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Efeitos do El Niño na produção de leite no Nordeste

O El Niño, no Brasil, pode provocar condições mais quentes e secas em algumas regiões, como o Nordeste. Mas como esse fenômeno impacta na produção de leite?Leia

Publicado em: - 5 minutos de leitura

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Desde a confirmação da chegada do El Niño em 2023, muitas dúvidas foram colocadas em relação a produção de leite no Brasil e no mundo. Haverá um aumento nos custos de produção? Será produzido menos leite no Brasil? Quais regiões serão mais afetadas?

De fato, todas as dúvidas colocadas assolam a cadeia leiteira neste início de ano. Por isso, nesta análise vamos olhar para o ado para entender como a produção de leite brasileira se comportou diante das adversidades climáticas geradas pelo El Niño ou pela La Niña.

El Niño e La Niña

Antes de tudo, precisamos entender quais são estes efeitos. O El Niño e a La Niña são fenômenos climáticos que afetam as condições atmosféricas e oceânicas em diferentes partes do mundo, incluindo o Brasil. Esses eventos são caracterizados por variações nas temperaturas da superfície do oceano no Pacífico Equatorial.

Durante o El Niño, o Brasil pode enfrentar condições mais quentes e secas em algumas regiões, como o Nordeste. Isso pode levar a uma redução na disponibilidade de pastagens, afetando a qualidade e quantidade de alimentos para o gado leiteiro, o que pode impactar negativamente a produção de leite. Além disso, as temperaturas mais altas associadas ao El Niño podem causar estresse térmico nos animais, diminuindo sua produção de leite.

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Enquanto em outras regiões, como o Sul, o efeito do El Niño é de chuvas intensas. Embora isso, em certa medida, possa beneficiar a disponibilidade de água e pastagens, chuvas excessivas podem levar a inundações, afetando a qualidade da forragem disponível para o gado e, consequentemente, a produção de leite (como visto nos últimos meses). Além do fato de que as condições mais úmidas podem criar um ambiente propício para o surgimento de doenças e parasitas que afetam a saúde do gado leiteiro.

Já os efeitos da La Nina são contrários ao El Niño, gerando um maior regime de chuvas no Nordeste e uma estiagem no Sul.

Ou seja, tanto o El Niño quanto a La Niña podem ter impactos significativos na produção de leite no Brasil, influenciando as condições climáticas, a disponibilidade de alimentos e a saúde do gado leiteiro. Mas, ao contrário do que muito se pensa, isso não significa que em anos de ocorrência de El Niño ou La Niña a produção de leite no Brasil cai, na verdade, em alguns anos ocorre justamente o contrário, como mostra o gráfico 1 a seguir.

Gráfico 1. Produção total de leite no Brasil em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos

Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

Apesar dos diferentes efeitos nas diferentes regiões brasileiras, as maiores preocupações se concentraram na região Nordeste, devido ao efeito de seca em ocorrência do fenômeno climático. Porém, quando analisamos a produção de leite da região em anos de El Niño e sem El Niño, também é possível observar no gráfico 2 que não há uma correlação direta entre o El Niño e uma queda na produção de leite.

Gráfico 2. Produção total de leite no Nordeste em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos
Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

E quando observamos os resultados estaduais da região Nordeste, vemos que de fato em nenhum deles há uma correlação direta entre a ocorrência do El Niño e uma queda na produção de leite.

Gráfico 3. Produção total de leite em Pernambuco em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.


Gráfico 4. Produção total de leite em Alagoas em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos
 


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

Gráfico 5. Produção total de leite na Paraíba em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.


Gráfico 6. Produção total de leite em Sergipe em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos
 


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

Gráfico 7. Produção total de leite no Ceará em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.


Portanto, a principal conclusão que podemos obter a partir destes dados é de que a produção de leite no Brasil é multifatorial, e que de certo as adversidades climáticas geram impactos na produção de leite, mas não são um fator determinante para um crescimento ou um decréscimo na produção leiteira.

