No dia 28 de junho, em Belo Horizonte/MG, tive o privilégio de falar sobre o tema gestão da água no "V Seminário Ambiental - Água", conexão entre o meio ambiente e a produção sustentável. A gestão sustentável da água na pecuária de leite deve levar em conta três pontos principais.
Gestão ambiental
Se refere ao cuidado com a água de modo a mitigar ou corrigir o máximo de impactos que possamos impor sobre ela. Falamos de preservação, conservação, redução de consumo, reutilização e tratamento. Na palestra, ao introduzir o tema pegada hídrica, tive o sentimento de muita resistência. Notei que a maioria das pessoas desconhecem ou apenas resistem a ideia de quantificar o uso consultivo da água para a produção de leite.
Vale destacar que – independente de gostarem ou não do tema – um dia teremos que justificar o porquê utilizamos consideráveis volumes de água para produzir leite. Também, será importante saber esses números a fim de que tenhamos maior controle do consumo, para que busquemos técnicas para a redução do mesmo, entre outros. Ou seja, uma hora, todos os setores serão cobrados basicamente e terão que responder se a água é usada ou não com sustentabilidade.
Gestão da quantidade
Se refere a captação, armazenamento, distribuição e consumo desta água. O dimensionamento desta estrutura - bem como o controle total dela - são fundamentais para garantir a segurança hídrica da produção, a redução de consumo ou a eliminação dos desperdícios e a qualidade da água.
Em mais de 15 anos atuando no mercado de produção animal foram poucas as vezes que me deparei com um sistema de abastecimento corretamente dimensionado para atender a demanda da produção mesmo em situações de crise, seja pela escassez ou pela falta de manutenção de uma bomba. Animais, inclusive de nossa espécie, podem ar dias sem se alimentar sobreviver e se recuperar, mas bastam três dias sem água para alcançarem um estado crítico.
Gestão da qualidade
Se refere ao conhecimento da qualidade da água e os impactos que ela pode ocasionar em sua produção. Ainda tem relação com a implantação e monitoramento do sistema de tratamento visando obter a melhor água possível e que produza os melhores resultados com os menores custos de produção e manutenção em seu sistema produtivo.
Com este tripé perfeitamente ajustado e equilibrado, temos uma produção sustentável em todos os aspectos: ambiental, sanitário, econômico, social e qualquer outro. Isso porque a água é o único insumo que entra e sai de nossa produção sem que tenhamos nenhum controle, não conhecemos nossa água, não sabemos dos impactos que ela causa e isso ocorre porque ela não é valorada.
A água é patrimônio ambiental, social e econômico insubstituível, um bem universal, indispensável para a base da vida e na estruturação de qualquer sociedade. Por isso, deve ser percebida e aceita como uma riqueza tão escassa e delicada que exige da sociedade distanciamento, reflexão e planejamento sobre ela, pois a sua ausência, em quantidade ou qualidade, provoca danos irreversíveis sejam individuais ou coletivos em todos seguimentos econômicos e sociais (Santos, 2018).