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Implicações da alta taxa de prenhez nas estratégias de manejo reprodutivo

Os rebanhos leiteiros americanos fizeram grandes avanços na eficiência reprodutiva nos últimos anos.

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*Texto baseado em um webinar (The implications of high pregnancy rates on reproductive management strategies) apresentado pelo Prof. Paul Fricke, da Universidade de Wisconsin-Madison para a Hoard's Dairyman em maio 2020.

Os rebanhos leiteiros americanos fizeram grandes avanços na eficiência reprodutiva nos últimos anos. Basta olhar para os números de apenas duas décadas atrás para notar essas melhorias. Dados do Prof. Paul Fricke, da Universidade de Wisconsin-Madison, mostram que em 1998 a taxa média de prenhez em 21 nos rebanhos dos EUA era de 14%, e 20% de taxa de prenhez era o objetivo de todas as fazendas, mas muito poucas fazendas atingiam esse objetivo.

Avançando para 2019, os dados mostram que a taxa média de prenhez agora está em 21,6%, com alguns rebanhos alcançando 30% e até 40% de taxa de prenhez. Esses rebanhos simplesmente não existiam há 20 anos. Essa capacidade de emprenhar as vacas mais cedo mudou a meta da taxa de prenhez das fazendas de 20% para 30%. Se hoje as fazendas não atingem valores acima de 20%, é sinal de que elas têm problemas, porque existem ferramentas, tecnologia e manejo para atingi-los. Uma tendência de alta também ocorreu na taxa de concepção. Vinte anos atrás, a taxa média de concepção era de cerca de 34%; agora as fazendas têm uma média de 50%.

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Com uma taxa de concepção mais baixa, a única maneira de melhorar a reprodução é inseminar vacas muitas vezes. Em 1998, eram necessárias seis inseminações para conseguir 91% das vacas gestantes. Com a taxa média de concepção atual de 50%, 90% das vacas ficam gestantes com apenas três serviços.

O que levou a essa notável melhora na eficiência reprodutiva dos rebanhos americanos? O Prof. Fricke aponta duas tecnologias de maior impacto nesses números:

1. O desenvolvimento e adoção de programas de fertilidade, incluindo estratégias como os protocolos Ovsynch, Ovsynch duplo e re-sincronização.

2. A adoção de tecnologias automatizadas para detecção de aumento da atividade física associada ao estro.

Embora esses programas possam ser utilizados individualmente, muitas fazendas adotam ambos. Na verdade, as fazendas participantes do Conselho Reprodução de Gado Leiteiro, que ganharam o prêmio de melhor eficiência reprodutiva em 2017, usavam as duas estratégias. Nenhum dos rebanhos com melhor desempenho reprodutivo com taxas de prenhez média de 30% a 47%, dependia apenas da IATF ou apenas na detecção de estro com monitoramento automático de atividade. Juntar essas duas ferramentas parece ser uma maneira muito poderosa de obter uma ótima eficiência reprodutiva.

Essa melhoria da eficiência reprodutiva dos rebanhos americanos juntamente com o uso do sêmen sexado está causando um excesso de produção de novilhas. Com isso muitas fazendas estão estratificando seus rebanhos baseados na seleção genômica, e a parte inferior das fêmeas está sendo inseminada com touros de corte, para evitar o excesso de produção de novilhas.

O conceito de ciclo de alta fertilidade, que envolve obter vacas gestantes o mais rápido possível após o período voluntario de espera, tem sido bastante difundido nos EUA (para mais detalhes: Como o início da gestação no momento adequado em uma lactação pode resultar em menos problemas?). O Prof. Paul Fricke argumenta que se você consegue fazer suas vacas ficarem gestantes rapidamente, após o final do período de espera voluntária, há menos ganho de condição corporal, e isso parece estar correlacionado muito fortemente ao fato dessas vacas terem menos problemas de saúde, maior fertilidade e redução da perda precoce de gestação na lactação subsequente. Portanto, o desafio das fazendas é colocar as vacas nesse ciclo de alta fertilidade.