Para exemplificar, no gráfico 3 é possível observar uma intensa queda na produção de leite em Pernambuco entre os anos de 2012 e 2013, mesmo tendo sido este um ano sem fatores climáticos adversos causados por El Nino ou La Nina. Mostrando que, na maioria das vezes, são fatores não climáticos que interferem na produção de leite. Neste caso, a interferência nestes anos citados foi uma infestação da praga conhecida como Cochonilha do Carmim no estado, diminuindo a oferta da palma forrageira, uma das principais fontes de alimentação do gado na região.

Além disso, quanto maior o incremento tecnológico na atividade, menor a variação na produção decorrente destas oscilações meteorológicas, ou seja, o crescimento na produção que foi observado nos últimos anos no Nordeste em período de La Nina, por exemplo, está muito mais associado ao maior investimento tecnológico nas regiões do que no fator climático em si. Portanto, podemos esperar que o incremento tecnológico na produção de leite, que já está ocorrendo mesmo em produções extensivas, vão colaborar para gerar menores variações nas produções.

Outro importante ponto em relação a produção de leite no Nordeste é que estes estados já conseguem crescer mesmo em anos sem fatores climáticos adversos, onde o semiárido, onde se encontram as principais bacias leiteiras em desenvolvimento, já apresenta um menor regime de chuvas sem a ocorrência do El Nino. Ou seja, estes produtores desenvolveram estratégias eficazes para enfrentar períodos de escassez de chuvas, seja através do investimento em sistemas de irrigação eficientes ou da diversificação de fontes de alimentação para o gado, como a palma forrageira.

Os produtores de leite do Nordeste têm se mostrado resilientes para gerar um crescimento na produção diante de um menor regime de chuvas, sejam decorrentes do fenômeno El Niño ou não, garantindo a continuidade de suas atividades mesmo em condições climáticas adversas.

Dessa forma, nos últimos meses, a região já tem sido impactada pelos efeitos do El Niño, representando um desafio adicional para a produção de leite. No entanto, embora seja um fator influente, o histórico demonstra que o fenômeno climático, por si só, não é determinante para a queda ou crescimento da produção.

 

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levrone
LEVRONE

OLARIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/01/2024

As conclusões dos dados apresentados destacam a natureza multifatorial da produção de leite no Brasil. Apesar da influência das condições climáticas na indústria, elas não são o principal fator para as oscilações nos volumes de produção. Ilustrando isso, o gráfico 3 mostra um declínio acentuado na produção de leite em Pernambuco em 2012-2013, apesar da ausência de fatores climáticos adversos associados ao El Nino ou La Niña. Isso indica que, na maioria das vezes, aspectos não climáticos são responsáveis ​​pelo declínio da produção, como no caso da peste, que reduziu a oferta de palma forrageira em Pernambuco.

Além disso, com o desenvolvimento tecnológico da indústria e a introdução de novos métodos, as flutuações na produção de leite tornam-se menos dependentes das alterações meteorológicas. https://1winl.com/jet-x
Assim, o crescimento da produção registado nos últimos anos está mais relacionado com o investimento em tecnologia do que com factores climáticos. Espera-se que o desenvolvimento tecnológico reduza ainda mais as variações na produção.

É importante notar que os estados do Nordeste já demonstraram resiliência em baixos níveis de precipitação, independentemente do El Niño. Os produtores desenvolveram estratégias eficazes, tais como sistemas de irrigação e diversificação de fontes de alimentação. Isto destaca a capacidade de adaptação a condições de baixa pluviosidade e de manter a estabilidade mesmo em condições climáticas adversas.

Assim, embora o El Niño coloque uma pressão adicional sobre a região, a história indica que os factores climáticos, incluindo o El Niño, não são o único factor determinante para as mudanças na produção de leite.
Qual a sua dúvida hoje?

