A mesorregião Agreste Pernambucano é formada por 71 municípios, com um PIB estimado em R$ 38,70 bilhões de reais, possui uma economia diversificada, com agricultura, indústrias, comércio e serviços, sendo a segunda maior economia do estado de Pernambuco, maior bacia leiteira do estado e a nona maior mesorregião produtora de leite do país.
A mesorregião é subdividida em três Regiões de Desenvolvimento: Agreste Meridional, Agreste Central e Agreste Setentrional, cujo PIB é da ordem de R$ 9,68 bilhões, R$ 21,40 bilhões e R$ 7,61 bilhões, respectivamente. O PIB per capita da região é da ordem de R$ 15 mil, o qual está bem abaixo do estado, que está por volta de R$ 23 mil. O Agreste de Pernambuco tem uma economia diversificada, destacando-se o setor têxtil, alimentício, e a pecuária de corte e leite. Se destacam economicamente, em termos de setores industrial e do comércio, os municípios de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Garanhuns, e no setor leiteiro os municípios de Itaíba, Buíque, Pedra, Águas Belas, São Bento do Uma e Bom Conselho.
O estado de Pernambuco produziu, em 2023, aproximadamente, 1,33 bilhões de litros de leite, cerca de 3,77% da produção nacional, e a mesorregião Agreste Pernambucano produziu 72,17% da produção pernambucana, sendo a maior mesorregião produtora do Estado, de acordo com o IBGE. Na última década, entre 2013 e 2023, a mesorregião manteve participação na produção de leite do estado, oscilando entre 75% e 80% até 2017, quando apresentou uma estabilidade na participação estadual, e aumentou em mais de 100% a contribuição na produção nacional em 2023 na comparação com 2013 (Tabela 1). A produção se concentra na porção sul da região, onde se localizam municípios como Buíque, Águas Belas, Iati, Pedra, Itaíba e Bom Conselho, assim como nas porções centro-oeste, onde se localizam municípios como São Bento do Una e Pesqueira (Figura 1).
Tabela 1 – Produção anual de leite entre 2013 e 2023, e participação (%) da mesorregião Agreste Pernambucano (Meso) na produção nacional (BR) e estadual (PE).
Figura 1 – Distribuição da produção municipal de leite na mesorregião Agreste Pernambucano em 2013 (A) e em 2023 (B).
Fonte: IBGE, 2024
A produtividade média do rebanho leiteiro na mesorregião cresceu 48,9% no período observado, com incremento médio de 4,0% ao ano. Na Figura 2 visualizam-se dados gráficos comparativos entre a produtividade anual do Agreste Pernambucano, Pernambuco e Brasil, além do gráfico da evolução da produção leiteira da mesorregião analisada. No ano de 2023, a produtividade média das vacas ordenhadas da região foi 19% maior que a produtividade média do Estado, e 7% maior que a média do país. Verifica-se, ao longo da série, uma superioridade da produtividade da mesorregião em comparação à estadual e nacional.
Assim como ocorreu um considerável aumento na produtividade animal, em termos de vacas ordenhadas, também houve um importante crescimento na produção de leite na mesorregião Agreste Pernambucano, mais que dobrando o volume, em torno de 127%, o que denota uma grande evolução na produção, na produtividade e no tamanho do rebanho ordenhado de 2013 a 2023. Analisando-se os 10 maiores municípios produtores de leite da mesorregião, Itaíba, Buíque, Pedra, Águas Belas, São Bento do Una e Bom Conselho aparecem como principais produtores, mantendo-se os municípios Itaíba, Buíque e Pedra como líderes entre 2013 e 2023, e mostrando um aumento da ordem de 112%, 80% e apenas 9% na produção leiteira, respectivamente (Tabela 2).
Os municípios de Venturosa, Itaíba e Pesqueira mais que dobraram a produção de leite na última década, e os municípios de Águas Belas e Bom Conselho multiplicaram sua produção, sendo que Águas Belas partiu de 10,07 milhões em 2013, chegando em 58,4 milhões de litros de leite em 2023. Alguns municípios, tais como São Bento do Una e Tupanatinga, apresentaram um aumento em sua produção da ordem de 44% e 22%, respectivamente.
Ainda entre os 10 maiores municípios produtores, Sanharó foi substituído por Iati, nesta listagem, em 2023. O gráfico da figura 2 indica uma tendência de um aumento na produção e uma ligeira queda na produtividade. Entretanto, também verifica-se o surgimento de um patamar de menor incremento nos últimos três anos, o que evidencia uma aparente estagnação, principalmente, na produtividade, o que demandará esforços na tecnificação e na melhoria do manejo agropecuário para crescimento ou manutenção deste nível de produção, haja visto as constantes alterações climáticas.
Figura 2 – Agreste Pernambucano, Pernambuco e Brasil – Produtividade de vacas ordenhadas (litros/vaca/ano) e a produção anual de leite da mesorregião de estudo.
Fonte: IBGE, 2024
Tabela 2 – Ranking dos principais municípios produtores do Agreste Pernambucano, em 2013 e 2023.
Figura 3 – Anomalias de precipitação (mm) em julho de 2013, 2017 e 2023 no Agreste Pernambucano.
Fonte: INMET, 2024
Clima
A mesorregião do Agreste Pernambucano possui um clima predominante do tipo semiárido, tropical quente e seco, com secas periódicas e temperaturas elevadas, além de brejos de altitude com clima tropical de altitude, e detém grande influência dos fenômenos El Nino e La Niña.
Em anos de La Niña, as chuvas tendem a ficar acima da média histórica, o que, pode favorecer a produção agropecuária. Entretanto, outros fatores como a adoção de práticas de manejo mais adequadas podem influenciar o nível de produção e produtividade leiteira. Conforme a Figura 3, em julho de 2013 e de 2017, o volume acumulado de chuvas ficou um pouco acima da média histórica, de acordo com o mapa de anomalias ou desvios em torno da média de precipitação, denotado pelas cores azuis nos mapas, e em julho de 2023 com acumulados abaixo da média histórica, em cores alaranjadas no mapa.
Em 2013, prevaleceu a condição de neutralidade dos fenômenos El Niño e La Niña, porém, em 2017, houve condição de fraca La Niña no período primavera/verão. Contudo, em 2023, a condição de El Niño se estabeleceu nas águas do pacífico e influenciou com volumes mais baixos de chuvas no Agreste Pernambucano. Atualmente, predomina as condições de neutralidade, entretanto, o monitoramento das variações de temperatura do oceano Pacífico indicou previsão de anomalias de temperatura abaixo da média para o último trimestre de 2024 e início de 2025. Nesse caso, tudo indica que estabelecerá a condição de La Niña, com o retorno de um período de precipitação mais pronunciado, com volumes de chuvas entre a média e acima da média, redundando em favorecimento a um aumento ou manutenção da produção agrícola e leiteira na região.
Autores
Marcos Cicarini Hott;
Ricardo Guimarães Andrade;
Walter Coelho Pereira de Magalhães Junior