A economia prateada e os lácteos

A economia prateada é a nova denominação para a economia da longevidade. Essa mudança no perfil da população reflete no consumo de lácteos. Veja!

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O que é economia prateada? É a nova denominação para a economia da longevidade, ou seja, aquela que abrange os produtos e serviços voltados para o público idoso. O termo prateado faz referência ao grisalho dos cabelos dos idosos.

Alguns autores consideram que a economia prateada é voltada para aqueles acima dos 50 anos de idade, enquanto outros consideram aqueles com mais de 60 anos. O fato é que o termo engloba produtos e serviços que possibilitem ao ser humano de maior idade viver mais e melhor.

Segundo dados da ONU, em 2023 o mundo já possui 1,144 bilhão de pessoas com mais de 60 anos. Este contingente cresce anualmente mais rapidamente que a população mundial (3,2% contra 0,9%) Em 2050, esse número poderá alcançar 2,132 bilhões, equivalente a 22% da população mundial.

No Brasil, ainda não se tem a contagem final do Censo 2022, mas a Figura 1 apresenta dados preliminares de 80% da população brasileira.

Figura 1. Pirâmide etária de 80% da população brasileira em 2022 comparada com a população de 2010.

consumo lacteos idosos
Fonte: IBGE.

 

É possível observar um incremento significativo de brasileiros acima de 50 anos entre 2010 e 2022, com maior evidência acima dos 60 anos. A estimativa do IBGE é que esse público tenha ado de 20,9 milhões de pessoas em 2010 para 33,7 milhões em 2023, equivalendo a 16% da população do País.

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O último dado oficial da renda dessa faixa etária, é do Censo de 2010. Naquela época, este grupo etário já possuía renda individual acima da média observada em toda a população. Os representantes da economia prateada obtiveram em média, no ano de 2010, o rendimento mensal de 3,0 salários mínimos, contra 2,6 auferidos por todos os brasileiros que obtiveram alguma renda neste ano.

Essa mudança no perfil da população colocou em evidência um grupo de consumidores até então desconsiderado pelas empresas: a economia prateada. E esse grupo é bem interessante para o mercado lácteo.

Em termos de consumo de lácteos, a economia prateada se destaca por ter um nível médio de consumo maior de leite fluido puro e de queijos (Tabela 2). Apesar de ser um hábito que é ensinado às crianças e ado de geração em geração, o consumo de leite puro já não é tão frequente hoje em dia. Com exceção da economia prateada e das crianças.

Tabela 1. Consumo anual médio estimado por faixa etária (em gramas).

consumo lacteos idosos
Fonte: Siqueira, (2021). 

 

A economia prateada consome em média 10% a mais leite puro do que as crianças atualmente. Mas, quando se compara com adultos e adolescentes, a diferença é ainda maior. A economia prateada tem um nível de consumo médio de leite puro quase 2 vezes maior que o dos adultos e cerca de 40% a mais que os adolescentes.

Esse resultado pode indicar mudanças de hábitos das gerações. Na época em que os atuais membros da economia prateada eram crianças, tomar leite puro era tradição e praticamente unanimidade entre os pequenos.

A ideia de que criança deveria tomar leite era regra entre as mães. Além disso, o leite puro não tinha tantos concorrentes como hoje em dia, tais como bebidas achocolatadas, bebidas lácteas, iogurtes de vários sabores etc.

Por outro lado, atualmente, a atenção das crianças compete entre os diferentes derivados lácteos de sabores variados. Soma-se a isso, o crescimento de ideologias contrárias ao consumo de produtos de origem animal.

O segundo derivado lácteo mais consumido pela economia prateada é o queijo. Cada idoso consome cerca de 2,8 kg de queijo por ano. É interessante notar como o consumo médio de queijos aumenta com o avançar da idade, mostrando como oportunidade de agregação de valor para a economia prateada.

Neste sentido, o crescimento da economia prateada pode se revelar como uma oportunidade para a indústria de laticínios, tanto na venda do seu produto mais popular (o leite fluido) quanto na diversificação por meio dos queijos. Este último representa um grupo imenso de possibilidades para a indústria.

Desde queijos usados para ingredientes de receitas culinárias, quanto consumidos como pratos principais. Queijos com adição de cores e sabores exóticos quanto queijos clássicos e típicos de cada região.

Nessa gama de possibilidades, a economia prateada, que já possui um padrão de renda mais estável e confortável, pode realizar escolhas mais adequadas ao seu padrão e expectativas de vida, tornando-se um importante nicho a ser monitorado.

 

 
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Material escrito por:

Kennya Siqueira

Kennya Siqueira

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

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Samuel Jose de Magalhaes Oliveira

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Geraldo Neves de Oliveira Júnior
GERALDO NEVES DE OLIVEIRA JÚNIOR

JOÃO PESSOA - PARAIBA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/02/2023

Proposta muito interessante. Parabéns
Samuel Jose de Magalhaes Oliveira
SAMUEL JOSE DE MAGALHAES OLIVEIRA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/02/2023

Obrigado, Geraldo. De fato, é crescente a participação desta faixa etária no consumo de leite e derivados. Toda a cadeia de lácteos deve estar atenta a esta movimentação.
Qual a sua dúvida hoje?

