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Neosporose bovina, um inimigo oculto da pecuária leiteira

A neosporose bovina, talvez seja uma doença pouco abordada no âmbito da pecuária leiteira. Constantemente encontramos produtores e técnicos com alto embasamento em diversas causas de aborto como rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina (BVD), Trueperella pyogenes, brucelose e até mesmo causas extrínsecas relacionadas à sazonalidade e a agentes tóxicos, entretanto o controle da neosporose é de difícil visualização em propriedades leiteiras.

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Autores do artigo

Luis Fernando Faria Coury – Médico Veterinário (Grupo Apoiar)

Layane Queiroz Magalhães – Doutoranda e membro do Grupo De Pesquisa E Laboratório de Saúde em Grandes Animais, Universidade Federal de Uberlândia (LASGRAN-UFU).

Para um sistema eficiente de produção, torna-se cada vez mais necessário o entendimento das patologias que interferem na saúde e na produção do animal, pois, juntamente com elas, o impacto econômico negativo é realçado, comprometendo o capital do produtor.

A neosporose bovina, talvez seja uma doença pouco abordada no âmbito da pecuária leiteira. Constantemente encontramos produtores e técnicos com alto embasamento em diversas causas de aborto como rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina (BVD), Trueperella pyogenes, brucelose e até mesmo causas extrínsecas relacionadas à sazonalidade e a agentes tóxicos, entretanto o controle da neosporose é de difícil visualização em propriedades leiteiras.

O que é a neosporose?

A neosporose é causada por um parasita chamado Neospora caninum (N. caninum), que não apenas acomete bovinos, mas também ovinos, caprinos, equinos, felinos, cervídeos e bubalinos. Entretanto, estes não são caracterizados como hospedeiros definitivos, ou seja, o parasita não completa seu desenvolvimento nos animais citados, necessitando então de um hospedeiro completo para seu fechamento cíclico. Este hospedeiro definitivo são os canídeos, principalmente o cão doméstico, que é facilmente encontrado nas propriedades rurais com livre o ao rebanho.

Quais os prejuízos dessa doença?

Em cenário mundial, a neosporose é considerada uma das principais doenças causadoras de aborto em ruminantes, ocasionando assim, falhas reprodutivas significativas. Economicamente, torna-se necessário maior aporte literário para mensurar um valor causado apenas pelo parasita, porém, qualquer perda gestacional é vista como prejuízo para os produtores.

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Além de aborto, outros prejuízos são associados à doença, como mortalidade de embriões, perda na produtividade leiteira e nascimento de animais com anomalias. Importante ressaltar que nem sempre o aborto está presente, e em alguns casos pode estar presente apenas na primeira gestação, o que torna ainda menos visível a presença do parasita.

Figura 1
 

Como é a transmissão?

Na literatura são citadas duas formas de transmissão, sendo uma pelo contato com oocistos esporulados no ambiente, fômites, alimentos e restos fetais. Outra forma de transmissão seria a vertical, ou seja, transplacentária, onde o animal ao nascer, já é hospedeiro do parasita, provocando perdas zootécnicas e falhas reprodutivas.

A transmissão vertical então é descrita como uma característica da doença que torna difícil o controle no rebanho. Alguns fatores como imunidade da fêmea, e período gestacional, ocasionalmente podem interferir no grau de infecção fetal.

Figura 2

Como diagnosticar?

Para diagnóstico da neosporose em fetos abortados, é necessário a coleta de amostras específicas, como restos placentários, líquidos fetais, cérebro, coração e fígado. Já em animais adultos é necessária uma pesquisa de anticorpos no sangue, leite, colostro, fluidos vaginais e saliva. Testes sorológicos são comumente usados como Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA), Reação da polimerase em cadeia (PCR) e exame de antiglobulina direto (NAT) em amostras de soro.

O que fazer se meu rebanho for diagnosticado?

Ao conhecer a doença em seu rebanho, assim como várias outras, é necessário iniciar medidas de controle de infecção para que os animais presentes não venham a contribuir para a disseminação da doença. Se possível, o descarte voluntário de animais que possuem a doença é visto como uma solução plausível a longo prazo para controle.

