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O preço do leite e o sucesso na atividade

O produtor sempre se preocupou com o quanto ele recebe, mas será que o preço pago pelo leite é o único ou maior responsável pela lucratividade da fazenda? Leia!

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O produtor sempre se preocupou com o quanto ele recebe, mas será que o preço pago pelo leite é o único responsável pela lucratividade da fazenda?

O aumento no valor pago pelo leite alguns meses atrás fez com que muitos produtores comemorassem, devido ao aumento expressivo nos insumos da cadeia produtiva do leite. No entanto, muitos produtores focam apenas no preço do leite, e muitas das vezes, acabam negligenciando os custos de produção.

O preço do leite é importante para a lucratividade de uma fazenda leiteira, entretanto, a lucratividade está mais associada ao custo e a escala de produção do que propriamente ao preço do leite.

De acordo com os dados apresentados pela Labor Rural e Educampo/Sebrae a correlação entre o preço do leite e o lucro unitário é baixa (Tabela 1), ou seja, fazendas recebendo o mesmo preço de leite podem apresentar lucratividades diferentes.

Entretanto, foi encontrada uma alta correlação entre o custo de produção e lucro (Tabela 1), onde fazendas com menor custo de produção apresentaram maior lucratividade.

Tabela 1. Correlação entre Preço do leite e a Lucratividade.

Figura 1

O aumento de produtividade com ganho em eficiência é o principal fator para reduzir o custo e aumentar a lucratividade.

A fim de evidenciar esse fato, o Educampo realizou uma análise com 205 fazendas, onde essas foram divididas em dois grupos, um em que as 80 propriedades reduziram o volume de leite, e outro no qual 125 propriedades aumentaram a produção de leite, de modo que, os dois grupos receberam aumento de 10% no preço do leite.

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Como resultado, fazendas que aumentaram o volume de leite tiveram aumento menos intenso no custo de produção, refletindo no aumento da margem unitária (Figura 1). Dessa forma, as propriedades que aumentaram o volume de leite ganharam mais por cada litro de leite vendido (Educampo, 2022). No entanto, o ganho de produtividade com eficiência é possível apenas pela adoção de estratégias de planejamento e gerenciamento.

Figura 1. Análise do aumento da produção sobre a lucratividade.

Análise do aumento da produção sobre a lucratividade
Fonte: Adaptado de Educampo.
 

O gerenciamento adequado da propriedade é fundamental para a redução dos custos, já que pela análise dos custos de produção é possível identificar falhas que estejam comprometendo o desempenho da propriedade, garantindo assim a viabilidade do sistema ao o que estratégias são tomadas para correção dessas falhas.

Portanto, é de suma importância que todos os custos sejam registrados em um banco de dados, de modo a evitar distorção na geração dos indicadores, comprometendo a interpretação da análise.

Os custos de produção referem-se a todos os dispêndios ligados ao processo produtivo, ou seja, todos os recursos necessários utilizados para a produção do leite, sendo eles divididos em custos fixos e variáveis.

Diferente dos custos variáveis, os custos fixos não variam durante o ciclo de produção (produtos de limpeza de ordenha, reparo e consertos de máquinas, medicamentos, mão de obra), são independentes da escala de produção, portanto, traçar estratégias para diluição desses custos se faz necessário para aumentar a lucratividade, sendo a principal forma, o aumento da produção. Já para os custos variáveis, aqueles que são dependentes da produção (alimento, fertilizante, energia, combustível), o planejamento é a melhor forma de controle de gastos, ou seja, compra estratégica de insumos para o plantio e concentrado, garantem melhor preço, logo redução dos custos.

