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Evolução na escala de operação na indústria de laticínios no Brasil

Confira a análise da escala de operação das fazendas de leite, com base no ranking da Abraleite, e a escala de operação dos laticínios.

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A recente lista dos maiores laticínios do país recém-divulgada mostra que a captação das maiores empresas têm crescido acima da média da produção nacional. Há, inclusive, aquelas que registraram crescimento acima de 10% entre 2022 e 2023. Isso é importante pois a escala de operação é um dos fatores cruciais para a competitividade da cadeia de lácteos, sendo inclusive um grande gargalo do agronegócio do leite nacional.

Neste artigo buscou-se analisar a escala de operação das fazendas de leite, com base no ranking da Abraleite, e a escala de operação dos laticínios, utilizando dados do sistema de inspeção do IBGE.

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Entre 2013 e 2023 a escala nas propriedades de leite, considerando os dados disponíveis, que englobam os produtores que forneceram leite para os maiores laticínios do país, saltou de 337 litros/ dia para 471 litros/ dia. É um valor ainda baixo considerando os grandes produtores e exportadores mundiais, mas é expressivo o avanço de 39,8% na escala de operação das propriedades leiteiras, sinalizando que o Brasil segue o caminho traçado pelos países que se tornaram competitivos neste negócio (Tabela 1).

Tabela 1. Escala de operação média de produtores de leite e da indústria de laticínios do Brasil e variação, 2013-2023.

 Escala de operação média de produtores de leite e da indústria de laticínios do Brasil e variação, 2013-2023.
Fonte: Abraleite/MilkPoint e IBGE (2024) adaptado por Embrapa Gado de Leite.

A escala de operação média dos laticínios, obtida pela razão entre o leite captado e o número estabelecimentos que fornecem dados para os sistemas de inspeção municipal, estadual e nacional, evoluiu de 30.373 litros/ dia em 2013 para 34.697 litros/ dia em 2018. Este valor alcançou 38.037 litros/ dia em 2023, demonstrando o arrefecimento desta evolução nos últimos 5 anos. Além disso, o aumento registrado em 10 anos, 25,2%, é apreciável, mas inferior ao observado nas propriedades leiteiras. Seria este um indício de que o elo da produção primária tem ado por um processo de consolidação mais acelerado que o elo de processamento?

Esta escala apresenta resultados e evolução diversos nas diferentes regiões brasileiras. A região Sul apresentou tanto o maior valor no ano de 2023 quanto a maior evolução absoluta em dez anos: 70.139 litros/ dia e 19.107 litros/ dia, respectivamente. A região Nordeste, ainda que opere em escala média inferior à observada no Brasil, registrou o maior crescimento relativo em dez anos: 131,9%. A região Sudeste mostra uma situação preocupante de escala não muito elevada e pouca evolução no tempo. O Norte, na contramão da tendência brasileira, registrou diminuição na escala em dez anos, estampando o momento delicado vivido por esta região na produção de leite e derivados (Tabela 2).

Tabela 2. Escala de operação média da indústria de laticínios das regiões geográficas e do Brasil, 2013-2023.

Escala de operação média da indústria de laticínios das regiões geográficas e do Brasil, 2013-2023.
Fonte: IBGE (2024) adaptado por Embrapa Gado de Leite.

O crescimento de escala de operação observado nos laticínios brasileiros coincide com a redução do número de plantas processadoras observada nos últimos dez anos. Esta é uma realidade esperada com a consolidação do setor em busca de maior competitividade. O Brasil perdeu 358 estabelecimentos de processamento entre 2013 e 2023, apresentando o número de 1.766 neste último ano. O maior decréscimo absoluto foi observado no Sudeste, 130. A maior queda relativa, no entanto, foi observada no Centro Oeste, -28,4% (Tabela 3).

Tabela 3. Número de informantes dos sistemas de inspeção municipais, estaduais e federal, total do Brasil e das regiões geográficas, e variação. 2013-2023.

Número de informantes dos sistemas de inspeção municipais, estaduais e federal, total do Brasil e das regiões geográficas, e variação. 2013-2023.
Fonte: IBGE (2024) adaptado por Embrapa Gado de Leite.

O aumento da escala de operação e a redução do número de plantas de processamento é uma realidade inevitável para os países que buscam melhoria na produção de leite e derivados. Em se tratando de um mercado de commodities, escala de produção e custo é fundamental para avançar em competitividade. Foi assim em diversas outras cadeias produtivas do agronegócio brasileiro que se destacam no mercado global. Isso não exclui possibilidades de agregação de valor e atuação em nichos de mercado ou produtos mais sofisticados, mas em commodities a competição é via preço.

Ainda que a situação brasileira indique melhoria nos últimos dez anos, os valores observados no país ainda são baixos. A evolução da indústria de laticínios em escala de operação está aquém da observada nas fazendas de leite e as disparidades regionais são amplas. Este é um importante desafio a ser superado na busca do aumento da competividade da cadeia de lácteos brasileira.

