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Período voluntário de espera: ajustes podem melhorar a rentabilidade do rebanho

O período voluntario de espera é uma a excelente oportunidade de obter mais lucros? Como isso é possível? Saiba tudo sobre o assunto, confira este artigo!

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O período voluntário de espera (PVE) é definido como o intervalo que cada fazenda decide adotar entre o parto e o próximo manejo reprodutivo. Uma excelente oportunidade de obter mais lucros pode estar se escondendo neste período. "Com melhor controle de quando as vacas ficam gestantes, você pode sincronizar o momento das gestações para quando estas resultam em mais dinheiro."

A fim de estudar isso, o Dr. Julio Giordano, da Universidade de Cornell, liderou um projeto para determinar os dias em lactação em que a primeira inseminação resulta em maior lucratividade. O estudo uniu pesquisa em fazenda com análise econômica e comparou um PVE de 60 dias com um PVE de 88 dias, usando 100% de inseminação artificial em tempo fixo (IATF).

Do ponto de vista da fertilidade e da saúde reprodutiva, aumentar os dias em lactação no primeiro serviço resultou em vantagens para algumas vacas, mas não para outras. Dr. Giordano reportou que estender o PVE de 60 a 88 dias resultou em maior proporção de vacas ciclando antes da sincronização, com menor incidência de doença uterina e um maior número de vacas com escore de condição corporal maior que 2,75 no momento da inseminação.

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O grupo de vacas que mais sofreu impacto positivo pela mudança foi o de vacas de primeira lactação. Estas tenderam a mostrar maior taxa de gestação/inseminação no primeiro serviço em resposta aos dias adicionais em lactação no início da reprodução. De acordo com Dr. Giordano, as taxas de concepção foram 9 pontos percentuais maiores para as vacas de primeira lactação com PEV de 88 dias quando comparado ao PEV de 60 dias. No entanto, uma resposta menos significativa foi observada nas vacas de segunda ou mais lactações (uma diferença de apenas cerca de 3,5 pontos percentuais).

Impacto do PEV no fluxo de caixa da fazenda

Uma análise econômica conduzida pelo grupo de pesquisa do Dr. Giordano estabeleceu valores econômicos para a diferença de 28 dias do PEV. A predição do fluxo de caixa aos 18 meses após o parto correspondeu a seis fatores: renda sobre o custo de alimentação (IOFC), custo reprodutivo, valor da bezerra, custo de reposição, custo operacional e custo do tratamento com rBST (Somatotropina Recombinante Bovina).

Para vacas de primeira lactação, o PEV de 88 dias rendeu US$ 68 dólares a mais do que o PVE de 60 dias. A principal diferença foi o custo de reposição. Para as vacas mais velhas, o resultado econômico foi mais vantajoso com o PEV de 60 dias, um benefício de US$ 85 dólares por 18 meses. Dois fatores principais influenciaram fortemente esses resultados. Houve um efeito sobre o custo de alimentação de US$ 39 dólares, e também uma diferença nos custos de reposição de US$ 49. Neste caso, se deu principalmente porque mais vacas foram descartadas durante a lactação quando o PVE foi aumentado. Em muitos rebanhos, as vacas mais velhas e vazias aos 150 a 200 dias em lactação, são as mais prováveis de serem descartadas, principalmente quando a fazenda tem muitas novilhas. Isso gera despesa, visto que  o custo da reposição de um animal é sempre negativo, pois é mais caro colocar um novo animal no rebanho do que manter a vaca multípara.

O estudo do Dr. Giordano também considerou várias mudanças nas condições econômicas, mas os resultados não oscilaram. As vacas de primeira lactação sempre se beneficiaram estendendo o PEV; e as vacas com 2 ou mais lactações sempre foram beneficiadas com a manutenção do PEV em 60 dias. Os custos de reposição explicam mais de 90% da variação total, por isso é tão importante considerá-los.

Além disso, quando o valor econômico da gestação foi comparado apenas para vacas que ficaram gestantes após a primeira inseminação, o valor da gestação estabelecida no primeiro serviço aos 88 dias foi US$138 dólares maior do que aos 60 dias para as vacas de primeira lactação. Em contrapartida, as vacas mais velhas deram lucro de US$114 a mais quando ficaram gestantes na primeira inseminação aos 60 dias após o parto em comparação aos 88 dias. Os autores ressaltam que há grande variação na lucratividade baseado nos dias em lactação em que a gestação se inicia.

Aplicação na fazenda

Estes resultados fornecem a base para fazer ajustes no PVE. Os dados mostram que o PVE pode ser diferente entre as vacas do rebanho dependendo do número de lactações, podendo o das vacas primíparas ser um pouco maior.

Devemos considerar que esses dados são de vacas da raça Holandesa. Para o nosso rebanho, ao tomar decisão sobre a duração do PEV, devemos considerar a persistência da lactação, que varia muito de acordo com a composição genética do mesmo. Em rebanhos com baixa persistência de lactação, os resultados econômicos são provavelmente melhores quando PVE menor é adotado.