Apenas conhecer os custos não é o suficiente, é preciso saber interpretá-los, sendo assim, os indicadores são cruciais para mensuração e avaliação do desempenho da uma propriedade. Esses são subdivididos em Indicadores Zootécnicos, Reprodutivos e Econômico-financeiros. Dentre eles, podemos citar exemplos que tem grande influência na eficiência de produção, de tal forma a possibilitar a diluição dos custos:
 

  • Receita menos o custo alimentar (RMCA)

 Monitorar o indicador RMCA é uma forma simples e objetiva de avaliar o quanto as vacas e o produtor estão sendo eficientes nas suas funções. Do ponto de vista da vaca, podemos inferir sobre a eficiência alimentar, ou seja, sobre a sua capacidade de converter dieta em leite. Assim, espera-se que no início da lactação, as vacas apresentem altos valores de RMCA, ao o que, o RMCA reduz à medida que a lactação se estende. Isto porque vacas do início ao pico de lactação apresentam maior eficiência de utilização de energia comparado a vacas no terço final de lactação.

Pelo lado do produtor, este indicador nos sugere a eficiência na compra e a produção de alimentos. Assim, a compra estratégica de insumos favorece a obtenção de altos valores de RMCA, à medida que, a compra de insumos nas “altas” de preços favorece a redução dos valores de RMCA, mesmo que se tenha boa genética. Em outras palavras, ter boas vacas não é o suficiente para obter lucro, mas sim, o equilíbrio entre o custo alimentar e o potencial produtivo do rebanho.
 

  • Relação entre número de vacas em lactação e o total de vacas (VL/VT), e entre o rebanho total (VL/RT)

Devemos sempre maximizar o número de animais em lactação, já que estes são responsáveis por gerar a receita da propriedade, de modo que, a relação entre VL/VT seja maior que 83% (10 meses em lactação/12 meses de intervalo entre partos) × 100%, e a de VL/RT entre 45-55%, sendo este último de grande importância, pois a redução na porcentagem resulta em maiores despesas, já que animais que não produzem, apenas geram gastos. Estes indicadores estão associados a boas taxas reprodutivas e de criação de novilhas, os quais propiciam maior número de vacas em lactação, próximas ao pico de lactação (maior eficiência de produção).
 

  • Produtividade da mão-de-obra

Um dos maiores gargalos da atividade é a falta de mão de obra, além do seu alto custo, fazer com que o funcionário permaneça na propriedade diante da rotina intensa se tornou um grande desafio, por isso, é imprescindível que seu uso seja otimizado na propriedade. De acordo com EducaPoint (2018), a produtividade ideal por colaborador deve ser pelo menos entre 400 e 500 L/dh.

Bons resultados não chegam sem planejamento, para atingir bons indicadores é necessário o investimento na nutrição, qualidade do leite, sanidade e bem-estar dos animais, visto que esses corroboram em ganhos na produção.

É importante entender o sistema leiteiro como um quebra-cabeça, no qual, a falta de uma peça impede que tenhamos o máximo potencial.

Além disso, é valido ressaltar que investimento não é “custo”, mas sim uma maneira de aumentar a eficiência produtiva por meio da inserção de novas tecnologias e/ou instalações que proporcionem melhor conforto para os animais, de modo a resultar em um maior retorno, desde que, seja bem delineado e executado. Sendo assim, o controle e gestão dos custos, associados a um rebanho saudável e com genética, são a principal forma para não se tornar refém do preço do leite.
 

Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.

Referências bibliográficas 

MARIANO,William. Preço do leite ou custo de produção? Eis a questão! Labor Rural, 2019. Disponível em: https://laborrural.com/preco-do-leite-ou-custo-de-producao-eis-a-questao/. o em: 04 dez. 2022.

RESULTADOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS DAS FAZENDAS ASSISTIDAS PELO EDUCAMPO QUE AUMENTARAM OU DIMINUÍRAM SUA PRODUÇÃO LEITEIRA NOS ÚLTIMOS 3 ANOS?. Educampo, 2022. Disponível em: https://educampo.com.br/leite/conteudo-tecnico/quais-foram-os-resultados-tecnicos-e-economicos-das-fazendas-assistidas-pelo-educampo-que-aumentaram-ou-diminuiram-sua-producao-leiteira-nos-ultimos-3-anos/. o em: 08 dez. 2022.

