As vacas leiteiras estão predispostas a doenças durante a período pós-parto.
A distocia tem sido associada ao aumento do risco de doença, que é provavelmente o resultado de aumento do trauma tecidual e estresse durante o parto prolongado. Para atenuar a resposta inflamatória em animais com parto difícil e melhorar o bem-estar, avaliou-se os efeitos de um glicocorticoide, a dexametasona istrada dentro de 12 horas após o parto.
A distocia foi definida como um parto difícil que resultou em parto prolongado (≥70 min após o aparecimento do saco amniótico) e foi monitorado por 3 câmeras de vídeo no curral de vaca seca próximas ao parto. As vacas que atendiam à definição de distocia foram aleatoriamente designadas para receber uma única injeção intramuscular de dexametasona (DEX; 0,1 mg/kg de peso corporal; n = 43) ou soro fisiológico (CON, n = 44) dentro 12 horas após o parto distócico.
Haptoglobina sérica, concentrações sanguíneas de β-hidroxibutirato (BHB), temperatura corporal e vários comportamentos foram medidos nos primeiros 7 dias pós-parto. Além disso, a produção e os componentes do leite nos primeiros 120 dias foram registrados. Usando um modelo misto, os efeitos fixos do tratamento, a paridade, assistência ao parto e tempo do parto e interações, foram analisadas com vaca como efeito aleatório.
Observou-se que as vacas primíparas do grupo DEX apresentaram maiores concentrações séricas de haptoglobina nos dias 3 e 7 pós-parto em comparação com vacas primíparas CON. Não houve diferença entre os grupos de tratamento para concentrações sanguíneas de BHB e temperatura corporal.
O comportamento das vacas foi alterado entre os tratamentos, com vacas do grupo DEX tiveram atividade reduzida na primeira semana pós-parto, bem como menos inquietação (Figura 1) e aumento do tempo deitada em alguns dos dias seguintes ao parto.
Figura 1. Número de os nos primeiros 7 dias pós-parto de vacas com distocia de acordo com o tratamento DEX (dexametasona 0,1 mg/kg de peso corporal) ou CON (soro fisiológico) dentro de 12 horas após o parto.
Foi detectada efeito da interação entre tempo e tratamento para produção de leite, as vacas do grupo DEX produziram menos 2,7kg por dia de leite do que as vacas do grupo CON no primeiro mês pós-parto (Figura 2).
Figura 2. Produção de leite nos 4 primeiros meses de lactação de vacas com distocia de acordo com o tratamento DEX (dexametasona 0,1 mg/kg de peso corporal) ou CON (soro fisiológico) dentro de 12 horas após o parto.
A istração de dexametasona resultou em mudanças comportamentais, que poderiam sugerir uma redução do desconforto; no entanto, devido à redução da produção de leite no primeiro mês após o parto, a istração de dexametasona pode não ser recomendável para uso em fazendas.
Pesquisas adicionais são necessárias para investigar tratamentos para vacas com distocia que não causem efeitos prejudiciais na produção de leite.
Referências
Este texto é parte do artigo publicado no Journal Dairy Science (J. Dairy Sci. 106:653–663 https://doi.org/10.3168/jds.2022-22029).