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Relação entre intervalo parto/concepção e taxa de descarte ou morte na lactação subsequente

O intervalo parto/concepção tem sido bastante usado como medida de sucesso do manejo reprodutivo. Sabe-se que vacas com maior intervalo parto/concepção têm mais problemas de saúde, inclusive maior chance de serem descartadas.

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O intervalo parto/concepção depende de múltiplos fatores, como: período voluntário de espera (período definido por cada fazenda); taxa de detecção de cio e concepção; técnicas de IA; estação do parto; raça das vacas; tamanho do rebanho; produção do rebanho; e número de lactações. Esse período tem sido bastante usado como medida de sucesso do manejo reprodutivo.

Sabe-se que vacas com maior intervalo parto/concepção têm mais problemas de saúde, inclusive maior chance de serem descartadas. Vacas com maior intervalo parto/concepção têm maior risco de ganharem muito peso até o final da lactação, pois a produção de leite dessas vacas cai num ritmo maior do que a ingestão de matéria seca, e elas acabem sendo superalimentadas. Essas vacas têm maior risco de morte ou de serem descartada, por serem mais susceptíveis as doenças metabólicas, isso é conhecido como "Síndrome da Vaca Gorda".

Durante o início da lactação, a gordura corporal é utilizada como fonte de energia, aumentando a disponibilidade de ácidos graxos. No entanto, o fígado da vaca gorda tem uma menor capacidade de oxidação desses ácidos graxos do que a vaca magra, o que favorece o desenvolvimento da cetose e outras doenças metabólicas.

Estudos mostram que vacas com escore de condição corporal acima de 4 (ECC > 4) na secagem, tem mais chances de desenvolverem cistos ovarianos, problemas de casco, e problemas reprodutivos, incluindo metrite (GEARHART et al., 1990), e mais chances de desenvolverem febre do leite (HEUER et al., 1999). O intervalo parto/concepção longo também resulta em período seco mais longo em algumas raças e cruzamentos, devido à menor persistência da lactação, o que contribui ainda mais para o ganho de peso excessivo.

O aumento da condição corporal pode não ser a única explicação para a associação entre maior intervalo parto/concepção e aumento do risco de morte e descarte na lactação subseqüente. É possível que problemas de saúde existentes antes da falha de concepção possam contribuir para o risco de descarte ou morte no inicio da lactação subsequente.

Uma preocupação crescente entre os produtores de leite dos EUA é a redução da taxa de sobrevivência das vacas. Entre os anos de 1980 a 2000, foi registrada uma redução de 4,0 a 6,3 na porcentagem de sobrevivência de vacas de segunda e terceira lactação, respectivamente (HARE et al. 2006). Outro estudo registrou aumento de 1,6% na taxa de mortalidade de vacas por lactação de 1995 a 2005 (MILLER et al., 2008).

O grande risco de descarte é no período inicial da lactação ou 420 dias após o parto. O estudo de Pinedo, P.J. e De Vires (2010) mostrou que o aumento do intervalo parto/concepção de 90 para mais de 300 dias dobrou o risco da vaca ser descartada viva ou morrer no periparto (Tabela 1).

Tabela 1. Risco de morte e de descarte vivo no periparto de acordo com intervalo parto/concepção na lactação anterior, duração do período seco e número de lactações (adaptado de Pinedo, P.J. e De Vires, 2010).

Figura 1
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Uma pergunta que sempre surge nas fazendas é até quando devemos continuar dando chances para as vacas que não concebem. Baseados nesses dados da relação entre intervalo parto/concepção e taxa de descarte ou morte na lactação subsequente, podemos começar a pensar se vale a pena darmos tantas chances para as nossas vacas que não concebem dentro do período previsto.

Este texto é parte do artigo: Effect of days to conception in the previous lactation on the risk of death and live culling around calving, publicado no Journal of Dairy Science, 93:968-977, 2010, pelos autores Pinedo, P.J. e De Vires, A.
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Material escrito por:

Ricarda Maria dos Santos

Ricarda Maria dos Santos

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

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José Luiz Moraes Vasconcelos

José Luiz Moraes Vasconcelos

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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Eder Ghedini
EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 18/03/2010

Olá professores!
Tendo em vista um bom manejo reprodutivo e a cosequente otimização da atividade, leiteira no caso, o intervalo de parto/concepção não deveria ultraar 60 dias, sendo que seu período lactacional durante o período ficaria em 305 dias, certo?Temos assim a máxima exploração da atividade fechando nos 365 dias, correspondente a um ano. Se excedermos este intervalo, por falhas no manejo, certamente teremos prejuízo, que ao ar do tempo em aberto, aumentará significativamente. Neste caso, o animal torna-se inviável na propriedade, e contribuirá para o descarte involuntário. As taxas de mortalidade em função de doenças metabólicas, aqui em minha região, não são tão expressivas, já o descarte involuntário é crescente. Animais obesos, com escore acima de 4, serão sempre um problema, e essa ponto será sempre crucial na atividade, para tanto, o manejo nutricional será o fator preponderante. Tem se visto e muito, é que animais com potencial/expressão genética para produção de leite, requerem alimentação farta e balanceada, creio eu que tem se pecado muito neste quesito, onde propriedades sem um acompanhamento adequado para tal, acabam contribuindo para o chamado efeito dominó, com consequências desastrosas, das quais, as reprodutivas. Desde já agradeço o espaço, desejando a vocês um cordial abraço!
Qual a sua dúvida hoje?

