Os lácteos têm enfrentado um cenário de mudanças rápidas e profundas nos hábitos dos consumidores. Impulsionado por novas demandas por saudabilidade, praticidade e valores ambientais, o setor precisa adaptar-se para atender às expectativas de um consumidor que busca mais do que apenas nutrição — ele quer produtos que estejam alinhados com seu estilo de vida e crenças. No Dairy Vision 2024, líderes do setor trouxeram reflexões sobre como a indústria de lácteos pode se adequar a esses novos padrões de consumo.
Em sua palestra “Futuro dos alimentos e desejo do consumidor”, André H Rodrigues, Managing Partner da Loudtt, destacou que os consumidores têm mudado rapidamente seus hábitos e tendências, e são influenciados por fatores que vão além do produto em si.
André apontou que atualmente, a alimentação representa saúde e afirma que a “comida é medicina em todas as classes sociais”, evidenciando como a alimentação se tornou sinônimo de saúde. “Não existe uma dieta da moda hoje, o que existe são dietas com baixo carboidrato e alta proteína.”, relata André, enfatizando que em meio à busca pela “cura” e por alimentos que proporcionem bem-estar físico e mental, os lácteos têm uma grande oportunidade para destacar suas propriedades naturais e nutritivas como um alimento saudável e molda um novo desafio às indústrias: o de levar um alimento de melhor qualidade nutricional ao consumidor.
Para a nova geração, a comida se tornou um tipo de “moeda social” que se conecta com os valores pessoais de cada indivíduo. “Consumidores mais jovens dizem que é muito importante comprar de marcas que estejam em sintonia com seus valores”, afirma. Os jovens desejam comprar de marcas que compartilhem suas convicções, especialmente em termos de sustentabilidade e transparência. André ressaltou que estão cada vez mais conscientes de como suas escolhas alimentares afetam não apenas sua saúde, mas também o meio ambiente.
Essa consciência está redefinindo o mercado, alimentos de alta qualidade e que preservam a autenticidade ganham espaço em um cenário onde as pessoas se preocupam com a origem e o processo de produção dos alimentos. Isso redefine o mercado de lácteos, que precisa demonstrar sua qualidade, origem e impacto para atrair consumidores que priorizam autenticidade e responsabilidade ambiental.
André esclarece que há duas grandes forças que movem o desejo do consumidor: o emocional e o racional. Os consumidores buscam retomar o controle da vida, da saúde, de onde querem chegar e procuram na alimentação uma "cura" para os desafios cotidianos.
“No meio de distrações impulsionadas pela tecnologia, como podemos ter respostas sólidas?”, indaga André e afirma que “Não se trata mais apenas do que compramos, é sobre entender por que compramos".
Em meio a enxurrada de informações, os consumidores buscam coisas mais simples, que remetem à tradição e confiança, mas que, ao mesmo tempo, ofereçam conveniência à sua rotina, que tragam praticidade para o consumo. Há uma maior percepção para os produtos lácteos com qualidade superior, que remetem a naturalidade que tragam uma experiência de qualidade superior.
Outro ponto abordado foi a personalização nutricional. Rodrigues ressaltou que a “bioindividualidade” e a nutrição personalizada são tendências crescentes, e os lácteos têm espaço para explorar essa necessidade. Oferecer produtos lácteos que se alinhem com objetivos específicos de saúde, como fortalecimento intestinal ou saúde cerebral, pode representar um diferencial significativo. Com um número crescente de consumidores buscando “comida como medicina”, desenvolver produtos que atendam a necessidades específicas é uma oportunidade para o setor lácteo se aproximar de um público que valoriza a saúde preventiva.
Complementando essa visão, Fábio Ferreira, CEO da Verde Campo, abordou em sua palestra, “A visão do setor de quem criou a empresa, vendeu e retornou: o que mudou nesses anos?”, a importância de antecipar as demandas do mercado.
O CEO reforçou o papel da saudabilidade na indústria láctea. Ele compartilhou a experiência da empresa ao inovar com produtos sem lactose muito antes de essa ser uma demanda evidente, destacando a necessidade da indústria de não apenas reagir, mas liderar as tendências de saudabilidade.
Fábio enfatizou a inversão da pirâmide etária no Brasil, onde mais de 10% da população já está acima dos 60 anos, e defendeu que o setor deve focar em produtos que promovam a longevidade, em sintonia com o envelhecimento da população. À medida que mais pessoas procuram uma alimentação balanceada e que promova a saúde a longo prazo, há uma crescente expectativa de que a alimentação evolua junto com os avanços da medicina.
Além de saudável, a comida também precisa ser gostosa. Fábio ressaltou que “41% das pessoas dizem que comer afeta o bem estar. Essa alimentação saudável não pode deixar de ser gostosa, saborosa e indulgente”, reforçando a importância de fazer um paralelo entre alimentos saudáveis, porém saborosos e prazerosos.
Diante de um consumidor mais exigente e informado, os lácteos têm a oportunidade de se posicionar como alimentos confiáveis, saudáveis e autênticos, capazes de atender às aspirações contemporâneas e de contribuir para uma alimentação mais equilibrada e sustentável.
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