Efeitos do El Niño na produção de leite no Nordeste

O El Niño, no Brasil, pode provocar condições mais quentes e secas em algumas regiões, como o Nordeste. Mas como esse fenômeno impacta na produção de leite?Leia

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Desde a confirmação da chegada do El Niño em 2023, muitas dúvidas foram colocadas em relação a produção de leite no Brasil e no mundo. Haverá um aumento nos custos de produção? Será produzido menos leite no Brasil? Quais regiões serão mais afetadas?

De fato, todas as dúvidas colocadas assolam a cadeia leiteira neste início de ano. Por isso, nesta análise vamos olhar para o ado para entender como a produção de leite brasileira se comportou diante das adversidades climáticas geradas pelo El Niño ou pela La Niña.

El Niño e La Niña

Antes de tudo, precisamos entender quais são estes efeitos. O El Niño e a La Niña são fenômenos climáticos que afetam as condições atmosféricas e oceânicas em diferentes partes do mundo, incluindo o Brasil. Esses eventos são caracterizados por variações nas temperaturas da superfície do oceano no Pacífico Equatorial.

Durante o El Niño, o Brasil pode enfrentar condições mais quentes e secas em algumas regiões, como o Nordeste. Isso pode levar a uma redução na disponibilidade de pastagens, afetando a qualidade e quantidade de alimentos para o gado leiteiro, o que pode impactar negativamente a produção de leite. Além disso, as temperaturas mais altas associadas ao El Niño podem causar estresse térmico nos animais, diminuindo sua produção de leite.

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Enquanto em outras regiões, como o Sul, o efeito do El Niño é de chuvas intensas. Embora isso, em certa medida, possa beneficiar a disponibilidade de água e pastagens, chuvas excessivas podem levar a inundações, afetando a qualidade da forragem disponível para o gado e, consequentemente, a produção de leite (como visto nos últimos meses). Além do fato de que as condições mais úmidas podem criar um ambiente propício para o surgimento de doenças e parasitas que afetam a saúde do gado leiteiro.

Já os efeitos da La Nina são contrários ao El Niño, gerando um maior regime de chuvas no Nordeste e uma estiagem no Sul.

Ou seja, tanto o El Niño quanto a La Niña podem ter impactos significativos na produção de leite no Brasil, influenciando as condições climáticas, a disponibilidade de alimentos e a saúde do gado leiteiro. Mas, ao contrário do que muito se pensa, isso não significa que em anos de ocorrência de El Niño ou La Niña a produção de leite no Brasil cai, na verdade, em alguns anos ocorre justamente o contrário, como mostra o gráfico 1 a seguir.

Gráfico 1. Produção total de leite no Brasil em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos

Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

Apesar dos diferentes efeitos nas diferentes regiões brasileiras, as maiores preocupações se concentraram na região Nordeste, devido ao efeito de seca em ocorrência do fenômeno climático. Porém, quando analisamos a produção de leite da região em anos de El Niño e sem El Niño, também é possível observar no gráfico 2 que não há uma correlação direta entre o El Niño e uma queda na produção de leite.

Gráfico 2. Produção total de leite no Nordeste em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos
Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

E quando observamos os resultados estaduais da região Nordeste, vemos que de fato em nenhum deles há uma correlação direta entre a ocorrência do El Niño e uma queda na produção de leite.

Gráfico 3. Produção total de leite em Pernambuco em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.


Gráfico 4. Produção total de leite em Alagoas em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos
 


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.

Gráfico 5. Produção total de leite na Paraíba em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.


Gráfico 6. Produção total de leite em Sergipe em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos
 


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Gráfico 7. Produção total de leite no Ceará em anos de ocorrência de El Niño, La Niña ou sem fenômenos climáticos


Fonte: IBGE; INPE. Elaborado por MilkPoint Mercado.


