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Leite Futuro [EP02]: quando o Brasil será exportador de lácteos?

Em sua segunda edição, o Leite Futuro traz como tema a discussão sobre a competitividade internacional do leite brasileiro. Confira!

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - Atualizado em: - 5 minutos de leitura

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O segundo episódio do Leite Futuro, uma iniciativa do MilkPoint que tem a participação de Marcelo P. Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira, contou em sua segunda edição, cujo tema é a discussão sobre a competitividade internacional do leite brasileiro, com dois convidados ilustres: Caio Vianna, presidente da CCGL e Carla Bittar, professora da ESALQ/USP.

O primeiro episódio, “O que acontece no leite Brasileiro?”, que tratou sobre as transformações estruturais do setor lácteo , teve mais de 1100 visualizações no Youtube, e dezenas de comentários. O objetivo do programa é pensar o leite de uma forma diferente, abrindo espaço para o contraditório e aprofundando as análises, algo relativamente raro nos dias de hoje.

 

Brasil exportador de lácteos?

Em um momento como o de hoje, em que os dados consolidados de Maio/23 indicam que cerca de 8% do nosso consumo está sendo suprido por leite importado, nos fazendo lembrar uma realidade de 20 anos atrás, levantar um questionamento que envolve a exportação de lácteos parecer soar até como piada de mau gosto: “Onde esses caras vivem?”

É válido ressaltar, porém que o sempre presente risco das importações está atrelado à falta de competitividade crônica do leite brasileiro. Portanto, no longo prazo, se quisermos que importações sejam coisa do ado, o caminho sustentável é produzir com competitividade internacional. Falar é fácil, mas a realidade é bem mais complicada. E esse foi o assunto do segundo episódio do Leite Futuro.

Caio ressaltou que outras áreas do agronegócio já foram grandes importadoras e hoje são players importantes no setor de exportação. “Já fomos importadores de milho há não muito tempo, já tivemos grandes quantidades de carne bovina importada, e hoje somos um dos grandes players de exportação. Então não acredito que em algum momento o Brasil não possa se posicionar como exportador de lácteos..., mas a distância entre a média geral de eficiência é muito distante da média dos grandes produtores. Temos que pensar em como encurtar essa distância para nos tornarmos mais eficientes e ocupar o lugar de exportador assim como outras áreas que o agro brasileiro ocupa”.

 

Temos que nos tornar um país exportador?

“Mas é mesmo necessário se tornar um país exportador? O que isso agrega para o setor? Com o nosso amplo mercado (grande e crescente população) não poderíamos estruturar o nosso mercado de uma forma melhor para abastecer o consumo interno, protegendo as fronteiras e deixando para lá a competitividade?” Essas foram provocações levantadas por Marcelo, dando uma de advogado do diabo.

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 “Temos que exportar para aprender a ser competitivo, porque se a gente não exporta não aprendemos a ganhar eficiência. Só ganhamos eficiência quando temos desafios”, respondeu Paulo.

 

Política publica e setor lácteo

“A coordenação de cadeia é essencial. Enquanto nós tivermos o que tivemos ano ado, onde o preço saiu de R$2,40 para o produtor e foi para R$4,40, e, em 90 dias retornou aos R$2,40, a gente não tem coordenação. Esses 8% que vem sendo importado, não sei realmente se é necessário. Então, enquanto não resolvermos essa questão de coordenação de cadeia, que a pela indústria brasileira, onde muito laticínios estão tomando decisões próprias, fica muito difícil ser competitivo”, salientou Paulo.

 

Cotta destaca que a aproximação entre o setor e o governo é um tema que assusta. “Todo setor que a gente pede intervenção pública, a chance de piorar é muito maior do que de melhorar”, segundo ele, usando de exemplo a situação atual da Argentina que teve intervenções governamentais seguidas, que pioraram o país.
 

O que tem de novo no Leite?

Um novo bloco do programa Leite Futuro traz o que tem de novo acontecendo no setor. No segundo episódio, a participação é da professora Carla Bittar, especialista em criação de bezerras.