Relação entre intervalo parto/concepção e taxa de descarte ou morte na lactação subsequente

O intervalo parto/concepção tem sido bastante usado como medida de sucesso do manejo reprodutivo. Sabe-se que vacas com maior intervalo parto/concepção têm mais problemas de saúde, inclusive maior chance de serem descartadas.

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O intervalo parto/concepção depende de múltiplos fatores, como: período voluntário de espera (período definido por cada fazenda); taxa de detecção de cio e concepção; técnicas de IA; estação do parto; raça das vacas; tamanho do rebanho; produção do rebanho; e número de lactações. Esse período tem sido bastante usado como medida de sucesso do manejo reprodutivo.

Sabe-se que vacas com maior intervalo parto/concepção têm mais problemas de saúde, inclusive maior chance de serem descartadas. Vacas com maior intervalo parto/concepção têm maior risco de ganharem muito peso até o final da lactação, pois a produção de leite dessas vacas cai num ritmo maior do que a ingestão de matéria seca, e elas acabem sendo superalimentadas. Essas vacas têm maior risco de morte ou de serem descartada, por serem mais susceptíveis as doenças metabólicas, isso é conhecido como "Síndrome da Vaca Gorda".

Durante o início da lactação, a gordura corporal é utilizada como fonte de energia, aumentando a disponibilidade de ácidos graxos. No entanto, o fígado da vaca gorda tem uma menor capacidade de oxidação desses ácidos graxos do que a vaca magra, o que favorece o desenvolvimento da cetose e outras doenças metabólicas.

Estudos mostram que vacas com escore de condição corporal acima de 4 (ECC > 4) na secagem, tem mais chances de desenvolverem cistos ovarianos, problemas de casco, e problemas reprodutivos, incluindo metrite (GEARHART et al., 1990), e mais chances de desenvolverem febre do leite (HEUER et al., 1999). O intervalo parto/concepção longo também resulta em período seco mais longo em algumas raças e cruzamentos, devido à menor persistência da lactação, o que contribui ainda mais para o ganho de peso excessivo.

O aumento da condição corporal pode não ser a única explicação para a associação entre maior intervalo parto/concepção e aumento do risco de morte e descarte na lactação subseqüente. É possível que problemas de saúde existentes antes da falha de concepção possam contribuir para o risco de descarte ou morte no inicio da lactação subsequente.

Uma preocupação crescente entre os produtores de leite dos EUA é a redução da taxa de sobrevivência das vacas. Entre os anos de 1980 a 2000, foi registrada uma redução de 4,0 a 6,3 na porcentagem de sobrevivência de vacas de segunda e terceira lactação, respectivamente (HARE et al. 2006). Outro estudo registrou aumento de 1,6% na taxa de mortalidade de vacas por lactação de 1995 a 2005 (MILLER et al., 2008).

O grande risco de descarte é no período inicial da lactação ou 420 dias após o parto. O estudo de Pinedo, P.J. e De Vires (2010) mostrou que o aumento do intervalo parto/concepção de 90 para mais de 300 dias dobrou o risco da vaca ser descartada viva ou morrer no periparto (Tabela 1).

Tabela 1. Risco de morte e de descarte vivo no periparto de acordo com intervalo parto/concepção na lactação anterior, duração do período seco e número de lactações (adaptado de Pinedo, P.J. e De Vires, 2010).

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Este texto é parte do artigo: Effect of days to conception in the previous lactation on the risk of death and live culling around calving, publicado no Journal of Dairy Science, 93:968-977, 2010, pelos autores Pinedo, P.J. e De Vires, A.
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Ricarda Maria dos Santos

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

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Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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EM 18/03/2010

Olá professores!
Tendo em vista um bom manejo reprodutivo e a cosequente otimização da atividade, leiteira no caso, o intervalo de parto/concepção não deveria ultraar 60 dias, sendo que seu período lactacional durante o período ficaria em 305 dias, certo?Temos assim a máxima exploração da atividade fechando nos 365 dias, correspondente a um ano. Se excedermos este intervalo, por falhas no manejo, certamente teremos prejuízo, que ao ar do tempo em aberto, aumentará significativamente. Neste caso, o animal torna-se inviável na propriedade, e contribuirá para o descarte involuntário. As taxas de mortalidade em função de doenças metabólicas, aqui em minha região, não são tão expressivas, já o descarte involuntário é crescente. Animais obesos, com escore acima de 4, serão sempre um problema, e essa ponto será sempre crucial na atividade, para tanto, o manejo nutricional será o fator preponderante. Tem se visto e muito, é que animais com potencial/expressão genética para produção de leite, requerem alimentação farta e balanceada, creio eu que tem se pecado muito neste quesito, onde propriedades sem um acompanhamento adequado para tal, acabam contribuindo para o chamado efeito dominó, com consequências desastrosas, das quais, as reprodutivas. Desde já agradeço o espaço, desejando a vocês um cordial abraço!
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