Como controlar?

O controle da doença consiste primariamente na identificação dos animais que possuem o parasita, e na quebra do ciclo do parasita. Para evitar que ele seja transmitido, controle de canídeos na propriedade, controle de receptoras, controle sanitário de venda e compra e medidas higiênicas, são o caminho para o controle da neosporose.

Atualmente não existem vacinas disponíveis no mercado, o que seria uma ótima alternativa para o controle. Existem estudos que visam o desenvolvimento da mesma, e, uma vacina comercial existiu no mercado recente, porém foi retirada devido à sua baixa eficácia em ensaios no campo.

Referências bibliográficas

COSTA, G. H. N., CABRAL, D. D., VARANDAS, N. P., SOBRAl, E. A., BORGES, F. A., & CASTAGNOLLI, K. C. Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum e anti-Toxoplasma gondii em soros de bovinos pertencentes aos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Semina: Cienc Agr, 22, 62-66, 2001.

DUTRA, M. G. B. As múltiplas faces e desafios de uma profissão chamada Medicina Veterinária. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Brasília: Conselho Federal de Medicina Veterinária. n.37, p. 49 –56, 2006.

GOODSWEN, S. J.; KENNEDY, P. J.; ELLIS, J. T. A review of the infection, genetics, and evolution of Neospora caninum: from the past to the present. Infection Genetics and Evolution, v. 13, p. 133-50, 2013.

GUEDES, M. H. P., GUIMARÃES, A. M., ROCHA, C. M. B. M., & HIRSCH, C. Frequência de anticorpos anti-Neospora caninum em vacas e fetos provenientes de municípios do sul de Minas Gerais. Rev Bras Parasitol Vet, 17(4), 189-194, 2008.

MARUGAN-HERNANDEZ, V. Neospora caninum and Bovine Neosporosis: Current Vaccine Research. Journal of Comparative Pathology, v. 157, n. 2-3, p. 193-200, 2017.

MENDES, M. B., BITTAR, J. F. F., PEREIRA, W. A. B., ARDUINO, G. D. G. C., BITTAR, E. R., DO CARMO PANETTO, J. C., & DOS SANTOS, J. P. Determinação da prevalência das principais doenças da reprodução no rebanho bovino da região de Uberaba-MG. Ciência Animal Brasileira, 1, 772-777, 2009.

MEGID, J.; RIBEIRO, M.G.; PAES, A.C. Doenças infecciosas em animais de produção e de companhia. 1ª Ed Rio de Janeiro: Roca, p.1272, 2016.

SILVA, M., ALMEIDA, M., MOTA, R., PINHEIRO JUNIOR, J., & RABELO, S. Fatores de riscos associados à infecção por Neospora caninum em matrizes bovinas leiteiras em Pernambuco. Ciência Animal Brasileira, 9(2), 455-461, 2008.

STENLUND, S., KINDAHL, H., MAGNUSSON, U., UGGLA, A., & BJÖRKMAN, C. Serum antibody profile and reproductive performance during two consecutive pregnancies of cows naturally infected with Neospora caninum. Veterinary parasitology, 85(4), 227-234, 1999.

STOTZER, E. S., LOPES, L. B., ECKSTEIN, C., DE MORAES, M. C. M. M., RODRIGUES, D. S., & BASTIANETTO, E. Impacto econômico das doenças parasitárias na pecuária. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, 8(3), 2014.

VOGEL, Fernanda Silveira Flôres; ARENHART, Sandra; BAUERMANN, Fernando Viçosa. Anticorpos anti-Neospora caninum em bovinos, ovinos e bubalinos no Estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, v. 36, n. 6, p. 1948-1951, 2006.

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Cristian Zanchet
CRISTIAN ZANCHET

DESCANSO - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2020

Mastite clica com diminuição do teto oque fazer?
Bruno Vicentini
BRUNO VICENTINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/08/2019

Bacana o artigo! Uma pequena revisão muito boa mesmo! De fato é uma doença pouco comentada... Obrigado!
Qual a sua dúvida hoje?