QUAIS ÍNDICES DETERMINAM A EFICIÊNCIA DA MÃO DE OBRA?. EducaPoint, 2018. Disponível em: https://www.educapoint.com.br/blog/gerenciais/quais-indices-determinam-efiencia-mao-de-obra/. o em: 10 jan. 2023

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André Luis Claudino da Silva

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Marcelo de Barros Abreu

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Polyana Pizzi Rotta

Polyana Pizzi Rotta

Professora de Produção e Nutrição de Bovinos de Leite da UFV e coordenadora do Programa Família do Leite

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Nelson Jesus Saboia Ribas
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/02/2023

Polyana
Sua argumentação e válida, principalmente no que toca a higiene do produtor e qualidade do leite.
Claro que estamos tratando do assunto, com a premissa de que as coisas basicas tenham que estar sendo feitas.
Nesse caso além de orientação aos desajustados, devemos lutar para o governo implantar uma normativa mais séria do que as em vigor, não é correto o lacticínio misturar leites que atendem as mínimas exigências com leites fora do padrão.
O leite padrão teria que ser mais valorizado, e deixar o produto não conforme para um mercado especifico.
Com isso diminuímos a oferta de leite padrão e se dará mais garantias ao consumidor final.
Meus comentários aqui é porque não adianta só condenar os produtores, mas sim ter uma proposta que possa melhorar a remuneração de quem segue tudo que você preconiza que que no final se desmotiva pela baixa remuneração do seu produto.
Esse jogo da indústria X produtores é antigo, e nós produtores não conseguimos, na média, ter um equilíbrio de forças, nossa representações são meramente politicas e sem apoio de uma legislação mais forte.
Obrigado por seu interesse e resposta.
Nelson Jesus Saboia Ribas
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/02/2023

A teoria na pratica é diferente!
Concordo com a abordagem do articulista, mas essa tendência de dizer que os produtores são maus gerentes dos seus negócios, não justifica os preços que nos pagam.
A situação dos custos como , energia, diesel, adubos, medicamentos, impostos, equipamentos, manutenção, salários e outros, não estão no controle dos produtores.
Polyana Pizzi Rotta
POLYANA PIZZI ROTTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 06/02/2023

Olá Senhor Nelson!

Os dados apresentados no artigo são práticos e não teóricos. As análises realizadas utilizam dados reais do projeto EDUCAMPO-SEBRAE com fazendas reais.

Concordo com o senhor que muitos laticínios não pagam o valor devido. Por exemplo, aqui em Minas, temos pequenos laticínios ou os famosos "queijeros" pagando 20-30% a menos que laticínios maiores. E isso ocorre pela falta de higiene e baixo volume de leite produzido, na maioria das vezes. Dessa forma, eu questiono: de quem é a culpa por receber menos? CCS milionária e CBT nas alturas não fazem parte dos critérios que buscamos para um alimento tão nobre como o leite e não atendem os requisitos de empresas sérias. Por outro lado, temos produtores que trabalham arduamente pela qualidade do leite e mesmo assim não recebem de "forma adequada", seja pela região onde se encontra, pela falta de laticínios perto ou são atingidos por crises econômicas que levam a queda do consumo de lácteos.