A economia prateada e os lácteos

A economia prateada é a nova denominação para a economia da longevidade. Essa mudança no perfil da população reflete no consumo de lácteos. Veja!

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O que é economia prateada? É a nova denominação para a economia da longevidade, ou seja, aquela que abrange os produtos e serviços voltados para o público idoso. O termo prateado faz referência ao grisalho dos cabelos dos idosos.

Alguns autores consideram que a economia prateada é voltada para aqueles acima dos 50 anos de idade, enquanto outros consideram aqueles com mais de 60 anos. O fato é que o termo engloba produtos e serviços que possibilitem ao ser humano de maior idade viver mais e melhor.

Segundo dados da ONU, em 2023 o mundo já possui 1,144 bilhão de pessoas com mais de 60 anos. Este contingente cresce anualmente mais rapidamente que a população mundial (3,2% contra 0,9%) Em 2050, esse número poderá alcançar 2,132 bilhões, equivalente a 22% da população mundial.

No Brasil, ainda não se tem a contagem final do Censo 2022, mas a Figura 1 apresenta dados preliminares de 80% da população brasileira.

Figura 1. Pirâmide etária de 80% da população brasileira em 2022 comparada com a população de 2010.

consumo lacteos idosos
Fonte: IBGE.

 

É possível observar um incremento significativo de brasileiros acima de 50 anos entre 2010 e 2022, com maior evidência acima dos 60 anos. A estimativa do IBGE é que esse público tenha ado de 20,9 milhões de pessoas em 2010 para 33,7 milhões em 2023, equivalendo a 16% da população do País.

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O último dado oficial da renda dessa faixa etária, é do Censo de 2010. Naquela época, este grupo etário já possuía renda individual acima da média observada em toda a população. Os representantes da economia prateada obtiveram em média, no ano de 2010, o rendimento mensal de 3,0 salários mínimos, contra 2,6 auferidos por todos os brasileiros que obtiveram alguma renda neste ano.

Essa mudança no perfil da população colocou em evidência um grupo de consumidores até então desconsiderado pelas empresas: a economia prateada. E esse grupo é bem interessante para o mercado lácteo.

Em termos de consumo de lácteos, a economia prateada se destaca por ter um nível médio de consumo maior de leite fluido puro e de queijos (Tabela 2). Apesar de ser um hábito que é ensinado às crianças e ado de geração em geração, o consumo de leite puro já não é tão frequente hoje em dia. Com exceção da economia prateada e das crianças.

Tabela 1. Consumo anual médio estimado por faixa etária (em gramas).

consumo lacteos idosos
Fonte: Siqueira, (2021). 

 

A economia prateada consome em média 10% a mais leite puro do que as crianças atualmente. Mas, quando se compara com adultos e adolescentes, a diferença é ainda maior. A economia prateada tem um nível de consumo médio de leite puro quase 2 vezes maior que o dos adultos e cerca de 40% a mais que os adolescentes.

Esse resultado pode indicar mudanças de hábitos das gerações. Na época em que os atuais membros da economia prateada eram crianças, tomar leite puro era tradição e praticamente unanimidade entre os pequenos.

A ideia de que criança deveria tomar leite era regra entre as mães. Além disso, o leite puro não tinha tantos concorrentes como hoje em dia, tais como bebidas achocolatadas, bebidas lácteas, iogurtes de vários sabores etc.

Por outro lado, atualmente, a atenção das crianças compete entre os diferentes derivados lácteos de sabores variados. Soma-se a isso, o crescimento de ideologias contrárias ao consumo de produtos de origem animal.

O segundo derivado lácteo mais consumido pela economia prateada é o queijo. Cada idoso consome cerca de 2,8 kg de queijo por ano. É interessante notar como o consumo médio de queijos aumenta com o avançar da idade, mostrando como oportunidade de agregação de valor para a economia prateada.

Neste sentido, o crescimento da economia prateada pode se revelar como uma oportunidade para a indústria de laticínios, tanto na venda do seu produto mais popular (o leite fluido) quanto na diversificação por meio dos queijos. Este último representa um grupo imenso de possibilidades para a indústria.

Desde queijos usados para ingredientes de receitas culinárias, quanto consumidos como pratos principais. Queijos com adição de cores e sabores exóticos quanto queijos clássicos e típicos de cada região.

Nessa gama de possibilidades, a economia prateada, que já possui um padrão de renda mais estável e confortável, pode realizar escolhas mais adequadas ao seu padrão e expectativas de vida, tornando-se um importante nicho a ser monitorado.

 

 
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GERALDO NEVES DE OLIVEIRA JÚNIOR

JOÃO PESSOA - PARAIBA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/02/2023

Proposta muito interessante. Parabéns
Samuel Jose de Magalhaes Oliveira
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JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/02/2023

Obrigado, Geraldo. De fato, é crescente a participação desta faixa etária no consumo de leite e derivados. Toda a cadeia de lácteos deve estar atenta a esta movimentação.
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