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Como o mercado de capitais pode ajudar a alavancar o negócio leite?

Mercado bancário é conhecido na captação de recursos e investimentos. Por outro lado, o mercado de capitais é uma novidade no agro. Qual é a diferença?

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 4 minutos de leitura

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O mercado bancário, amplamente conhecido por sua função na captação de recursos e investimentos, representa o método tradicional de financiamento no Brasil. Por outro lado, o mercado de capitais para o setor agrícola é uma novidade relativa. Mas qual é a diferença?

O primeiro programa leite futuro de 2024,  uma iniciativa do MilkPoint que tem a participação de Marcelo P. Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira, foi inspirado no CRA que a Leitíssimo emitiu no valor de R$ 40 milhões, dentro do Fiagro da Suno. O debate contou com a participação do Craig Bell, sócio da Leitíssimo e o Octaciano Neto, Diretor de Agronegócio da Suno, empresa responsável pelo Fiagro em questão.

Assista o episódio completo: 

 

Segundo Octaciano Neto, a principal diferença reside no fato de que os bancos emprestam dinheiro, geralmente a curto prazo, enquanto no mercado de capitais as operações permitem prazos mais longos.

Para compreender a tomada de decisão da Leitíssimo para essa forma de captação de recursos, Craig Bell esclarece a especificidade da produção de leite em comparação com os demais setores do agro. “Leva cerca de 2 anos entre uma bezerra e a produção de leite. É diferente das lavouras de soja, açúcar, necessitando um planejamento também distinto, com financiamento de longo prazo. O alinhamento de prazos foi a coisa mais importante (para decidir sobre o financiamento)”.

No debate sobre os investimentos, Octaciano destaca que “o agronegócio brasileiro é o setor mais globalizado, resiliente e dinâmico da economia nacional. É um contrassenso brasileiro investir pouco no agro. Falta por parte dos produtores e dos empresários rurais o conhecimento do que é o mercado de capitais, e falta por parte do mercado de capitais conhecimento com profundidade o que é o agro brasileiro.”

Marcelo concorda que falta o setor comunicar melhor por vários objetivos, um deles é atrair mais o mercado de capitais. E acrescenta que “o mercado de capitais pode ou vai ser um direcionador importante do setor para as boas práticas, questões ambientais, sociais e bem-estar animal.

Paulo comenta a importância desse tipo de incentivo ao produtor e que o mesmo deveria estar mais atento e aberto a esse tipo de investimento. “Aqui no Brasil a gente tem uma tradição no leite do produtor querer crescer com o recuso próprio, aí a velocidade fica menor, bem menor."

O mercado de capitais, porém, tem suas especificidades. A primeira é a necessidade de governança e gestão da propriedade rural. Segundo Octaciano, se você mistura gastos pessoais com gastos da propriedade, por exemplo, vai pagar juros mais altos. Ele alerta que, hoje, 2/3 do financiamento do agro é privado e quando o investidor houve por exemplo pautas como a renegociação de dúvidas, foge. “É preciso entender que o mundo mudou e está todo conectado”, diz.

Craig Bell explicou a necessidade de capital para a expansão e mostrou que a Leitíssimo é bom um negócio: o custo de produção de leite representa apenas 25% da receita. Mas, ao mesmo tempo, colocou que produzir leite no Brasil tem seus desafios, desde o ambiente institucional até a própria dificuldade de comprar animais em grande quantidade e bom status sanitário. Disse ainda que o ambiente tropical é desafiador: se, de um lado, há alta produtividade, de outro o manejo pode ser difícil se comparado ao clima temperado.

Sobre o futuro do leite, Craig não é muito otimista: “se não encararmos nossos problemas, continuaremos dependendo do leite importado e o Brasil não será exportador”.


Fizeram parte do debate:
Marcelo P. Carvalho é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP em 1992, com Mestrado em Ciência Animal e Pastagens também pela ESALQ/USP, em 1998. Fundador e CEO da MilkPoint Ventures.

Paulo do Carmo Martins é economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Atualmente é professor da FACC/UFJF.

Ricardo Cotta Ferreira é economista Mestre em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC) com mais de 20 anos de experiência em Agronegócios e Indústria de Alimentos.

Octaciano Neto é Executivo, focado do agronegócio com mais de 20 anos de experiência, atuando no desenvolvimento e expansão de negócios e mercados, relgov e mercado de capitais, tendo originado sua carreira no setor público, desenvolvendo capacidade de diálogo, construir consensos, liderar, estabelecer relações interpessoais e enfrentamento de crises. Atualmente é Diretor de Agronegócio da Suno.

Craig Bell é Neozeolandes que decidiu investir no Brasil. Atualmente é diretor da Leitíssimo, situada na região do sudoeste baiano, em Jaborandi. A fazenda ganhou destaque por manter características próximas às fazendas neozelandesas, porém adaptada à realidade local. Grandes pivôs e o cruzamento kiwicross (holandês e jersey) fazem parte do sistema de produção, que visa otimizar o uso de insumos. A fazenda está entre as maiores produtoras do Brasil, segundo o Levantamento Top 100 do MilkPoint.