Sobre a tendência em dizer que os produtores são má gestores. Quantos % dos 900 mil produtores de leite do Brasil conhecem o custo por litro de leite produzido? quantos consideram a depreciação nas contas? Quantos conhecem a taxa de retorno do seu negócio? Eu arrisco a dizer que menos de 10%. Ou seja, infelizmente, nossos produtores de leite, na grande maioria das vezes, estão sendo más gestores.
Mas isso não quer dizer que estão perdendo dinheiro. Porque se verdade fosse, não teríamos uma atividade tão resiliente, como a pecuária leiteira. Muitos reclamam e reclamam da atividade, mas os filhos estão fazendo faculdade, conseguem morar em boas habitações, têm bons automóveis...
Enfim, a atividade leiteira é sim muito rentável para quem a encara de forma profissional. Basta lembrar que para produzir 1000 litros de leite/dia você precisa ter um capital total empatado de R$ 2.500.000,00, aproximadamente. Se alguém aqui tiver esse dinheiro em alguma aplicação financeira tenho certeza que vai ficar olhando constantemente a valorização (ou não) do dinheiro, analisando outras formas de investir para ganhar mais... Ou alguém com um comercio ou loja que tenha um Valuation desse tamanho vai contabilizar cada centavo.

Sobre os custos estar no controle dos produtores eu questiono, em qual atividade os custos estão no controle? Agora o preço do leite sim, esse deveria, ao meu ver ser acordado antes de sua entrega ao laticínio. O que muito me intriga na atividade leiteira é entregarmos um produto sem saber quanto vão pagar no próximo mês. A não ser que façamos contratos com preços atrelados ao CEPEA, por exemplo, ficaremos sempre ansiosos com o valor a ser pago no mês seguinte.
Regis Nunes Ferreira Leite
REGIS NUNES FERREIRA LEITE

LAGOINHA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2023

Cada funcionário da ordenha deveria render 400/500 lt/dia ,mas e as tarefas, trato ,fazer a ração,higiene ,manutenção, quem as fariam . ?? Outros ?? Ou está tudo englobado na produção total . No meu caso são 4 colaboradores para funcionar 1200 lt/dia ,a gestão está correta ?? 80/85% vacas estão em lactação ,mas no total do rebanho só em bezerras e novilhas ,elas somam 60% do rebanho . Qual a opinião dos autores Grato.Fazenda Pingo DÁGUA do Cristal. Lagoinha SP
Polyana Pizzi Rotta
POLYANA PIZZI ROTTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 03/02/2023

Olá Regis!

Na verdade não seria funcionários apenas na ordenha, e sim, o número total de funcionários que estão envolvidos com a atividade leiteira.
É importante ressaltar também que esse número pode variar bastante e o negócio ainda ser rentável. Por exemplo: fazendas mais tecnificadas terão menos funcionários, pois o serviço fica mais "fácil", como uso de extrator automático na ordenha, vagão forrageiro, confinamentos com a ordenha próximo da estrutura. Nesses casos, o serviço poderá ser feito com menos colaboradores. No entanto o capital empatado na atividade será maior, logo a rentabilidade que leva em conta a margem líquida sobre o capital empatado poderá ser bem impactada.

Já propriedades com menos estrutura terão o problema do serviço ser mais pesado, logo terão a necessidade de mais colaboradores, o que vai diminuir a margem líquida. Por outro lado, o capital empatado nesse sistema é menor.
O mais importante é conhecer a rentabilidade do seu negócio, que pode ser alta, mesmo tendo um rendimento menor de leite por funcionário, pelo fato de você ter menos capital empatado na atividade.

No seu caso temos o valor de 300 L por funcionário. As perguntas são: o sistema é tecnificado? Se sim, esse valor está baixo, se não, o valor está dentro do aceitável pelo volume de produção.

Sobre as vacas em lactação: 80/85% do total de vacas. Então se você tem 50 vacas, 40-42 vacas precisam estar em lactação e as demais secas e/ou no pré parto.
Se você tem hoje 60% de bezerras e novilhas, quer dizer que 40% são vacas e muito provavelmente em lactação devem ser umas 30-35%. Esse valor está baixo. Porque esse volume de vaca em lactação nem sempre consegue pagar a conta de quem não está produzindo. Por outro lado, a propriedade pode estar em crescimento, talvez vocês compraram novilhas, ou descartaram vacas problema. Precisa ser avaliado o ano "fechado".

