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Como a causa da mastite afeta o desempenho reprodutivo das vacas?

A mastite tem efeito negativo sobre desempenho reprodutivo das vacas e as consequências dessa infecção variam de acordo com o agente causador. Saiba mais aqui!

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A mastite e os problemas reprodutivos são os principais problemas de saúde responsáveis por perdas econômicas nas fazendas leiteiras modernas.

Além disso, os problemas de saúde do úbere e reprodução podem ter relação entre si, como no caso da ocorrência de mastite que afeta negativamente o desempenho reprodutivo das vacas.

Já é bem conhecido que vacas com mastite têm menor taxa de concepção, maior número de inseminações artificiais (IA) por concepção, além de outros distúrbios reprodutivos, que comprometem o desenvolvimento folicular e embrionário.

O tipo de microrganismo causador da mastite e a duração da infecção são dois fatores importantes que afetam o desempenho reprodutivo das vacas leiteiras. Sendo assim, devido à crescente importância da mastite causada por estreptococos ambientais (como S. uberis e S. dysgalactiae) e por coliformes, vale a pena entender quais os principais prejuízos e problemas causados por estes dois grupos de agentes causadores de mastite.

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Em razão da importância econômica de manter um adequado período de serviço, pesquisadores de Israel compararam duas situações práticas em relação aos efeitos da mastite sobre a reprodução:

A) mastite crônica causada por Streptococcus spp.; e
B) mastite de curta duração causada por Escherichia coli.

Para isso, 778 vacas de seis rebanhos leiteiros foram avaliadas. O estudo monitorou vacas com mastite causada por Streptococcus spp., por E. coli e vacas sadias (grupo controle). Para avaliar o retorno da ciclicidade das vacas, foi utilizado um sistema automático de monitoramento de atividades e os dados foram classificados de acordo com o tempo de infecção: antes ou depois da primeira IA. 

Os resultados mostraram que quando a mastite ocorreu antes do retorno da ciclicidade pós-parto, a prenhez na primeira IA foi menor nas vacas dos grupos Streptococcus spp. (26%) e E. coli (31%) em comparação com as vacas sadias 42% (Figura 1). De forma semelhante, quando a infecção ocorreu após a ciclicidade a taxa de prenhez na primeira IA foi menor nas vacas com mastite em comparação com as sadias.

A taxa de prenhez aos 300 dias em lactação antes (73%) e depois (67%) da ciclicidade foi menor para as vacas com mastite causada por Streptococcus spp. em comparação com as vacas sadias (95%). Da mesma forma, foi observada menor taxa de prenhez nas vacas com mastite por Streptococcus spp. (67%) do que por E. coli (93%), quando a mastite ocorreu após o retorno da ciclicidade.

Figura 1

O efeito negativo da mastite sobre desempenho reprodutivo varia de acordo com as condições dos sistemas de produção e do tipo de agente causador da mastite.

No estudo em questão, as vacas com mastite por Streptococcus spp. tiveram maior efeito negativo sobre o desempenho reprodutivo do que as vacas com mastite causada E. coli. Isso foi demonstrado pela maior porcentagem de vacas com mastite por Streptococcus spp. vazias ao final da lactação devido a falhas reprodutivas.

Entre as possíveis explicações, a mastite por Streptococcus spp. resulta em altas contagens de células somáticas (CCS) por períodos prolongados o que aumenta o risco de afetar a reprodução, enquanto que na mastite por E. coli este aumento de CCS é agudo e dura apenas alguns dias.

Altas CCS por longos períodos resulta em elevação prolongada dos níveis de citocinas e alterações na resposta imunológica, que podem alterar ou prejudicar o desempenho reprodutivo normal de vacas leiteiras.

Portanto, este estudo indica que a mastite crônica causada por Streptococcus spp. afeta mais intensamente a fertilidade das vacas leiteiras do que a mastite aguda causada por E. coli. Assim, um bom controle de mastite além de auxiliar na melhoria da qualidade do leite também contribui com manter bons índices reprodutivos das fazendas.

 

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Referências
LAVON et al. Journal of Dairy Science, v. 102, n. 11, p. 10587–10598, 2019.

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Material escrito por:

Marcos Veiga Santos

Marcos Veiga Santos

Professor Associado da FMVZ-USP Qualileite/FMVZ-USP Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225 Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP Pirassununga-SP 13635-900 19 3565 4260

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Wagner Beskow
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 26/08/2021

Parabéns Gustavo e Marcos! Excelente trabalho. Mais um forte motivo para um rigoroso controle da CCS.
Marcos Veiga Santos
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/07/2022

Olá Wagner, obrigado pelo comentário, abraço, Marcos Veiga
DADIANI AMARAL DAMASCENO
DADIANI AMARAL DAMASCENO

BURITIS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 26/08/2021

Muito boa a materia...
DADIANI AMARAL DAMASCENO
DADIANI AMARAL DAMASCENO

BURITIS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 26/08/2021

Muito bom ...
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A mastite e os problemas reprodutivos são os principais problemas de saúde responsáveis por perdas econômicas nas fazendas leiteiras modernas.