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O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

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O primeiro programa leite futuro de 2024,  uma iniciativa do MilkPoint que tem a participação de Marcelo P. Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira, foi inspirado no CRA que a Leitíssimo emitiu no valor de R$ 40 milhões, dentro do Fiagro da Suno. O debate contou com a participação do Craig Bell, sócio da Leitíssimo e o Octaciano Neto, Diretor de Agronegócio da Suno, empresa responsável pelo Fiagro em questão.

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Segundo Octaciano Neto, a principal diferença reside no fato de que os bancos emprestam dinheiro, geralmente a curto prazo, enquanto no mercado de capitais as operações permitem prazos mais longos.

Para compreender a tomada de decisão da Leitíssimo para essa forma de captação de recursos, Craig Bell esclarece a especificidade da produção de leite em comparação com os demais setores do agro. “Leva cerca de 2 anos entre uma bezerra e a produção de leite. É diferente das lavouras de soja, açúcar, necessitando um planejamento também distinto, com financiamento de longo prazo. O alinhamento de prazos foi a coisa mais importante (para decidir sobre o financiamento)”.

No debate sobre os investimentos, Octaciano destaca que “o agronegócio brasileiro é o setor mais globalizado, resiliente e dinâmico da economia nacional. É um contrassenso brasileiro investir pouco no agro. Falta por parte dos produtores e dos empresários rurais o conhecimento do que é o mercado de capitais, e falta por parte do mercado de capitais conhecimento com profundidade o que é o agro brasileiro.”

Marcelo concorda que falta o setor comunicar melhor por vários objetivos, um deles é atrair mais o mercado de capitais. E acrescenta que “o mercado de capitais pode ou vai ser um direcionador importante do setor para as boas práticas, questões ambientais, sociais e bem-estar animal.

Paulo comenta a importância desse tipo de incentivo ao produtor e que o mesmo deveria estar mais atento e aberto a esse tipo de investimento. “Aqui no Brasil a gente tem uma tradição no leite do produtor querer crescer com o recuso próprio, aí a velocidade fica menor, bem menor."

O mercado de capitais, porém, tem suas especificidades. A primeira é a necessidade de governança e gestão da propriedade rural. Segundo Octaciano, se você mistura gastos pessoais com gastos da propriedade, por exemplo, vai pagar juros mais altos. Ele alerta que, hoje, 2/3 do financiamento do agro é privado e quando o investidor houve por exemplo pautas como a renegociação de dúvidas, foge. “É preciso entender que o mundo mudou e está todo conectado”, diz.

Craig Bell explicou a necessidade de capital para a expansão e mostrou que a Leitíssimo é bom um negócio: o custo de produção de leite representa apenas 25% da receita. Mas, ao mesmo tempo, colocou que produzir leite no Brasil tem seus desafios, desde o ambiente institucional até a própria dificuldade de comprar animais em grande quantidade e bom status sanitário. Disse ainda que o ambiente tropical é desafiador: se, de um lado, há alta produtividade, de outro o manejo pode ser difícil se comparado ao clima temperado.

Sobre o futuro do leite, Craig não é muito otimista: “se não encararmos nossos problemas, continuaremos dependendo do leite importado e o Brasil não será exportador”.


Fizeram parte do debate:
Marcelo P. Carvalho é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP em 1992, com Mestrado em Ciência Animal e Pastagens também pela ESALQ/USP, em 1998. Fundador e CEO da MilkPoint Ventures.

Paulo do Carmo Martins é economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Atualmente é professor da FACC/UFJF.

Ricardo Cotta Ferreira é economista Mestre em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC) com mais de 20 anos de experiência em Agronegócios e Indústria de Alimentos.

Octaciano Neto é Executivo, focado do agronegócio com mais de 20 anos de experiência, atuando no desenvolvimento e expansão de negócios e mercados, relgov e mercado de capitais, tendo originado sua carreira no setor público, desenvolvendo capacidade de diálogo, construir consensos, liderar, estabelecer relações interpessoais e enfrentamento de crises. Atualmente é Diretor de Agronegócio da Suno.

Craig Bell é Neozeolandes que decidiu investir no Brasil. Atualmente é diretor da Leitíssimo, situada na região do sudoeste baiano, em Jaborandi. A fazenda ganhou destaque por manter características próximas às fazendas neozelandesas, porém adaptada à realidade local. Grandes pivôs e o cruzamento kiwicross (holandês e jersey) fazem parte do sistema de produção, que visa otimizar o uso de insumos. A fazenda está entre as maiores produtoras do Brasil, segundo o Levantamento Top 100 do MilkPoint.

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