Espero ter ajudado.

Abraços
Qual a sua dúvida hoje?

O preço do leite e o sucesso na atividade

O produtor sempre se preocupou com o quanto ele recebe, mas será que o preço pago pelo leite é o único ou maior responsável pela lucratividade da fazenda? Leia!

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O produtor sempre se preocupou com o quanto ele recebe, mas será que o preço pago pelo leite é o único responsável pela lucratividade da fazenda?

O aumento no valor pago pelo leite alguns meses atrás fez com que muitos produtores comemorassem, devido ao aumento expressivo nos insumos da cadeia produtiva do leite. No entanto, muitos produtores focam apenas no preço do leite, e muitas das vezes, acabam negligenciando os custos de produção.

O preço do leite é importante para a lucratividade de uma fazenda leiteira, entretanto, a lucratividade está mais associada ao custo e a escala de produção do que propriamente ao preço do leite.

De acordo com os dados apresentados pela Labor Rural e Educampo/Sebrae a correlação entre o preço do leite e o lucro unitário é baixa (Tabela 1), ou seja, fazendas recebendo o mesmo preço de leite podem apresentar lucratividades diferentes.

Entretanto, foi encontrada uma alta correlação entre o custo de produção e lucro (Tabela 1), onde fazendas com menor custo de produção apresentaram maior lucratividade.

Tabela 1. Correlação entre Preço do leite e a Lucratividade.

Figura 1

O aumento de produtividade com ganho em eficiência é o principal fator para reduzir o custo e aumentar a lucratividade.

A fim de evidenciar esse fato, o Educampo realizou uma análise com 205 fazendas, onde essas foram divididas em dois grupos, um em que as 80 propriedades reduziram o volume de leite, e outro no qual 125 propriedades aumentaram a produção de leite, de modo que, os dois grupos receberam aumento de 10% no preço do leite.

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Como resultado, fazendas que aumentaram o volume de leite tiveram aumento menos intenso no custo de produção, refletindo no aumento da margem unitária (Figura 1). Dessa forma, as propriedades que aumentaram o volume de leite ganharam mais por cada litro de leite vendido (Educampo, 2022). No entanto, o ganho de produtividade com eficiência é possível apenas pela adoção de estratégias de planejamento e gerenciamento.

Figura 1. Análise do aumento da produção sobre a lucratividade.

Análise do aumento da produção sobre a lucratividade
Fonte: Adaptado de Educampo.
 

O gerenciamento adequado da propriedade é fundamental para a redução dos custos, já que pela análise dos custos de produção é possível identificar falhas que estejam comprometendo o desempenho da propriedade, garantindo assim a viabilidade do sistema ao o que estratégias são tomadas para correção dessas falhas.

Portanto, é de suma importância que todos os custos sejam registrados em um banco de dados, de modo a evitar distorção na geração dos indicadores, comprometendo a interpretação da análise.

Os custos de produção referem-se a todos os dispêndios ligados ao processo produtivo, ou seja, todos os recursos necessários utilizados para a produção do leite, sendo eles divididos em custos fixos e variáveis.

Diferente dos custos variáveis, os custos fixos não variam durante o ciclo de produção (produtos de limpeza de ordenha, reparo e consertos de máquinas, medicamentos, mão de obra), são independentes da escala de produção, portanto, traçar estratégias para diluição desses custos se faz necessário para aumentar a lucratividade, sendo a principal forma, o aumento da produção. Já para os custos variáveis, aqueles que são dependentes da produção (alimento, fertilizante, energia, combustível), o planejamento é a melhor forma de controle de gastos, ou seja, compra estratégica de insumos para o plantio e concentrado, garantem melhor preço, logo redução dos custos.