A professora Carla apresentará no Interleite Brasil o tema “Beef on Dairy”, prática que vem sendo crescentemente utilizada nos EUA desde 2010, assunto que também abordou em um artigo de sua coluna no MilkPoint. Carla ressaltou a importância de outros destinos para os machos leiteiros que não o abate. “O fato de abater os machos leiteiros me incomoda desde sempre. Acredito que isso seja incompatível com a produção animal, então temos que aproveitar os machos de alguma forma”.

A prática consiste em utilizar o sêmen – geralmente de touro angus - em vacas leiteiras. A professora ressalta a importância da estratégia. “O Beef on Dairy foi uma estratégia muito comercial devido a demanda da melhoria na qualidade da carne associado ao fato de que os animais leiteiros puros são mais lentos em crescimento. E quando associamos o sêmen de angus com o macho leiteiro, melhora a qualidade da carne e acelera o desempenho do animal”.

 

Confira alguns destaques do deste episódio do Leite Futuro:

  • Precisamos mesmo exportar leite ou devemos proteger nosso mercado?
     
  • O que falta para o Brasil atingir um patamar de eficiência para se tornar exportador de lácteos?
     
  • Políticas públicas são necessárias para alcançarmos a competitividade no setor?
     
  • Se somos competitivos nos insumos para a produção de leite, por que o leite ainda não é competitivo mundialmente?
     
  • A transformação já está em curso. O futuro nos aguarda e seremos exportadores de leite. Mas talvez demore.

Você pode clicar aqui para assistir no Youtube, ouvir no Spotify ou confira no vídeo abaixo:
 

 

 

Sobre os participantes

Marcelo P. Carvalho é Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP em 1992, com Mestrado em Ciência Animal e Pastagens também pela ESALQ/USP, em 1998. Fundador e CEO da MikPoint Ventures e Co-fundador da AgTech Garage (hoje, pertencente à PwC).

Paulo do Carmo Martins é Economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Atualmente é Professor da FACC/UFJF.

Ricardo Cotta Ferreira, é Economista com Mestrado em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC) com mais de 20 anos de experiência em Agronegócios e Indústria de Alimentos.

Caio Cezar Fernandes Vianna, é diretor-presidente da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL).

Carla Maris Bittar, é professora do Depto. de Zootecnia da ESALQ/USP. Formou-se em 1994 em Eng. Agronômica pela ESALQ/USP, obteve seu Master of Science pela University of Arizona em 1997 e concluiu o doutorado em Ciência Animal e Pastagens na ESALQ/USP.

Essa foi só uma amostra desse rico episódio, que conta ainda com dicas de leitura e de podcast, comentários sobre notícias relevantes e os sorteados que ganharam o livro “A desRazão Laticinista”, de Almir Meireles.

E você, o que achou dessa conversa? Participe conosco e até o próximo Leite Futuro!

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O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

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Rafael Garboggini Pompermayer Lopes
RAFAEL GARBOGGINI POMPERMAYER LOPES

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/06/2023

Muito bom!
Carlinhos Patrezzi
CARLINHOS PATREZZI

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 15/06/2023

Precisamos sim, sermos exportadores de derivados do leite, principalmente dos queijos!
gabriel sele mancilha rangel
GABRIEL SELE MANCILHA RANGEL

CAXAMBU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/06/2023

O Brasil só será auto suficiente na produção de leite qdo políticas voltadas para o setor, entenderem que ; o que realmente incentiva o produtor é o preço justo para o produto. Não adianta ter planilhas tentando justificar isso ou aquilo…
O pequeno produtor, que é o carro chefe do setor, só entenderá que o leite é compensador qdo não precisar vender o almoço para comprar o jantar, ou seja : o leite deverá acompanhar o preço dos insumos utilizados na produção do mesmo. Infelizmente o que ocorre hj é uma distorção absurda neste setor. Como simples exemplo temos o custo da ração animal: preço do milho e soja (insumos básicos) em declínio, mas o preço não condiz com a realidade atual no custo da mesma, que se mantém nas alturas. Medicamentos idem… e assim vai. E cá para nós: receber pelo litro de leite o valor irrisório de hj , é um tapa na cara do produtor….
Qual a sua dúvida hoje?

Leite Futuro [EP02]: quando o Brasil será exportador de lácteos?