Neosporose bovina, um inimigo oculto da pecuária leiteira

A neosporose bovina, talvez seja uma doença pouco abordada no âmbito da pecuária leiteira. Constantemente encontramos produtores e técnicos com alto embasamento em diversas causas de aborto como rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina (BVD), Trueperella pyogenes, brucelose e até mesmo causas extrínsecas relacionadas à sazonalidade e a agentes tóxicos, entretanto o controle da neosporose é de difícil visualização em propriedades leiteiras.

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Luis Fernando Faria Coury – Médico Veterinário (Grupo Apoiar)

Layane Queiroz Magalhães – Doutoranda e membro do Grupo De Pesquisa E Laboratório de Saúde em Grandes Animais, Universidade Federal de Uberlândia (LASGRAN-UFU).

Para um sistema eficiente de produção, torna-se cada vez mais necessário o entendimento das patologias que interferem na saúde e na produção do animal, pois, juntamente com elas, o impacto econômico negativo é realçado, comprometendo o capital do produtor.

A neosporose bovina, talvez seja uma doença pouco abordada no âmbito da pecuária leiteira. Constantemente encontramos produtores e técnicos com alto embasamento em diversas causas de aborto como rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina (BVD), Trueperella pyogenes, brucelose e até mesmo causas extrínsecas relacionadas à sazonalidade e a agentes tóxicos, entretanto o controle da neosporose é de difícil visualização em propriedades leiteiras.

O que é a neosporose?

A neosporose é causada por um parasita chamado Neospora caninum (N. caninum), que não apenas acomete bovinos, mas também ovinos, caprinos, equinos, felinos, cervídeos e bubalinos. Entretanto, estes não são caracterizados como hospedeiros definitivos, ou seja, o parasita não completa seu desenvolvimento nos animais citados, necessitando então de um hospedeiro completo para seu fechamento cíclico. Este hospedeiro definitivo são os canídeos, principalmente o cão doméstico, que é facilmente encontrado nas propriedades rurais com livre o ao rebanho.

Quais os prejuízos dessa doença?

Em cenário mundial, a neosporose é considerada uma das principais doenças causadoras de aborto em ruminantes, ocasionando assim, falhas reprodutivas significativas. Economicamente, torna-se necessário maior aporte literário para mensurar um valor causado apenas pelo parasita, porém, qualquer perda gestacional é vista como prejuízo para os produtores.

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Além de aborto, outros prejuízos são associados à doença, como mortalidade de embriões, perda na produtividade leiteira e nascimento de animais com anomalias. Importante ressaltar que nem sempre o aborto está presente, e em alguns casos pode estar presente apenas na primeira gestação, o que torna ainda menos visível a presença do parasita.

Figura 1
 

Como é a transmissão?

Na literatura são citadas duas formas de transmissão, sendo uma pelo contato com oocistos esporulados no ambiente, fômites, alimentos e restos fetais. Outra forma de transmissão seria a vertical, ou seja, transplacentária, onde o animal ao nascer, já é hospedeiro do parasita, provocando perdas zootécnicas e falhas reprodutivas.

A transmissão vertical então é descrita como uma característica da doença que torna difícil o controle no rebanho. Alguns fatores como imunidade da fêmea, e período gestacional, ocasionalmente podem interferir no grau de infecção fetal.

Figura 2

Como diagnosticar?

Para diagnóstico da neosporose em fetos abortados, é necessário a coleta de amostras específicas, como restos placentários, líquidos fetais, cérebro, coração e fígado. Já em animais adultos é necessária uma pesquisa de anticorpos no sangue, leite, colostro, fluidos vaginais e saliva. Testes sorológicos são comumente usados como Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA), Reação da polimerase em cadeia (PCR) e exame de antiglobulina direto (NAT) em amostras de soro.

O que fazer se meu rebanho for diagnosticado?

Ao conhecer a doença em seu rebanho, assim como várias outras, é necessário iniciar medidas de controle de infecção para que os animais presentes não venham a contribuir para a disseminação da doença. Se possível, o descarte voluntário de animais que possuem a doença é visto como uma solução plausível a longo prazo para controle.