Apenas conhecer os custos não é o suficiente, é preciso saber interpretá-los, sendo assim, os indicadores são cruciais para mensuração e avaliação do desempenho da uma propriedade. Esses são subdivididos em Indicadores Zootécnicos, Reprodutivos e Econômico-financeiros. Dentre eles, podemos citar exemplos que tem grande influência na eficiência de produção, de tal forma a possibilitar a diluição dos custos:
 

  • Receita menos o custo alimentar (RMCA)

 Monitorar o indicador RMCA é uma forma simples e objetiva de avaliar o quanto as vacas e o produtor estão sendo eficientes nas suas funções. Do ponto de vista da vaca, podemos inferir sobre a eficiência alimentar, ou seja, sobre a sua capacidade de converter dieta em leite. Assim, espera-se que no início da lactação, as vacas apresentem altos valores de RMCA, ao o que, o RMCA reduz à medida que a lactação se estende. Isto porque vacas do início ao pico de lactação apresentam maior eficiência de utilização de energia comparado a vacas no terço final de lactação.

Pelo lado do produtor, este indicador nos sugere a eficiência na compra e a produção de alimentos. Assim, a compra estratégica de insumos favorece a obtenção de altos valores de RMCA, à medida que, a compra de insumos nas “altas” de preços favorece a redução dos valores de RMCA, mesmo que se tenha boa genética. Em outras palavras, ter boas vacas não é o suficiente para obter lucro, mas sim, o equilíbrio entre o custo alimentar e o potencial produtivo do rebanho.
 

  • Relação entre número de vacas em lactação e o total de vacas (VL/VT), e entre o rebanho total (VL/RT)

Devemos sempre maximizar o número de animais em lactação, já que estes são responsáveis por gerar a receita da propriedade, de modo que, a relação entre VL/VT seja maior que 83% (10 meses em lactação/12 meses de intervalo entre partos) × 100%, e a de VL/RT entre 45-55%, sendo este último de grande importância, pois a redução na porcentagem resulta em maiores despesas, já que animais que não produzem, apenas geram gastos. Estes indicadores estão associados a boas taxas reprodutivas e de criação de novilhas, os quais propiciam maior número de vacas em lactação, próximas ao pico de lactação (maior eficiência de produção).
 

  • Produtividade da mão-de-obra

Um dos maiores gargalos da atividade é a falta de mão de obra, além do seu alto custo, fazer com que o funcionário permaneça na propriedade diante da rotina intensa se tornou um grande desafio, por isso, é imprescindível que seu uso seja otimizado na propriedade. De acordo com EducaPoint (2018), a produtividade ideal por colaborador deve ser pelo menos entre 400 e 500 L/dh.

Bons resultados não chegam sem planejamento, para atingir bons indicadores é necessário o investimento na nutrição, qualidade do leite, sanidade e bem-estar dos animais, visto que esses corroboram em ganhos na produção.

É importante entender o sistema leiteiro como um quebra-cabeça, no qual, a falta de uma peça impede que tenhamos o máximo potencial.

Além disso, é valido ressaltar que investimento não é “custo”, mas sim uma maneira de aumentar a eficiência produtiva por meio da inserção de novas tecnologias e/ou instalações que proporcionem melhor conforto para os animais, de modo a resultar em um maior retorno, desde que, seja bem delineado e executado. Sendo assim, o controle e gestão dos custos, associados a um rebanho saudável e com genética, são a principal forma para não se tornar refém do preço do leite.
 

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Referências bibliográficas 

MARIANO,William. Preço do leite ou custo de produção? Eis a questão! Labor Rural, 2019. Disponível em: https://laborrural.com/preco-do-leite-ou-custo-de-producao-eis-a-questao/. o em: 04 dez. 2022.

RESULTADOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS DAS FAZENDAS ASSISTIDAS PELO EDUCAMPO QUE AUMENTARAM OU DIMINUÍRAM SUA PRODUÇÃO LEITEIRA NOS ÚLTIMOS 3 ANOS?. Educampo, 2022. Disponível em: https://educampo.com.br/leite/conteudo-tecnico/quais-foram-os-resultados-tecnicos-e-economicos-das-fazendas-assistidas-pelo-educampo-que-aumentaram-ou-diminuiram-sua-producao-leiteira-nos-ultimos-3-anos/. o em: 08 dez. 2022.