Além disso, os problemas de saúde do úbere e reprodução podem ter relação entre si, como no caso da ocorrência de mastite que afeta negativamente o desempenho reprodutivo das vacas.

Já é bem conhecido que vacas com mastite têm menor taxa de concepção, maior número de inseminações artificiais (IA) por concepção, além de outros distúrbios reprodutivos, que comprometem o desenvolvimento folicular e embrionário.

O tipo de microrganismo causador da mastite e a duração da infecção são dois fatores importantes que afetam o desempenho reprodutivo das vacas leiteiras. Sendo assim, devido à crescente importância da mastite causada por estreptococos ambientais (como S. uberis e S. dysgalactiae) e por coliformes, vale a pena entender quais os principais prejuízos e problemas causados por estes dois grupos de agentes causadores de mastite.

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Em razão da importância econômica de manter um adequado período de serviço, pesquisadores de Israel compararam duas situações práticas em relação aos efeitos da mastite sobre a reprodução:

A) mastite crônica causada por Streptococcus spp.; e
B) mastite de curta duração causada por Escherichia coli.

Para isso, 778 vacas de seis rebanhos leiteiros foram avaliadas. O estudo monitorou vacas com mastite causada por Streptococcus spp., por E. coli e vacas sadias (grupo controle). Para avaliar o retorno da ciclicidade das vacas, foi utilizado um sistema automático de monitoramento de atividades e os dados foram classificados de acordo com o tempo de infecção: antes ou depois da primeira IA. 

Os resultados mostraram que quando a mastite ocorreu antes do retorno da ciclicidade pós-parto, a prenhez na primeira IA foi menor nas vacas dos grupos Streptococcus spp. (26%) e E. coli (31%) em comparação com as vacas sadias 42% (Figura 1). De forma semelhante, quando a infecção ocorreu após a ciclicidade a taxa de prenhez na primeira IA foi menor nas vacas com mastite em comparação com as sadias.

A taxa de prenhez aos 300 dias em lactação antes (73%) e depois (67%) da ciclicidade foi menor para as vacas com mastite causada por Streptococcus spp. em comparação com as vacas sadias (95%). Da mesma forma, foi observada menor taxa de prenhez nas vacas com mastite por Streptococcus spp. (67%) do que por E. coli (93%), quando a mastite ocorreu após o retorno da ciclicidade.

Figura 1

O efeito negativo da mastite sobre desempenho reprodutivo varia de acordo com as condições dos sistemas de produção e do tipo de agente causador da mastite.

No estudo em questão, as vacas com mastite por Streptococcus spp. tiveram maior efeito negativo sobre o desempenho reprodutivo do que as vacas com mastite causada E. coli. Isso foi demonstrado pela maior porcentagem de vacas com mastite por Streptococcus spp. vazias ao final da lactação devido a falhas reprodutivas.

Entre as possíveis explicações, a mastite por Streptococcus spp. resulta em altas contagens de células somáticas (CCS) por períodos prolongados o que aumenta o risco de afetar a reprodução, enquanto que na mastite por E. coli este aumento de CCS é agudo e dura apenas alguns dias.

Altas CCS por longos períodos resulta em elevação prolongada dos níveis de citocinas e alterações na resposta imunológica, que podem alterar ou prejudicar o desempenho reprodutivo normal de vacas leiteiras.

Portanto, este estudo indica que a mastite crônica causada por Streptococcus spp. afeta mais intensamente a fertilidade das vacas leiteiras do que a mastite aguda causada por E. coli. Assim, um bom controle de mastite além de auxiliar na melhoria da qualidade do leite também contribui com manter bons índices reprodutivos das fazendas.

 

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LAVON et al. Journal of Dairy Science, v. 102, n. 11, p. 10587–10598, 2019.

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Marcos Veiga Santos

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Professor Associado da FMVZ-USP Qualileite/FMVZ-USP Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225 Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP Pirassununga-SP 13635-900 19 3565 4260

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CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 26/08/2021

Parabéns Gustavo e Marcos! Excelente trabalho. Mais um forte motivo para um rigoroso controle da CCS.
Marcos Veiga Santos
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/07/2022

Olá Wagner, obrigado pelo comentário, abraço, Marcos Veiga
DADIANI AMARAL DAMASCENO
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BURITIS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 26/08/2021

Muito boa a materia...
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EM 26/08/2021

Muito bom ...
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