Para alcançar esse objetivo a utilização dessas duas ferramentas (IATF e detecção de estro) de forma combinada e eficiente é imprescindível.

A reflexão que fica para nós aqui no Brasil é: porque a maioria dos nossos rebanhos estão tão longe de conseguir bons resultados de eficiência reprodutiva e de colocar as vacas no ciclo de alta fertilidade?

Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário! Quer escrever para nós? Envie um e-mail para contato@milkpoint.com.br.

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Material escrito por:

Ricarda Maria dos Santos

Ricarda Maria dos Santos

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

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José Luiz Moraes Vasconcelos

José Luiz Moraes Vasconcelos

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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Os rebanhos leiteiros americanos fizeram grandes avanços na eficiência reprodutiva nos últimos anos. Basta olhar para os números de apenas duas décadas atrás para notar essas melhorias. Dados do Prof. Paul Fricke, da Universidade de Wisconsin-Madison, mostram que em 1998 a taxa média de prenhez em 21 nos rebanhos dos EUA era de 14%, e 20% de taxa de prenhez era o objetivo de todas as fazendas, mas muito poucas fazendas atingiam esse objetivo.

Avançando para 2019, os dados mostram que a taxa média de prenhez agora está em 21,6%, com alguns rebanhos alcançando 30% e até 40% de taxa de prenhez. Esses rebanhos simplesmente não existiam há 20 anos. Essa capacidade de emprenhar as vacas mais cedo mudou a meta da taxa de prenhez das fazendas de 20% para 30%. Se hoje as fazendas não atingem valores acima de 20%, é sinal de que elas têm problemas, porque existem ferramentas, tecnologia e manejo para atingi-los. Uma tendência de alta também ocorreu na taxa de concepção. Vinte anos atrás, a taxa média de concepção era de cerca de 34%; agora as fazendas têm uma média de 50%.

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O que levou a essa notável melhora na eficiência reprodutiva dos rebanhos americanos? O Prof. Fricke aponta duas tecnologias de maior impacto nesses números:

1. O desenvolvimento e adoção de programas de fertilidade, incluindo estratégias como os protocolos Ovsynch, Ovsynch duplo e re-sincronização.

2. A adoção de tecnologias automatizadas para detecção de aumento da atividade física associada ao estro.

Embora esses programas possam ser utilizados individualmente, muitas fazendas adotam ambos. Na verdade, as fazendas participantes do Conselho Reprodução de Gado Leiteiro, que ganharam o prêmio de melhor eficiência reprodutiva em 2017, usavam as duas estratégias. Nenhum dos rebanhos com melhor desempenho reprodutivo com taxas de prenhez média de 30% a 47%, dependia apenas da IATF ou apenas na detecção de estro com monitoramento automático de atividade. Juntar essas duas ferramentas parece ser uma maneira muito poderosa de obter uma ótima eficiência reprodutiva.

Essa melhoria da eficiência reprodutiva dos rebanhos americanos juntamente com o uso do sêmen sexado está causando um excesso de produção de novilhas. Com isso muitas fazendas estão estratificando seus rebanhos baseados na seleção genômica, e a parte inferior das fêmeas está sendo inseminada com touros de corte, para evitar o excesso de produção de novilhas.

O conceito de ciclo de alta fertilidade, que envolve obter vacas gestantes o mais rápido possível após o período voluntario de espera, tem sido bastante difundido nos EUA (para mais detalhes: Como o início da gestação no momento adequado em uma lactação pode resultar em menos problemas?). O Prof. Paul Fricke argumenta que se você consegue fazer suas vacas ficarem gestantes rapidamente, após o final do período de espera voluntária, há menos ganho de condição corporal, e isso parece estar correlacionado muito fortemente ao fato dessas vacas terem menos problemas de saúde, maior fertilidade e redução da perda precoce de gestação na lactação subsequente. Portanto, o desafio das fazendas é colocar as vacas nesse ciclo de alta fertilidade.

Para alcançar esse objetivo a utilização dessas duas ferramentas (IATF e detecção de estro) de forma combinada e eficiente é imprescindível.

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Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

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Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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