QUAIS ÍNDICES DETERMINAM A EFICIÊNCIA DA MÃO DE OBRA?. EducaPoint, 2018. Disponível em: https://www.educapoint.com.br/blog/gerenciais/quais-indices-determinam-efiencia-mao-de-obra/. o em: 10 jan. 2023

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Nelson Jesus Saboia Ribas
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GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/02/2023

Polyana
Sua argumentação e válida, principalmente no que toca a higiene do produtor e qualidade do leite.
Claro que estamos tratando do assunto, com a premissa de que as coisas basicas tenham que estar sendo feitas.
Nesse caso além de orientação aos desajustados, devemos lutar para o governo implantar uma normativa mais séria do que as em vigor, não é correto o lacticínio misturar leites que atendem as mínimas exigências com leites fora do padrão.
O leite padrão teria que ser mais valorizado, e deixar o produto não conforme para um mercado especifico.
Com isso diminuímos a oferta de leite padrão e se dará mais garantias ao consumidor final.
Meus comentários aqui é porque não adianta só condenar os produtores, mas sim ter uma proposta que possa melhorar a remuneração de quem segue tudo que você preconiza que que no final se desmotiva pela baixa remuneração do seu produto.
Esse jogo da indústria X produtores é antigo, e nós produtores não conseguimos, na média, ter um equilíbrio de forças, nossa representações são meramente politicas e sem apoio de uma legislação mais forte.
Obrigado por seu interesse e resposta.
Nelson Jesus Saboia Ribas
NELSON JESUS SABOIA RIBAS

GUARACI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/02/2023

A teoria na pratica é diferente!
Concordo com a abordagem do articulista, mas essa tendência de dizer que os produtores são maus gerentes dos seus negócios, não justifica os preços que nos pagam.
A situação dos custos como , energia, diesel, adubos, medicamentos, impostos, equipamentos, manutenção, salários e outros, não estão no controle dos produtores.
Polyana Pizzi Rotta
POLYANA PIZZI ROTTA

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EM 06/02/2023

Olá Senhor Nelson!

Os dados apresentados no artigo são práticos e não teóricos. As análises realizadas utilizam dados reais do projeto EDUCAMPO-SEBRAE com fazendas reais.

Concordo com o senhor que muitos laticínios não pagam o valor devido. Por exemplo, aqui em Minas, temos pequenos laticínios ou os famosos "queijeros" pagando 20-30% a menos que laticínios maiores. E isso ocorre pela falta de higiene e baixo volume de leite produzido, na maioria das vezes. Dessa forma, eu questiono: de quem é a culpa por receber menos? CCS milionária e CBT nas alturas não fazem parte dos critérios que buscamos para um alimento tão nobre como o leite e não atendem os requisitos de empresas sérias. Por outro lado, temos produtores que trabalham arduamente pela qualidade do leite e mesmo assim não recebem de "forma adequada", seja pela região onde se encontra, pela falta de laticínios perto ou são atingidos por crises econômicas que levam a queda do consumo de lácteos.