Em sua segunda edição, o Leite Futuro traz como tema a discussão sobre a competitividade internacional do leite brasileiro. Confira!

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O segundo episódio do Leite Futuro, uma iniciativa do MilkPoint que tem a participação de Marcelo P. Carvalho, Paulo do Carmo Martins e Ricardo Cotta Ferreira, contou em sua segunda edição, cujo tema é a discussão sobre a competitividade internacional do leite brasileiro, com dois convidados ilustres: Caio Vianna, presidente da CCGL e Carla Bittar, professora da ESALQ/USP.

O primeiro episódio, “O que acontece no leite Brasileiro?”, que tratou sobre as transformações estruturais do setor lácteo , teve mais de 1100 visualizações no Youtube, e dezenas de comentários. O objetivo do programa é pensar o leite de uma forma diferente, abrindo espaço para o contraditório e aprofundando as análises, algo relativamente raro nos dias de hoje.

 

Brasil exportador de lácteos?

Em um momento como o de hoje, em que os dados consolidados de Maio/23 indicam que cerca de 8% do nosso consumo está sendo suprido por leite importado, nos fazendo lembrar uma realidade de 20 anos atrás, levantar um questionamento que envolve a exportação de lácteos parecer soar até como piada de mau gosto: “Onde esses caras vivem?”

É válido ressaltar, porém que o sempre presente risco das importações está atrelado à falta de competitividade crônica do leite brasileiro. Portanto, no longo prazo, se quisermos que importações sejam coisa do ado, o caminho sustentável é produzir com competitividade internacional. Falar é fácil, mas a realidade é bem mais complicada. E esse foi o assunto do segundo episódio do Leite Futuro.

Caio ressaltou que outras áreas do agronegócio já foram grandes importadoras e hoje são players importantes no setor de exportação. “Já fomos importadores de milho há não muito tempo, já tivemos grandes quantidades de carne bovina importada, e hoje somos um dos grandes players de exportação. Então não acredito que em algum momento o Brasil não possa se posicionar como exportador de lácteos..., mas a distância entre a média geral de eficiência é muito distante da média dos grandes produtores. Temos que pensar em como encurtar essa distância para nos tornarmos mais eficientes e ocupar o lugar de exportador assim como outras áreas que o agro brasileiro ocupa”.

 

Temos que nos tornar um país exportador?

“Mas é mesmo necessário se tornar um país exportador? O que isso agrega para o setor? Com o nosso amplo mercado (grande e crescente população) não poderíamos estruturar o nosso mercado de uma forma melhor para abastecer o consumo interno, protegendo as fronteiras e deixando para lá a competitividade?” Essas foram provocações levantadas por Marcelo, dando uma de advogado do diabo.

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 “Temos que exportar para aprender a ser competitivo, porque se a gente não exporta não aprendemos a ganhar eficiência. Só ganhamos eficiência quando temos desafios”, respondeu Paulo.

 

Política publica e setor lácteo

“A coordenação de cadeia é essencial. Enquanto nós tivermos o que tivemos ano ado, onde o preço saiu de R$2,40 para o produtor e foi para R$4,40, e, em 90 dias retornou aos R$2,40, a gente não tem coordenação. Esses 8% que vem sendo importado, não sei realmente se é necessário. Então, enquanto não resolvermos essa questão de coordenação de cadeia, que a pela indústria brasileira, onde muito laticínios estão tomando decisões próprias, fica muito difícil ser competitivo”, salientou Paulo.

 

Cotta destaca que a aproximação entre o setor e o governo é um tema que assusta. “Todo setor que a gente pede intervenção pública, a chance de piorar é muito maior do que de melhorar”, segundo ele, usando de exemplo a situação atual da Argentina que teve intervenções governamentais seguidas, que pioraram o país.
 

O que tem de novo no Leite?

Um novo bloco do programa Leite Futuro traz o que tem de novo acontecendo no setor. No segundo episódio, a participação é da professora Carla Bittar, especialista em criação de bezerras.