 

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Glauco Rodrigues Carvalho

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Samuel Jose de Magalhaes Oliveira

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A recente lista dos maiores laticínios do país recém-divulgada mostra que a captação das maiores empresas têm crescido acima da média da produção nacional. Há, inclusive, aquelas que registraram crescimento acima de 10% entre 2022 e 2023. Isso é importante pois a escala de operação é um dos fatores cruciais para a competitividade da cadeia de lácteos, sendo inclusive um grande gargalo do agronegócio do leite nacional.

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Entre 2013 e 2023 a escala nas propriedades de leite, considerando os dados disponíveis, que englobam os produtores que forneceram leite para os maiores laticínios do país, saltou de 337 litros/ dia para 471 litros/ dia. É um valor ainda baixo considerando os grandes produtores e exportadores mundiais, mas é expressivo o avanço de 39,8% na escala de operação das propriedades leiteiras, sinalizando que o Brasil segue o caminho traçado pelos países que se tornaram competitivos neste negócio (Tabela 1).

Tabela 1. Escala de operação média de produtores de leite e da indústria de laticínios do Brasil e variação, 2013-2023.

 Escala de operação média de produtores de leite e da indústria de laticínios do Brasil e variação, 2013-2023.
Fonte: Abraleite/MilkPoint e IBGE (2024) adaptado por Embrapa Gado de Leite.

A escala de operação média dos laticínios, obtida pela razão entre o leite captado e o número estabelecimentos que fornecem dados para os sistemas de inspeção municipal, estadual e nacional, evoluiu de 30.373 litros/ dia em 2013 para 34.697 litros/ dia em 2018. Este valor alcançou 38.037 litros/ dia em 2023, demonstrando o arrefecimento desta evolução nos últimos 5 anos. Além disso, o aumento registrado em 10 anos, 25,2%, é apreciável, mas inferior ao observado nas propriedades leiteiras. Seria este um indício de que o elo da produção primária tem ado por um processo de consolidação mais acelerado que o elo de processamento?

Esta escala apresenta resultados e evolução diversos nas diferentes regiões brasileiras. A região Sul apresentou tanto o maior valor no ano de 2023 quanto a maior evolução absoluta em dez anos: 70.139 litros/ dia e 19.107 litros/ dia, respectivamente. A região Nordeste, ainda que opere em escala média inferior à observada no Brasil, registrou o maior crescimento relativo em dez anos: 131,9%. A região Sudeste mostra uma situação preocupante de escala não muito elevada e pouca evolução no tempo. O Norte, na contramão da tendência brasileira, registrou diminuição na escala em dez anos, estampando o momento delicado vivido por esta região na produção de leite e derivados (Tabela 2).

Tabela 2. Escala de operação média da indústria de laticínios das regiões geográficas e do Brasil, 2013-2023.

Escala de operação média da indústria de laticínios das regiões geográficas e do Brasil, 2013-2023.
Fonte: IBGE (2024) adaptado por Embrapa Gado de Leite.

O crescimento de escala de operação observado nos laticínios brasileiros coincide com a redução do número de plantas processadoras observada nos últimos dez anos. Esta é uma realidade esperada com a consolidação do setor em busca de maior competitividade. O Brasil perdeu 358 estabelecimentos de processamento entre 2013 e 2023, apresentando o número de 1.766 neste último ano. O maior decréscimo absoluto foi observado no Sudeste, 130. A maior queda relativa, no entanto, foi observada no Centro Oeste, -28,4% (Tabela 3).

Tabela 3. Número de informantes dos sistemas de inspeção municipais, estaduais e federal, total do Brasil e das regiões geográficas, e variação. 2013-2023.

Número de informantes dos sistemas de inspeção municipais, estaduais e federal, total do Brasil e das regiões geográficas, e variação. 2013-2023.
Fonte: IBGE (2024) adaptado por Embrapa Gado de Leite.

O aumento da escala de operação e a redução do número de plantas de processamento é uma realidade inevitável para os países que buscam melhoria na produção de leite e derivados. Em se tratando de um mercado de commodities, escala de produção e custo é fundamental para avançar em competitividade. Foi assim em diversas outras cadeias produtivas do agronegócio brasileiro que se destacam no mercado global. Isso não exclui possibilidades de agregação de valor e atuação em nichos de mercado ou produtos mais sofisticados, mas em commodities a competição é via preço.

Ainda que a situação brasileira indique melhoria nos últimos dez anos, os valores observados no país ainda são baixos. A evolução da indústria de laticínios em escala de operação está aquém da observada nas fazendas de leite e as disparidades regionais são amplas. Este é um importante desafio a ser superado na busca do aumento da competividade da cadeia de lácteos brasileira.

 

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