Sobre a tendência em dizer que os produtores são má gestores. Quantos % dos 900 mil produtores de leite do Brasil conhecem o custo por litro de leite produzido? quantos consideram a depreciação nas contas? Quantos conhecem a taxa de retorno do seu negócio? Eu arrisco a dizer que menos de 10%. Ou seja, infelizmente, nossos produtores de leite, na grande maioria das vezes, estão sendo más gestores.
Mas isso não quer dizer que estão perdendo dinheiro. Porque se verdade fosse, não teríamos uma atividade tão resiliente, como a pecuária leiteira. Muitos reclamam e reclamam da atividade, mas os filhos estão fazendo faculdade, conseguem morar em boas habitações, têm bons automóveis...
Enfim, a atividade leiteira é sim muito rentável para quem a encara de forma profissional. Basta lembrar que para produzir 1000 litros de leite/dia você precisa ter um capital total empatado de R$ 2.500.000,00, aproximadamente. Se alguém aqui tiver esse dinheiro em alguma aplicação financeira tenho certeza que vai ficar olhando constantemente a valorização (ou não) do dinheiro, analisando outras formas de investir para ganhar mais... Ou alguém com um comercio ou loja que tenha um Valuation desse tamanho vai contabilizar cada centavo.

Sobre os custos estar no controle dos produtores eu questiono, em qual atividade os custos estão no controle? Agora o preço do leite sim, esse deveria, ao meu ver ser acordado antes de sua entrega ao laticínio. O que muito me intriga na atividade leiteira é entregarmos um produto sem saber quanto vão pagar no próximo mês. A não ser que façamos contratos com preços atrelados ao CEPEA, por exemplo, ficaremos sempre ansiosos com o valor a ser pago no mês seguinte.
Regis Nunes Ferreira Leite
REGIS NUNES FERREIRA LEITE

LAGOINHA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2023

Cada funcionário da ordenha deveria render 400/500 lt/dia ,mas e as tarefas, trato ,fazer a ração,higiene ,manutenção, quem as fariam . ?? Outros ?? Ou está tudo englobado na produção total . No meu caso são 4 colaboradores para funcionar 1200 lt/dia ,a gestão está correta ?? 80/85% vacas estão em lactação ,mas no total do rebanho só em bezerras e novilhas ,elas somam 60% do rebanho . Qual a opinião dos autores Grato.Fazenda Pingo DÁGUA do Cristal. Lagoinha SP
Polyana Pizzi Rotta
POLYANA PIZZI ROTTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 03/02/2023

Olá Regis!

Na verdade não seria funcionários apenas na ordenha, e sim, o número total de funcionários que estão envolvidos com a atividade leiteira.
É importante ressaltar também que esse número pode variar bastante e o negócio ainda ser rentável. Por exemplo: fazendas mais tecnificadas terão menos funcionários, pois o serviço fica mais "fácil", como uso de extrator automático na ordenha, vagão forrageiro, confinamentos com a ordenha próximo da estrutura. Nesses casos, o serviço poderá ser feito com menos colaboradores. No entanto o capital empatado na atividade será maior, logo a rentabilidade que leva em conta a margem líquida sobre o capital empatado poderá ser bem impactada.

Já propriedades com menos estrutura terão o problema do serviço ser mais pesado, logo terão a necessidade de mais colaboradores, o que vai diminuir a margem líquida. Por outro lado, o capital empatado nesse sistema é menor.
O mais importante é conhecer a rentabilidade do seu negócio, que pode ser alta, mesmo tendo um rendimento menor de leite por funcionário, pelo fato de você ter menos capital empatado na atividade.

No seu caso temos o valor de 300 L por funcionário. As perguntas são: o sistema é tecnificado? Se sim, esse valor está baixo, se não, o valor está dentro do aceitável pelo volume de produção.

Sobre as vacas em lactação: 80/85% do total de vacas. Então se você tem 50 vacas, 40-42 vacas precisam estar em lactação e as demais secas e/ou no pré parto.
Se você tem hoje 60% de bezerras e novilhas, quer dizer que 40% são vacas e muito provavelmente em lactação devem ser umas 30-35%. Esse valor está baixo. Porque esse volume de vaca em lactação nem sempre consegue pagar a conta de quem não está produzindo. Por outro lado, a propriedade pode estar em crescimento, talvez vocês compraram novilhas, ou descartaram vacas problema. Precisa ser avaliado o ano "fechado".

Espero ter ajudado.

Abraços
Qual a sua dúvida hoje?