A professora Carla apresentará no Interleite Brasil o tema “Beef on Dairy”, prática que vem sendo crescentemente utilizada nos EUA desde 2010, assunto que também abordou em um artigo de sua coluna no MilkPoint. Carla ressaltou a importância de outros destinos para os machos leiteiros que não o abate. “O fato de abater os machos leiteiros me incomoda desde sempre. Acredito que isso seja incompatível com a produção animal, então temos que aproveitar os machos de alguma forma”.

A prática consiste em utilizar o sêmen – geralmente de touro angus - em vacas leiteiras. A professora ressalta a importância da estratégia. “O Beef on Dairy foi uma estratégia muito comercial devido a demanda da melhoria na qualidade da carne associado ao fato de que os animais leiteiros puros são mais lentos em crescimento. E quando associamos o sêmen de angus com o macho leiteiro, melhora a qualidade da carne e acelera o desempenho do animal”.

 

Confira alguns destaques do deste episódio do Leite Futuro:

  • Precisamos mesmo exportar leite ou devemos proteger nosso mercado?
     
  • O que falta para o Brasil atingir um patamar de eficiência para se tornar exportador de lácteos?
     
  • Políticas públicas são necessárias para alcançarmos a competitividade no setor?
     
  • Se somos competitivos nos insumos para a produção de leite, por que o leite ainda não é competitivo mundialmente?
     
  • A transformação já está em curso. O futuro nos aguarda e seremos exportadores de leite. Mas talvez demore.

Você pode clicar aqui para assistir no Youtube, ouvir no Spotify ou confira no vídeo abaixo:
 

 

 

Sobre os participantes

Marcelo P. Carvalho é Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP em 1992, com Mestrado em Ciência Animal e Pastagens também pela ESALQ/USP, em 1998. Fundador e CEO da MikPoint Ventures e Co-fundador da AgTech Garage (hoje, pertencente à PwC).

Paulo do Carmo Martins é Economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Mestre em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Doutor em Economia Aplicada pela USP/Esalq. Atualmente é Professor da FACC/UFJF.

Ricardo Cotta Ferreira, é Economista com Mestrado em Economia Aplicada pela ESALQ/USP e MBA pela Fundação Dom Cabral (FDC) com mais de 20 anos de experiência em Agronegócios e Indústria de Alimentos.

Caio Cezar Fernandes Vianna, é diretor-presidente da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL).

Carla Maris Bittar, é professora do Depto. de Zootecnia da ESALQ/USP. Formou-se em 1994 em Eng. Agronômica pela ESALQ/USP, obteve seu Master of Science pela University of Arizona em 1997 e concluiu o doutorado em Ciência Animal e Pastagens na ESALQ/USP.

Essa foi só uma amostra desse rico episódio, que conta ainda com dicas de leitura e de podcast, comentários sobre notícias relevantes e os sorteados que ganharam o livro “A desRazão Laticinista”, de Almir Meireles.

E você, o que achou dessa conversa? Participe conosco e até o próximo Leite Futuro!

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Rafael Garboggini Pompermayer Lopes
RAFAEL GARBOGGINI POMPERMAYER LOPES

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/06/2023

Muito bom!
Carlinhos Patrezzi
CARLINHOS PATREZZI

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 15/06/2023

Precisamos sim, sermos exportadores de derivados do leite, principalmente dos queijos!
gabriel sele mancilha rangel
GABRIEL SELE MANCILHA RANGEL

CAXAMBU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/06/2023

O Brasil só será auto suficiente na produção de leite qdo políticas voltadas para o setor, entenderem que ; o que realmente incentiva o produtor é o preço justo para o produto. Não adianta ter planilhas tentando justificar isso ou aquilo…
O pequeno produtor, que é o carro chefe do setor, só entenderá que o leite é compensador qdo não precisar vender o almoço para comprar o jantar, ou seja : o leite deverá acompanhar o preço dos insumos utilizados na produção do mesmo. Infelizmente o que ocorre hj é uma distorção absurda neste setor. Como simples exemplo temos o custo da ração animal: preço do milho e soja (insumos básicos) em declínio, mas o preço não condiz com a realidade atual no custo da mesma, que se mantém nas alturas. Medicamentos idem… e assim vai. E cá para nós: receber pelo litro de leite o valor irrisório de hj , é um tapa na cara do produtor….
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