Este texto é baseado na publicação de Peggy Coffeen, Editor do Progressive Dairyman, publicado em janeiro de 2019.

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Material escrito por:

Ricarda Maria dos Santos

Ricarda Maria dos Santos

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

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José Luiz Moraes Vasconcelos

José Luiz Moraes Vasconcelos

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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O período voluntário de espera (PVE) é definido como o intervalo que cada fazenda decide adotar entre o parto e o próximo manejo reprodutivo. Uma excelente oportunidade de obter mais lucros pode estar se escondendo neste período. "Com melhor controle de quando as vacas ficam gestantes, você pode sincronizar o momento das gestações para quando estas resultam em mais dinheiro."

A fim de estudar isso, o Dr. Julio Giordano, da Universidade de Cornell, liderou um projeto para determinar os dias em lactação em que a primeira inseminação resulta em maior lucratividade. O estudo uniu pesquisa em fazenda com análise econômica e comparou um PVE de 60 dias com um PVE de 88 dias, usando 100% de inseminação artificial em tempo fixo (IATF).

Do ponto de vista da fertilidade e da saúde reprodutiva, aumentar os dias em lactação no primeiro serviço resultou em vantagens para algumas vacas, mas não para outras. Dr. Giordano reportou que estender o PVE de 60 a 88 dias resultou em maior proporção de vacas ciclando antes da sincronização, com menor incidência de doença uterina e um maior número de vacas com escore de condição corporal maior que 2,75 no momento da inseminação.

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O grupo de vacas que mais sofreu impacto positivo pela mudança foi o de vacas de primeira lactação. Estas tenderam a mostrar maior taxa de gestação/inseminação no primeiro serviço em resposta aos dias adicionais em lactação no início da reprodução. De acordo com Dr. Giordano, as taxas de concepção foram 9 pontos percentuais maiores para as vacas de primeira lactação com PEV de 88 dias quando comparado ao PEV de 60 dias. No entanto, uma resposta menos significativa foi observada nas vacas de segunda ou mais lactações (uma diferença de apenas cerca de 3,5 pontos percentuais).

Impacto do PEV no fluxo de caixa da fazenda

Uma análise econômica conduzida pelo grupo de pesquisa do Dr. Giordano estabeleceu valores econômicos para a diferença de 28 dias do PEV. A predição do fluxo de caixa aos 18 meses após o parto correspondeu a seis fatores: renda sobre o custo de alimentação (IOFC), custo reprodutivo, valor da bezerra, custo de reposição, custo operacional e custo do tratamento com rBST (Somatotropina Recombinante Bovina).

Para vacas de primeira lactação, o PEV de 88 dias rendeu US$ 68 dólares a mais do que o PVE de 60 dias. A principal diferença foi o custo de reposição. Para as vacas mais velhas, o resultado econômico foi mais vantajoso com o PEV de 60 dias, um benefício de US$ 85 dólares por 18 meses. Dois fatores principais influenciaram fortemente esses resultados. Houve um efeito sobre o custo de alimentação de US$ 39 dólares, e também uma diferença nos custos de reposição de US$ 49. Neste caso, se deu principalmente porque mais vacas foram descartadas durante a lactação quando o PVE foi aumentado. Em muitos rebanhos, as vacas mais velhas e vazias aos 150 a 200 dias em lactação, são as mais prováveis de serem descartadas, principalmente quando a fazenda tem muitas novilhas. Isso gera despesa, visto que  o custo da reposição de um animal é sempre negativo, pois é mais caro colocar um novo animal no rebanho do que manter a vaca multípara.

O estudo do Dr. Giordano também considerou várias mudanças nas condições econômicas, mas os resultados não oscilaram. As vacas de primeira lactação sempre se beneficiaram estendendo o PEV; e as vacas com 2 ou mais lactações sempre foram beneficiadas com a manutenção do PEV em 60 dias. Os custos de reposição explicam mais de 90% da variação total, por isso é tão importante considerá-los.

Além disso, quando o valor econômico da gestação foi comparado apenas para vacas que ficaram gestantes após a primeira inseminação, o valor da gestação estabelecida no primeiro serviço aos 88 dias foi US$138 dólares maior do que aos 60 dias para as vacas de primeira lactação. Em contrapartida, as vacas mais velhas deram lucro de US$114 a mais quando ficaram gestantes na primeira inseminação aos 60 dias após o parto em comparação aos 88 dias. Os autores ressaltam que há grande variação na lucratividade baseado nos dias em lactação em que a gestação se inicia.

Aplicação na fazenda

Estes resultados fornecem a base para fazer ajustes no PVE. Os dados mostram que o PVE pode ser diferente entre as vacas do rebanho dependendo do número de lactações, podendo o das vacas primíparas ser um pouco maior.

Devemos considerar que esses dados são de vacas da raça Holandesa. Para o nosso rebanho, ao tomar decisão sobre a duração do PEV, devemos considerar a persistência da lactação, que varia muito de acordo com a composição genética do mesmo. Em rebanhos com baixa persistência de lactação, os resultados econômicos são provavelmente melhores quando PVE menor é adotado.

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