Olá pessoal, tudo certo? Espero que estejam todos bem. Hoje vamos conversar um pouquinho sobre o assunto que mais assombra os produtores: custo para produzir versus preço de venda do leite.
Em tempos difíceis, o aperto dos gastos e torcida por vender mais e melhor, é o desejado pela maioria dos produtores. Nestes tempos, verificamos quem é eficiente e ao mesmo tempo notamos alguns desistentes pelo caminho árduo da produção.
Ficam pelos caminhos, aqueles que por algum motivo, foram ceifados do sistema, por insuficiência produtiva ou econômica.
Diferença entre insuficiência produtiva e econômica na pecuária leiteira
Então, diante do exposto temos a obrigação de definirmos o que seria insuficiência produtiva e econômica:
- Insuficiência produtiva: É aquela situação em que o produtor simplesmente não consegue mais avançar — seja por falta de mão de obra, de insumos ou de tecnologia (e aqui entra também a assistência técnica).
Sempre brinco com meus alunos e com os produtores que acompanho: nos tempos do meu avô, quase tudo se resolvia com a velha Penicilina. Sim, aquela injeção famosa que doía uma barbaridade e até hoje a gente lembra. E não era uma escolha — era o que tinha. Hoje, temos vários princípios ativos, combinados e recombinados, que facilitam bastante o tratamento das doenças.
Fazendo uma analogia rápida: naquela época, uma vaca produzia em média 6 litros de leite. Já comentei isso em outro texto — minha avó ordenhava numa a de pressão velha, mas limpinha. Quando a a enchia, com 5 litros, ela parava de ordenhar e dizia: “Eita vaca boa!” Hoje, temos cabras que produzem mais do que isso por dia. Mas naquela época, não havia genética melhor disponível.
- Insuficiência econômica: Mais do que afetar os sistemas, essa situação atinge diretamente o bolso do produtor. É quando ele produz um leite de alto custo e, ao chegar no mercado, se depara com um preço de venda muito baixo. Nesse cenário, ele não consegue competir com os demais e, por isso, ou não vende, ou não consegue sustentar seu produto diante de opções mais baratas. Sem conseguir comercializar e sem perspectiva de melhora, vai reduzindo a produção até parar de vez.
Falando em preço do leite, talvez por termos menos recursos no ado, o valor de venda até fosse mais atrativo — o produto era menos ofertado. Pela própria lei da oferta e da procura, os preços acabavam sendo melhores. Naquele tempo, não existia mercado futuro. As notícias demoravam a chegar, e a gente vivia praticamente no escuro: sem celular, sem preço do dia, sem previsão do tempo.
Quero fazer uma pergunta: O que temos a fazer? Sentar e chorar, reclamar e aplaudir nossa derrota? Claro que não pessoal, jamais.
Como ser eficiente na pecuária leiteira mesmo com custos altos
Os preços do leite nos forçam a buscar eficiência. As questões econômicas nos empurram para vivê-la. E, para continuar produzindo, ser eficiente não é mais uma opção — é uma necessidade. Mas afinal, o que significa ser eficiente?
Vamos lá: encare sua produção como uma empresa.
- Estabeleça horário para começar e terminar o trabalho.
- Defina seu salário de acordo com o que você produz e recebe.
- Depois, organize suas funcionárias — as vacas. Coloque cada uma na função certa, cuide para que elas tenham o que precisam: nada de calor, frio ou sede.
- Forneça bons lanches — a dieta precisa ser bem formulada, na medida certa. E nada de contratar nova funcionária (ou vaca) antes de garantir estrutura e planejamento.
- Na hora de vender, não produza para depois correr atrás do comprador. Antes de produzir, descubra quem vai comprar e quanto vai pagar. A partir daí, ajuste o que precisa ser feito.
Senhores, nas minhas assistências vejo o contrário acontecer, e isso me entristece. É comum ver gente tentando construir a casa pelo telhado — e não pelo alicerce. O fator produção nunca pode ser esquecido, mas o planejamento precisa vir antes. Afinal, não se faz um bom almoço sem ter os ingredientes.
Se quisermos ser competitivos, não dá pra comprar insumos atrasados — a conta sai mais cara. Se falta comida, não tem almoço. E sem almoço, ninguém come. Se eu não sei cozinhar, nem começo: vai dar errado. Por isso, aprenda a receita. Se uma der errado, tenha outra engatilhada. Faltou prato limpo? Lave outro. E deixe as bebidas gelando — planejamento é isso.
No fim das contas, só permanecerá na atividade quem estiver preparado — mesmo com custos altos e preços baixos. Quem planeja, consegue rir até em tempos difíceis.
Adeque a raça do seu animal ao seu sistema. Formule dietas eficientes. Ofereça conforto, saúde e bem-estar ao rebanho. Quando tiver o leite nas mãos, ofereça com qualidade — nada de sofrer penalizações por mastite ou instabilidade. Venda com valor, não apenas por necessidade.
Você deve estar se perguntando: quanto custa ser eficiente? Minha resposta é simples: bem mais barato do que ser ineficiente. Em resumo: produzir custa caro, e sem ajustar seu sistema, não há lucro. Acredite se quiser: o preço de venda do leite, por mais baixo que pareça, é o menor dos nossos problemas.
Pense nisso.