O que é pastejo rotacionado?
O sistema de pastejo rotacionado nada mais é do que dividir a área em piquetes de acordo com a forrageira utilizada (número de dias de descanso) e dias de ocupação (tempo que os animais permanecem no piquete).
Quais as vantagens do pastejo rotacionado?
Dentre as vantagens do sistema, temos a intensificação do uso da pastagem, aumentando a lotação da área e, consequentemente, a produtividade, viabilizando o manejo como um todo. Além disso, nesse sistema a forrageira é "respeitada", pois é permitido seu descanso e rebrote, contribuindo com a recuperação das suas reservas e fortalecendo-a a cada novo pastejo.
Pois bem, é um sistema viável, e fácil de fazer, no entanto não é perfeito e, por isso, embora seja muito indicado, tem os seus porquês. Certa vez fui indagado sobre a utilização desse sistema em todo o território nacional.
Pastejo rotacionado: desvantagens
Por se tratar de um sistema intensivo e que demanda a construção de cercas e adubação das áreas, não podemos pensar, por exemplo, que é um sistema viável no pantanal. Sim, não é.
Não há possibilidade de rotacionarmos todo o território nacional, bem como intensificar tudo que queremos. Sistemas como o do Pantanal requerem outros objetivos e principalmente por serem “ecossistemas naturais” não podem ser alterados.
Ainda, pensando em Mato Grosso, grandes fazendas, muitas delas ainda pouco desbravadas ou ainda intensificadas, demandam um sistema menos intensivo, não por seu potencial e, sim, por sua vasta área que definitivamente não temos condições intensificar, nem de ocupar com bois depois de intensificada, em função do grande potencial produtivo. Em síntese, para intensificar o Mato Grosso todo, temos que arrumar muito adubo e muito boi o que certamente, de imediato, não temos.
Outro aspecto interessante é que, por ser um sistema que aumenta a produção, muitos pensam que aumentamos também o pasto no inverno e por isso não teremos que suplementar os animais. Totalmente errado.
O rotacionado, por outro lado, piora a estacionalidade de produção de forragem, pois, com o aumento da taxa de lotação, aumenta o número de animais na área e no inverno. Como a estacionalidade ocorrerá normalmente, precisaremos suplementar mais animais, ou seja, mais animais para se alimentar em comparação a uma área que aria menos animais. Fato curioso que deve ser levado em consideração.
Produção no pastejo rotacionado
A maioria das pessoas também acredita que, ao rotacionar os animais, ganharão mais peso individualmente. Errado. No pastejo, digamos extensivo, o animal por ter uma vasta área para pastejar, acaba selecionando mais o capim e por isso ganham mais peso.
Curioso que os animais nesse sistema de pastejo caminham mais para pastejar, mas acabam engordando mais ou produzindo mais leite, pois selecionam. De uma forma coloquial, digo que o animal come o capim, e a amanhã quando ele rebrota, o animal vê e diz: "Oba.. broto novo.. vou comer".
Broto novo significa uma folha nova e que está com um alto teor de proteína e baixa fibra, o que faz o animal ganhar mais em função do maior aproveitamento do capim. No sistema de lotação rotacionada, o ganho por animal é menor, pois ele não seleciona. No entanto, como colocamos mais animais na área com certeza o ganho por área é maior, viabilizando o sistema.
É claro e evidente que temos algumas ferramentas com o “creep grazing” que nada mais é do que deixar os animais mais exigentes pastejar primeiro e, com isso, eles comem mais folhas e produzem mais, o que é um assunto para outro dia.
Qual a melhor forrageira para pastejo rotacionado?
Ainda há muitas discussões com relação à espécie ou cultivar utilizados no sistema, pois muitos ainda esperam a forrageira milagrosa. Não existe.
O melhor capim para o sistema é aquele que você tem, primeiramente. Em segundo lugar é aquele mais produtivo e em terceiro lugar é aquele mais barato para implantar, digamos.
Plantar um super capim ou igual ao do vizinho não resolve nada. O que resolve é você plantar um capim adequado ao seu sistema e que atenda suas necessidades, se encaixando dentro do seu sistema.
É preciso adubar a pastagem no sistema rotacionado?
Senhores, como pode um atleta olímpico competir sem se alimentar direito? Se ele comer pouco, correrá pouco, certo? Um atleta bem alimentado “bate recordes”, não é mesmo? Um dia me disseram que uma área rotacionada de um produtor não era adubada e mesmo assim, ava altas taxas de lotações.
Senhores, impossível. Depois de muitas perguntas fiquei sabendo que era uma área de milho, super adubada e assim por diante, explicando todo o ocorrido. Definitivamente se quisermos altas taxas de lotações temos que adubar. Lógico que com viabilidade e bom senso.
Pastejo rotacionado só serve para "gado de elite"?
Outro dia me falaram que pasto rotacionado só serve para gado de elite. Senhores, gado de elite tem que comer no cocho. Se ele custa milhares de reais, quem é maluco de colocar este animal no pasto? Lógico que podemos, mas rotacionado serve para animais de produção e principalmente, é claro, para aqueles mais produtivos, de potencial para ganho.
Mas venho aqui dizer que todos os animais do rebanho podem pastejar em rotacionado desde que tenha lugar para todo mundo. O sistema pode atender todos os animais desde que seja bem dimensionado. Deve ser algo planejado. Enfim, manejar pasto, acreditem, é fácil. Difícil é talvez colocar na mente de alguns que isso é necessário. Esse é o maior entrave.
Para quem quiser saber mais sobre este assunto, temos o curso online “Sistema de lotação rotacionada de pastagem: manejo e aplicação”. O curso foi ministrado pelo colunista deste artigo, Marco Aurélio Factori, Dr. em Zootecnia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP/Botucatu/ SP.