Como controlar?

O controle da doença consiste primariamente na identificação dos animais que possuem o parasita, e na quebra do ciclo do parasita. Para evitar que ele seja transmitido, controle de canídeos na propriedade, controle de receptoras, controle sanitário de venda e compra e medidas higiênicas, são o caminho para o controle da neosporose.

Atualmente não existem vacinas disponíveis no mercado, o que seria uma ótima alternativa para o controle. Existem estudos que visam o desenvolvimento da mesma, e, uma vacina comercial existiu no mercado recente, porém foi retirada devido à sua baixa eficácia em ensaios no campo.

Referências bibliográficas

COSTA, G. H. N., CABRAL, D. D., VARANDAS, N. P., SOBRAl, E. A., BORGES, F. A., & CASTAGNOLLI, K. C. Freqüência de anticorpos anti-Neospora caninum e anti-Toxoplasma gondii em soros de bovinos pertencentes aos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Semina: Cienc Agr, 22, 62-66, 2001.

DUTRA, M. G. B. As múltiplas faces e desafios de uma profissão chamada Medicina Veterinária. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Brasília: Conselho Federal de Medicina Veterinária. n.37, p. 49 –56, 2006.

GOODSWEN, S. J.; KENNEDY, P. J.; ELLIS, J. T. A review of the infection, genetics, and evolution of Neospora caninum: from the past to the present. Infection Genetics and Evolution, v. 13, p. 133-50, 2013.

GUEDES, M. H. P., GUIMARÃES, A. M., ROCHA, C. M. B. M., & HIRSCH, C. Frequência de anticorpos anti-Neospora caninum em vacas e fetos provenientes de municípios do sul de Minas Gerais. Rev Bras Parasitol Vet, 17(4), 189-194, 2008.

MARUGAN-HERNANDEZ, V. Neospora caninum and Bovine Neosporosis: Current Vaccine Research. Journal of Comparative Pathology, v. 157, n. 2-3, p. 193-200, 2017.

MENDES, M. B., BITTAR, J. F. F., PEREIRA, W. A. B., ARDUINO, G. D. G. C., BITTAR, E. R., DO CARMO PANETTO, J. C., & DOS SANTOS, J. P. Determinação da prevalência das principais doenças da reprodução no rebanho bovino da região de Uberaba-MG. Ciência Animal Brasileira, 1, 772-777, 2009.

MEGID, J.; RIBEIRO, M.G.; PAES, A.C. Doenças infecciosas em animais de produção e de companhia. 1ª Ed Rio de Janeiro: Roca, p.1272, 2016.

SILVA, M., ALMEIDA, M., MOTA, R., PINHEIRO JUNIOR, J., & RABELO, S. Fatores de riscos associados à infecção por Neospora caninum em matrizes bovinas leiteiras em Pernambuco. Ciência Animal Brasileira, 9(2), 455-461, 2008.

STENLUND, S., KINDAHL, H., MAGNUSSON, U., UGGLA, A., & BJÖRKMAN, C. Serum antibody profile and reproductive performance during two consecutive pregnancies of cows naturally infected with Neospora caninum. Veterinary parasitology, 85(4), 227-234, 1999.

STOTZER, E. S., LOPES, L. B., ECKSTEIN, C., DE MORAES, M. C. M. M., RODRIGUES, D. S., & BASTIANETTO, E. Impacto econômico das doenças parasitárias na pecuária. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, 8(3), 2014.

VOGEL, Fernanda Silveira Flôres; ARENHART, Sandra; BAUERMANN, Fernando Viçosa. Anticorpos anti-Neospora caninum em bovinos, ovinos e bubalinos no Estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, v. 36, n. 6, p. 1948-1951, 2006.

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Cristian Zanchet
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DESCANSO - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2020

Mastite clica com diminuição do teto oque fazer?
Bruno Vicentini
BRUNO VICENTINI

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/08/2019

Bacana o artigo! Uma pequena revisão muito boa mesmo! De fato é uma doença pouco comentada... Obrigado!
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