Portanto, a principal conclusão que podemos obter a partir destes dados é de que a produção de leite no Brasil é multifatorial, e que de certo as adversidades climáticas geram impactos na produção de leite, mas não são um fator determinante para um crescimento ou um decréscimo na produção leiteira.

Para exemplificar, no gráfico 3 é possível observar uma intensa queda na produção de leite em Pernambuco entre os anos de 2012 e 2013, mesmo tendo sido este um ano sem fatores climáticos adversos causados por El Nino ou La Nina. Mostrando que, na maioria das vezes, são fatores não climáticos que interferem na produção de leite. Neste caso, a interferência nestes anos citados foi uma infestação da praga conhecida como Cochonilha do Carmim no estado, diminuindo a oferta da palma forrageira, uma das principais fontes de alimentação do gado na região.

Além disso, quanto maior o incremento tecnológico na atividade, menor a variação na produção decorrente destas oscilações meteorológicas, ou seja, o crescimento na produção que foi observado nos últimos anos no Nordeste em período de La Nina, por exemplo, está muito mais associado ao maior investimento tecnológico nas regiões do que no fator climático em si. Portanto, podemos esperar que o incremento tecnológico na produção de leite, que já está ocorrendo mesmo em produções extensivas, vão colaborar para gerar menores variações nas produções.

Outro importante ponto em relação a produção de leite no Nordeste é que estes estados já conseguem crescer mesmo em anos sem fatores climáticos adversos, onde o semiárido, onde se encontram as principais bacias leiteiras em desenvolvimento, já apresenta um menor regime de chuvas sem a ocorrência do El Nino. Ou seja, estes produtores desenvolveram estratégias eficazes para enfrentar períodos de escassez de chuvas, seja através do investimento em sistemas de irrigação eficientes ou da diversificação de fontes de alimentação para o gado, como a palma forrageira.

Os produtores de leite do Nordeste têm se mostrado resilientes para gerar um crescimento na produção diante de um menor regime de chuvas, sejam decorrentes do fenômeno El Niño ou não, garantindo a continuidade de suas atividades mesmo em condições climáticas adversas.

Dessa forma, nos últimos meses, a região já tem sido impactada pelos efeitos do El Niño, representando um desafio adicional para a produção de leite. No entanto, embora seja um fator influente, o histórico demonstra que o fenômeno climático, por si só, não é determinante para a queda ou crescimento da produção.

 

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EM 29/01/2024

As conclusões dos dados apresentados destacam a natureza multifatorial da produção de leite no Brasil. Apesar da influência das condições climáticas na indústria, elas não são o principal fator para as oscilações nos volumes de produção. Ilustrando isso, o gráfico 3 mostra um declínio acentuado na produção de leite em Pernambuco em 2012-2013, apesar da ausência de fatores climáticos adversos associados ao El Nino ou La Niña. Isso indica que, na maioria das vezes, aspectos não climáticos são responsáveis ​​pelo declínio da produção, como no caso da peste, que reduziu a oferta de palma forrageira em Pernambuco.

Além disso, com o desenvolvimento tecnológico da indústria e a introdução de novos métodos, as flutuações na produção de leite tornam-se menos dependentes das alterações meteorológicas. https://1winl.com/jet-x
Assim, o crescimento da produção registado nos últimos anos está mais relacionado com o investimento em tecnologia do que com factores climáticos. Espera-se que o desenvolvimento tecnológico reduza ainda mais as variações na produção.

É importante notar que os estados do Nordeste já demonstraram resiliência em baixos níveis de precipitação, independentemente do El Niño. Os produtores desenvolveram estratégias eficazes, tais como sistemas de irrigação e diversificação de fontes de alimentação. Isto destaca a capacidade de adaptação a condições de baixa pluviosidade e de manter a estabilidade mesmo em condições climáticas adversas.

Assim, embora o El Niño coloque uma pressão adicional sobre a região, a história indica que os factores climáticos, incluindo o El Niño, não são o único factor determinante para as mudanças na produção de leite.
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