de Lavras
João Pedro Andrade Rezende - Universidade Federal de Viçosa
Polyana Pizzi Rotta - Professora Adjunta na Universidade Federal de Viçosa

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No rúmen, os carboidratos têm funções essenciais, destacando-se:

  1. Produção de ácidos graxos de cadeia curta (principal fonte de energia para o ruminante); 
  2. Substrato para o crescimento de microrganismos, gerando proteína microbiana (excelente fonte de aminoácidos para a produção de proteína do leite); 
  3. Níveis adequados de fibra, com adequado tamanho de partícula são essenciais para garantir a saúde ruminal.

O NRC (2001) separava os carboidratos em insolúveis em detergente neutro (FDN; composta por celulose, hemicelulose e lignina), FDN de forragem, FDA (celulose e lignina) e carboidratos não fibrosos (CNF; compostos por amido, pectina e sacarose).

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O conceito de matéria orgânica residual (MOR = matéria seca – cinzas – proteína bruta – FDN – ácidos graxos – amido – CSA – FSDN – ácidos orgânicos – glicerol), que representa compostos que dificilmente são analisados, foi criado. Adicionalmente, o comitê do novo modelo recomenda que a digestibilidade da FDN no trato total (alterável no modelo) seja medida em 48 horas in vitro.

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É importante considerar também a digestibilidade do amido no trato total (alterável pelo usuário no software), uma vez que essa é afetada pelo tipo de grão, vitreosidade, endosperma e processamento. De modo geral, grãos mais farináceos e processados digerem mais, o que leva a uma maior eficiência alimentar dos animais.

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Carboidratos solúveis em água e fibra solúvel em detergente neutro degradam muito rapidamente no rúmen, uma vez que são rapidamente utilizados pelos microrganismos. Por outro lado, a digestibilidade ruminal do amido é extremamente variável (30 a 90%), sendo afetada pelos mesmos fatores que alteram a digestibilidade no trato total mencionados acima. A baixa digestão de amido no rúmen, até um certo nível, pode ser compensada pela digestão de amido no intestino delgado, já que o animal possui enzimas pancreáticas e de mucosa intestinal específicas para a digestão deste carboidrato.

O mesmo não ocorre com os carboidratos fibrosos, que serão aproveitados somente se forem fermentados no rúmen (proteína microbiana também é aproveitada, já que ocorre antes do local de absorção) ou no intestino grosso (proteína microbiana é perdida nas fezes).

Em conclusão, as alterações adotadas pelo NRC (2021) darão e para as futuras pesquisas em carboidratos, além de melhorar a capacidade da formulação de dietas para vacas leiteiras em condições de fazenda utilizando o software, uma vez que caracterizam muito melhor os carboidratos e trazem várias equações de predição (que usam o fracionamento de carboidratos) melhoradas.

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